segunda-feira, 31 de março de 2014
A vida de pai e mãe reserva alguns fatos inevitáveis. Um deles é este: um dia, os filhos crescem, aprendem a bater asas, ensaiam pequenos vôos rasantes, levam alguns tombos, tentam de novo, até que, finalmente, no rastro de uma corrente favorável sentem-se seguros para empreender vôos mais longos e voam.
Tão certo como o sol se levanta, um dia, os filhos voam. E é bom que voem mesmo porque significa que são normais e foram bem preparados para esse momento.
Preparar um filho para seguir o curso individual da vida sem perder a raiz, e sem cortar as asas, é atribuição que todo pai e toda mãe deve treinar desde o primeiro momento.
Esse aprendizado começa quando a criança principia a engatinhar. Todo pai e toda mãe deve se lembrar de que no esforço de jogar o quadril para frente, a fim de buscar alguma recompensa, o bebê não pode ser ajudado, apenas observado.
O aprendizado continua quando ele, finalmente, se levanta, ainda hesitante, e ensaia os primeiros passos. Correr em sua direção a cada tentativa frustrada, pode evitar alguns tombos, mas também impede o desenvolvimento de uma aquisição motora. O tombo faz parte dessa aquisição e por mais que doa no coração dos pais assistir à queda do filho, é necessário oferecer apenas a mão que ampara e não o colo que tolhe. Isso vale para toda a vida. Faz parte do processo.
A maioria de nós sabe disso, faz tudo certinho, mas não se prepara psicologicamente para esse momento.
A síndrome do ninho vazio* é um conjunto de sintomas que envolvem sensação de perda, de frustração, de inutilidade, acompanhada de sentimentos de desvalia. O processo parece ser mais doloroso para a mãe do que para o pai.
Algumas mães, quando os filhos casam, pensam que podem, de alguma maneira, transferir-se para o novo endereço e continuar usufruindo ali do ninho preenchido. Outras chegam a dizer para o genro ou para a nora: “ganhei mais um filho”. Mentira. Filho é filho, genro é genro, filha é filha e nora é nora. Os papéis são bem delimitados e devem ser mesmo, para não causar constrangimentos. Nada mais postiço do que uma sogra querendo ocupar o lugar da mãe. Nada mais desajeitado do que uma nora tentando ocupar o lugar da filha. Sogra é sogra, mãe é mãe, filho é filho, nora é nora, genro é genro. E é bom que seja assim o que não significa que haja ausência de sentimentos. Dá para amar o novo membro da família com realidade, dignidade, bom senso e lucidez. O que passar disso é fantasia e a vida não é um bloco de carnaval.
A solução para isso é viver a própria vida e não a vida dos filhos. Cada pessoa deve viver dentro dos seus dias, mesmo que isso signifique alguma dose de solidão necessária. A individualidade é um bem muito precioso que precisa ser respeitado e é também a única forma de perceber-se no universo como parte de um todo distinto de si. O amor excessivo mata a expressão pessoal como água demais pode matar uma planta.
Na arte de bem viver, o bom senso – até para amar- é a medida.
__AnaMaria Ribas Bernardelli
*Síndrome do ninho vazio é o nome dado ao sentimento de solidão,
vazio e depressão sentidos pelos pais quando um ou mais filhos deixam o lar,
rumo a uma vida mais independente.
A Síndrome do Ninho Vazio ou Empty Nest Syndrome atinge mais as mulheres.
Fonte: Wikipédia
domingo, 30 de março de 2014
Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem se desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar.
Josué 1:9
... E ele novamente se vai.
Há um Horizonte esperando ficar ainda mais Belo com a sua chegada.
Não sem dor, vou ajustando-me a falta de nós...
Esteja com meu filho pelas estradas onde ele passar, Senhor. Dirija seus caminhos, o livre do mal e lhe mostre o roteiro seguro.
Que os Seus anjos o acompanhem e o protejam no trânsito, livrando-o dos perigos, para que ele não sofra e nem provoque nenhum acidente.
Em nome de Jesus, amém!!!
sábado, 29 de março de 2014
sexta-feira, 28 de março de 2014
Eu queria que a vida fosse dividida em quatro estágios, mas que não acabasse nunca.
A infância é como a primavera. É pura novidade e um calor que não sufoca nem faz pensar bobagens.
Tem uma inocência quase cafona, uma singeleza clássica, e traz no íntimo a certeza de que pela frente vem coisa boa.
A gente quer que passe logo, mas sabe que nunca mais será tão protegido, a mordomia não será eterna.
É quando as coisas acontecem pela primeira vez, é quando num arbusto verde vemos surgir alguns vermelhos, é surpresa, a primeira de uma série.
A adolescência é como o verão. Quente, petulante, libidinosa.
Parece que não vai haver tempo para fazer tudo o que se quer e o que se teme.
É musical e fotogênica.
Dúvidas, dúvidas, dúvidas em frente ao mar. Mergulha-se no profundo e no raso.
Pouca roupa, pouca bagagem. Curiosidade. Vontade que dure para sempre, certeza de que passa.
Noção do corpo. Festas e religião. Amor e fé.
A maturidade é como o outono. Um longo e instável outono, que alterna dias quentes e frios, que nos emociona e nos gripa.
Há mais beleza e o ar é mais seco, porém é quando se colhem os melhores abraços.
Ficar sozinho passa a não ser tão aterrorizante. Fugimos para a praia, fugimos para a serra, as idéias aprendem a se movimentar, a fazer a mala rápido, a trocar de rota se o desejo se impuser, e não é preciso consultar o pai e a mãe antes de errar.
É o outono que tentamos conservar.
O inverno é como a velhice. Tem sua beleza igualmente, exige lã, bolsa de água quente, termômetro e uma janela bem vedada.
O que não queremos que entre? Maus presságios.
O inverno é frio como despedida de um grande amor, mas sabemos que tudo voltará a ser ameno.
Queremos que passe, temos medo que termine. Ficar sozinho volta a ser aterrorizante.
O inverno é branco, é cinza, é prata. É grisalho.
E, de repente, também passa.
Eu queria que tudo fosse verdade, que a vida fosse assim dividida em quatro estágios que mais parecem estações do ano, mas que não acabasse, que depois do inverno viesse outra primavera, e outro verão, e outro outono, que nunca são iguais, mas sempre se repetem, sempre voltam, são tão certos quanto o sol e a lua, todo dia, toda noite.
Eu queria.
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Martha Medeiros
Quem nos separará do amor de Cristo?
Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Romanos 8:35,38-39
quarta-feira, 26 de março de 2014
beijinho pra quem fica. Vou brincar com os anjinhos no céu!
Meu desejo mais profundo é que vocês sintam que há um tantinho que seja de paz em meio à tanta tristeza e que se confortem sabendo que suas vidas foram abençoadas pela Rebeca no curto tempo que a tiveram como filha.
Acho que devia ser proibido criança morrer.
Isso não faz sentido na minha mente limitada de humana.
Mas quem sou eu para julgar os desígnios de Deus?
Talvez a melhor coisa a nos prendermos é esta chamada “fé”.
Fé de que quem partiu está melhor que a gente, está com Deus, está longe dos problemas desta vida.
Sei que é muito difícil, mas se não nos prendermos a algo bom, facilmente nos prenderemos às idéias ruins que nos surgem.
Que a tristeza, com o tempo consiga ser transformada em boas lembranças.
A morte de um filho
é uma gravidez às avessas
volta pra dentro da gente
para uma gestação eterna
aninha-se aos poucos
buscando um espaço
por isso dói o corpo
por isso, o cansaço
E como numa gestação ao contrário
a dor do parto é a da partida
de volta ao corpo pra acolhida
reviravolta na sua vida
E já começa te chutando, tirando o sono
mexendo os órgãos, lembrando ao dono
que está presente, te bagunçando o pensamento
te vazando de lágrimas e disparando o coração
A morte de um filho é essa gravidez ao contrário
mas com o tempo, vai desinchando
até se transformar numa semente de amor
e que nunca mais sairá de dentro de ti
poema “Partida” de Bruno Gouveia, vocalista do Biquini Cavadão, dedicado ao filho Gabriel, de dois anos, que morreu com a mãe, em um acidente de helicóptero na Bahia, em 2011.
do medo de errar
A gente é a soma das nossas decisões.
É uma frase da qual sempre gostei, mas lembrei dela outro dia num local inusitado: dentro do super. Comprar maionese, band-aid e iogurte, por exemplo, hoje requer expertise. Tem maionese tradicional, light, premium, com leite, com ômega 3, com limão, com ovos “free range”. Band-aid, há de todos os formatos e tamanhos, nas versões transparente, extratransparente, colorido, temático, flexível.
Absorvente com aba e sem aba, com perfume e sem perfume, cobertura seca ou suave. Creme dental contra o amarelamento, contra o tártaro, contra o mau hálito, contra a cárie, contra as bactérias. É o melhor dos mundos: aumentou a diversificação. E com ela, o medo de errar.
Assim como antes era mais fácil fazer compras, também era mais fácil viver. Para ser feliz, bastava estudar (magistério para as moças), fazer uma faculdade (Medicina, Engenharia ou Direito para os rapazes), casar (com o sexo oposto), ter filhos (no mínimo dois) e manter a família estruturada até o fim do dias. Era a maionese tradicional.
Hoje, existem várias “marcas” de felicidade. Casar, não casar, juntar, ficar, separar. Homem com mulher, homem com homem, mulher com mulher. Ter filhos biológicos, adotar, inseminação artificial, barriga de aluguel – ou simplesmente não tê-los.
Fazer intercâmbio, abrir o próprio negócio, tentar um concurso público, entrar para a faculdade. Mas estudar o quê? Só de cursos técnicos, profissionalizantes e universitários, há centenas. Computação Gráfica ou Informática Biomédica? Editoração ou Ciências Moleculares? Moda, Geofísica ou Engenharia de Petróleo?
A vida padronizada podia ser menos estimulante, mas oferecia mais segurança, era fácil “acertar” e se sentir um adulto. Já a expansão de ofertas tornou tudo mais empolgante, só que incentivou a infantilização: sem saber ao certo o que é melhor para si, surgiu o medo de crescer.
Todos parecem ter 10 anos menos. Quem tem 17, age como se tivesse 7. Quem tem 28, parece ter 18. Quem tem 39, vive como se fossem 29. Quem tem 40, 50, 60, mesma coisa. Por um lado, é ótimo ter um espírito jovial e a aparência idem, mas até quando se pode adiar a maturidade?
Só nos tornamos verdadeiramente adultos quando perdemos o medo de errar. Não somos apenas a soma das nossas escolhas, mas também das nossas renúncias. Crescer é tomar decisões e, depois, conviver pacificamente com a dúvida. Adolescentes prorrogam suas escolhas porque querem ter certeza absoluta – errar lhes parece a morte.
Adultos sabem que nunca terão certeza absoluta de nada, e sabem também que só a morte física é definitiva. Já “morreram” diante de fracassos e frustrações, e voltaram pra vida. Ao entender que é normal morrer várias vezes numa única existência, perdemos o medo – e finalmente crescemos.
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Martha Medeiros
terça-feira, 25 de março de 2014
à espera de um milagre
Esta é a Rebeca!
Há cerca de 10 dias descobriu-se que ela tem leucemia e está “desenganada” pelos médicos.
A família enfrenta um momento de desespero e esperança.
A confiança está totalmente em Deus, que tem o poder de curá-la.
Peço a você que passar por aqui que faça uma prece por ela.
“Quando a gente ora, algo acontece!”
Obrigada!
quando Deus aparece
Tenho amigas de fé. Muitas. Uma delas, que é como uma irmã, me escreveu um e-mail poético, dia desses. Ela comentava sobre o recital que assistiu do pianista Nelson Freire. Tomada pela comoção durante o espetáculo, ela finalizou o e-mail assim: “Nessas horas Deus aparece”.
Fiquei com essa frase retumbando na minha cabeça. De fato, Deus não está em promoção, se exibindo por aí. Ele escolhe, dentro do mais rigoroso critério, os momentos de aparecer pra gente. Não sendo visível aos olhos, ele dá preferência à sensibilidade como via de acesso a nós. Eu não sou uma católica praticante e ritualística – não vou à missa. Mas valorizo essas aparições como se fosse a chegada de uma visita ilustre, que me dá sossego à alma.
Quando Deus aparece pra você?
Pra mim, ele aparece sempre através da música, e nem precisa ser um Nelson Freire. Pode ser uma música popular, pode ser algo que toque no rádio, mas que me chega no momento exato em que preciso estar reconciliada comigo mesma. De forma inesperada, a música me transcende.
Deus me aparece nos livros, em parágrafos que não acredito que possam ter sido escritos por um ser mundano: foram escritos por um ser mais que humano.
Deus me aparece – muito! – quando estou em frente ao mar. Tivemos um papo longo, cerca de um mês atrás, quando havia somente as ondas entre mim e ele. A gente se entende em meio ao azul, que seria a cor de Deus, se ele tivesse uma.
Deus me aparece – e não considere isso uma heresia – na hora do sexo, quando feito com quem se ama. É completamente diferente do sexo casual, do sexo como válvula de escape. Diferente, preste atenção. Não quer dizer que qualquer sexo não seja bom.
Nesse exato instante em que escrevo, estou escutando “My Sweet Lord” cantado não pelo George Harrison (que Deus o tenha), mas por Billy Preston (que Deus o tenha, também) e posso assegurar: a letra é um animado bate-papo com ele, ritmado pelo rock’n’roll. Aleluia.
Deus aparece quando choro. Quando a fragilidade é tanta que parece que não vou conseguir me reerguer. Quando uma amiga me liga de um país distante e demonstra estar mais perto do que o vizinho do andar de cima. Deus aparece no sorriso do meu sobrinho e no abraço espontâneo das minhas filhas. E nas preocupações da minha mãe, que mãe é sempre um atestado da presença desse cara.
E quando eu o chamo de cara e ele não se aborrece, aí tenho certeza de que ele está mesmo comigo.
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Martha Medeiros
segunda-feira, 24 de março de 2014
e faço da música, minha oração. Que assim seja, amém!
Faço de mim
Casa de sentimentos bons
Onde a má fé não faz morada
E a maldade não se cria
Me cerco de boas intenções
E amigos de nobres corações
Que sopram e abrem portões
Com chave que não se copia
Observo a mim mesmo em silêncio
Porque é nele onde mais e melhor se diz
Me ensino a ser mais tolerante, não julgar ninguém
E com isso ser mais feliz
Sendo aquele que sempre traz amor
Sendo aquele que sempre traz sorrisos
E permanecendo tranquilo aonde for
Paciente, confiante, intuitivo
Faço de mim
Parte do segredo do universo
Junto a todas as outras coisas as quais
Admiro e converso
Preencho meu peito com luz
Alimento o corpo e a alma
Percebo que no não-possuir
Encontram-se a paz e a calma
E sigo por aí viajante
Habitante de um lar sem muros
O passado eu deixei nesse instante
E com ele meus planos futuros
Pra seguir
(Morada - Forfun)
quarta-feira, 19 de março de 2014
Trate a mulher como uma rainha e ela te tratará como um rei.
Trate ela como um jogo e ela vai te mostrar como se joga.
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Tati Bernardi
Quando Alice estava tomando chá com o Chapeleiro Maluco, ela notou que não havia geléia. Pediu, então geléia, e ele disse:
- “A geléia é servida dia sim, dia não.”
Alice reclamou:
- “Mas ontem também não havia geléia!”
“Isso mesmo” - respondeu o Chapeleiro Maluco. “A regra é esta: geléia sempre ontem e geléia amanhã, nunca geléia hoje… porque hoje não é ontem nem amanhã.”
E é assim que você está vivendo: geléia ontem, geléia amanhã, nunca geléia hoje. E é aí que está a geléia! Assim você imagina; você vive em um estado dopado, sonolento. Você esqueceu completamente que este momento é o único momento real. E, se quiser algum contato com a realidade, acorde aqui e agora!
(Osho – do livro “O homem que amava as gaivotas”)
#Viva plenamente o presente
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Filmes/livros/tv
terça-feira, 18 de março de 2014
sem filtro
Novo quadro do CQC discute
“brigas
entre torcidas” com as crianças.
E eu achei muito fofo...
De todas as poderosas armas de
destruição que o homem foi capaz de inventar, a mais terrível – e a mais
covarde – é a palavra.
Punhais e armas
de fogo deixam vestígios de sangue.
Bombas abalam
edifícios e ruas. Venenos terminam sendo detectados.
Mas a palavra
destruidora consegue despertar o Mal sem deixar pistas. Crianças são
condicionadas durante anos pelos pais, artistas são impiedosamente criticados,
mulheres são sistematicamente massacradas por comentários de seus maridos,
fiéis são mantidos longe da religião por aqueles que se julgam capazes de
interpretar a voz de Deus.
Procure ver se
você está utilizando esta arma. Procure ver se estão utilizando esta arma em
você. E não permita nenhuma destas duas coisas.
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Paulo Coelho
segunda-feira, 17 de março de 2014
o jardim e o quintal
Não basta ser fiel, tem que ser leal para dar certo. Foi o que a minha namorada me disse.
A lealdade é tão importante quanto a fidelidade.
A lealdade é o pensamento da fidelidade. A fidelidade é a ação da lealdade.
A lealdade é a amizade do amor. A fidelidade é o respeito do amor.
Há casais que são fieis entre si, mas não são leais, e se distanciam um do outro.
Há casais que nunca se traem, mas tampouco se apresentam: vivem pulando a cerca nos gestos.
Podem, aparentemente, conviver em harmonia, só que não expressam o que sentem, não descrevem suas frustrações, conservam uma fachada até a relação estourar. Cuidam do jardim da residência, descuidam do quintal.
Não cooperam com o entendimento, não são didáticos, colocam a sujeira debaixo da cama, deixam os atritos passar sem mediação.
Parece que estão alinhados, porém apenas não estão conversando.
Não respondem onde andam com a cabeça, o que querem de verdade.
Na separação, descobrirão que não se conhecem, pois jamais descreveram suas emoções mais básicas, sequer revelaram o ciúme e o descontentamento no momento da eclosão.
Lealdade é esclarecer as dificuldades e as rusgas. É uma exposição gradual das diferenças que geram as semelhanças.
Fidelidade é uma vontade do casal diante dos demais, lealdade é mostrar a vontade de cada um no decorrer do tempo.
Fidelidade é cumplicidade, lealdade é intimidade.
Fidelidade é um posicionamento público, lealdade é a vida privada.
Fidelidade é projeção, lealdade reflete aquilo que você é para si. Se contraria seu sonho com o casamento ou o namoro, está sendo desleal, mesmo que seja fiel.
Fidelidade é um passo externo, lealdade é um passo interno.
Fidelidade é honrar o compromisso perante o trabalho e os amigos, lealdade é honrar o compromisso em casa.
Lealdade é expor o que se está pensando, o que se procura, não omitir suas intenções, manter sua companhia atualizada de seus problemas e de suas soluções.
Fidelidade é proteger o relacionamento, lealdade é não esconder o que está acontecendo dentro do relacionamento.
Sem lealdade, o amor cansa, o amor estanca, o amor não cresce.
A deslealdade separa mais do que a infidelidade.
A deslealdade é se trair por dentro.
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Fabrício Carpinejar
domingo, 16 de março de 2014
Eu não sabia que existia
Esse outro parto de partir
Esse outro parto de partir
E me deixar na beira do cais
Filho sempre meu não mais
Eu não sabia que teria
Que ter você pela segunda vez
Que ter você pela segunda vez
Dar a luz a arte e ao mar
E a tudo mais que você sonhar
Solta da minha mão
Leva o seu violão
Leva o seu violão
Dentro do mochilão
Leva também o meu coração
Eu não sabia que teria
Que ter você pela segunda vez
Que ter você pela segunda vez
Dar ao mundo e a tudo que há
E a tudo mais que você criar
quinta-feira, 13 de março de 2014
ele, só ele
Ele me mudou tanto. Não consigo entender exatamente onde as mudanças começaram. Mas foram muitas. E acho que foi devagar. Se fosse rápido eu teria sentido. E talvez tivesse pisado forte no freio. Ninguém gosta de mudança, já que toda mudança implica uma perda. Quando a gente muda acaba saindo da zona de conforto. E a zona de conforto é, como o próprio nome diz, confortável, segura, boa.
Ele me deixou mais forte. A gente nunca percebe a força que tem até acontecer algo. E quando esse algo acontece, plim, surge aquela força absurda. E a gente se surpreende com as reações, pensamentos, sensações.
Ele me levou algumas pessoas. Poxa, eu lamento dizer isso, mas ninguém é eterno. E sabe aquele seu amigo muito amigo? Ele vai te deixar chateado. E sabe aquela pessoa incrível que você contava? Ela vai te decepcionar. E sabe aquela colega que almoçava todas as quartas junto com você? Ela vai passar a almoçar com outra pessoa depois que uma de vocês mudar de emprego. A vida é assim: traz algumas pessoas e afasta outras.
Ele me mostrou o que é um sentimento. É que nem sempre a gente sabe. Às vezes é necessário um empurrãozinho. Um beliscão. Uma queda ou um peteleco na orelha. A coisa está ali, ao seu lado, e nem sempre os seus olhos estão bem abertos para enxergar.
Ele me ensinou que os dias nem sempre são ensolarados. E que a chuva tem a sua beleza. O cinza também. E que nada é eterno. E que ninguém ganha sempre. E que esse é o grande barato de tudo. Essa inconstância, essa incerteza, essa interrogação.
Ele me fez ver que a beleza vai além de um salto alto, uma sombra preta, uma chapinha e unhas bem feitas. E que dinheiro não compra caráter. E que educação não está em nenhuma prateleira do supermercado.
Ele me fez acreditar que tudo passa. Que nenhuma dor é para sempre. Que nenhuma alegria dura 365 dias. Que a gente vive numa gangorra. E que o ditado “um dia é da caça, o outro do caçador” é a coisa mais verdadeira que existe.
Ele me deixou enciumada. É que todo mundo sabe quem ele é. Todo mundo já sentiu os efeitos que ele traz. Todo mundo já provou o seu sabor. E já se jogou em seus braços.
Ele, o tempo.
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Clarissa Corrêa
Então...
O grande problema da educação é trabalhar com a diversidade.
Como ensinar chocolate, sorvete, coca-cola, torresmo, rabada, cerveja, batata frita, todos juntos no mesmo estômago?!?
Preciso conhecer algum método...
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Armandinho,
Tirinhas
quarta-feira, 12 de março de 2014
Sabe aquela mulher super equilibrada?
Que nunca te cobra nada?
Super segura, nada ciumenta e calma?
Ela tem outro.
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Tati Bernardi
Você é. Sua vizinha também. A Maitê. A Malu. A Cláudia. Eu, naturalmente. Somos as melhores mães do mundo. Aliás, essa é a única categoria em que não há segundo lugar, todas somos campeãs, somos bilhões de “as melhores” espalhadas pelo planeta. Ao menos, as melhores para nossos filhos, que nunca tiveram outra.
Não é uma sorte ser considerada a melhor, mesmo se atrapalhando tanto? Mãe erra, crianças. E improvisa. Mãe não vem com manual de instruções: reage apenas aos mandamentos do coração, o que tem um inestimável valor, mas não substitui um bom planejamento estratégico. E planejamento é tudo o que uma mãe não consegue seguir, por mais que livros, revistas e psicólogos tentem nos orientar.
Um dia um exame confirma que você está grávida e a felicidade é imensa e o pânico também. Uau, vou ser responsável pela criação de um ser humano! (Papai também vai, mas em agosto a gente fala dele.) A partir daí, nunca mais a vida como era antes. Nunca mais a liberdade de sair pelo mundo sem dar explicações a ninguém. Nunca mais pensar em si mesma em primeiro lugar. Só depois que eles fizerem dezoito anos, e isso demora. E às vezes nem adianta.
O primeiro passo é se acostumar a ser uma pessoa que já não pode se guiar apenas pelos próprios desejos. Você continuará sendo uma mulher ativa, autêntica, batalhadora, independente, estupenda, mas cem por cento livre, esqueça. De maridos você escapa, dos próprios pais você escapa, mas da responsabilidade de ser mãe, jamais. E nem você quer. Ou será que gostaria?
De vez em quando, sim, gostaríamos de não ter esse compromisso com vidas alheias. De não precisar monitorar os passos dos filhotes, de não ter que se preocupar com a violência que eles terão que enfrentar, de não sofrer pelas dores-de-cotovelo deles, de não temer por suas fragilidades, de não ficar acordada enquanto eles não chegam e de não perder a paciência quando eles fazem tudo ao contrário do que sonhamos.
Gostaríamos que eles não falassem mal de nós nos consultórios dos psiquiatras, que eles não nos culpassem por suas inseguranças, que não fôssemos a razão de seus traumas, que esquecessem os momentos em que fomos severas demais e que nos perdoassem nas vezes em que fomos severas de menos. Há sempre um “demais” e um “de menos” nos perseguindo. Poucas vezes acertamos na intensidade dos nossos conselhos e críticas.
Mas é assim que somos: às vezes exageradamente enérgicas em momentos bobos, às vezes um tantinho condescendentes na hora de impor limites. A gente implica com alguns amigos deles e adora outros e não consegue explicar por quê, mas nossa intuição diz que estamos certas. Mas de que adianta estarmos certas se eles só se darão conta disso quanto tiverem os próprios filhos?
Erramos em forçá-los a gostar de aipo, erramos em agasalhá-los tanto para as excursões do colégio, erramos em deixar que passem a tarde no computador em véspera de prova, erramos em não confiar quando eles dizem que sabem a matéria, erramos em nos escabelar porque eles estão com os olhos vermelhos (pode ser resfriado!), erramos quando não os olhamos nos olhos, erramos quando fazemos drama por nada, erramos um pouquinho todo dia por amor e por cansaço.
O que nos torna as melhores mães do mundo é que nossos erros serão sempre acertos, desde que estejamos por perto.
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Martha Medeiros
terça-feira, 11 de março de 2014
dialogando com a dor
Não simpatizo nada com a ideia de sentir dor. Para minha sorte, elas foram raras. Vivi dois partos normais que pareceram um passeio no parque, nada doeu, sobrou relaxamento e prazer. Quando penso em dor física, o que me vem à lembrança são as idas ao dentista quando era criança. Começava a sofrer já na noite anterior, sentia enjoos fortíssimos, não conseguia dormir, passava a madrugada chorando só de imaginar que no dia seguinte teria que enfrentar a broca e seu barulho aterrorizante. Estou falando de uma época em que crianças tinham cárie – hoje muitas nem sabem o que é isso, bendito flúor.
Mas o que fazer em relação a esse tipo de dor? Se nos pega de surpresa (um tombo, uma cabeçada, um corte), suportar. Se for uma dor interna, tomar um analgésico e esperar que passe. Não se pode dialogar com a dor física. Músculos, nervos, órgãos, pele, essa turma não escuta ninguém. Ainda bem que não são dores constantes, e sim pontuais. De repente, somem.
Já a dor psíquica não é tão breve. Pode durar semanas. Meses. Sem querer ser alarmista, pode durar uma vida. Porém, é mais elegante que a dor física: nos dá a chance de duelar com ela, ao contrário da outra, que é um ataque covarde. A dor psíquica possibilita um diálogo, e isso torna a luta menos desigual. São dois pesos-pesados, sendo que você é o favorito. Escolha suas armas para vencê-la.
Armas?
Por exemplo: redija cartas para si mesmo. Console-se escrevendo sobre o que você sente e depois planeje seus próximos passos. Escrever exorciza, invoca energia. Cartas e cartas para si mesmo, estabelecendo uma relação íntima entre você e sua dor – amanse-a.
Terapia. A cura pela fala. Você buscando explicar em palavras como foi que permitiu que ela ganhasse espaço para se instalar, de onde você imagina que ela veio, quem a ajudou a se apoderar de você. Uma investigação minuciosa sobre como ela se desenvolveu e sobre a acolhida que recebeu: sim, nós e nossas dores muitas vezes nos tornamos um só. É difícil a gente se apartar do que nos dói, pois às vezes é a única coisa que dá sentido à nossa vida.
Livros. O mais deslumbrante canal de comunicação com a dor, pois através de histórias alheias reescrevemos a nossa própria e suavizamos os efeitos colaterais de estar vivo. Ler é o diálogo silencioso com nossos fantasmas. A leitura subverte nossas certezas, redimensiona nossos dramas, nos emociona, faz rir, pensar, lembrar. Catarses intimidam a dor.
Meditação. Religião. Contato com a natureza. Viagens. Amigos. Solidão. Você decide por qual caminho irá dialogar com a sua dor, num enfrentamento que, mesmo que você não saia vitorioso, ao menos fortalecerá seu caráter.
Quem não dialoga com sua dor psíquica, não a reconhece como a inimiga admirável que é, capaz de torná-lo um ser humano melhor. A reduz a uma simples dor de dente e, como uma criança, desespera-se sozinho no escuro.
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Martha Medeiros
Quem
eu amo, amo.
Para
quem a gente não ama existem tantas coisas:
gosto-muito-de-você,
gosto-de-você, eu-te-adoro,
você-é-importante-pra-mim.
Pra
amar, tem que conhecer.
Guarda o amor pra quando for sentimento.
Guarda o amor pra quando for sentimento.
Guarda
o amor pra
quando for verdade.
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Clarissa Corrêa
segunda-feira, 10 de março de 2014
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