"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 28 de abril de 2021


 #dia da sogra

terça-feira, 27 de abril de 2021

eu te permito

 



Eu te permito não gostares do mesmo que eu gosto.

Permito que não tenhas os mesmos temperos em teu almoço, que não leias os mesmo livros que eu leio ou te banhes nos mesmos mares de conhecimento nos quais mergulho. És livre para que deixes tocar nos teus ouvidos a música que não me toca.

Teu prazer é teu e não deves condicionar quem és pelos meus gostos.

Não há maior desrespeito que tiranizar o prazer ou o desprazer da sensibilidade alheia. Entretanto posso falar-te dos meus gostos e ajudar-te a me compreender com meus prazeres, tão legítimos quanto os teus.

 

Eu te permito ter os amigos que tens, mesmo que eles me causem aversão ou espanto. Nossos corações se alimentam da comunicação e da energia que brotam de outras vidas, mas não precisam ser das mesmas vidas. Meu alimento relacional pode ser diferente do teu.

Querer afastar-te dos teus queridos, seria arrancar-te a liberdade de teres os exatos amores que te abastecem. Estaria te condenando a certa inanição e me condenando a suprir-te de uma nutrição afetiva que nunca terei como ofertar. Mas posso dizer, com respeito, o que penso sobre os que te acompanham, emprestando-te meus sentidos, e deixando que a decisão sobre quem come pão contigo seja tua.

 

Eu te permito creres no que quiseres e não creres naquilo que é sagrado para mim.

Teus rituais são teus e teus são os anjos, e mesmo os demônios, que escolhestes para abençoar ou assombrar tua vida. Também é teu o teu ceticismo. Se tens amuletos estranhos no corpo, ideias bizarras na mente e conceitos rígidos no coração, que nunca saiam de minha boca adjetivos que os diminuam. Afinal, a estranheza e o juízo de bizarro e de rígido são a demonstração da estreiteza da minha percepção, que encolhe tua complexidade para alcançar-te com minha diminuta capacidade de compreensão. Mas posso apresentar-te, com carinho, as minhas convicções, possibilitando novas cores em tuas paisagens mentais.

 

Eu te amo e te respeito, mesmo que estejas distante em pensamento, ideias, crenças, gostos, amizades e quereres. Talvez eu te ame justamente pelo fato de seres tão dessemelhante de mim.

Não preciso tornar-me quem és e nem transformar-te naquilo que sou para que nosso amor aconteça. É bom olhar-te como um não-espelho, é bom ser sensível aos nossos múltiplos paradoxos. E é bom que saibas que para que sejas quem és, de fato, nunca precisastes da minha permissão.

A afeição mais autêntica não ocorre na fusão, e sim quando os dois diferentes se unem para ser exatamente isso: um e outro.

 

Kau Mascarenhas

                                                                                                                *modificado

#dia da permissividade

empregadas ou secretárias


Uma não substitui a outra; uma não é melhor do que a outra. Ambas são indispensáveis, cada uma em seu ambiente de trabalho.

Ouvi em algum lugar que o número de empregadas domésticas tem diminuído de ano a ano no Brasil. É uma boa notícia. A oferta de empregos aumentou e essas profissionais estão buscando colocação em outros setores, onde possam ganhar mais e alinhavar um plano de carreira. Pode ser bom inclusive para seus empregadores, que terão que se adaptar a um novo estilo de vida: eles próprios farão os afazeres domésticos, convocando a família inteira para colaborar. Ninguém morre se tiver que cozinhar e lavar uma louça, e me parece digno que os filhos entrem nesse mutirão, se preparando melhor para a vida. Hoje não mexem um dedo porque tem uma Maria que faz tudo por eles.

Pois a Maria, segundo estatísticas, não quer mais ser empregada doméstica, e sim ter um status mais elevado. Quem sabe, ser uma secretária. Muitas pessoas chamam suas empregadas de secretárias, na boa intenção de prestigiá-las. Acho estranho. Então devemos chamar as verdadeiras secretárias de quê? Empresárias?

Pessoas que promovem verbalmente suas funcionárias acreditam estar valorizando-as, mas parece o contrário: demonstram que ser empregada doméstica não é honroso, a ponto de fingirem que elas são outra coisa. Se eu me referisse à minha empregada comosecretária”, creio que estaria revelando desdém a sua real função. Seria o mesmo que chamar o peão-de-obra de engenheiro ou a garçonete de chef de cozinha. Um upgrade de mentirinha.

Algumas empregadas domésticas ainda não são totalmente alfabetizadas. Não dominam o uso do computador. Não controlam a agenda profissional de seus patrões. São exímias cozinheiras, arrumadeiras, braços direitos das famílias, mas não fazem o que uma secretária faz. Assim como secretárias podem não saber fritar um ovo e nem passar direito uma camisa. Uma não substitui a outra. Uma não é melhor que a outra. Ambas são imprescindíveis, cada uma em seu ambiente de trabalho.

Se a palavraempregadaparece pejorativa, pode-se chamá-la de funcionária, que é o que ela é também. Já chamá-la de secretária apenas expurga a culpa do patrão, que não quer parecer um senhor do engenho, do tipo que tem escravos. Ou seja, ele se utiliza de um eufemismo para provar que respeita todos os direitos trabalhistas da sua funcionária. 

Nem se dá conta de que esse pudor com a palavra empregada talvez desmereça as profissionais que tiveram a chance de estudar mais e que fizeram cursos preparatórios para trabalhar numa empresa e não numa casa de família. Secretárias não fazem trabalho doméstico, e sim de escritório. Apesar de eu nunca ter lido nenhuma pesquisa a respeito, tenho a impressão de que elas devem se sentir desconfortáveis ao verem as duas funções confundidas.

Eu, às vezes, me confundo. Outro dia me disseram: vou te levar lá em casa para provar o suflê de queijo que a minha secretária preparou. Logo pensei: coitada, fazendo hora extra.


#dia da empregada doméstica

 


Ele o guardará quando você for

e quando voltar,

agora e sempre.

 

Salmos 121:8 / NTLH

quinta-feira, 22 de abril de 2021


 

#descobrimento do Brasil

quarta-feira, 21 de abril de 2021


 

 



— É pecado sonhar?

— Não, Capitu. Nunca foi.

— Então por que essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte nossos sonhos?

— Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer.

 

 [ Dom Casmurro / Machado de Assis ]


os talentos desprezados do Brasil

 

autorretrato de Pedro Américo / 1893

Desde a minha infância até hoje, quando chega o feriado de Tiradentes, o que me vem à mente é o quadro Tiradentes Esquartejado, de Pedro Américo. Vi a foto dessa pintura na escola, em algum livro de História, e fiquei fascinado. Tiradentes, ou o que resta dele, está pregado no próprio cadafalso onde morreu enforcado. A cabeça, de barba e cabelos ruivos, está no tablado do patíbulo. Ao seu lado há um crucifixo com Jesus agonizando, e até parece que os dois, Jesus e Tiradentes, são iguais, são a mesma pessoa.

 

Abaixo, nos degraus, está deitado o torso, com um braço, o direito, pendente. E no flanco direito foi pregada e amarrada uma perna de Tiradentes.

 

A cena é fortíssima. Eu, pequeno, não fiquei enjoado ou enojado ao vê-la. Nem me causou revolta com a injustiça cometida com o herói. Apenas cogitei: por que esquartejaram Tiradentes depois que ele morreu? Precisava? E por que Pedro Américo pintou esse quadro horripilante? Ele queria chocar o observador?

 

Pedro Américo pintou outro quadro impactante: o da proclamação da Independência, com Dom Pedro I em seu cavalo, cercado de outros cavaleiros, gritandoindependência ou morte!. A pintura é tão poderosa, que também penso nela quando se aproxima o 7 de Setembro.

 

Gosto de pintura, sou um leitor da história da arte, mas não sou entendido, longe disso. Então, o que gostaria de saber é: por que Pedro Américo não está incluído entre os grandes da pintura mundial? Uma questão de estilo ou o quê? Não compreendo.

 

As obras de Pedro Américo são bem parecidas com as daquele francês com nome bonito, Jacques-Louis David. Tanto que, quando leio ou penso na coroação de Napoleão, a imagem que me vem à cabeça é um quadro de Jacques-Louis David, com Napoleão coroando Josefina.

 

Há outras pinturas célebres de David, como a de Napoleão empinando seu cavalo branco, desafiador, bravo, vencedor. Ah, e ainda tem A Morte de Marat, que é quase tão marcante quanto o Tiradentes Esquartejado. Marat, um dos três líderes da Revolução Francesa, está nu na banheira, apenas com uma toalha enrolada na cabeça. Seu braço direito está caído para fora e o esquerdo segura uma folha de papel, a última que ele leu.

 

Marat passava o dia na banheira. Não por excesso de higiene ou TOC. É que, certa vez, ao fugir da polícia, ele se refugiou nos esgotos de Paris e a água imunda e fétida, habitada por gordas ratazanas francesas, lhe causou uma doença de pele que provocava coceiras insuportáveis o dia inteiro. Para se aliviar, Marat enchia a banheira de água e lá se sentava. Atendia todos os solicitantes assim, e assim foi morto a punhaladas por uma moça que o odiava porque ele mandou o irmão dela para a guilhotina.

 

Ou seja: esses artistas tornaram viva a História. Você contempla um quadro deles e parece que viajou na máquina do tempo. Como um diretor competente de um filme, eles transformam o que é relatado ou escrito em realidade.

 

Não é qualquer um que tem esse poder. O pintor precisa imaginar a cena e reproduzi-la de modo verossímil. A pessoa olha para o quadro e conclui:Foi assim que aconteceu. Isso só se dá quando o artista insere na pintura elementos que estão no inconsciente coletivo. Ele tem de ser muito bom para conseguir isso. Pedro Américo conseguiu. Por que não está luzindo entre os grandes? Sei bem: porque é brasileiro e os brasileiros não festejam como deviam seus homens de talento e bravura. Ainda escrevo um livro: Os Talentos Desprezados do Brasil. Vou superar o Peninha em vendas, mas, como compensação, talvez o cite num rodapé. Ele não chega a ser um herói, mas já cometeu suas façanhas. Aguarde que em breve revelarei quem são ou outros grandes homens esquecidos do Brasil.



 


Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.

 

Tiago 1:22


segunda-feira, 19 de abril de 2021


 #dia do índio

 


Minha avó dizia que, para ser feliz, a gente não precisa sair do lugar, a gente tem que ser o lugar.


por que é preciso estar bem na foto

 


Minha querida sogra Ana Maria me mostrou, dia desses, alguns velhos álbuns de fotografia dos pais dela. Eram fotos em preto e branco, já meio desgastadas, em que várias pessoas da família apareciam. Então, confirmei algo que sempre reparo, quando vejo esse tipo de foto: antigamente, as pessoas não sorriam para a câmera.


Dê uma olhada em livros de história que tenham fotos. Você verá que ninguém ria para o fotógrafo dos anos 50 para trás. Faço até uma sugestão para você comprovar o que digo com seus próprios olhos. Tenho cá a coleção História da Vida Privada no Brasil. O volume 3 é: República: da Belle Époque à Era do Rádio. Há dezenas de fotos nas mais de 600 páginas deste tomo, talvez centenas. Só em duas o personagem fotografado aparece sorrindo: uma moça índia e um menino sentado em um balanço.


Por que isso? Minha tese é de que, nos nossos dias, a felicidade é superestimada. As pessoas dizem a todo momento:Eu só quero é ser feliz”. E, sobre seus filhos, enfatizam:O que importa é ele ser feliz”.


Pois vou lhe dizer uma coisa, alegre leitor: eu quero que o meu filho seja feliz, é evidente. Mas, mais do que isso, quero que ele MEREÇA a felicidade. Quero que ele se torne um homem digno de usufruir o que a vida oferece de bom.


Essa ideia talvez seja antiga, talvez seja do tempo das fotos que me apresentou minha amada sogra, quando as pessoas tinham mais deveres do que direitos. Porque hoje a felicidade não é mais vista como uma consequência. Ela é um valor em si. A pessoa tem de estar satisfeita, tem de estar sorrindo sempre, a vida dela haverá de ser uma eterna festa, ela tem de estar bem na foto. Se não for assim, as outras pessoas pensam que algo está errado com ela.


Nas redes sociais, onde as pessoas mais expõem suas vidas, a felicidade transborda. E o amor também, sobretudo no Instagram das jovens. Uma moça publica uma foto e as amigas postam comentários com declarações de amor. É o que elas dizem umas para as outras:Te amo”. Sério. Ou então: “Linda!” “Deusa!” “Perfeita!” “Maravilhosa!


Não consigo entender como o mundo não é mais justo e bom, se há tanto amor envolvido nos relacionamentos. Será que é falsidade? Será que é cinismo? Eu, em todo caso, decidi: não sorrirei mais nas fotos. Nem no Instagram, aquele reino da alegria. Chega de frivolidade. Serei sério e grave, como os tempos que vivemos.


 


Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. 

O último inimigo a ser destruído é a morte.

 

1 Coríntios 15:25-26


sábado, 17 de abril de 2021




 


 Tá gorda coitada!

 

Que voz horrível, está tomando testosterona.

 

Malhou demais ficou esquisita!

 

Viu as rugas na testa dela?

 

A maldade feminina ainda me espanta. A inveja por trás do sorriso, a falsidade disfarçada de palavras doces. Se isso existe no universo masculino, eles camuflam muito bem, porque percebo pouco.

 

Mulher, para perceber o defeito da outra não demora dois segundos.

É quase automático. Bateu o olho e encontrou um defeito. E quando não fala, pensa.

 

Então solta suas farpas em doses homeopáticas para cada outra mulher que vê, sem se dar conta de que cada palavra dessa é uma gota do seu veneno que escorre no canto da sua boca.

 

Porque será que é tão difícil suportar o sucesso alheio?

 

A beleza, a elegância, a inteligência, a prosperidade e o sucesso dos outros, só podem ser suportados por pessoas realmente maduras.

 

Porque uma mulher realmente madura, madura de amadurecida pela vida, essa sim, suporta nossas alegrias e conquistas. Essa nos enxerga além dos nossos defeitos.

 

Essa é aquela amiga que te liga pra falar que você não estava bem ontem e você não estava mesmo. É aquela que tem a coragem de te dizer que o batom roxo não ficou legal em você e que aquele seu namorado esquisito está te enrolando. Ela também te conta que o seu projeto novo é arriscado e te avisa que a sua TPM está te deixando insuportável.

 

Mas ela também lembra do seu nome quando reza e chora de alegria quando você tem suas vitórias. Se ela diz que você está linda, pode acreditar, você está mesmo. E quando vocês estão juntas, a vida parece mais leve.

 

Essas sim, merecem a nossa lembrança e o nosso carinho. E é delas que o mundo precisa!

Aquelas que fingem que vão contar um segredo e te avisam que o seu dente está sujo. As que ajeitam nossas coroas, sem que ninguém perceba!


um homem melhor do que Rodrigo Hilbert

 


Só ouço falar no Rodrigo Hilbert. Porque o Rodrigo Hilbert é bonito, porque o Rodrigo Hilbert cozinha bem, porque o Rodrigo Hilbert construiu, com as próprias mãos, uma capelinha para celebrar seu casamento com a Fernanda Lima, que para feia também não serve.


Todos os homens que conheço estão com inveja do Rodrigo Hilbert, rosnando que ele não tem defeito*, que ele faz de tudo e é bom em tudo que faz.


É que o nosso tempo é de especialistas. As pessoas são boas numa única atividade e só a ela se dedicam. Antes, os homens eram mais generalistas, então os Rodrigos Hilberts pululavam como pululam comentaristas políticos no Twitter.


Leonardo da Vinci foi um Rodrigo Hilbert, só que maior e melhor. Ele não era apenas um grande pintor. Era escultor também. Aliás, a obra da sua vida seria uma escultura equestre em Milão. Era uma escultura gigantesca, que deveria deixar perplexa toda a Europa, mas a cidade acabou entrando em guerra e o bronze do cavalo foi usado para fazer canhões.


Canhões que, a propósito, Da Vinci sabia fazer, bem como outras armas. E sabia ainda erguer muros intransponíveis e cavar fossas e barragens, e, principalmente, organizar festas animadas por engenhocas mecânicas que surpreendiam os convidados. Numa de suas festas, a atração foi um robô, que andava e se mexia como se gente fosse. Ou seja: uma capelinha era coisa que Da Vinci construía bocejando, para se distrair, enquanto pintava Monalisas.


Da Vinci era loiro como Hilbert e mais alto do que ele. Dizem que se elevava a 1m90cm. Luciano Potter um dia disse que o Rodrigo Hilbert é o ser humano mais bonito que ele já viu. Se visse Da Vinci, pobre Marcella! Há relatos de que Da Vinci era tão belo que as conversas cessavam, quando ele entrava em um lugar. E ainda era forte: para demonstrar o poder de seus músculos, gostava de entortar ferraduras com as mãos nuas.


Mas Fernanda Lima provavelmente não teria chance com ele. Há suspeitas de que Da Vinci fosse homossexual. Ou que simplesmente não se interessasse por sexo. Quer dizer: nem o Potter teria chance com ele.


Agora, o Rodrigo Hilbert do passado não foi Da Vinci. Foi um outro personagem extraordinário: sir Walter Raleigh. Esse pontuou como explorador, poeta, historiador, espião, guerreiro, escritor e impagável sedutor.


Raleigh escreveu uma história da Grécia e de Roma, além de poemas de amor como O Amante Silente. Achei, na internet, essa tradução de Adriano Nunes, que não sei quem é, mas dou crédito:

Comparam-se paixões bem a cheias, correntes:

O ordinário murmúrio, e muda a profundeza;

Então, quando a afeição gera palra, aparenta

Que vêm da profundeza, mas do raso chegam.

Tão ricas em palavras, em palavras antes

Pobres descobrem-se para engendrar um amante.


Com essa conversinha mansa, Raleigh conquistou ninguém menos do que a rainha. Sua abordagem tornou-se clássica: um dia, Elizabeth caminhava com seu séquito pelas ruas embarradas de Londres e, de repente, deteve-se em frente a uma poça d´água. Raleigh, vendo a cena, não hesitou: sacou da capa que levava aos ombros e a estendeu sobre a água para que a rainha não molhasse os nobres pés. Beth ficou encantada e quis saber quem era aquele homem tão belo e galante. Em poucos dias, Raleigh tornou-se o queridinho da corte.


Mais tarde, ele atravessou o oceano e fundou a primeira colônia britânica no continente que seria chamado de Estados Unidos. O nome da colônia?Virgínia, em homenagem a Elisabeth, que era conhecida comoa rainha virgem”. Era um pândego, esse Raleigh. De fato. Rodrigo Hilbert sentiria inveja dele.

 

*Tem sim! 

O dedo indicador de sua mão esquerda é torto devido a um acidente que sofreu quando era adolescente.


 


De novo, lhes falava Jesus, dizendo:Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.

 

João 8:12


quinta-feira, 15 de abril de 2021

 


Não é pra ser só dureza. Tem o olhar de quem ama a gente. As flores todas espalhadas pelos caminhos. O beijo bom de Deus revelado nas pequenas dádivas dos instantes.

 

Não é pra ser só dureza. Tem a arte. A mágica dos encontros que começam na alma. Um jeito nosso de brincar que ainda é menino. Os prazeres preferidos que continuam a existir.

 

Não é pra ser só dureza. Tem a gratidão sincera por um bocado de bênçãos. A paixão. Os olhos dizendo estrelas, admirados pelas belezas que se vê e aquelas que só podem ser sentidas.

 

Não é pra ser só dureza. Tem passarinho no ouvido. Coração que ainda sonha. Lua toda lindona. Bichinho de estimação. Música e poesia. Tem sentimento bom.

 

Não é pra ser só dureza. Tem o amor.



 


eu tinha tanto medo de ficar sozinho que eu acabava insistindo em relações ruins, ou me mantendo em lugares apertados demais só pra não ter que lidar comigo mesmo. eu achava que só seria interessante se tivesse alguém.


mas depois eu entendi que pra ser interessante eu precisava ser importante, primeiramente pra mim.

o amor que eu queria encontrar nos outros, precisava partir de mim primeiro.


depois eu compreendi também que o amor próprio é um exercício diário, e não existe relação alguma, ou pessoa alguma que me entregue essa sensação de amar quem eu sou, devidamente como eu mereço, como eu preciso ser amado.


não é me apertando em relacionamentos estreitos pra tentar preencher os meus vazios que vou me amar, é aceitando o fato de que, a responsabilidade de me dar amor, é totalmente e exclusivamente minha.

não que os outros não possam me oferecer afeto e me fazer sentir querido e amado.

algumas pessoas tem esse poder de fazer a gente se sentir um pouco mais leve, mais acolhido, mas o que eu quero dizer é que a responsabilidade de me preencher de amor, é minha.


eu tinha tanto medo de seguir sozinho, que eu oferecia as minhas mãos pra quem já nem estava ali pra segurar, até entender que eu precisava ter mais responsabilidade pelo que eu sentia, e valorizar mais o amor, e respeitar mais

tudo o que eu carregava comigo, e considerar de fato que o meu tempo é precioso demais pra ser gasto com qualquer pessoa

ou relação.


depois que eu entendi que o amor mais importante de todos, é o meu.

eu nunca mais tive medo de ficar sozinho.

porque sozinho eu me encontro,

porque sozinho eu me cuido,

sozinho eu me transformo,

ninguém faz isso por mim.

só eu.


e é por isso que eu escolhi essa coragem.

coragem de assumir um relacionamento sério com o meu amor próprio.

 

Iandê Albuquerque

 


Ele tem a chave que pertencia ao rei Davi; quando ele abre, ninguém fecha, e quando ele fecha, ninguém abre.

 

Apocalipse 3:7 / NTLH


segunda-feira, 12 de abril de 2021

o jardim das palavras escritas

 


Há dias comentei com uma amiga sobre as mudanças na nossa vida nestes tempos estranhos e preocupantes, às vezes terríveis, com frestas, fendas, de claridade e beleza, afeto e paz.

 

Comentei que a amizade, entre tantos afetos, era como um jardim tranquilo onde andamos de mãos dadas, ou isolados, ou abraçados, nos sentamos em bancos, olhamos as plantas, as nuvens, um ao outro, trocamos ideias e silêncios, em resumo, curtimos uma das boas coisas desta vida.

 

E comentamos também que, neste momento de isolamento pessoal (não gosto desociale já expliquei por que), a palavra escrita adquire um valor maior. Seja em WhatsApp, seja em e-mails, nestes sobretudo, porque aí podemos nos estender melhor.

 

Se assim for, trocar e-mails com amigo ou amiga é como entrar nesse jardim um pouco secreto, onde nos aproximamos sem nos aproximar, nos tocamos sem contato, nos alegramos ou até magoamos de uma maneira quase etérea, aérea, e aprendemos novos jeitos de sermos humanos.

 

Algo de bom tem de acontecer, nesta fase tão dura. E a internet, que tantos criticavam sobretudo porque absorveria demais os jovens, tornou-se esse campo de flores de Drummond, num dos poemas dele que mais amo, que começa Deus me deu um amor no tempo da madureza..., e posso dizer, em vários casos, que me deu alguma nova amizade, ou reforçou amizades que pareciam quase supérfluas porque tão naturais. Ninguém imaginaria um tempo em que a gente não pudesse se encontrar, se reunir, num pequeno grupo, trocar risadas e novidades, beber um gim-tônica à sombra de uma das lindas árvores do nosso clube preferido, pequeno e acolhedor, ou na casa de uma de nós, ou, enfim, como já fiz muito, num lugar mágico como era o atelier da Lou Borghetti, que frequentei por tantos anos e do qual ainda hoje sinto uma falta pungente.

 

Amigo é aquele de quem, de repente, sentimos essa falta, física, concreta, da voz, da mão, da risada, do olhar, que buscamos e achamos nesse lugar meio novo, no WhatsApp ou no e-mail, que começa a se revelar a mim como fonte de diálogo, mas com que antes implicava um pouco. Não dispenso a voz do telefone, com seus recados e silêncios, a presença física com seu contato, mas às vezes o jeito é se conformar.

 

Quero deixar claro, antes de encerrar, que nada, nada, nada, substitui a família entrando pela porta, todos reunidos em torno da mesa de jantar, depois dos abraços, dos carinhos, dos comentários do tipocomo esse menino cresceu, ou vocês estão cada vez mais lindas”.

 

Mas pelo menos temos isso, a internet, o computador, o celular, a magia que não é a de fadas e duendes, unicórnio e príncipes encantados de décadas atrás, mas um pequeno milagre aqui à mão, para consolar do quanto às vezes estamos sozinhos: o jardim das palavras escritas.



 

 


A gente aprende todo dia. Com a manhã que acorda. Com a noite que dorme.


Com a flor que de repente ri. Aprende com o não. Aprende com o sim. Com a delicadeza inesperada. Com o perdão que liberta. Com o coração que bate incrivelmente.


A gente aprende todo dia. Com o desafio que aparece. Com o obstáculo vencido. Com o que cura. Com o que dói. Aprende com o sorriso que nos faz sorrir gostoso. Com o abraço que nos salva. Com a bondade alheia. Com a própria bondade.


A gente aprende todo dia. Com a fé que se renova. Com a força que se revela. Com a ternura que faz o dia ser melhor. Aprende com o que morre. Aprende com o que nasce. Com a experiência da gente. Com a experiência contada. Aprende com a amizade. Com o olhar de quem nos ama. Com o que nos aborrece. Com o que nos atrapalha.


Tudo é mestre.


 


Quero, pois, que os homens orem em todos os lugares, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade”. 

I Tm 2:8


Jamais o cristão será impedido de cultuar a Deus. A liberdade concedida pelo evangelho para adorar com muitos ou com poucos, entre quatro paredes ou ao ar livre, com cânticos ou sem cânticos, torna inexequível esse tipo de medida.

 

Templo não éCasa de Deus. O planeta é a nossa verdadeira catedral.


sexta-feira, 9 de abril de 2021


 

#fica em casa!


procuro motivos

 


Motivos para seguir.

 

Motivos para seguir em frente ainda que ou apesar de...

Motivos para seguir fazendo a parte ainda que o outro não faça a parte dele.

Motivos para fazer o que precisa ser feito ainda que os outros priorizem o desnecessário.

Motivos para entender os meus limites.

Motivos para esperar a tempestade passar.

 

Motivos para ir, motivos para ficar, motivos para mudar, motivos para entender e por que não, motivo para esperar. Motivos para levantar toda manhã e querer viver. E motivo não se compra. Não se vende, não se empresta nem se encontra na farmácia.

 

Motivo é uma planta que cada um tem plantada dentro de si. Ou você rega, cuida e nutre ou você vai passar a vida inteira procurando-o em alguém. E vou te contar uma coisa triste, o motivo vindo do outro, jamais vai conseguir nos satisfazer. Motivo tem de vir de dentro pra fora. Caso contrário não é motivo, é condição.

 

Quando compreendemos nossos motivos, atravessar os desafios tem outro sentido.

 

Qual será o seu motivo?