"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sexta-feira, 28 de novembro de 2014


 Sou uma pessoa, a dor também me habita. E o que me dói é a falta de aceitação disso. Todos acham que tenho a fórmula da felicidade, isto é um insulto e uma crueldade. Não respiro poesia o tempo todo, a vida me dói do mesmo jeito…

"Deus nos deu a lei, mas depende de nós segui-la.
Isso é liberdade.
Sabe o que é liberdade?
É quando você dorme sabendo que não prejudicou ninguém.
Porque a liberdade e a bondade são a mesma coisa.
E é uma coisa muito difícil de alcançar a cada dia."

(do filme: Minha querida Anne Frank)

"- O que Deus quer de nós? Ele existe?
- Você acredita no sol, no céu, lá no alto, mesmo que ele não brilhe? E acredita no amor, mesmo que não o sinta? Acredito em Deus, mesmo quando Deus é o silêncio."

(do filme: Minha querida Anne Frank)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

tirando os olhos do próprio umbigo


Na mesma semana em que fiquei inconsolável por ter perdido (ou terem me roubado) a carteira com todos os documentos dentro, conheci a história de uma moça que já passou por umas chateaçõezinhas também.

Foi criada numa família machista. Apesar de concluir a faculdade de Direito, o pai a proibia de trabalhar. Teve o primeiro relacionamento só aos 25 anos. Casou, porém o parceiro possuía problemas que tornavam a vida comum um inferno. Ela engravidou e deu à luz um filho que, com um ano de idade, foi diagnosticado com uma doença rara que causava retardo motor – talvez nunca viesse a caminhar. Ela largou tudo para cuidar do filho, e tanto pesquisou que conseguiu descobrir um tratamento que reverteu as piores expectativas – hoje seu filho caminha. Em meio a isso tudo, o então ex-marido passou a viver como mendigo, dormia numa obra. Ela não teve dúvida: o resgatou e o encaminhou a um hospital. Foi quando descobriram que ele havia contraído o vírus HIV, e que havia o risco de ela e o filho terem o vírus também. Depois de muitas noites sem dormir, veio o resultado. Não, mãe e filho não haviam sido contaminados. Mas descobriu-se que o menino, agora com cinco anos, tinha um número enorme de pólipos no intestino, o que exigia exames anuais muito desconfortáveis para uma criança. Nisso, o pai do garoto faleceu. Nada fácil dar a notícia.


Trégua: ela conheceu outro homem, finalmente o amor da sua vida, com quem teve alguns anos felizes. Até que ele morreu de uma hora para outra. Dois meses depois, ainda em luto, ela descobriu que tinha um câncer de mama, e não estava em fase inicial: o tumor media 11 centímetros. Debilitada emocionalmente, nem assim entregou os pontos: iniciou quimioterapia, descobriu nódulos no outro seio, perdeu cabelo, cílios e 15 quilos, fez uma mastectomia radical e hoje é uma mulher, segundo palavras dela mesma, que se considera feliz e vitoriosa, pois teve a oportunidade de se tratar com uma equipe excelente e descobriu com a doença o seu potencial para fazer diferença na vida dos outros: atualmente é voluntária do Imama e estuda legislação do Direito Médico. Conclui ela seu depoimento, fazendo graça: “Nada mais me abala, até medo de barata eu perdi”.


Perder algumas batalhas é natural. Perder os documentos, banal. Perder o medo diante de graves desafios e seguir lutando pela vida, crucial.


Ninguém tem controle sobre o próprio destino, mas podemos nos precaver, nos informar e nos fortalecer. 



Hoje é o Dia Nacional da Luta contra o Câncer de Mama. 


a casaca


Ele, atleticano fanático, era casado com uma também atleticana, e tiveram dois filhos, dois meninos que obviamente torciam para o Atlético, herdando a paixão da família. Muitos pais têm uma vontade, às vezes secreta, de que os filhos sigam sua profissão, pratiquem a mesma religião, desenvolvam preferências idênticas, mas quando se trata do time de futebol, a vontade deixa de ser secreta para ser escancarada: os filhotes são induzidos abertamente a honrar a camiseta do time. Não raro, os pais colocam a escolha futebolística do bebê já declarada na porta da maternidade. Nasceu Matias, nasceu Luciana, e ao lado do nome o distintivo do Flamengo, do Vasco, do Atlético, do Cruzeiro ou de qualquer que seja o clube daquela criança que não ousará transgredir uma tradição sagrada.

Mas eu estava falando do Atlético, e de um atleticano casado com uma atleticana com quem teve dois “galinhos”. Pois ele se divorciou da atleticana. E os meninos, de nove e sete anos, ficaram morando com ela, como quase sempre acontece. A separação não chegou a ser litigiosa, mas tampouco foi um passeio num jardim florido: as pendengas de sempre sobre valores de pensão, partilha de bens, sem falar no ciúme corrosivo em relação à nova namorada com quem papai já desfila - como são rápidos esses homens.

Pois ela, a mãe, ainda sem um namorado para distraí-la, e considerando-se levemente injustiçada com a situação toda, resolveu irritar o ex-marido (“para não perder a prática”, diz ele). Virou cruzeirense. E, claro, está catequizando os dois moleques para que virem também.

O homem está fora de si. A ex-mulher está usando todos os recursos disponíveis: hinos, uniformes, influência de amiguinhos, idas ao estádio, histórias mal contadas, chantagem emocional e vasto repertório de doutrinação. Os meninos começam a vacilar. O plano está prestes a dar certo.

Eu disse a ele que duvido que os filhos mudem de lado: um pai torcedor costuma ser invencível como exemplo. Mas ele teme pela chegada de um padrasto que desequilibre essa balança de vez.

Que drama.

Virar a casaca é um direito, mas não deixa de ser uma traição. Quando escuto um brasileiro dizendo que vai torcer pela Argentina ou para qualquer outra Seleção que não a nossa, não consigo evitar o muxoxo. Sei que o futebol pode ser alienante, pode reforçar ou enfraquecer a imagem de governos, portanto é legítimo o protesto político em forma de torcida contra, mas sempre é incômodo ver a paixão perder para o racionalismo. Pô, de vez em quando é preciso parar de pensar e se entregar para a emoção - para não perder a prática, que seja.

Vale para adultos e mais ainda para crianças, cuja inocência não merece ficar órfã.


(mudei os times)


Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. 
Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável.
Tuas obras são maravilhosas!
Digo isso com convicção. 
Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formada e entretecida como nas profundezas da terra. 
Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir. 
Como são preciosos para mim os teus pensamentos, ó Deus!
Como é grande a soma deles! 

Salmos 139:13-17 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014


sim, senhora!


Quando uma mulher chora numa briga, e sempre chora primeiro, parece que já vem chorando, parece que já estava chorando antes, a discussão muda de lado e o homem perde a disputa, mesmo que tenha razão, mesmo que a justiça esteja ao seu favor.

A gangorra pende ao lado mais fraco do momento. Ele será obrigado a abandonar seus argumentos e oferecer colo, será condicionado a descer o tom de voz e abraçar e confortar e buscar conter a choradeira com palavras de ânimo.


Já é complicado xingar uma mulher, xingar uma mulher chorando é impossível. Chorar é pôr óculos para a alma enxergar. Toda agressão verbal pós-choro é covardia.


Mas a mulher encontrou a proeza de ganhar discussões de relacionamento também no telefone, no momento em que as lágrimas são virtuais.


Sem a vantagem dos olhos nos olhos, ela cavou um truque invencível à distância.


É sua mania de bater o telefone na cara. 


Você está explicando o motivo de sua irritação, ela fica ofendida com uma frase e desliga sem piedade.


Você, no começo, acredita que foi problema na telefonia ou de bateria, não percebeu que significou o fim consciente da linha, e retorna a ligação desesperadamente, até cansar a luz da tela do celular.


Necas de atender.


Feito o inferno. Qualquer homem perderá a paciência. É insuportável receber um corte de repente, é como suspender o microfone no meio de um discurso para cem mil pessoas.


É uma falta de educação que enerva. Quebra as palavras ao meio, desmonta o pique da argumentação.


Depois é custoso recuperar o fôlego e o ritmo emocional da conversa. Será condenado a reiniciar o Windows do pensamento, desculpando-se para poder falar, suplicando agora pela possibilidade de ser ouvido.


Ela desliga em sua cara e você que precisa recuperar o direito de se explicar. Na segunda tentativa, estará em desvantagem apesar da grosseria feita por ela. O pedido de perdão por machucá-la é um pré-requisito para refazer a negociação.


Trata-se de uma manobra espirituosa formidável, uma virada de mesa, de jogo, de campo de batalha.


As mulheres aprenderam com o sadismo das operadoras, repetindo o blecaute quando o cliente está por finalizar a reclamação, após uma hora pulando de ramal a ramal, suportando musiquinha de fundo e confirmando informações de segurança.


Bater boca com sua mulher no celular é como tentar convencer um serviço de telemarketing: não tem chance, esquece.


A arte feminina é napoleônica. Uma lenta tortura.


Ao desligar o telefone na cara, ela assume o comando da ação. Diante de sua insistência em retomar o contato, demorará a atender de propósito, com o objetivo de gerar o pânico. O homem já é ansioso por natureza para resolver a história, pois não gosta de discutir e não gostaria de desperdiçar mais tempo discutindo. Ela passa a tirar proveito da angústia da objetividade masculina, da pressa da linearidade masculina. Jamais permite que ele termine seu raciocínio ou possa se retratar.


O sujeito vai rechear de manteiga o pão que o diabo amassou. Mandará uma corrente persuasiva de SMS, whatsApp e e-mails, de modo alternado e constante:


- Atenda, é importante!

- Atenda, é urgente!
- Atenda pelo amor de Deus!

Como o homem não sabe criar curiosidade, ela retornará unicamente no fim da noite. Dirá com violência para ser breve, que não deveria nunca mais lhe ouvir, que está abrindo uma exceção. Você assina o contrato, aceita as condições abusivas e as regras de comportamento (sendo que não fez absolutamente nada).


É abrir a boca que ela desligará de novo em sua cara. Sempre que uma mulher desliga na cara uma vez, desligará mais outras e outras vezes.


O negócio é entender que não se discute com mulher, a saída é dizer “Sim, senhora” e cuidar o máximo possível para não soar debochado.



Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.

1 Pedro 5:6-7

domingo, 23 de novembro de 2014

já no balanço de final do ano


Tem uma música do Lulu Santos que diz que a vida vem em ondas como o mar
Vai e vem, sem cansar. Em um dia tudo é bom, no outro algo muda. As dificuldades chegam para nos mostrar o quanto somos capazes. As alegrias servem para nos dar aquele gosto de sim-eu-consegui. E os finais de ano são épocas perfeitas para a gente andar de balanço e ver cada cena da vida ao longo dos quase 365 dias.

No ano passado, decidi que entraria na academia, conseguiria um emprego melhor, não gastaria tanto dinheiro em besteiras sem fundamento e tentaria ajudar mais as pessoas. Agora, fazendo o meu balanço, percebo que fui apenas 3 dias na academia durante o ano inteiro, não estou trabalhando, gastei muita grana em porcarias que não uso e não sei se ajudo tanta gente assim. Por que isso acontece? Por que os nossos planos às vezes descem pelo cano? Falta de firmeza, coragem ou força de vontade?
Acho que é um pouco de tudo e, ao mesmo tempo, nada disso. 

A vida é tão corrida, o mundo grita lá fora, os universos on e off line nos chamam o tempo inteiro. No meio disso, nos perdemos. Falta o foco. Com tanta coisa acontecendo, a gente acaba se ajustando aos dias. Por vezes, esquecemos de ligar para aquela amiga que mora longe, com a correria deixamos de dar um abraço apertado no pai, fica uma palavra não dita na garganta. E aquela palavra poderia mudar um dia. 

Quer ver um exemplo? Você vai em uma exposição, vê quadros lindos, deixa de fazer a sua gentileza, não diz para o artista o quanto gostou da obra dele e vai embora. Percebe que existe aí um grande problema? Você alegrou seus olhos por alguns minutos, mas não manifestou seu sentimento. O artista, por sua vez, acaba se achando não querido. E aí começa um ciclo, que existe frequentemente em nossas vidas: a falta de comunicação.

Já percebeu que muito do nosso sofrimento diário seria evitado se a gente dissesse o que sente? É simples: Hoje me sinto bem, tive um sonho bom Olha, nem fala comigo hoje que acordei com um humor péssimoEscuta, você podia falar direitinho comigo, ao invés de gritarAndei pensando, você anda uma amiga muito filha da puta.Meu amor, se você continuar falando assim comigo não vai dar certo. 
A gente tem que dizer o que sente, esse trabalho ninguém vai fazer por você. Mais do que isso: precisamos dizer o que sentimos para nós mesmos. Todo o santo dia.

Por que insistimos na culpa? Eu devia, eu tinha, eu podia. 
Descobri uma fórmula para usar em 2015: vou simplificar a minha vida, sem a menor culpa. Se der para fazer, vou fazer. E se não der, tudo bem. Vou me esforçar, tentar dar o melhor de mim, mas sem cobranças. Não dá para carregar dentro da mochila o eu-devia-tinha-podia. É muito peso. 

No dia 31 de dezembro, ao pular as sete ondas, afogue a sua culpa no mar.
Quanto aos planos, decidi não planejar mais nada. Se tiver que malhar, vou malhar. Sem pressões ou coisa parecida, senão a frustração vem fazer visita. Não é bom a gente se cobrar tanto, vivemos em um mundo louco onde você tem que ser. Tem que ser legal, tem que ser bonito, tem que ser magro, tem que ser inteligente. Por isso, as auto-cobranças. Tenho que ser assim e assado. Isso não faz bem, eu sou diferente de você, nunca terei suas qualidades, em contrapartida, você também nunca terá as minhas. Cada um com suas particularidades, dores e alegrias.

Dezembro já tá batendo na porta e nesse mês, todo mundo elabora listinhas (mentais ou não) com direito a vários tópicos importantes: o que fez de bom ao longo do ano, se cumpriu todos os tópicos da lista passada, se aprendeu a trocar lâmpada, se teve mais paciência com a sogra, se realizou todas as fantasias sexuais, se conseguiu não falar mal dos outros durante 24 horas seguidas. Então, eu me pergunto: o que adianta fazer uma lista enorme em dezembro se em janeiro a gente já coloca a bendita na gaveta? 

Já fiz muitas listas, e confesso que não consigo me livrar delas tão fácil. Mas hoje eu tenho a percepção de que se alguma coisa não for feita, tudo bem. Sou humana, erro, acerto, acredito em comerciais de shampoo, simpatias, que o rabo da lagartixa cresce de novo, que existe um creme milagroso para celulite e que ainda vão inventar uma cápsula que você toma e no outro dia acorda com a bunda dura.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014


#novembro azul

posso te dar um toque?
cuidar da saúde é coisa de homem
drible o preconceito


O que mais tranquiliza os pais: quando o filho faz amizades.

Boas amizades. Alegres amizades.
Quando o filho diz que não vai nos acompanhar em uma saída ou num almoço porque combinou de sair com um amigo.

De um lado, há aquela pontada no coração paterno de que a conversa e a proximidade não será mais fácil como antes. Terá que negociar e lutar para garantir sua participação nos próximos eventos familiares. O que era natural passou a ser opcional.
Do outro, corre a satisfação de que o filho tem vida própria e está amadurecendo. É bonito quando ele se desvencilha da dependência e assume a irreverência da felicidade. Desaparece o temor de que ele será deprimido, isolado, antissocial, sofrendo pelos cantos. É um alívio, uma alforria sentimental.

Os pais procuram os condomínios de propósito, pois os empecilhos para as amizades são menores: não há risco de atravessar a rua, perigo com desconhecidos, insegurança com assaltos.
Podem sestear e deixar os filhos brincando. Podem tomar cerveja na sacada e permitir que os filhos saiam para se divertir na praça, longe de sua vista.
Além disso, tornam-se menos chatos, menos implicantes, menos desconfiados. Os sermões são reduzidos a uma estranha risada. Não ficarão controlando toda hora, não ficarão censurando e repetindo “Não, não, já disse não”.
As crianças se soltam nas ruas para perguntar, questionar e se aproximar dos outros. Não há limite para a curiosidade. Não há limite para a infância.

Logo os pequenos realizam suas turmas: de desenho, de futebol, de tênis, de esconde-esconde, de jogo da amarelinha, de bicicleta. Grupos que começam em janeiro, mas podem durar a vida inteira.
Se chove, é possível se reunir para jogar pingue-pongue, Fla-Flu ou games no salão. Nem a chuva atrapalha os planos da convivência. O verão não é refém do sol. O humor não depende exclusivamente da piscina e do mar.

Os filhos menores voltam para casa falando mais, matraqueando o que realizaram durante o dia. Os filhos adolescentes voltam falando menos, misteriosos, escondendo suas paixões e o início de namoro. E há certeza de que eles não estarão mais sozinhos.

Os pais são bons educadores, mas os melhores professores são os amigos.

Amizade é liberdade. É quando os filhos encontram gente que pensa e sente igual e não se enxergam mais como os patinhos feios.

O risco é que eles pedirão, futuro afora, a chave emprestada da residência.


Não é bom agir sem refletir; e o que se apressa com seus pés erra o caminho. 

Provérbios 19:2

quinta-feira, 20 de novembro de 2014


20/11 - dia nacional da “consciência negra”

Sexo frágil? 
Sangrar todo mês, ter cólicas, suportar as mudanças de humor, se equilibrar em um salto alto, ter que cuidar de cabelo, pele e unha, ver o cara com outra e dar conta de tudo.

Frágil seria se eu sentasse no sofá e só assistisse futebol.


Mãe, sabe por que eu gosto de você ser negra?
Porque combina com a escuridão.

Então quando é de noite eu não tenho medo.
Tudo é mãe e tudo é escuridão.

Não deixes de fazer bem a quem o merece, estando em tuas mãos a capacidade de fazê-lo. Não digas ao teu próximo: Vai, e volta amanhã que to darei, se já o tens contigo.

Provérbios 3:27-28

quarta-feira, 19 de novembro de 2014


19/11 - dia da Bandeira

efeito colateral da mulher romântica


A mulher romântica tem um efeito colateral: não perdoa. Não perdoa mesmo.
Ela não esquecerá qualquer mancada que você tenha feito. Pode recorrer ao exorcismo, afogar Santo Antônio, investir o salário em macumba.
Nada apagará a ofensa de sua memória. Nada amansará sua dor.

O tempo não desgastará a mágoa, é tudo como se fosse ontem. Ou melhor, hoje de manhã.
Não existe atenuante, não existe a tecla Delete, não existe nem condenação a serviços comunitários.

A idealização, quando machucada, traz a intransigência. Não encontrará mais rascunhos na idealização.
A partilha, antes bênção dos elogios, será calvário das acusações.

Para a mulher romântica, a memória tem uma única vida, como o vestido de noiva. Não há maneira de reaproveitá-la.
Uma falsidade, ainda que eventual, tornará o resto inteiro falso, criando a suspeita do engano permanente.
Ela se lembrará da tristeza pela relação inteira. Sempre voltará ao assunto, sempre trará o ressentimento à baila.
A mácula se transformará num quartinho proibido e assombrado da convivência, a mancha fechará a porta da espontaneidade.

Você pensa que, por ser romântica, ela é tapada. Você pensa que, por ser romântica, ela é dependente e frágil. Você pensa que, por ser romântica, ela aceitará qualquer coisa. Você pensa que, por ser romântica, ela terá compaixão. Enganou-se redondamente.
Você confundiu romantismo com amor incondicional, este é o seu engano.

Toda mulher romântica, por mais que se esforce, jamais perdoa qualquer deslealdade ou infidelidade.
O homem pode se retratar diante da família e dos amigos, arrepender-se publicamente, rastejar no chão da cozinha, subir escadarias de joelhos, prometer ser perfeito dali por diante: não adianta.

Mulher romântica apenas é boa quando você não pisa na bola. Depois da falha, ela será um inferno.
Como ela é devota, sensível e dedicada, qualquer sofrimento pesa duas vezes mais. A ferida dói o dobro.

A mulher romântica não tolera mentira.
Desde o início da relação, só faz uma exigência: a sinceridade.
Quando quebrada a sinceridade, ela não acreditará mais.
O conto de fadas não tem como ser refeito. O encantamento some, e o poder das juras desaparece. É agora falar para o vento e viver casado com a tempestade.



Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.

1 Coríntios 2:9

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

a inveja é uma merda


Para mim, um dos piores sentimentos que existem é a inveja. Não que eu nunca tenha sentido - ou não sinta. É claro que sinto, sou mulher, sou gente. Queria ter cabelo de comercial de shampoo, apesar de saber que é tudo mentira e que as atrizes/modelos fazem escova e usam diversos produtos para dar um up no visual (evidente que nenhum deles é o anunciado). Também queria jogar uns quilos no ralo. E ter uma bunda dura como a das panicats.

Acho que o Eike Batista podia ser meu padrinho (não ia ser ótimo ter um jatinho a disposição só pra jantar no Fasano e depois voltar para a minha cama quentinha?). Queria escrever lindamente como a Claudinha Tajes e ser famosa como o Paulo Coelho. Queria a inteligência do Philip Roth e a delicadeza e profundidade do Caio Fernando Abreu. Queria a maturidade, sabedoria e calma de um monge budista. E o pique de um atleta (desde que não seja o Ronaldo).

Querer, eu queria. Mas minha vida não é assim: meu cabelo tem vontade própria, todo dia acorda diferente e em dias de chuva ele fica meio elétrico. Preciso adotar o lema dietas já. Minha bunda não vai ficar dura como a de alguma panicat. Não tenho jatinho nem de plástico. Escrevo do meu jeito, meio certo, meio errado, meio meu. Não sou famosa. Minha inteligência às vezes faz greve. Minha delicadeza e profundidade muitas vezes fazem feriadão. Maturidade, sabedoria e calma só aparecem depois de alguns berros, suspiros e banhos gelados. Além de tudo, estou longe de ser atleta.

Sou quase normal, semi legal. Mas nunca desejei o mal. Não consigo odiar. Mesmo. E olha que já tive motivos para odiar algumas pessoas. Não odeio. Sinto raiva, sim. Então eu grito, brigo, xingo (a pessoa ou o vento). Depois passa. Depois vira poeira, vira nada. Tem coisa que sacode a gente que nem vento forte. Depois vai embora e deixa uma leve bagunça. A gente ajeita e fica tudo bem.

A inveja que sinto não é do mal. Não desejo o que o outro tem, não piso, não passo por cima de ninguém. Posso ter quinhentos e vinte e nove defeitos, mas nunca na minha vida passei por cima de alguém para me dar bem. Acho isso coisa de gente sem caráter. E caráter é uma coisa importante, aprendi isso desde pequena.

Acho que quando a gente nasce já tem aquela coisa do bem ou do mal. Por mais que você cresça e aprenda aquilo sempre vai ser mais forte, vai gritar dentro de você. E o que grita dentro de mim é uma coisa boa. Não tenho vocação para ser santa, mas procuro ficar em paz comigo e com os outros. Não tenho nenhum inimigo (pelo menos que eu saiba), mas sei que nem todo mundo é meu amigo. Porque amigo que é amigo não sente inveja das coisas boas que acontecem na nossa vida.



Rendam graças ao Senhor, pois ele é bom; o seu amor dura para sempre.

(1 Crônicas 16:34)

sábado, 8 de novembro de 2014

#desacelera


“eu sei
 que o tempo não para
 o tempo é coisa rara
 e a gente só repara
 quando ele já passou”

chega disso tudo


Chega de promessas que jamais vão se cumprir. Chega de não fazer força para esquecer. Chega de lembrar do que faz doer. Chega de se culpar. Chega de acumular sofrimentos. Chega de não conseguir se perdoar. Chega de procurar sarna para se coçar. Chega de gostar de quem não dá a mínima para você. Chega de se esconder da vida. Chega de falsas amizades. Chega de gente efusiva. Chega de quem pensa que você é obrigado a ouvir. Chega de se boicotoar. Chega de não pegar a força de vontade pela mão. Chega de deixar a vida passar por você. Chega.

É tempo de mudanças internas e externas. A hora de faxinar seu coração é agora. Jogar toda aquela tralha fora, tirar o pó que dia a dia vai crescendo, arrumar a casa aí dentro, organizar a sua vida emocional. Pode parecer clichê e uma bobagem sem tamanho, mas é só quando você se organiza por dentro que as coisas começam a andar de vez. Sua vida anda empacada feito mula? Mude. Troque os móveis de lugar, arrume as gavetas, dê um up no visual, faça um caminho novo, troque a música do seu celular.

Dê um basta em gente mesquinha, fofoqueira, que não tem nada de bom pra dizer e infeliz. Se livre dos problemas, pois o que está na nossa mão a gente pode mudar, mas precisamos ter consciência de que nem tudo está ao nosso alcance. Estabeleça metas que você pode alcançar, pois se a gente fica querendo o impossível a frustração cedo ou tarde bate na porta. Decida o que você não quer mais na sua vida. Esse é um bom jeito de abrir espaço para tudo aquilo que você sonha. Ou tudo que você nem sabe que deseja.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014



Quando se tem um problema a ser resolvido tem-se um problema a ser resolvido. 
Quando ao problema a ser resolvido se acrescentam lamúrias e lamentações, tem-se dois...


Consulte sempre um advogado. Você tem direito. 
Consulte sempre um psicanalista. Você tem avessos.


O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia.

2 Pedro 3:9