"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



terça-feira, 31 de agosto de 2021


 #dia do nutricionista

sexta-feira, 27 de agosto de 2021


 #dia do psicólogo

quarta-feira, 25 de agosto de 2021


#dia do soldado

sábado, 21 de agosto de 2021

o fim da vida é uma escada?

 



A escada tem um final, ou tudo é fantasia? Isso nos dá medo e nos torna agressivos?

 

Tenho me feito essa talvez estranha pergunta porque nunca nos vi tão prontos para o salto com garras e dentes à mostra. A jugular, os olhos, talvez a alma.

 

Verdade que o mundo enlouqueceu um pouco mais de medo com o vírus, a Mãe Natureza não está de brincadeira, haja terremoto, deslizamento, incêndio e inundação. Haja guerra, guerrinha, brigas e insultos pessoais.

 

Por outro lado, estranhamente, nunca quisemos ser tão chiques, às vezes disfarçados de rústicos, naturais, de uma modéstia cuja falsidade grita aos céus como diziam os antigos.

 

Estamos agitados, assustados, cruéis e agressivos, mesmo debaixo das sedas e joias exóticas.

 

Nem todos, nem sempre, mas... olhando ao redor, que susto, que medo. Talvez a agressividade nos alivie do medo e da solidão. Tenho tido tempo demais para observar e refletir até dentro de mim mesma.

 

Também não sou doce nem santa nem um lago de tranquilidade, ando numa fase de pedir colo, quem pensaria, não é?

 

Na invenção da casa da vida, sempre surge aquele muro, aquele portão enorme, aquela escada que parece não dar em lugar nenhum.

 

Subo uns degraus, mas acho que se puder desço correndo.



 

 


Se eu pudesse dar só um conselho não seriause filtro solar”. Não gastaria meu único conselho com indicações dermatológicas, apesar de importantes. Nem diria viva cada dia como se fosse o último, porque acho melhor viver cada dia como se fosse o primeiro. O primeiro dia de namoro. O primeiro dia que você entrou no emprego novo. A primeira vez que brincou com a sua filha.

 

Mas se eu tivesse só um conselho pra dar seria este: expresse o quanto você gosta das pessoas.

 

Não tenha vergonha de dizer que ama alguém. Não esconda sua apreciação. Não economize elogios. Não enterreeu te amo”. Expresse o quanto você gosta de um amigo, um conhecido, um familiar. Diga o quanto seus pais são importantes. Elogie sua esposa. Deixe claro para seus filhos que você os ama e aprecia. Agradeça as pessoas que fizeram algo por você. Mande áudios apaixonados para seus amigos, seus professores do passado, colegas do colégio.

 

Falar para as pessoas o quanto você gosta delas economiza arrependimentos, recupera contatos, fortalece amores. É de graça, é inofensivo, é renovador.

 

Quantas vidas poderiam ter sido e não foram por causa de um silêncio? Quantas brigas duraram tempo demais? Quantos silêncios podiam ter sido outra coisa? Um amor pro resto da vida. Um amigo de verdade. Uma família mais feliz.

 

Meu conselho seria esse: se você ama alguém, diga; se você sente falta de alguém, avise; se você é grato a alguém, expresse.

Pessoas especiais aparecem na nossa vida por acaso. Mas não é por acaso que ficam.


 


O ímpio pede emprestado e não paga; o justo, porém, se compadece e dá.

 

Salmos 37:21


terça-feira, 17 de agosto de 2021

pão de queijo: minha confissão


Nossa história de amor é longa. Desde pequena, já era apaixonada por ele. Quando ia para a casa da minha avó, em Minas e ela me dizia
ele já está te esperando, eu entrava na cozinha e lá estava ele, quentinho, na cesta. Ele, o pão de queijo. Meu amor.


No começo era uma loucura. Não me contentava apenas com um — mas, como em tudo nessa vida, aprendi que mesmo a paixão precisa ter uma dose, um limite. E que ter tudo sempre, em excesso, não é saudável. A verdade é que o pão de queijo nunca me abandonou. Tivemos nossas brigas, nossos momentos separados, mas eu descobri que não vivo sem ele. Se tem uma coisa à qual sou fiel é ao pão de queijo. Morro de saudades dele em viagens.Cadê meu amor?, penso. Porque, convenhamos, ele é insubstituível.


O que se iguala um pão de queijo? Nada. Ele é único, perfeito. Em nenhum lugar do mundo existe um quitute parecido. Para um lanche da tarde, há algo melhor do que um pão de queijo? E para a ressaca? Café de trabalho com quem você não tem intimidade, café da manhã com quem você tem muita intimidade… Ele é para todos os momentos. Vai receber as amigas em uma tarde de sábado, com risadas? Pãozinho de queijo. Quer chorar sozinha na Ofner depois de um trânsito horroroso? Pão de queijo. Vai assistir ao jogo do Brasil junto com seu namorado? Fornada pronta e quentinha.


Ele até pode parecer fácil, afinal, está em todos os cantos. Das padocas mais pé sujo, passando pelos cafés de livrarias, chegando nasboulangeries boutiquese até… em postos de gasolina. No entanto, vocês sabem. Amores sem contradições não existe. Há pães de queijo e pães de queijo. E, como em todo romance, existem ups and downs. Às vezes, a gente enjoa dele, se irrita. Alguns são muito gordurosos, massudos. Outros não têm a dose certinha de polvilho. Não é algo fácil de fazer. Mas não adianta. É amor. E eu não consigo viver sem ele. Por isso, encerro essa crônica com um cartaz que vi uma vez, numa cidadezinha mineira. Confesso que fiquei com ciúme, mas entendi perfeitamente o que ele quis dizer.

Temos pão de quejo

Tão bão, mas tão bão

Que dá até dó de vendê

 

por Marilia Neustein


#dia do pão de queijo

 


Meus irmãos, por acaso pode uma figueira dar azeitonas ou um pé de uva dar figos? Assim, também, uma fonte de água salgada não pode dar água doce.


Tiago 3:12 / NTLH

segunda-feira, 16 de agosto de 2021


 

#dia do filósofo


sexta-feira, 13 de agosto de 2021

sexta-feira 13

 


— Não sou supersticioso — dizia, mas nas sextas-feiras 13 fazia o seguinte: não saía de casa, entende?

— Vamos que me acontece alguma coisa. Aí eu fico supersticioso.


Para proteger seu racionalismo, não se expunha. Não saía de casa. Não saía nem da cama.


— Telefona para o trabalho. Diz que eu estou gripado.

A mãe ia telefonar.

— E mãe...

— O quê?

— Me traz o café na cama?

A mãe trazia.


Ontem ele pediu para a mãe telefonar. Em vez de gripe, para não desconfiarem, mandou dizer que tinha torcido o pé. No escritório as pessoas comentaram:

— Já notaram? Toda sexta-feira 13 acontece alguma coisa com ele.

— Que azar!


Tomou café, almoçou e jantou na cama. Só levantou duas ou três vezes para ir ao banheiro, com muito cuidado. Dormiu um pouco. Leu um pouco, nada muito arriscado. Só quando o velho relógio da sala, o que imitava o Big Ben, tocou meia-noite, ele se levantou, escovou os dentes, tomou banho e se arrumou para sair.

— Onde é que tu vai? — Perguntou a mãe.

— Pra vida, coroa, pra vida.


Encontrou com a turma no bar. Durante a conversa, um dos amigos comentou:

— Ganhamos uma hora de existência.

E o outro comentou:

— Ganhamos, não. Recuperamos.

Ele não entendia nada.

— Como? O quê? Que história é essa?

— Acabou o horário de verão. Todos os relógios atrasaram uma hora.

— Quer dizer que ainda é sexta-feira 13?

Um amigo olhou o relógio.

— Por mais ... vinte e dois minutos.


Ele saiu correndo do bar. Precisava voltar para casa. Precisava voltar para a ...

Desapareceu num bueiro.


viver com menos

 


Alguns perderam o emprego e tiveram que aprender a viver com menos, muito menos dinheiro. Acabou o salário no fim do mês e eles tiveram que se reinventar, tiveram que buscar suas competências escondidas para sobreviver.


Outros perderam pessoas. E tiveram que aprender a caminhar com o buraco da saudade no coração. Falta um lugar na mesa, falta a voz, o riso, a opinião e o abraço. Um lugar vazio que jamais será substituído.


Outros perderam a esperança. Cansados de observar as perdas alheias perderam a esperança na humanidade. Para eles tudo está ruim e a pandemia é apenas o merecido castigo dos humanos.


O fato é que todos nós vamos ter que aprender a viver com menos. Menos contato, menos pessoas, menos dinheiro, menos um na família, menos regalia, menos liberdade, menos possibilidades... menos alguma coisa.


E talvez ainda não tenhamos nos atentado para o que está escondido atrás dos nossosmenos”.


Viver com menos é compreender que nem precisávamos de tanto. Viver com menos é encontrar no caminho mais simples, muito mais satisfação e alegria. Viver com menos é entender o que realmente traz felicidade. É trocar coisas por pessoas, trocar discussões por valores e descobrir que, embora o mundo seja cheio de lugares encantadores, não há lugar melhor que nossas próprias casas.


Viver com menos é compreender que a saúde é a maior riqueza do ser humano e que a saudade é uma dor que nenhum dinheiro cura.


Viver com menos é deixar espaço para viver com mais. Mais apreço, mais solidariedade, mais compaixão, mais humanidade, mais aceitação e mais amor.


E é nesse menos que reside a nossa verdadeira evolução.



 


Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.

 

Tiago 4:7


quarta-feira, 11 de agosto de 2021

incompreensão dos mistérios

 


Saudades de meu irmão.

Sua morte faz um mês e um fato

Essa coisa fez

eu brigar pela primeira vez

com a natureza das coisas:

que desperdício, que descuido

que burrice de Deus!

Não de ele perder a vida

mas a vida de perdê-lo.

Olho pra ele e seu retrato

antigo e ele tão lindo.

Nesse dia, Deus deu uma saidinha

e o vice era fraco.


(modificado)


 e saudade

 


É preciso tempo para transformar a ausência de alguém querido em lembrança boa, em saudade que não dói.



 #dia do advogado

 


Ele enxugará dos olhos deles todas as lágrimas. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. As coisas velhas já passaram.

 

Apocalipse 21:4 / NTLH

domingo, 8 de agosto de 2021

ser pai



Como é difícil para um homem virar um pai. Ele faz filhos, mas como é difícil ser pai. Homem feito pra ser duro, orgulhoso, violento, competitivo, egoísta. Como é difícil para um homem transformar seu coração de pedra em manteiga. É preciso um milagre químico ou intervenção cirúrgica. Ouvir mais e falar menos. Aceitar o imprevisto, o incontrolável. Não ligar para os outros. Tirar suas máscaras, reconhecer o choro. Recolher a âncora, aceitar a onda. Tirar a armadura, pra construir um castelo.

Pai não tem útero mas tem colo. Não tem peito, mas tem mamadeira. Não carrega na barriga, mas no abraço. Carrega no ombro, nas costas, na cabeça. Pai engravida no frio da barriga. Gesta no coração. Pare no choro. Nutre no beijo. Alimenta no carinho. Protege na atenção. Pai não nasce pronto. Se quebra na parto, se reconstrói no caminho. Nasce menino, cresce homem, morre pai.

Pai não tem cordão umbilical, mas tem mãos e braços e pernas pra fazer chegar o necessário. Pai não faz leite, mas faz comida. Não amamenta mas faz a papinha, dá a papinha, suja a roupa inteira de papinha, limpa a papinha que caiu no chão. Pai não tem nove meses de gestação, mas tem anos e anos de formação. Gesta fora, tentando acertar. Ser bom pai, bom filho, bom marido, bom homem.

Pai é rei, princesa, professor, Messi, Eistein, Steve Jobs. Gigante, minúsculo, imbatível, chorão. Auréolas invisíveis, asas escondidas embaixo das nossas camisas. Que sejamos os super-heróis que nossos filhos sabem que podemos ser. Heróis comuns, empurrando carrinhos. Agradecidos por um dia termos virado o que nunca imaginamos. Como é bom para um homem virar um pai.

a influência paterna

 


O pai, cercado pelos filhos, faz um pronunciamento: Pretendo desobrigar vocês a usarem o cinto de segurança, que só tem utilidade para quem dirige mal”. Os filhos se entreolham. É sabido que o cinto de segurança evita mortes em casos de colisões de pequeno e médio impacto. É um dispositivo de segurança para todos, não importa se dirigem bem, se dirigem mal, se não dirigem: estando dentro de um veículo em movimento, há risco. Motoristas e passageiros do mundo inteiro usam o cinto, que tem eficácia comprovada. O pai estaria batendo bem?

 

Diante da reação de perplexidade da família, o pai, no dia seguinte, diz que foi mal interpretado, que ainda vai encomendar um estudo, aquela enrolação costumeira de quem faz uma burrada atrás da outra e depois tenta consertar. Só que a mensagem principal foi transmitida: o pai não confia no cinto de segurança. É um negacionista. E mesmo que se reconheça que ele bobeou, no inconsciente a mensagem foi assimilada. Amanhã, um dos filhos esquecerá de usar o cinto, e tudo bem. Depois de amanhã, outro filho viajará no banco de trás, e prender o cinto parecerá uma besteira. E assim, influenciados pela hierarquia paterna, circularão em meio ao trânsito sem usar o cinto e, claro, não sairão ilesos no caso de um acidente, tudo porque aquele homem, que deveria zelar pela família, usa sua autoridade para dar exemplos estúpidos.

 

É assim também na vida pública. Todo chefe de Estado é visto como o pai da pátria. Quem assume um cargo de tamanha importância não pode se dar ao luxo de ir pela própria cabeça e induzir tanta gente ao erro. É preciso que dialogue com outros líderes, respeite a ciência, busque informação de qualidade e tenha compromisso civilizatório. Presidência não é lugar para irresponsáveis.

 

Países que imunizaram mais de 70% da população estão flexibilizando, aos poucos, o uso da máscara, e mesmo assim, existe receio - ninguém se atreve a dizer que a pandemia é um episódio do passado. No Brasil, menos ainda. Há muita vacina a ser aplicada antes de relaxar. Milhares de brasileiros não procuraram até hoje os postos de saúde para tomar a segunda dose e alguns nem mesmo a primeira, atrasando a necessária imunização coletiva, o que não aconteceria se tivessem recebido o incentivo categórico de quem comanda. Tenhamos em mente que, gostemos ou não, há um homem ocupando o posto de líder, de influenciador, de pai da nação. Tudo o que ele faz e diz, por mais bizarro que pareça, contagia e infecciona. Pai ausente é um drama social. Afeta destinos. Todos precisam de um, mas não de um que nos usa como cobaia de seus devaneios.



#dia dos pais

a paternidade de um irmão



Hoje de manhã mandei uma mensagem para o meu irmão mais velho Rodrigo, agradecendo por ele ter sido um segundo pai para mim. Na mesma hora, recebi uma mensagem do irmão caçula, Miguel, que agradecia por ter sido um pai para ele.

Nós três somos pais. E mesmo com os filhos no colo nos dando presentes e cartões, nenhum esqueceu de lembrar e comemorar a paternidade que existe entre os manos, de um cuidar do outro, de um proteger o outro, de um olhar pelo outro.

Porque os irmãos completam o trabalho paterno, ampliam a criação paterna, alimentam os conselhos e os olhares paternos, de igual para igual. Na ausência do pai, assumem as broncas e as verdades, puxam as mangas da camisa na hora de atravessar a rua e os medos, consolam nas tristezas e desencantos amorosos.

Com os irmãos, aprendi e ensinei a andar de bicicleta, a nadar, a derrubar latinhas com estilingue, a montar aviões e barcos de papel, a passar na recuperação de matemática, a disputar corridas com a lua, a descobrir o carro que vinha em nossa rua pelo barulho do motor, a usar compasso, a fazer fogo com lupa, a abrir mata com facão, a trocar pneus de carro.

Coisas insignificantes e inesquecíveis.

Não brigue com os irmãos. É o maior presente que pode dar a um pai neste domingo: a família reunida e se amando.

 


Por acaso algum de vocês será capaz de dar uma cobra ao seu filho, quando ele pede um peixe? Ou, se o filho pedir um ovo, vai lhe dar um escorpião? Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai, que está no céu, dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!

 

Lucas 11:11-13 / NTLH

sábado, 7 de agosto de 2021



sexta-feira, 6 de agosto de 2021


 #dia da cerveja

#obediência


quarta-feira, 4 de agosto de 2021


 

#dia do padre

segunda-feira, 2 de agosto de 2021


#Campo Belo

um lugar em que tudo é bom

 


Queria viver no mundo do Instagram. Lá tudo é tão belo, tão ameno, tão bom. As pessoas estão sempre sorrindo, no Instagram, e as mulheres usam pouca roupa. Elas fazem ginástica. Elas adoram mostrar suas barrigas pétreas. Elas comem vegetais.

 

No Instagram, as mulheres acordam de bom humor. Elas pegam uma grande caneca de café ou chá ou algum líquido mais saudável e vão para frente do computador. Ficam paradas, sorrindo. De repente dizem:

 

- Bom diaaaaaa...E é um bom-dia animado e feliz.

 

Nunca fui adiante desse bom-dia, não sei o que elas fazem depois, mas o bom-dia me satisfaz.

 

Outra coisa legal sobre as mulheres no Instagram: lá elas estalam os dedos, ou dão um pulinho, e mudam de roupa instantaneamente. Você não precisa ficar dizendo:

 

- Vamos! Tá na hora! Estamos atrasados!

 

No Instagram, a água do mar é cristalina. Estava olhando para as águas do Japão, nas provas de surfe da Olimpíada. São parecidas com as de Tramandaí: escuras, ameaçadoras, quase barrentas. No Instagram, nunca é assim. Lá, o mar é uma piscina imensa e amorosa.

 

Mas o melhor do Instagram é que aquele é o lugar da concordância. As pessoas olham o lado bom da vida e se elogiam. As pessoas dizem, umas para as outras: “Eu te amo”. Sério, elas dizem isso. Uma moça publica uma foto dela própria e a amiga comenta: Deusa! Eu te amo!Nos dias dos pais ou das mães, os filhos postam fotos com os respectivos e se declaram:Te amo, pai”. “Te amo, mãe”.

 

É muito amor. Quando eu era guri, a gente não dizia tanto eu te amo, a não ser que tivéssemos sérias intenções românticas. Ocorre-me agora que eu nunca disseeu te amopara a minha mãe. Bom, nem precisa.

 

Fora do Instagram, o planeta é inóspito. Outro dia, caiu-me nas mãos um antigo texto meu. Não sou de me reler, mas, neste dia, o fiz. Reli meu próprio texto. E, olha, até gostei. Achei bem-escrito, se você quer saber. Ali estavam encadeadas opiniões fortes, algumas que poderiam ser consideradas polêmicas. Isso me surpreendeu. Porque hoje não teria paciência de defender aquelas opiniões. Não porque eram aquelas especificamente. Concordei com tudo o que escrevi (em geral, concordo comigo). O fato é que defender certas opiniões tornou-se cansativo. As pessoas ficam dizendotu é isso”, “tu é aquilo, e você tem de dar explicação. É aborrecido.

 

Foi então que entendi que, na época em que escrevi aquele texto, eu vivia no mundo do Twitter, um lugar cheio de pessoas espertas e sarcásticas, pessoas superiores moral e intelectualmente. No Twitter, todos lutam por suas opiniões e para desmoralizar os inimigos. É um terreno conflagrado, sombrio e perigoso, frequentado por um punhado de Bolsonaros e o Jean Wyllys e a Gleisi e outros tipos esquisitos. É melhor não ir lá.

 

Como aguentava visitar o Twitter, no tempo em que escrevi aquele texto? Isso não sei. Sei que, agora, meu objetivo é levar uma vida de Instagram. Em breve você me verá com a minha caneca de café, sorrindo molemente para a câmera e saudando, animado:

 

- Bom diaaaaaaaa!




Vasculhando nas memórias algum assunto, encontrei a carta que eu rabisquei na capa de um livro: pra você, era o destinatário. Não sei por que não mandei, talvez não quisesse passar a limpo o passado. Em letras garrafais eu te dizia:acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso”. E achei curioso eu usar essa metáfora sem nem ao certo saber o que queria te dizer com isto.

E depois de repousadas aquelas palavras eu percebi quanta coisa eu escrevi pra você querendo dizer pra mim mesma.

 

Porque eu jamais chegaria aonde cheguei se só andasse em linha reta. Tive que voltar atrás, andar em círculos, perder dias, perder o rumo, perder a paciência e me exaurir em tentativas aparentemente inúteis pra encontrar um quase endereço, uma provável ponte: a entrada do encontro.

 

Você tão ocupado com seus mapas, tão equipado com sua bússola, demorou tanto, fez sinais de fumaça e não veio. Você simplesmente não veio. Mas me ensinou a intuir caminhos certos, a confiar nos passos, a desconfiar dos atalhos. Porque eu estava do outro lado e só. Sem amparo. Mas caminhava. E você estava absolutamente equipado com seu peso. E impedido de andar por seus medos.


 


Não se enganem: As más companhias estragam os bons costumes.

 

1 Coríntios 15:33