"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 30 de setembro de 2019

#dia da secretária

quinta-feira, 26 de setembro de 2019


#dia do policial

segunda-feira, 23 de setembro de 2019


Depois de um longo inverno sempre vem a primavera, tempo de renascer dos brotos, da esperança, dos dias claros, a vida renasce e é tempo das surpresas de Deus!

Por mais longo que seja o inverno ele só dura uma estação, ele tem início, meio e fim e assim é o ciclo de todos os anos.

Comparando a nossa vida com as estações do ano, às vezes, parece que não vamos sair do inverno, do tempo ruim, das previsões sombrias. Toda dor tem seu tempo, todo frio tem sua intensidade e o agasalho ideal para suportá-lo. Tudo, absolutamente tudo que vivemos, pode nos ensinar algo, fazer-nos crescer, criar resistências e defesas e até, no final de tudo, proporcionar realização e felicidade.

Olha a experiência que as águias americanas vivem no inverno para renascer na primavera: as águias mais velhas procuram uma fenda no cume da montanha mais alta, para poder se desfazer de suas penas, de suas garras e até de seu bico. O cume da montanha a mantém livre dos predadores, justamente no tempo onde ela não tem nenhuma defesa, e sem o seu bico e as garras, ela vai viver das reservas de energia que acumulou no verão. Como podemos ver, a natureza não é tão cruel como se pensa, a águia precisa passar por tudo isso para sobreviver mais uns trinta anos e poder perpetuar a espécie com águias mais resistentes, e a nova águia vai surgir na Primavera.

A natureza foi feita para sofrer mudanças, neste tempo se renovam todas as coisas. Para que surja a primavera, com os dias claros e coloridos pelas flores, foi preciso passar por dias escuros e frios do inverno. Não acontece exatamente assim na nossa vida?

É assim que a Canção Nova vive a expectativa da primavera. A nossa história sempre provou que, nesta estação, é tempo de renovação. O ar sombrio dá lugar ao colorido das flores, os dias mais claros, cheios de vida e de esperança, reacendem em nossos corações as novidades de Deus.

É um tempo de graças, de deixar para trás o que era velho, pois essa é a promessa do Senhor: “Não deveis ficar lembrando as coisas de outrora, nem é preciso ter saudades das coisas do passado. Eis que estou fazendo coisas novas, estão surgindo agora e vós não percebeis? Sim, no deserto eu abro um caminho, rasgo rios na terra seca.” (Isaías 43, 18 – 19). Tem gente que diz: “a minha vida tem somente duas estações: muito quente ou muito frio, minha vida é um deserto”. Mas, esta é a promessa de Deus para você: “o deserto vai florir!”.

Nossa vida é marcada pelo tempo que vivemos que se chama “chronos”, esse que se vive pelo relógio, as estações do ano, dias, meses e pelo “kairós”, que significa tempo da Graça de Deus, para mim e para você. Por isso, abra-se ao novo, às novidades e surpresas de Deus para você. Tempo dos presentes de Deus, das mudanças.

O amor de Deus que pairava sobre o frio do inverno, agora aquece as sementes que brotam da terra e do tronco das plantas nascem as flores vivas e cheias de cor.

Onde estão agora as sombras do inverno? Os dias frios, as noites longas? Tudo termina agora com o colorido das flores. Isso nos prova que tudo passa, até o mais longo inverno tem seu tempo e, depois, o que fica é a fortaleza das raízes que cresceram escondidas.

Padre Luizinho
Membro da Comunidade Canção Nova

#primavera

#dia do sorvete


#dia dos filhos


O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça.

Provérbios 16:18 / NTLH

sábado, 21 de setembro de 2019

a lenda do Umbu

#dia da árvore

O Umbú é uma árvore grande e folhuda que cresce no pampa.
Muitas vezes é solitária, erguendo-se única no descampado e atrai os campeiros, os tropeiros, os carreteiros que fazem pouso sob sua proteção. O tronco do Umbu é muito grosso, as raízes fora da terra são grandes, mas ninguém usa a madeira da árvore - não serve para nada, mesmo. É farelenta, quebradiça, parece feita de uma casca em cima da outra.

Por quê?

Pois não vê que quando Deus, nosso Senhor criou o mundo, ao fazer as árvores perguntava a cada uma delas o que queria na terra.

A laranjeira, o pessegueiro, a macieira, a pereira e assim por diante, quiseram frutos deliciosos. O pau-ferro, o angico, o ipê, o açoita-cavalo, a guajuvira, pediram madeira forte.

- E tu, Umbú, queres também frutos doces e madeira forte?
- Nada, Senhor. - respondeu o Umbú. 
- Eu quero apenas folhas largas para as sesteadas dos gaúchos e uma madeira tão fraca que se quebre ao menor esforço.
- A sombra, eu compreendo - disse o Senhor. 
- Mas porque a madeira fraca?
- Porque eu não quero que algum dia façam dos meus braços a cruz para o martírio de um justo.

E Deus, nosso Senhor, que teve o filho crucificado, atendeu o pedido do Umbú.

lenda gaúcha

quinta-feira, 19 de setembro de 2019


#dia do comprador

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

independência



“Quantos anos a gente leva para se tornar independente? Alguns atravessam a vida sem realizar esta que, para mim, é a conquista mais importante do ser humano.

Não importa a idade da pessoa, se é casado ou solteiro, empregado ou patrão: falo da independência de quem se sustenta por dentro, uma independência de atitude.

Você tem que estar preparado para morar sozinho se assim a vida lhe exigir. Tem que estar preparado para compartilhar o teto com outra pessoa sem cobrar dela adesão total às suas ideias e nem impor as suas. Tem que estar preparado para viver longe de seus pais, seja porque eles foram para outra cidade, seja porque você foi, seja porque todos se foram. Tem que estar preparado para amar sem ser amado, para ser despedido injustamente, para perder um amigo querido, para ver seus ideais sumirem com o tempo.

Claro que você vai sofrer. Ser independente não é ser de ferro.

É saber sair das situações com uma força inesperada. Independência é aceitar a si mesmo antes da aprovação alheia. É defender a própria verdade e ter humildade para mudar de opinião caso seja surpreendido por melhores argumentos. Ser independente é preferir ir ao cinema com alguém, mas não perder o filme por falta de companhia. É vibrar quando lhe abrem um champanhe, mas não deixar de comemorar sozinho se a sua alegria basta para o brinde.

Ser independente é fazer tudo o que se gosta junto de quem mais se gosta, incluindo a si mesmo.”


É, Dedé, hoje a maioridade bate à sua porta te oferecendo independência, mas te cobrando responsabilidades e escolhas.
Hoje começa uma nova etapa da sua vida.

Parabéns e feliz 18 anos!

meu filho grande


Só pode saber que está morrendo quem tem um filho.

O filho é a régua da existência. Ele mede o meu fim. Mede o tamanho de minhas realizações. Mede o meu salário. Mede a minha folga. Mede a minha dispersão. Mede a minha loucura e a minha sanidade. Mede a minha vontade de acordar. Mede a minha felicidade. Mede a minha paciência com imprevistos.

Podemos até nos enganar sozinhos, só que não tem como disfarçar a fundura do cotidiano diante dos filhos.

O filho é a nossa largura, a nossa dimensão, é quando o mundo nos abraça e também nos esmaga.

O desemprego dói mais sendo pai. Um desaforo dói mais sendo pai. A risada é mais estridente sendo pai. Um elogio é mais desconcertante sendo pai.

Eu me acostumei a me encarar no espelho e desprezo as rugas, os pés-de-galinha, as olheiras. Não acompanho a minha idade - é como se mantivesse a vitalidade de um jovem por dentro do raciocínio.

O filho me devolve o meu tempo, o tempo findo e vindo da aparência.

Ele quebra as superfícies espelhadas e a fixação dos hábitos.

Não há mais como mentir a minha idade quando observo que ele me ultrapassou na altura, que usa calça 42, que o tênis abandonou o 37, que os meses são anos para o adolescente, que não compreende as minhas gírias, que as minhas piadas não têm graça, que ele já é adulto e adquiriu uma melancolia no olhar, própria de quem já se frustrou alguma vez comigo.

Pelo filho, descubro que envelheço. Mas, por ele, não quero morrer.



“O homem bondoso faz bem a si mesmo, mas o cruel a si mesmo se fere.” 

Provérbios 11:17

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

filho meu!


Hoje você faz 33 anos! E pensar que há quase trinta e quatro era só́ um exame positivo.

E surpresa, medo, esperança, frio na barriga, a certeza de não estar preparada. 
Quando te vi pela primeira vez, 33 anos atrás, deixei escapar um “Então é de verdade?” 
Ainda me faço essa pergunta. Você é a verdade que cresceu em mim, a despeito do medo e da minha incredulidade. 
Ter um filho é brincar de ser Deus. Um perigo, uma loucura, uma imensidão.

Você é um milagre! Espelho dos meus defeitos, lição sobre minha ingenuidade, indiferença aos meus medos. A expectativa e o nunca esperado. 
Você é o contador das minhas histórias, minha aula diária de ser gente. 
Amo as surpresas a cada instante, amo a vida que não planejamos. Companheiros e nunca solitários. Cúmplices, mas nunca dependentes. 
O que pude fazer de mais bonito foi ensinar você a viver bem sem mim.

Você é uma surpresa diária de mim. Meu projeto de ser melhor, minha maturidade no grito, minha muda de gente que vingou.

Amo você, filho. Feliz ano novo!

(modificado)



 “Em geral, as mães, mais que amar os filhos, amam-se nos filhos”


O Espírito do Senhor estará sobre ele e lhe dará sabedoria e conhecimento, capacidade e poder.
Ele temerá o Senhor, conhecerá a sua vontade e terá prazer em obedecer-lhe.
Ele não julgará pela aparência, nem decidirá somente por ouvir dizer.
Mas com justiça julgará os necessitados e defenderá os direitos dos pobres.

Isaías 11:2-4 / NTLH

domingo, 15 de setembro de 2019


#programada

#dia do analista de sistema

sexta-feira, 13 de setembro de 2019


Hoje é meu aniversário! Faço 59 anos e estou muito feliz. 
Gosto de aniversários, acredito que é uma honra ter nascido, e isso tem que ser celebrado. 
Muita gente não gosta e eu respeito, mas acho uma pena a pessoa não curtir uma data tão sua, tão significativa: pô, nascemos! 
É uma sorte. 
Que outra alternativa existe no mundo? O nada! 

Então é isso, queria compartilhar com vocês a alegria que me dá esse 13 de setembro, me despedir do inferno astral e arrancar para os últimos meses do ano com muita energia.

Não canto o “Parabéns pra você”. É a música mais desanimada que eu conheço. Odeio, odeio. 

Todos os anos, o “parabéns” que eu canto pra mim mesma tem letra do Lulu Santos: “Eu quero um novo começo de era/de gente fina elegante sincera/com habilidade/pra dizer mais sim do que não!”

É isso aí, não há tempo que volte, amor, vamos viver tudo o que há pra viver…

#modificado



Só eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraça e um futuro cheio de esperança. Sou eu, o Senhor, quem está falando.

Jeremias 29:11 / NTLH

quarta-feira, 11 de setembro de 2019


#tão eu!

bem vindo ao Século XXI



Aqui o sexo é livre e o amor se tornou um bolso cheio de notas.
Onde perder o celular é pior do que perder os teus valores. 
Onde a moda é fumar e beber, e se não fizer isso, você está obsoleto.
Onde o banheiro se tornou estúdio para fotos e a igreja, o lugar perfeito para check in.

Século XXI, onde homens e mulheres temem uma gravidez muito mais que HIV.
Onde o serviço de entrega de pizza chega mais rápido do que a ambulância.
Onde as pessoas morrem de medo de terroristas e criminosos muito mais do que temem a Deus.
Onde as roupas decidem o valor de uma pessoa e ter dinheiro é mais importante do que ter amigos ou até mesmo família.

Século XXI, onde as crianças são capazes de desistir dos seus pais pelo seu amor virtual.
Onde os pais esquecem de reunir a família à mesa para um jantar harmonioso, conversando sobre o dia a dia pois estão entretidos no seu trabalho ou celular.
Onde homens e mulheres muitas vezes, só querem relacionamentos sem obrigações e seu único “compromisso” se torna posar para fotos e postar nas redes sociais jurando amor eterno.
Onde o amor se tornou público ou uma peça de teatro.
Onde o mais popular ou o mais seguido com mais curtidas em fotos é aquele que aparenta esbanjar felicidade; aquele que posta fotos em lugares legais e badalados rodeados por “amizades vazias” com “amores incertos” e “famílias desunidas”. 
Onde as pessoas se esqueceram de cuidar do espírito, da alma vazia e resolveram cuidar e cultuar os seus corpos.
Onde vale mais uma lipoaspiração para ter o corpo desejado do “mundo artístico” do que um diploma universitário.
Onde uma foto na academia tem muito mais curtidas do que uma foto estudando ou praticando boas ações.

Século XXI, aqui você só sobrevive se jogar com a “razão”, e você é destruído se agir com o teu coração!



— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem ouve as minhas palavras e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não será julgado, mas já passou da morte para a vida.

João 5:24 / NTLH

terça-feira, 10 de setembro de 2019






Todos os dias são difíceis para os que estão aflitos, mas a vida é sempre agradável para as pessoas que têm coração alegre.

Provérbios 15:15 / NTLH

segunda-feira, 9 de setembro de 2019


o Alzheimer e a luz da alma


Todos temos dentro de nós temas que retornam, ressurgem, transfigurados, com diversas máscaras e roupagens, e insistem em aparecer: são os fantasmas de cada um. Em geral, manifestam-se na forma de sonhos, inexplicados medos, breves euforias. O assunto que hoje retomo é a doença de Alzheimer, abordado frequentemente em reportagens, artigos médicos, palestras de psiquiatras, e experiências dramáticas da vida real. Terrível doença que acompanhei intimamente por mais de uma década, quando foi ocupando, em minha velha mãe, tudo aquilo que antes tinha sido ela – que passou a não ser ninguém, ou a ser um enigma.

Aos poucos, de filha, fui me tornando a cuidadora, a visita e, por fim, a estranha. Seu universo fora reduzido ao próprio mundo interior: ali comemorava 15 anos, ali era noiva ou tinha um bebê, ali me tratava de “senhora”, ou me entregava algum pequeno objeto invisível que para ela devia ser muito precioso. “Cuidado!”, me recomendava, “cuidado com isso!”, e eu o recebia com as duas mãos em concha, para que ela não se afligisse. Foi ficando mais bem-humorada na alienação do que nos últimos anos de lucidez ameaçada, nos quais eventualmente perguntava: “Será que estou ficando louca?”. E a gente respondia, tentando parecer natural: “Que bobagem, eu estou muito mais esquecida do que você!”.

Um dos dramas de quem convive com isso é aprender a entrar nesse mundo, e não tentar algemar a pessoa doente ao que para nós é a “realidade”, pois isso provoca angústia inútil. De alguma forma, aprendemos a acompanhar a pessoa amada para dentro dos limites de seu novo registro, procurando amenizar, não atormentar mais, até que isso se torna impossível. Quem amamos não sabe mais de nós. É dramático assistir ao abandono dos bons modos, ao isolamento social, ao desconhecimento dos familiares e amigos e, por fim, à reclusão total num aparente nada.

Eventualmente minha mãe parecia a mulher elegante de outros tempos: “Você quer uma bebida?”, perguntava dez vezes, porque ao indagar já o tinha esquecido, naquele território onde eu não era ninguém. O que se passaria naquela paisagem para mim vazia? Certamente havia consciência: pois minha mãe falava, ria, cantava baixinho para alguém que ninguém mais via, cada vez mais fechada ao meu desejo de algum contato. De mulher grande e saudável passou a uma velhinha minúscula, mas resistia à morte: essa tem lá a sua medida de tempo, que nunca entendemos. Quando é a sua hora, chega como uma faminta ave de rapina, ou aguarda como um lento animal que hiberna. Chega muito cedo, ou espera demais, às vezes.

Aconchegada na sua cápsula de fantasias, da última vez que vi minha mãe doente, ela, que havia muito não falava, entreabriu os olhos e disse nitidamente para si mesma, para alguém – para ninguém: “Que bom estar assim, tão leve e tão jovem”. Nem mais uma palavra, nem um brilho de reconhecimento no olhar quando me inclinei para ela. Logo se enrolou de novo nos lençóis e na ausência. 

Poucos dias depois, simplesmente não acordou mais. Fechava-se a última porta desse tão longo corredor pelo qual minha mãe tinha se perdido. A Senhora Morte chegou, com grande atraso, e num gesto casual recolheu a lamparina em que já não havia luz. Levou consigo a velha dama que na verdade fazia muitos anos deixara o palco da sua vida, cortinas ainda abertas e, nos bastidores, algumas vezes, o que parecia ser a sua voz, seu passo enérgico, e seu riso alegre – tudo que mais recordo dela agora.

Por que de repente resolvi voltar ao triste assunto? Talvez porque essa grande peste do século, sobre a qual pouco se sabe, seja um tão duro aprendizado para quem observa do lado de cá desse mistério. Não é preciso, aliás, haver motivo para uma crônica, pois muitas vezes elas se manifestam sozinhas: querem ser escritas, e eu assisto enquanto, neste computador, elas mesmas se escrevem.



Tenham sempre alegria, unidos com o Senhor! Repito: tenham alegria!

Filipenses 4:4 / NTLH

sábado, 7 de setembro de 2019

mulher independente



Estava autografando meu livro na Feira quando uma senhora alta, elegante, já bem madura, chegou sorridente pra mim e disse: “Acho-te uma mulher fenomenal”. Eu, toda sorrisos, tomei o livro que ela tinha em mãos e me preparei para escrever uma dedicatória bem carinhosa. Ela então complementou: “Mas eu não queria ser casada contigo: tu és muito independente!”.

Concluí a dedicatória, agradeci a gentil presença dela, enquanto que meu coração começou a bater de forma mais lenta. “O que estou sentindo?”, perguntei a mim mesma, em silêncio. Tristeza, respondi a mim mesma, em silêncio, enquanto a próxima pessoa da fila se aproximava.

Em que eu seria mais independente do que qualquer outra mulher? Quase todas as que conheço trabalham, ganham seu próprio sustento, defendem suas opiniões e votam em seus próprios candidatos. Algumas não gostam de ir ao cinema sozinhas, já eu não me importo. Poucas moraram sozinhas antes de casar, eu morei. Quase nenhuma, que eu lembre, viajou sozinha, eu já. E nisso consta toda minha independência, o que não me parece suficiente para assustar ninguém.

Fico imaginando que essa tal “mulher independente”, aos olhos dos outros, pareça ser uma pessoa que nunca precise de ninguém, que nunca peça apoio, que jamais chore, que não tenha dúvidas, que não valorize um cafuné. Enfim, um bloco de cimento.

Quando eu comecei a ter idade pra sonhar com independência, passei a ler afoitamente os livros de Marina Colasanti – foram eles que me ensinaram a importância de abrir mão de tutelas e a se colocar na vida com uma postura própria, autônoma, mas nem por isso menos amorosa e sensível. Independência nada mais é do que ter poder de escolha. Conceder-se a liberdade de ir e vir, atendendo suas necessidades e vontades próprias, mas sem dispensar a magia de se viver um grande amor. Independência não é sinônimo de solidão. É sinônimo de honestidade: estou onde quero, com quem quero, porque quero.

Sobre a questão da independência afugentar os homens, Marina Colasanti brincava: “Se isso for verdade, então ficarão longe de nós os competitivos, os que sonham com mulheres submissas, os que não são muito seguros de si. Que ótima triagem”.

Infelizmente, a ameaça que aquela senhora acredita que as independentes representam não é um pensamento arcaico: no aqui e agora ainda há quem acredite que ser um bibelô (ou fazer-se de) tem lá suas vantagens. Eu não vejo quais. Acredito que a independência feminina é estimulante, alegre, desafiadora, vital; enfim, uma qualidade que promove movimentação e avanço à sociedade como um todo e aos familiares e amigos em particular. “Eu preciso de você” talvez seja uma frase que os homens estejam escutando pouco de nós, e isso talvez lhes esteja fazendo falta. Por outro lado, nunca o “eu amo você” foi pronunciado com tanta verdade.




Feliz a nação
que tem o Senhor como o seu Deus!

Salmos 33:12 / NTLH

quarta-feira, 4 de setembro de 2019


#brigadeiro não é de Deus!

tem homem no mercado


Aconteceu há algum tempo no Rio. Uma mulher colocou um anúncio classificado no jornal em busca de um homem que fosse disponível, hétero e que ganhasse ao menos dois mil reais por mês. Se era piada, funcionou, porque gerou boas gargalhadas. Esta mulher solteira procura não reivindicou honestidade, inteligência, bom humor ou conhecimento geral resumiu-se ao básico do básico. Que o produto não tivesse compromisso com ninguém, que gostasse de mulher e pagasse suas próprias contas.

O que significa que o que sobra por aí é justamente o oposto. A comunidade gay só aumenta. Se o candidato for surpreendentemente hétero, é provável que tenha alguma namorada escondida na manga. E se for hétero, livre e desimpedido, maravilha - mas talvez não tenha grana nem para um pastel de vento, vai encarar?

Vai.

Porque o que mais se propaga por aí é a frase “Não tem homem no mercado”, e a mulherada que, como se sabe, não faz outra coisa na vida a não ser se dedicar às pesquisas no super, se apavora e acaba aceitando qualquer promoção. Homem duro? Serve. Homem casado? Serve. Homem que mora com a mãe aos 45 anos? Serve. Sendo homem, serve.

Até que o cenário piora: é bandido? Serve. Desrespeita você? Serve. Bate em você? Serve.

Aí a mulher morre nas mãos desse delinquente e ninguém entende.

Vamos dar um rewind? Começando por parar de divulgar essa ameaça boba de que não tem homem no mercado. Tem, sim. Tem um monte de homem solteiro, separado e viúvo que sonha em encontrar uma mulher madura, companheira e independente. É verdade que há mais mulheres no mundo do que homens, a vantagem é deles, mas apostar no desabastecimento das gôndolas é o caminho mais curto para fazer bobagem. Você acaba se contentando com o que sobrou no fundo da prateleira, já com o prazo de validade vencido.

Quando vemos um homem sem mulher, pensamos: é porque ele não quer uma.

Quando vemos uma mulher sem homem, pensamos: é porque nenhum deles a quis.

Se insistirmos nessa mentalidade medieval, continuaremos propensas a aceitar qualquer carne de pescoço que se passe por filé. Não há por aí quem diga que somos especialistas em detectar os desajustes de ofertas? Então, vamos tratar de pesquisar bem e levar coisa melhor pra casa.



Alguns dizem assim: “Podemos fazer tudo o que queremos.” Sim, mas nem tudo é bom. “Podemos fazer tudo o que queremos”, mas nem tudo é útil.

1 Coríntios 10:23 / NTLH

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

“de repente, não mais que de repente”


De repente, começaram a me chamar de senhora. Rótulos e bulas de remédio ficaram ilegíveis e eu, que nunca usei óculos, passei a usar um multifocal. Pra completar, na minha cabeceira apareceu um livro da Jane Fonda.

Envelhecer não é para os fracos. Ainda mais num país em que a palavra soa como um crime. A pessoa faz aniversário e já sai tentando arrumar uma identidade falsa.

Acontece que, em 20 anos, seremos um país com mais idosos do que crianças. Feliz de quem estiver disposto a lidar com o amadurecimento com mais humor e alegria.

Na próxima semana, eu faço 59 anos, entro oficialmente no meu 60º ano de vida. E, quer saber? Estou adorando. Me sinto mais inteira e nunca tive tantos planos. “Mas você tá bonitona”, me disse um amigo. Repare quanto preconceito numa frase. Por que será que é tão difícil associar envelhecimento e beleza?
Acho que tudo é uma questão de ponto de vista. Ninguém vai querer me convencer de que só existem vantagens.
(...)

E não tem essa de dizer que “não tenho mais 20 anos”. Tenho todas as idades em mim. A vida está mais leve e menos dramática. Finalmente sei escolher as batalhas que valem a pena. Aprendi com o tempo a optar pelo simples.

Faço o que posso para me sentir melhor, mas estou certa de uma coisa: o que envelhece mesmo é essa obsessão pela juventude.

Amadurecer é aprimorar a capacidade de discernir as coisas e, por que não, a flexibilidade para mudar de opinião, coisa que faço hoje com um pé nas costas – não literalmente, claro.

Quantas vezes teimei em mudar o outro. Quero mais é transformar a mim mesma e deixar para trás a obrigação de provar qualquer coisa pra qualquer um. Se meu corpo não é mais tão flexível, minhas ideias nunca o foram tanto.
Demorei 59 anos pra chegar aqui. Agora eu quero é aproveitar.


(modificado)