"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sexta-feira, 21 de novembro de 2014


O que mais tranquiliza os pais: quando o filho faz amizades.

Boas amizades. Alegres amizades.
Quando o filho diz que não vai nos acompanhar em uma saída ou num almoço porque combinou de sair com um amigo.

De um lado, há aquela pontada no coração paterno de que a conversa e a proximidade não será mais fácil como antes. Terá que negociar e lutar para garantir sua participação nos próximos eventos familiares. O que era natural passou a ser opcional.
Do outro, corre a satisfação de que o filho tem vida própria e está amadurecendo. É bonito quando ele se desvencilha da dependência e assume a irreverência da felicidade. Desaparece o temor de que ele será deprimido, isolado, antissocial, sofrendo pelos cantos. É um alívio, uma alforria sentimental.

Os pais procuram os condomínios de propósito, pois os empecilhos para as amizades são menores: não há risco de atravessar a rua, perigo com desconhecidos, insegurança com assaltos.
Podem sestear e deixar os filhos brincando. Podem tomar cerveja na sacada e permitir que os filhos saiam para se divertir na praça, longe de sua vista.
Além disso, tornam-se menos chatos, menos implicantes, menos desconfiados. Os sermões são reduzidos a uma estranha risada. Não ficarão controlando toda hora, não ficarão censurando e repetindo “Não, não, já disse não”.
As crianças se soltam nas ruas para perguntar, questionar e se aproximar dos outros. Não há limite para a curiosidade. Não há limite para a infância.

Logo os pequenos realizam suas turmas: de desenho, de futebol, de tênis, de esconde-esconde, de jogo da amarelinha, de bicicleta. Grupos que começam em janeiro, mas podem durar a vida inteira.
Se chove, é possível se reunir para jogar pingue-pongue, Fla-Flu ou games no salão. Nem a chuva atrapalha os planos da convivência. O verão não é refém do sol. O humor não depende exclusivamente da piscina e do mar.

Os filhos menores voltam para casa falando mais, matraqueando o que realizaram durante o dia. Os filhos adolescentes voltam falando menos, misteriosos, escondendo suas paixões e o início de namoro. E há certeza de que eles não estarão mais sozinhos.

Os pais são bons educadores, mas os melhores professores são os amigos.

Amizade é liberdade. É quando os filhos encontram gente que pensa e sente igual e não se enxergam mais como os patinhos feios.

O risco é que eles pedirão, futuro afora, a chave emprestada da residência.