"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Houdini


Hoje é 'dia do mágico', então...

parabéns para o meu salário, que tem o poder de desaparecer da minha conta mais rápido que truque de ilusionismo.

o amor?



 ... bosta de carência básica infantil, que nos torna para sempre patéticos, jamais capazes de vencer essa necessidade de alcançar o amor.

O amor, o amor, o amor.

Vá para a puta que o pariu o amor.
Todo esse imperativo de amar é puro masoquismo.
De ser amado, mero sadismo.

Os fatos simplesmente são como são:
Amar é mais importante até que ser amado,
amar faz com que a gente tente ser melhor pra conquistar o outro
e acaba conquistando o mundo.


"Marquei um encontro comigo,
felizmente nenhum de nós apareceu"

Não há absolutamente ninguém comparável a ti, ó Senhor; tu és grande, e grande é o poder do teu nome.

Jeremias 10:6

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Da voz do silêncio

Paula Taitelbaum é uma poeta gaúcha que acaba de lançar seu segundo livro, Sem Vergonha, onde encontrei um poema com apenas dois versos que diz assim:
"Pior do que uma voz que cala/É um silêncio que fala".

Simples. Rápido. E quanta força.

Imediatamente me veio a cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.

Um telefone mudo.
Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.
Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão.
Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento.
Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: "diz alguma coisa, diz que não me ama mais, mas não fica aí parado me olhando".
É o silêncio de um mandando más notícias para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente.
Para os seguranças dos shows do Sepultura, o silêncio é uma megasena.
Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba é aquele que fala.
E fala alto.
É quando ninguém bate a nossa porta, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim você entende a mensagem.

“Escolher o dia.
Apreciá-lo ao máximo.
O dia como ele vem.
As pessoas como elas vêm.
O passado, eu acho, me ajudou a apreciar o presente, e eu não quero estragar nada disso por idealizar um futuro.”

"Isso, vai, anda com os ombros sempre bem erguidos.
Faz a borboleta ter vontade de pousar.
E você nem desconfia que agora mesmo existe alguém de olho em coisas que nem você sabe.
Alguém que sonha um dia te contar sobre seus próprios segredos - esses capazes de deixar qualquer um com toda vontade de pousar no seu ombro.
E te adorar com todos os dentes."

Assim diz o Senhor: "Não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em sua força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor, e ajo com lealdade, com justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas que me agrado", declara o Senhor.

Jeremias 9:23-24

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Como se não houvesse amanhã


É fácil evocar o que pensamos em momentos de agradável intensidade: “azar, não posso deixar de viver por medo, é tão legal que podia acabar agora”. Já pensei isso. Quantas vezes nos colocamos em situações de risco ou, pelo menos, naquelas em que o bom senso não impera? Não negue, mesmo que você seja o rei da precaução, todos nós já fomos apresentados à cara do perigo. Sair à noite em nossa sociedade violenta, beber mais do que gostaríamos, estar em um lugar confinado, fazer uma aventura arriscada de carro, escaladas, voar de asa delta, tomar banho em cachoeira, dirigir bêbado, subir no carro do amigo destemido ou alcoolizado, ficar íntimo de alguém que não se conhece, frequentar ruelas escuras. A lista é longa.

Essa leveza beirando a irresponsabilidade é coisa típica da juventude, mas também, com sorte, reencontramos esse sentimento mais adiante. Os jovens vivem momentos festivos de euforia coletiva, atravessam juntos uma noite que faz o tempo parecer infinito. A festa é nossa desde o início dos tempos e costumava ser um momento sagrado, onde os excessos e descontroles eram prescritos. Hoje celebra-se a alegria, a força vital, o direito de dançar de qualquer jeito, só pelo prazer de partilhar o ritmo com os amigos e contemporâneos.

Jovens se arriscam, mas desta vez o culpado é outro. A tragédia de Santa Maria, não foi culpa deles, que estavam divertindo-se, nem da permissividade das famílias que não os acorrentaram em casa. Eles acorreram ao evento sem conferir se havia saídas de emergência, portas corta-fogo. Mas isso não era tarefa deles. A alegria pressupõe a confiança de que vai dar tudo certo. A felicidade é otimista, por isso muitas vezes envolve riscos, que devem ser sanados por aqueles que têm a diversão alheia como forma de trabalho. Vale para uma festa, um parque de diversões ou um programa de mergulho.

Investigações e punições são uma dívida com as vítimas. Mas as famílias e os amigos sobreviventes não terão nada devolvido com isso, já perderam o essencial: aquela mínima isenção do medo e da culpa que nos ajuda a viver. A morte, principalmente em sua face trágica e quando se perde um jovem, é a maior experiência de impotência. Nada porta o sem-sentido da vida como a inclemência do fim, principalmente o de quem teve reduzido o tempo de dizer a que veio.

Perder um filho é a pior das mortes, é um assassinato da esperança, impossível de assimilar. Cuidamos zelosamente nossos descendentes, pois seguirão nossos passos quando cessarmos. Sua morte é um milhão de vezes mais insuportável que a nossa, restamos sem sua transcendência. Um filho morto diminui a chance nos tornarmos lembrança. Apesar disso, não podemos ser egoístas e guardá-lo numa redoma, esperando que viva para nos cultuar.

Sou mãe de duas jovens da idade da maior parte das vítimas da boate Kiss. Tanto quanto elas, estivemos muitas vezes em muitos lugares assim. Se meus pais tivessem me impedido, se eu proibisse minhas filhas de viver seu tempo, certamente sua segurança estaria melhor garantida. Porém, um filho cerceado em sua liberdade é alguém cujo corpo é confinado para que sua mente só se ocupe de amar aos pais. Lá fora é perigoso, porque o mundo está cheio de perversos e irresponsáveis, mas é para onde todos temos que ir.

Às pessoas queridas dessa mais de duas centenas de jovens mortos gostaria de transmitir muito mais do que a solidariedade, também a identificação. E principalmente dizer: não, vocês não poderiam ter impedido seu filho, sua irmã, sobrinho ou amigo de estar lá. Ele exerceu o direito de ser livre e feliz, você tinha o dever de respeitá-lo. Desta vez, não houve amanhã, mas se um jovem é proibido de conviver com seus pares ele também acaba privado de conhecer-se, do seu futuro. A dor é inevitável, mas gostaria de aliviá-la da culpa. Correr riscos faz parte de ensinar a viver, embora, repito, essa dor é tão imensa que certamente não estou, no momento, servindo de consolo.

(Diana Corso)

O milagre é o riquíssimo girassol se explodir de caule, corola e raiz - e ser apenas uma semente.
Semente que contém o futuro.

Não tenha medo deles, pois eu estou com você para protegê-lo, 
diz o Senhor.
Eles lutarão contra você, mas não o vencerão,
pois eu estou com você e o protegerei.

Jeremias 1:8;19

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Até aqui o Senhor nos ajudou! 1 Sam 7:12



Anos atrás, quando ouvi no rádio a música “Dia de Formatura” com a cantora Jayne, fiquei meditando em sua letra e imaginando se o relato era verdadeiro ou não.
Consultando o Google, soube que a música foi gravada a 1ª vez pela Nalva Aguiar e que realmente, ela engravidou e o pai da criança pediu que ela fizesse um aborto. 
Se ela tivesse abortado, não teria a formatura de seu filho cantada na composição de Moacyr Franco. 
Segundo amigos dela, o cantor testemunhou o que Nalva passou, escreveu a música e deu para que ela gravasse. 

Me identifiquei com a música no que fala sobre as dificuldades de se criar um filho sozinha. 
Lembro como se fosse hoje, que eu disse para mim mesma, que custasse o que custasse, um dia eu também teria a alegria de ver o “Dia de Formatura” do meu filho. 

Não foi uma tarefa fácil.
Tão logo ele concluiu o 2º grau, prestou o vestibular para Direito e passou, mas não tive condições financeiras de mantê-lo na faculdade.
Isso aconteceu no ano seguinte e no outro. 

Ser advogado era uma coisa certa para ele. Vocação mesmo.
Com a certeza do que queria, mais uma vez, vestibular, matrícula, aperto, grana curta, sacrifícios e renúncias, mas finalmente, dificuldades superadas e o sonho realizado. 

O tão sonhado dia chegou e é motivo de imensa alegria para mim. Alegria em dose dupla, uma vez que ele também foi aprovado na OAB - requisito imprescindível para exercer a profissão que escolheu.
A satisfação em saber que consegui proporcionar a ele as condições necessárias para que, graças ao seu esforço, conseguisse concluir essa etapa importante em sua vida, é imensa. 

Sou grata a Deus pelas graças recebidas ao longo desses cinco anos. Não tenho dúvidas que Ele esteve do nosso lado dia após dia. 
A luta foi constante, mas ver o resultado dela me dá a sensação de dever cumprido. Um gosto de vitória e um contentamento indizível.

Sei que o papel de um pai e uma mãe é educar o filho para que ele se torne ‘alguém na vida’. 
Acumulando a função de mãe e pai, era ainda maior o meu desejo de deixar para o meu filho a melhor herança da vida, aqui na terra. Um tesouro que ninguém pode tirar: o estudo, e com ele o conhecimento, a educação e uma base sólida para construir uma carreira profissional e uma família. 
Assim como o Senhor nos dá boas coisas, eu queria oferecer ao meu filho o melhor de minhas possibilidades.

É com muito orgulho que posto essa música (pra lá de brega, eu sei), mas que toda vez que eu me desesperava e pensava em mais uma vez desistir, eu me lembrava dela e do meu propósito de poder um dia também ‘cantá-la’. 

A você Júnior, eu digo: Parabéns por esta conquista! Mas não posso deixar de dizer também que esse é o fim de apenas uma etapa. O estudo não acaba ao receber o diploma. 
Para ser um profissional competente, é preciso continuar estudando. Deste modo, trate logo de se apaixonar cada vez mais pelo estudo, pois, como disse Confúcio: “conservai sempre o amor ao estudo, e colhereis os resultados”. 
A Bíblia também nos ensina que “a sabedoria é árvore que dá vida a quem a abraça; quem a ela se apega será abençoado”. (Provérbios 3:18)
Então meu filho, invista em você. Plante, regue e colha.
Continuo orando para que Deus complete o que começou em você, que te dê forças, sabedoria e serenidade para levar a sua vida em frente, conquistando seus sonhos e alcançando seus ideais. 
Que, como advogado, você tenha o discernimento de escolher o caminho certo. 
Não se corrompa. Tenha ambições, mas nunca se esqueça que “melhor é o pouco com justiça, do que a abundância de bens com injustiça”. (Provérbios 16:8) 
Dê sempre o seu melhor em tudo e  “consagre ao Senhor tudo o que você fizer, para que os seus planos sejam bem sucedidos”. (Provérbios 16:3) 

A Deus, eu digo: Obrigada. Muito obrigada mesmo! Ao Senhor, a minha eterna gratidão. Não fosse Sua ajuda, eu não sentiria a emoção e a alegria de hoje e meu filho não se faria “doutor”.

***
Tudo o que um sonho precisa para ser realizado
é alguém que acredite que ele possa ser realizado.

(Roberto Shinyashiki)


Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. 
As escolhas que você procurar, os amigos que você cultivar, 
as leituras que você fizer, 
os valores que você abraçar, os amores que você amar, 
tudo será determinante para a colheita futura.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


"Tô tomando Dorflex porque o coração também é músculo.
Vai que melhora."

Quando tá tudo indo bem, eu sempre tenho a sensação de que alguma coisa, no fundo, tá muito errada.
Sei lá, é como se um relacionamento saudável fosse impossível no meio dessa merda toda, e quando eu não posso ver os erros, eu fico com essa certeza de que estou sendo enganada.
E fico procurando, investigando, revirando o mundo pra encontrar os vacilos, mentiras, motivos pra terminar.
Percebe a loucura?
É como se ninguém pudesse me amar e ponto, de tanto colarem o adesivo de ‘trouxa’ na minha testa, qualquer carinho me parece suspeito.
Percebe a tortura?
Fico oscilando entre confiar e desconfiar, querendo viver uma história leve e sempre me afundando nas minhas neuroses e cicatrizes.

E homem nenhum aguenta isso, homem nenhum percorre meu labirinto até o fim.
Mas como eu poderia me entregar, sem antes saber se posso ir inteira?
Como posso confiar de novo, sem saber se vai ser realmente diferente?
Quero alguém que rompa meus lacres, não que me lacre mais!
E sigo estragando tudo, só pra não ficar pior depois.
Quando eles finalmente se cansam e caem fora porque eu sou louca de pedra, eu fico satisfeita.
Volto pra fossa por um tempo, sem mistérios, já conheço bem o lugar e a porta de saída.
E penso “Viu, sabia que eu tava certa”.

Talvez eu até esteja errada, mas que se dane.
Se uma pessoa não tem paciência nem pra conquistar minha confiança e afastar meus medos, o que eu posso esperar então?
Sou quebra-cabeça de 500 mil peças, quem não tiver capacidade, tenta um jogo mais fácil.
Eu supero e agradeço.

que palavra é você?



Das mais bonitas às mais doloridas, não encontro a que lhe caiba.
Preciso de uma palavra que lhe descreva, de uma palavra que lhe pertença.
Preciso de uma palavra insone, de uma palavra que silencie.
Preciso de uma palavra que seja fome, mas que também seja afeto.
Preciso de uma palavra que morda, mas que também que sopre.
Preciso de uma palavra que não se deixe levar por meus pronomes possessivos mas que, ainda assim, seja minha.


Eu darei a eles o que desejam, antes mesmo de Me pedirem. 
Enquanto eles ainda estiverem falando comigo sobre suas necessidades, Eu já terei respondido às suas orações!

Isaías 65:24

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Quer namorar?


A melhor agência de namoro é comprar uma passagem para bem longe.
Quanto mais longe, maior a chance de ser feliz. Não precisa usar o bilhete, é adquirir, pôr no bolso e andar com aquele olhar irresistível de janela redonda de avião.
Sempre repercute: todo mundo sente que vamos embora e ganhamos importância amorosa. Mais imbatível do que usar aliança, do que borrifar perfume de boto, do que afogar estátua de Santo Antônio.

Quer se apaixonar? Invente uma viagem. Mas tem que pagar para fazer efeito. O destino confere os depósitos bancários.
A despedida é um afrodisíaco veemente. Ficamos abertos e receptivos ao acaso.
(...) 
É ter um compromisso certo e inadiável para arrumar uma paixão. Sem antítese, não há dialética, não se chega à síntese.

Adoramos uma encruzilhada, confusão, dúvidas. Adoramos a ambiguidade do aceno, que pode ser um oi e um tchau.
Ao tomar um caminho, surge outra opção até então invisível. 
É programar um intercâmbio no Exterior, que nos envolveremos na noite anterior ao embarque. 
É realizar sonho profissional de trabalhar na Europa, que antigo amor vem suplicar reconciliação.

O aeroporto e a rodoviária são altares, cupidos, balcões de suspiros.
Se você é solteiro, não entre em chats, não crie perfis falsos, não perca tempo.
As mulheres são alucinadas por homens com malas. Os homens são alucinados por mulheres atravessando o detector de metais.
Se não consegue namorado/namorada, gire o globo, pare um país com o dedo e arrebate passagens.

A distância influencia a longevidade da relação. Menos de 200 quilômetros não traz cócegas. O arrebatamento é proporcional à quilometragem. Viajar a Espumoso produzirá um rápido olhar 43, Santo Ângelo resultará em flerte, Rio de Janeiro ocasionará um caso, Natal renderá breve namoro, deslocamento ao Acre talvez pinte noivado.
Mas, para casar com véu e grinalda, aposte alto e compre passagem de ida (somente de ida!) a Bangladesh.

Aprenda que: tem dias que estou hiper sensível
e tem dias que estou bandida.
Portanto, quando eu estiver sensível, cuide de mim.
E quando estiver pra bandida cuide muito bem de você.

Os anjos ainda viajavam na terra, com as asas escondidas...

(Eça de Queiroz)

Ó Deus, o Senhor é nosso Pai. 
Nós somos o barro e o Senhor é o oleiro que faz os vasos. 
Todos nós fomos feitos pelo Senhor.

Isaías 64:8

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


- Não deixar principalmente que entrem dentro de ti e queiram arrancar isso que está aqui, entendeu? - levou uma das mãos até o coração... 

"(...) Por que você me quer tanto de volta?

(...) Eu não sei. Quer dizer, eu sei. Eu acho que sei. Bem, parece, tudo indica, acho que decidi que, puta merda, eu amo você."

"Que Deus me proteja de gente má, cruel, invejosa.
Mas, principalmente, de gente sem graça,
sem sal, sem veneno, sem beleza e sem loucura."

Dois mundos, dois avessos, dois seres diferentes
... não temos jeito,
é por sermos tão ímpares que fazemos o par perfeito.

Amo-te tanto amor,
essa diferença só nos liberta,
somos um para o outro sempre descoberta
e é desacertando que a gente se acerta.
... divergentes, somos sempre avesso e complemento.

Assombramentos desse amor de nós.

Porque desde que o mundo é mundo, ninguém ouviu, nem viu, um Deus como o nosso, que trabalha para o bem de quem confia nEle.

Isaías 64:4

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


“O segredo da minha lucidez é não acreditar em juventude eterna.”

Do tsunami como metáfora


A palavra tsunami só entrou no meu repertório a partir da tragédia acontecida na Tailândia. Antes disso, se eu a vi escrita em algum lugar, devo tê-la confundido com alguma sobremesa, quem me garantiria que não era uma prima do tiramisu?

Pois tsunami, descobri, era outra coisa, possuía um significado trágico.
Águas revoltas emborcando corpos, afogando vidas, eliminando gente num ataque surpresa.
Você imagina que está no paraíso (à beira-mar, quem não está?) e de repente é arrastado para as profundezas com tal violência que, se conseguir escapar, não voltará o mesmo.
Quem sobrevive, coleciona cicatrizes e traumas. Ou seja, tsunami passou a ser a metáfora ideal para todos aqueles momentos em que somos atingidos por uma força exterior capaz de deixar nosso mundo fora de lugar.

Seu marido saiu de casa, um tsunami.
Demissão coletiva na empresa, um tsunami.
Seu filho foi vítima de um assalto com arma, um tsunami.
Todas as vezes em que você disse para si mesmo “não sei se vou segurar a onda”, era porque um tsunami estava passando por cima da vida satisfatória que você tinha antes.

Eu, que sempre fui fascinada por água, que sonho frequentemente com o mar e que costumo comparar a vida a um barco à deriva, passei a usar e abusar do termo tsunami para descrever abalos emocionais.
Até que fui assistir ao filme O impossível, que reproduz o que aconteceu a uma família em férias naquele fatídico 26 de dezembro de 2004, e botei meus pés de pato de molho.

Amores terminam, pessoas adoecem, perde-se o emprego, e tudo isso modifica destinos, mas há que se levar em conta que esses são tsunamis razoavelmente previsíveis.
É muito improvável que, durante toda uma vida, você não padecerá de algum infortúnio.
Doerá, mas sabe-se que são através dessas dores que amadurecemos.
Sofrer é péssimo, ninguém deseja nem merece, mas há que se reconhecer algum valor terapêutico nisso.

Já um tsunami de verdade faz sofrer de uma forma bem menos didática.
O filme, principalmente no início, é de um realismo de embrulhar o estômago. Do meio para o fim, ele apela um pouco para o melodrama – a trilha sonora avisa a plateia: hora de chorar, pessoal! Mas é nas cenas iniciais, em que um inocente banho de piscina no hotel se transforma num terror absoluto, que a gente se dá conta de que quase nada do que vivemos em nosso cotidiano se compara a essa brutal agressão pela qual se é atingido de um segundo para o outro.

O que é pior: a dor física ou a dor emocional?
Quando ambas acontecem ao mesmo tempo, a catástrofe é completa.
Fiquei muito impressionada com o que assisti, porque não era apenas um filme, e sim um convite a entender o que sentem as vítimas de um drama que atinge o corpo por dentro e por fora.
Tsunami como metáfora? A partir de agora, usarei com mais parcimônia.

Chacinas em escolas são tsunamis.
Assassinato de um filho é um tsunami.
Já para as nossas dores de cotovelo, frustrações profissionais e tristezas congênitas, a analogia prescreveu.
Temporais: é isso que cai sobre nós de vez em quando, amém.

O seu sol nunca vai se pôr, e você terá sempre lua cheia no céu - pois o Senhor será a sua luz eterna.
Os seus dias de tristeza e dor terminarão para sempre.

Isaías 60:20

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Carta ao tempo


Dia desses encontrei no banco do metrô uma correspondência. Uma dessas cartas cujo destinatário não se consegue atingir, mas se deseja com muito afinco. Ela dizia mais ou menos o seguinte:

“Tempo,

Perdoe-me, pois fui um tanto cruel consigo. Na imersão das minhas leviandades, mal lhe dei a atenção devida e que falta grande é ignorar aqueles que zelam por nós. Quem nos cuida e nos nina, em tese, não merece nada além da nossa retribuição em abraços e afetos. Mas eu, Tempo, falhei e reúno agora toda a pouca humildade de que meu caráter me dotou para lhe pedir desculpas.

Se bem me permitir a justificativa, a vida passa tão apressada por nós e nós atrás dela com as narinas arreganhadas, que parece que você, é esse o tratamento adequado?, nem está lá. Parece que está na sala ao lado, na casa vizinha, na rua de baixo, em outra cidade… Tão longe… Então volto para casa e lá está você, a sentar-se em minha poltrona, calçando minhas pantufas e afagando meu cão!

Não que o esteja acusando da mesma omissão de que acabo de me desculpar há um parágrafo apenas, mas é que você bem que poderia dar as caras mais vezes, ou se fazer mais visível nas suas presenças. Já pensou em usar um crachá? Eu tive inúmeras dúvidas cujas respostas, disseram-me, só você possuía. Mas você nunca aparecia e quando se fazia presente, o susto era tamanho que me olvidava das questões todas e ficava a te encarar com as narinas a abrir e fechar e a lhe assistir acarinhando o cachorro.

Feitas essas considerações, que agora percebo um tanto descabidas mas não importa porque escrevo este bilhete direto à tinta, reitero minhas intenções iniciais e solicito a gentileza da sua redenção.

Aproveito para dizer agora que estamos mais íntimos e digo isso por acreditar que já me conheça o suficiente para invadir-me a casa, que sempre me habitou uma porção de medo seu. É um poder tamanho e tão irrevogável… quem não se melindraria? Temo que me puna por incauto que fui. Não o faça, por favor. Sou insolente e orgulhoso, mas não me julgo merecedor de castigo assim como não me acredito nem um pouco merecedor de prenda alguma.

Apiede-se de mim e seja justo para comigo e para com meus amigos. Use conosco a mesma régua, pois não haveria dor maior nesse mundo que correr apressado com os meus e caminhar em lento vagar comigo”.

Terminei de ler, registrei os escritos, dobrei o papel e desci na minha estação. O papel ficou lá, dobrado sobre o banco verde, entregue ao Tempo.

O Senhor guiará vocês para sempre.
Mesmo em situações difíceis, Ele dará força e alegria; vocês serão como um jardim bem regado, como uma fonte de onde a água não pára de correr.

Isaías 58:11

terça-feira, 15 de janeiro de 2013


Ele disse para ela ir se tratar, e então foi isso que ela fez.
Tratou o cabelo, tratou a pele, tratou do corpo, tratou de conhecer gente nova, tratou de viajar, tratou de rir, tratou de se divertir […]
E foi se tratando que percebeu que não precisa dele pra ser amada, e sem ele, tratou de ser feliz.

Três meses ou 30 minutos?


Uma amiga que mora numa cidade do interior dos Estados Unidos me conta seu espanto diante do resultado de uma pesquisa informal (ou seja, feita por ela) junto a várias mulheres americanas. Estavam num encontro de luluzinhas e o assunto de repente surgiu, mesmo sendo irrelevante para o futuro da humanidade.
A questão: qual seria o prazo que uma mulher deveria esperar até ir para a cama com um homem que a convidou para sair pela primeira vez?

Acreditem. As gringas responderam: “três meses”. É, três meses, também conhecido como 90 dias.
Ou seja, se você sair com o cara hoje à noite, mesmo gostando muito do jeito dele e da conversa dele, só estabelecerá um vínculo mais íntimo no final de março. Em março o mundo já terá acabado, dizem.
Se não tiver, haja papo entre os dois até lá. Haja restaurante para frequentar, haja filme para assistir.

Mas aguente no osso: três meses é o prazo para que ele não a considere leviana, três meses é o prazo para vocês fazerem todos os exames médicos recomendados pela Organização Mundial da Saúde, três meses é o prazo para que vocês conheçam os parentes um do outro para ter uma ideia de onde estão se metendo, três meses é o prazo para a sua dieta começar a surtir efeito, três meses é o prazo para investigar se ele não tem ficha na polícia ou se já foi denunciado pela Lei Maria da Penha, três meses é o prazo para testar se é amor mesmo ou se tudo não passa de – que horror! – uma atração mútua entre dois adultos, sem preocupações com o futuro.

Essa minha amiga, que mora há muito tempo fora mas continua com sangue latino correndo nas veias, achou a prudência das americanas meio exagerada, e resolveu fazer uma enquete similar com suas amigas daqui, por e-mail.
A maioria respondeu: “trinta minutos”.

E assim a gente ocupa os intervalos do trabalho jogando conversa fora e rindo muito com essas bobagens.
Minha amiga tem emprego estável, vive numa casa linda sem grades, os estudos do filho são pagos pelo governo Obama, assim como todas as despesas relacionadas à saúde, e ela nunca foi assaltada, nem ninguém que ela conheça.
Ainda assim, mesmo vivendo a vida que todo brasileiro sonha, ordenamos a ela: volte enquanto é tempo. Vá que esse puritanismo seja contagioso.

Três anos, três meses, três dias, trinta minutos: em que encíclica está determinado qual o momento certo para duas pessoas praticarem o que tiverem vontade, de comum acordo? Sei de gente que namorou, noivou, casou virgem (sem leilão) e, quem diria, separou logo depois.

E sei de pessoas que foram morar juntas no dia seguinte ao primeiro beijo, e juntas continuam até hoje, apaixonadas.
O amor não obedece regulamentos.
Mas se você estiver se relacionando com um homem que considere essa questão determinante para saber se você é uma mulher que vale ou não vale a pena investir, a resposta para quando deve ir para a cama com ele: daqui a três séculos, se cair num sábado.

Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.

Isaías 55:1

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

"Quando a gente escreve amor, o mundo para pra ler.

E pro meu mar virar poesia meio nado basta."

Troquei o caminho...
E nas margens do novo
avistei um dente-de-leão.
Lembrei que meu 'eu-lírico' os adorava...
Um 'eu' mais jovem o teria soprado fazendo pedidos esperançosos...
Olhei-o com ternura
e uma pontinha de desapontamento
Segui o caminho...
- 'Meus pedidos atuais eram pesados demais para algo tão leve.'
Sinto-me radiosa, estrondosa, radiante por viver...
confiante, aspirante e consonante em ser.
Eu sei, é sobre mim que a vida põe suas asas,
e eu vô(o)u...

Nesse átimo de segundo suspensa ao céu vejo-me graciosamente breve,
embriagadamente leve, solta ao vento,
colibri que desliza no próprio céu do sentir...
e me entrego toda!

Só sobrevivo como pássaro.

Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina!
(Isaías 52:7)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


'Quero vestir o seu abraço e sair com ele por aí,
como um colete à prova de balas.'

"Nunca conseguimos explicar o motivo de estar amando.
Sempre explicamos fácil o motivo da separação.
Amar deve ser uma sábia ignorância."

“Eu decidi, desde muito cedo, apenas aceitar a vida incondicionalmente.
Eu nunca esperei que ela fizesse nada especial por mim, apesar de eu conseguir alcançar muito mais do que cheguei a imaginar.
Na maioria das vezes, essas coisas só aconteceram sem que eu procurasse por elas.”

Será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou?
Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de você!

Isaías 49:15

terça-feira, 8 de janeiro de 2013


Vendo urgente dor semi-nova, com pouco uso, leve arranhão na borda superior esquerda causado por um sorriso irresponsavelmente atirado pela janela.
Aceito troca por alegria, mesmo que com defeito ou melancolia regada à coca-cola.
Não aceito esperança, porque, mesmo sendo a última, acaba morrendo.
Tratar com o proprietário.

[André Gonçalves]

O pior mala é o que se acha uma Louis Vuitton.

Mas eu desconfio que a única pessoa livre,
realmente livre,
é a que não tem medo do ridículo.

Quando nos apaixonamos poça d'água é chafariz.

(Canção de Pedroca - Chico Buarque)