segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
“Penso que chega um momento na vida da gente, em que o único
dever é lutar ferozmente por introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de
‘eternidade’.”
Marcadores:
Guimarães Rosa
A menopausa é “tipo uma TPM”; só que, em vez de durar alguns
dias, dura anos seguidos e é mais perturbadora, intensa e cheia de elementos
desconhecidos. Embora seja um dos inúmeros ciclos a compor a vida das mulheres,
falar sobre a menopausa ainda é um tabu. Dona de muitos outros rótulos de
comportamento, a sociedade também rotula a mulher madura segundo alguns
critérios pouco amigáveis e muito preconceituosos. A mídia, timidamente vem
tentando chamar a atenção para o fato de que as mulheres com mais de 50 podem,
sim, gozar das delícias de estar mais à vontade consigo mesma, posto que conta
com anos de convivência com sua própria pessoa; experimentar diferentes formas
de amor, já que tem agora mais recursos para entender que não há padrões que
valham perder oportunidades de dar e receber afeto; e, finalmente, relaxar
diante da vida e fazer cada dia valer à pena, em propósito, experiência e fim.
O tempo inexorável cumpre seu papel em nossas vidas. O dia há
de ter sempre a mesma duração cronológica, independentemente do que você tenha
decidido fazer com as suas exatas 24 horas. Infelizmente, passamos um tempo
enorme desperdiçando a vida, igual àqueles cachorrinhos que ficam correndo
atrás do rabo. A infância, cada vez mais abreviada, nos priva de reservar algum
tempo diário para fazer absolutamente nada do que possa ser programado; é
nessas horas de descuido que a nossa criança tem a oportunidade de lambuzar-se
de vida, de lama e de chocolate. Então, quando agendamos as horas da infância,
perdemos, no mínimo, a chance de provar a liberdade. A infância é a ilha da
fantasia! A adolescência, nos enche de urgências; queremos tudo, queremos muito
e queremos agora! Entretanto, é essa a nossa mais cruel fase de inadequação;
somos bombardeados por sensações de insegurança, ansiedade e inquietude. A
adolescência é um vulcão! A juventude, cheia de seu vigor, e planos, e sonhos,
e ímpetos, nos faz acreditar que viveremos para sempre, que temos o poder de
manipular o tempo a nosso favor. A juventude é a montanha! A fase adulta nos
coloca em cheque! Talvez seja o momento mais reflexivo de nossa vida, até
então. É nesse ponto que fazemos uma parada, olhamos para trás e para frente,
como o viajante que atingiu o meio do caminho. Quando ficamos satisfeitos pelas
aventuras vividas, e a experiência vem com sabor de satisfação misturada com
desejo, somos acometidos por uma tênue certeza de que fizemos a vida valer à
pena; e então, conseguimos olhar para frente com um frio na barriga renovado, o
arrepio gostoso da expectativa que nos faz acreditar que “o melhor ainda está
por vir”. A fase adulta é o oceano!
Então, se tivermos sido contemplados com uma vida longa,
chegaremos à maturidade! Alcançaremos esse lugar tão forte e bonito, graças às
inúmeras fantasias da infância, ao fogo da adolescência, à impetuosidade da
juventude, ao prazer do conhecimento da fase adulta. A maturidade é um caldo
vivo e incrivelmente interessante que se constituí da mistura única, formada
por nossas únicas experiências.
A maturidade é um presente, embrulhado em papel suave,
intenso e delicado, tudo isso junto, assim mesmo, desse jeitinho! É com mãos
habilidosas e experientes que recebemos essa nossa nova etapa da vida. É com a
alma pacificada pela certeza de que não há certezas ou garantias nessa vida,
que abraçamos mais essa belíssima fase, durante a qual poderemos voltar a
provar as lambanças da infância, as instabilidades da adolescência, os sonhos
da juventude e a reflexão da vida adulta.
Tudo estaria perfeitamente harmonizado, caso essa maturidade
viesse apenas nesse viés maravilhoso e filosófico. No entanto, o fato é que não
nos concedemos o direito de amadurecer em paz; de colher o fruto, agora sim,
doce e pronto; de nos encontrar com a nossa melhor porção, menos ansiosa e
aflita. Essa paz é perturbada por um monstrinho fisiológico que nos arrebata
num encontro, cuja data marcada, nós desconhecíamos até sermos atingidas por
ele.
Do ponto de vista orgânico, a menopausa é marcada pela
ocorrência do último fluxo menstrual espontâneo; e marca a transição na vida da
mulher, do período reprodutivo para o não reprodutivo. Quem dera fosse assim
tão simples! Não é! A menopausa pode vir acompanhada de sintomas que geram
angústia e desconforto. A ausência da menstruação traz consigo alguns
“companheiros” com os quais a mulher precisa aprender a lidar. De repente, a
vida é invadida por ondas de calor; declínio da libido; insônia; suores
noturnos; alteração da distribuição de gordura corporal; diminuição na atenção
e memória; perda de massa óssea (osteoporose) e massa muscular; aumento do
risco cardiovascular e depressão.
A medicina pode trazer soluções terapêuticas, por meio da
reposição hormonal e utilização de repositores de vitaminas e sais minerais;
além da prática da atividade física recomendável. Organicamente, é possível
aliviar os sintomas e conquistar de volta o equilíbrio das funções
fisiológicas. No entanto, tantas transformações podem levar algumas mulheres a
desequilíbrios emocionais, cujo impacto pode trazer grandes perdas na área
afetiva, profissional, pessoal e nos relacionamentos. Toda mulher deveria ter
garantidos apoio médico e psicológico para passar com mais tranquilidade pelos
inúmeros desafios da menopausa. Além disso, deveria poder contar com a
compreensão dos companheiros e de sua família para o fato de estarem passando
por uma fase em que se sentem tão vulneráveis.
À parte das enormes provocações à nossa alma e corpo físico
que acompanham a maturidade, é extremamente importante lembrar que junto com as
agruras da menopausa, vêm as inevitáveis e saborosas conquistas. Mulheres
maduras podem e devem apaixonar-se perdidamente, por si mesmas, por um outro
alguém, por uma nova profissão, por uma atividade física divertida e
desafiadora, por um talento desconhecido, por lugares nunca visitados, pelo
mundo, pela vida. Mulheres maduras são donas de um encanto que só os mais
sensíveis e atentos conseguirão admirar. Elas conhecem quem são, sabem o que
querem, como querem; e aprenderam que a maior beleza da história de cada um
está, justamente, na liberdade de viver em constante transformação.
Existe vida além da menopausa – Ana Macarini
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
Tem a ver com o peito, mas o que dói é o cotovelo.
É cientificamente comprovado, somos 70% água.
Exceto eu, que estou toda mágoa.
Marcadores:
Flah Queiroz
não é dos espertos
“O mundo é dos espertos”, me disseram um dia, ou rolou numa
conversa da qual eu participava talvez sem prestar muita atenção. Fiquei
pensando nisso, e repensei muitas vezes nestes tempos bizarros em que o pano se
abre, e o cenário é de que (quase) todo mundo era corrupto, (quase) todos com
rabo preso, e se todos fossem apanhados na Lava-Jato (anda quietinha demais...)
não sobraria quem nos liderasse.
Claro que não é bem assim, mas que as coisas andam mal,
andam. Porém, há luz no fim do túnel ou já pelas beiradas do horizonte: nunca
tanta gente importante foi presa, nunca tanta realidade vergonhosa foi exposta,
nunca tivemos tanta esperança de que desta vez a coisa vai. Diante do fato de
estarmos quase todos tão empobrecidos, calculando cada real, encolhendo os
gastos mesmo não exagerados, repensando as idas ao cinema, cortando aquelas ao
restaurante, irritados quando chegam as contas normais e tensos ao entrar no
internet banking, acho que somos, sim, bastante corajosos. Pois continuamos
vivendo. E não nos vendemos.
Vamos ao trabalho, almoçamos a marmita (neste universo
dietético, até virou moda, pode ser marmita chique...), brincamos com filhos e
netos, tentamos frear o mau humor porque mulher ou marido não têm culpa, e de
repente, numa esquina, numa praça, respiramos fundo e olhamos uma árvore
florida, ou abrimos a cadeira de praia na areia (ninguém é de ferro) e
aspiramos fundo aquele cheiro de mar e aquele azul cristalino: nossa! A vida
ainda pode ser boa.
Mas se a gente não cuida, se a gente não reúne alguma
coragem, estes serão tempos de queixas intermináveis e infinitas aflições.
Muitas vezes constrangida com o noticioso brasileiro, eu entrava na CNN, na
BBC, e outras. O que no começo parecia piada (Trump? Essa é boa! Nem pensar!)
se tornou realidade, e uma primeira coletiva nos deixou boquiabertos. Poxa,
esse é o novo presidente dos States? E agora, e agora?
Então a gente reaprende o valor das pequenas coisas, como
aquela árvore florida, aquele cheiro de maresia, aquele filho ou neto que
passou no vestibular, a mulher ou marido que nos recebe com um sorriso e um
abraço sem maior razão a não ser a do bem-querer. Um bom filme na tevê. Uma
página instigante do novo livro (que ainda pode custar menos que uma ida à
lanchonete). Sei lá. Até um sonho daqueles em que retornamos a algum lugar e
momento da infância, da juventude, de apenas outro dia, e sentimos de novo todo
aquele encantamento.
Se a gente não ficar pessimista demais, chata demais, burra
demais, podemos ainda encontrar lá no fundo a coragem de abrir a janela,
abraçar o mundo, curtir a vida do jeito que ela é, e agradecer. A quem? Sei lá,
depende de cada um. A Deus, aos deuses, à vida, ao destino, a nós mesmos – que
conseguimos tanto em meio a tanta confusão e carência: conseguimos ser pessoas
legais, gerar sujeitos decentes, ter bons amigos, realizar um trabalho honrado,
andar de cara limpa e cabeça erguida, e ainda, no fundo mais fundo, embalar
sonhos. Como quem planta flores aparentemente inúteis num vasinho na sacada, e,
vejam só, dizemos rindo, elas desabrocharam!
E ainda temos este luxo: a sensação incrível de que o mundo
não é dos espertos, é dos corajosos.
sábado, 21 de janeiro de 2017
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
prego e parafuso
Homem decide e pronto. Não olha para trás. Não faz
repescagem. Pode ter vacilado, mas quando define uma posição assume e
dificilmente entra em parafuso. Homem é prego, não fica girando nos mesmos
temas. Óbvio que se arrepende, mas transforma o erro em silenciosa culpa e
resignação. O orgulho não permite que se transforme em caranguejo. Voltar em
suas considerações tem um preço alto demais para quem foi criado a não pedir
ajuda.
Já a mulher, mesmo quando decide, não termina a dúvida.
Continua com o dilema. Diz sim ou não, porém prolonga o plenário com as amigas.
Sua resposta é provisória e apenas o início de uma longa conscientização.
Acredita que pode pensar com calma, não se prendendo ao tempo. A data de
validade de suas opções é eterna.
A preferência pela comédia romântica, recheada de vaivéns,
desencontros e lacunas amorosas, é a prova de sua alma irresoluta. Não gosta de
histórias fáceis e lineares – prioriza a superação de tabus e preconceitos.
A questão é que ela não encerra qualquer coisa que já foi
discutida, o que enlouquece a ala masculina. Voltará com aquele ciúme explicado
ou aquela cisma esclarecida.
Ela compra uma roupa e demora um mês para tirar a etiqueta
mantendo intacta a possibilidade de troca. Cria uma ronda para ouvir diferentes
contrapontos após o seu ultimato. Por isso nunca tem o rosto tranquilo de um
destino convicto, mas sempre a intensidade febril de quem está optando. Pode
ser uma incerteza de um mês ou de um ano, não apaga jamais o potencial de
escolha. Deixa a porta entreaberta para liminares e mandados de segurança.
A cabeça feminina é um julgamento perpétuo do que deve ser.
Não há o descanso da derrota e a comemoração definitiva da vitória. Está sempre
reabrindo dilemas e cavando encruzilhadas.
Nunca confie que ganhou alguma causa com ela. O balbucio
afirmativo do casamento será posto à prova na convivência, assim como uma
viagem ou uma proposta de trabalho. Não há questões fechadas. Aceita primeiro
para depois pensar melhor com os seus grupos. Coloca a esperança em xeque em
nome do realismo.
Pensamento do homem quando morre é enterrado, tem velório e
missa de sétimo dia. Pensamento da mulher quando morre ressuscita e tira as
pedras do caminho.
Homem é ponto final, mulher é reticência.
Homem diz amém, a mulher diz “pois é”. São religiões
diferentes.
Marcadores:
Fabrício Carpinejar
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Se você não acreditar naquilo que você é capaz de fazer; quem
vai acreditar?
Dizer que existe uma idade certa, tempo certo, local certo,
não existe.
Somente quando você estiver convicto daquilo que deseja e
esta convicção fizer parte integrante do processo.
Mas quando ocorre este momento? Imagine uma ponte sobre um
rio.
Você está em uma margem e seu objetivo está na outra.
Você pensa, raciocina, acredita que a sua realização está lá.
Você atravessa a ponte, abraça o objetivo e não olha para
traz.
Estoura a sua ponte.
Pode ser que tenha até dificuldades, mas se você realmente
acredita que pode realizá-lo, não perca tempo: vá e faça.
Agora, se você simplesmente não quer ficar nesta margem e não
tem um objetivo definido, no momento do estouro, você estará exatamente no meio
da ponte.
Já viu alguém no meio de uma ponte na hora da explosão… eu
também não.
Realmente não é simples.
Quando você visualizar o seu objetivo e criar a coragem
suficiente em realizá-lo, tenha em mente que para a sua concretização, alguns
detalhes deverão estar bem claros na cabeça ou seja, facilidades e dificuldades
aparecerão, mas se realmente acredita que pode fazer, os incômodos
desaparecerão.
É só não se desesperar.
Seja no mínimo um pouco paciente.
Pois é, as diferenças básicas entre os três momentos são:
Estourar a ponte antes de atravessá-la: Você começou a
sonhar… sonhar… sonhar! De repente, sentiu-se estimulado a querer ou gozar de
algo melhor.
Entretanto, dentro de sua avaliação, começa a perceber que
fatores que fogem ao seu controle, não permitem que suas habilidades e
competências o realize.
Pergunto, vale a pena insistir?
Para ficar mais tangível, imaginemos que uma pessoa sonhe
viver ou visitar a lua, mas as perspectivas do agora não o permitem, adianta
ficar sonhando ou traçando este objetivo?
Para que você não fique no mundo da lua, meio maluquinho,
estoure a sua ponte antes de atravessá-la, rompa com este objetivo e parta para
outros sonhos!
Estourar a ponte no momento de atravessá-la: Acredito que
tenha ficado claro, mas cabe o reforço.
O fato de você desejar não ficar numa situação desagradável é
válido, entretanto você não saber o que é mais agradável, já não o é! Ou seja,
a falta de perspectiva nem explorada em pensamento, não leva a lugar algum.
Você tem a obrigação consciencional de criar alternativas melhores.
Nos dias de hoje, não podemos nos dar ao luxo de sair sem
destino.
O nosso futuro não é responsabilidade de outrem, nós é que
construímos o nosso futuro. Sem desculpas, pode começar…
Estourar a ponte depois de atravessá-la: No início comentei
sobre as pessoas que realizaram o sucesso e outras que não tiveram a mesma
sorte.
Em primeiro lugar, acredito que temos de definir o que é
sucesso.
Sou pelas coisas simples, sucesso é gostar do que faz e fazer
o que gosta.
Tentamos nos moldar em uma cultura de determinados valores,
onde o sucesso é medido pela posse de coisas, mas é muito mesquinho você ter e
não desfrutar daquilo que realmente deseja.
As pessoas que realizaram a oportunidade de estourar as suas
pontes de modo adequado e consistente, não só imaginaram, atravessaram e
encontraram os objetivos do outro lado.
Os objetivos a serem perseguidos, foram construídos dentro de
uma visão clara do que se queria alcançar, em tempo suficiente, de modo
adequado, através de fatores pessoais ou impessoais, facilitadores ou não,
enfim o grau de comprometimento utilizado para a sua concretização.
A visão sem ação, não passa de um sonho.
A ação sem visão é só um passatempo.
A visão com ação pode mudar o mundo.
Marcadores:
Martha Medeiros
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Mas só o tempo me revelou.
A dor do instante me privava de ver.
Ahhh, o tempo...
Marcadores:
Pe. Fábio de Melo
E da janela do quarto, vendo uma vida de estrelas passarem
por seus olhos, algo lhe dizia:
- Tá vendo aquele mundo lá fora? É seu, vai pegar.
Marcadores:
Caio F. Abreu
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
marido rico
Uma moça escreveu um e-mail para o
jornal pedindo dicas sobre “como arrumar um marido rico”.
Contudo, mais inacreditável que o
“pedido” da moça, foi a disposição de um rapaz que, muito inspirado, respondeu
à mensagem, de forma muito bem fundamentada.
E-mail da moça:
“Sou uma garota linda
(maravilhosamente linda) de 25 anos. Sou bem articulada e tenho classe. Estou
querendo me casar com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por
ano. Tem algum homem que ganhe 500 mil ou mais neste jornal, ou alguma mulher
casada com alguém que ganhe isso e que possa me dar algumas dicas?
Já namorei homens que ganham por
volta de 200 a 250 mil, mas não consigo passar disso. E 250 mil por ano não vão
me fazer morar em Central Park West.
Conheço uma mulher (da minha aula de
ioga) que casou com um banqueiro e vive em Tribeca! E ela não é tão bonita
quanto eu, nem é inteligente.
Então, o que ela fez que eu não fiz?
Qual a estratégia correta? Como eu chego ao nível dela?
(Raphaella S.)”
Resposta do Editor do Jornal:
“Li sua consulta com grande
interesse, pensei cuidadosamente no seu caso e fiz uma análise da situação.
Primeiramente, eu ganho mais de 500
mil por ano. Portanto, não estou tomando o seu tempo a toa…
Isto posto, considero os fatos da
seguinte forma: Visto da perspectiva de um homem como eu (que tenho os
requisitos que você procura), o que você oferece é simplesmente um péssimo
negócio.
Eis o porquê: deixando as firulas de
lado, o que você sugere é uma negociação simples, proposta clara, sem
entrelinhas : Você entra com sua beleza física e eu entro com o dinheiro.
Mas tem um problema. Com toda
certeza, com o tempo a sua beleza vai diminuir e um dia acabar, ao contrário do
meu dinheiro que, com o tempo, continuará aumentando. Assim, em termos
econômicos, você é um ativo sofrendo depreciação e eu sou um ativo rendendo
dividendos. E você não somente sofre depreciação, mas sofre uma depreciação
progressiva, ou seja, sempre aumenta!
Explicando, você tem 25 anos hoje e
deve continuar linda pelos próximos 5 ou 10 anos, mas sempre um pouco menos a
cada ano. E no futuro, quando você se comparar com uma foto de hoje, verá que
virou um caco.
Isto é, hoje você está em ‘alta’, na
época ideal de ser vendida, mas não de ser comprada.
Usando o linguajar de Wall Street ,
quem a tiver hoje deve mantê-la como ‘trading position’ (posição para comercializar)
e não como ‘buy and hold’ (compre e retenha), que é para o que você se oferece…
Portanto, ainda em termos comerciais,
casar (que é um ‘buy and hold’) com você não é um bom negócio a médio/longo
prazo! Mas alugá-la, sim! Assim, em termos sociais, um negócio razoável a se cogitar
é namorar. Cogitar… Mas, já cogitando, e para certificar-me do quão articulada,
com classe e maravilhosamente linda’ seja você, eu, na condição de provável
futuro locatário dessa ‘máquina’, quero tão somente o que é de praxe: fazer um
‘test drive’ antes de fechar o negócio… podemos marcar?”
(Philip Stephens, Associate Editor Of
The Financial Times – Usa)
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender …
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar …
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar…
Marcadores:
Fernando Pessoa
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade
edificada sobre um monte; - Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do
alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. - Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Mateus 5:14-16
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
Sobre o vivido que não edificou,
sobre a mágoa que restou,
sobre a palavra que feriu a alma,
é sábio depositar a pedra do esquecimento.
Marcadores:
Pe. Fábio de Melo
domingo, 8 de janeiro de 2017
dor de estimação
Noto pessoas comprometidas com a dor.
Por mais que alguns caminhos apontem para horizontes com
menos nebulosidade, há um caso sério com a dor. Uma íntima convivência da qual
elas não querem abrir mão.
Se fosse um status seria: “vivendo um relacionamento sério
com a minha dor.”
Tudo e qualquer sujeito que tente chamar sua atenção para as
amarras será defenestrado. Afinal, há ali, embora sangrando, uma estranha zona
de conforto que as consome, ao viverem por um triz.
Quem tem a dor como companheira de estimação não aceita
questionamentos.
O passado justifica a vitimização do presente e impede o
futuro.
A dor passa a sujeito da ação. É ela quem comanda tudo. É ela
quem faz as escolhas.
Na escola da dor, a autocomiseração é fundamental para
retroalimentar o que passou; porque o que passou nunca passa.
Se passasse seria como se a pessoa perdesse parte da
história.
Elas precisam ouvir que são amadas em quantidades
industriais.
Não lhes basta o amor. Ele precisa ser dito e redito.
Repetido à exaustão. Até que o amigo se canse. Até que a pessoa consiga se
autossabotar, a ponto de fazer com que todos desistam dela, assim como ela.
Por que tanto desamor por si mesma?
Talvez porque amar a si mesma não lhe proporcione o
sentimento de anulação, de abnegação, e disso depende a manutenção da sua dor
como via de uma estrada sem sinalização, sem rota e sem radar.
Qualquer placa que indique um novo caminho é rechaçada.
Isso tudo porque atualizar a identidade dá muito trabalho e
viver sem a dor de estimação pode ser muito leve, e leveza não é bem o
sentimento mais conhecido para quem vive de lamber suas próprias feridas.
|Cláudia Dornelles|
Assinar:
Postagens (Atom)