"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sexta-feira, 31 de agosto de 2018

adeus agosto. alô setembro



Mesmo aqui, no País bandido,
agosto sempre vai embora.
E setembro sempre volta, sim.
Quanto a mim, acho que todo mundo
tem mais é que viver.
Ser feliz.
Agora, dá licença, vou escancarar a
janela, tomar um banho e me preparar
para este Setembro que ninguém vai
sujar.
Em mim, não mesmo.


#dia do nutricionista

casamentos que duram, casamentos que acabam


Não quebro nenhum cálice de vinho na hora de lavar.

A taça jamais se parte, apesar do vidro finíssimo, da redoma absolutamente inofensiva, da delicada superfície de gelo.

Estou invicto. Cuido tanto, tiro qualquer louça da pia para evitar choques, não arrisco nenhum movimento impetuoso, eu me fixo suavemente ao esfregar a esponja nas extremidades.

Já vivo quebrando os copos mais resistentes. Não controlo o excesso de espuma, eu me distraio com os pensamentos, eles escorregam ou trincam na torneira.

É uma grande metáfora para os relacionamentos.

Casamento que dura é o mais difícil. Casamento que acaba é o mais fácil.

Quando é um casamento brigado, que tem a fragilidade como marca, somos condicionados a prestar mais atenção aos riscos e problemas e mergulhamos diariamente num estado de alerta.

Temos a consciência de que pode terminar a qualquer momento, então preservamos mais as palavras e os gestos, dedicamos um maior tempo para prevenir mensagens desagradáveis e ofensas. O medo da ruptura, sempre próxima, faz com que redobremos a apreensão com os laços.

Já quando o casamento é estável e sem sobressaltos, abandonamos a companhia ao léu porque não precisamos de muito esforço. O piloto automático desenvolve a insensibilidade diante do aumento e da diminuição da velocidade.  Há o risco do tédio e da indiferença. Não nos preocupamos em agradar, e podemos nos distanciar do romance e da atração.

Casal que se desentende é obrigado a escutar o contraponto incessantemente. Casal que se entende pensa que conhece o seu par, adivinha, não escuta e fala pelos dois.

Casal com temperamentos antagônicos entra em disputa de atenção e não desiste de seduzir e de surpreender. Casal com afinidades custa a perceber a insatisfação do próximo.

Casal com diferenças gritantes pede desculpa e se prontifica a reparar o erro. Casal que age por identificação não espera nenhuma frustração e não perdoa com facilidade.

Casal que discute aumenta o contato e a intensidade sexual. Casal que não se aborrece desemboca na amizade assexuada.

A convivência entre os opostos é superior em termos de cuidados do que a convivência entre os iguais.

O apocalipse iminente gera a salvação. O paraíso previsível gera acomodação.

Uma linha de costura prende mais o casal do que uma corrente ou uma corda. A possibilidade de romper o nó sensível permite que os dois se olhem a todo momento para verificar se permanecem juntos. Estão infinitamente se reparando e se observando para evitar o desligamento da união. Por sua vez, a firmeza da corrente e da corda criam um relaxamento e um dos dois pode se mexer bruscamente e derrubar o outro e demorar para descobrir e, mais ainda, para socorrer.



Lembrem disto, meus queridos irmãos: cada um esteja pronto para ouvir, mas demore para falar e ficar com raiva. 

Tiago 1:19 / NTLH

quarta-feira, 29 de agosto de 2018


#dia nacional do combate ao fumo

Você acorda, vai ao banheiro se olha no espelho e inicia mais um dia da sua vida, mas é sua vida mesmo, ou você interpreta um personagem? Você amadureceu pra valer ou virou uma cópia falsificada de um adulto? Tenho visto alguns humanos adulterados por aí, “gente grande” made in Paraguai.

Éramos crianças inocentes e protegidas, até que os anos passaram.
São escolhas a fazer, relações amorosas, dúvidas e dívidas, filhos pra educar, a finitude pra lidar e posicionamentos exigidos pela sociedade: a maldita esquadra da maturidade, que não está a fim de negociar com seu amadorismo.

E agora?

Quem encara paga um preço alto. Não tem o recurso de se amparar nas costas de papai e mamãe, não tem a hipótese de transferir as decisões para o dia de São Nunca. Com a coragem que nem sabia que tinha, você assume sua identidade, dá um trato nos seus medos e começa a trajetória: trabalha, rala, ama, sofre, se expõe, se impõe, fala, cala, sofre, destrói, constrói. Mas constrói mesmo. Uma vida legítima. Uma vida sua.

Ou.
Ou se escora. Na mãe velhinha, no pai doente, na mulher com quem está casado há 42 anos, no namorado rico que virou a salvação da lavoura, se escora na chapação, no álcool, nos medicamentos tarja preta, numa idealização fraudulenta (“Sou ótimo, pena que o mundo não reconheceu meu brilhantismo”), se escora na muleta que estiver mais à mão e distribui sorrisos sedutores e desculpas esfarrapadas: sou uma farsa, mas uma farsa de terno e gravata, uma farsa em vestido de baile.

Falsificam-se a si mesmos os que não têm raça. Os que dependem de mil e quinhentos empurrões e, mesmo empurrados, não ganham velocidade, ritmo, rumo. Ficam sempre no meio do trajeto, soluçando, reclamando, retrocedendo à memória das longas tardes no jardim de infância, quando, em segurança, sabiam que seus pais estariam esperando, no final do dia, no portão.

Já quem se falsificou num adulto que parece que é, mas não é, desperdiçou a chance de ter uma vida autêntica porque se assustou com a poeira no horizonte, previu que seria uma luta perdida, que não daria conta. Mas daria. O gigante, em qualquer circunstância, somos nós.


Não tenho certeza de nada, apenas insisto em dar um role por aí, observar o que dá pra degustar, o que dá pra descartar, o que dá pra somente observar. 
Existir não é banal, penso, embora não saiba bem o que é mesmo. 
Enquanto não compreendo, vou experimentando e cometendo vacilos, contudo cheios de emoção. É uma viagem que subverte, enlouquece, seduz, encanta. Um role que tem mais a ver com o estado de espírito e atende pelo nome de liberdade. E eu, recepciono todos os dias, mesmo nos mais sombrios, mesmo com os estilhaços. 
Não que eu seja otimista. Nem tenho uma alma tão nobre. É mais uma questão de obrigatoriedade. Um compromisso individual para amenizar os desencantos. 
A consumação da vingança contra o pessimismo e mediocridade. É o role pela sobrevivência.

Sempre dá certo, porque a vida merece cada calafrio.


O último inimigo que será destruído é a morte. 

1 Coríntios 15:26  / NTLH

sábado, 25 de agosto de 2018


#dia do soldado

terça-feira, 21 de agosto de 2018



O olhar não sai mais do chão.
Enquanto caminhava pela minha rua, todos que passaram por mim não me viram. Tanto faz ser de carne ou invisível. Tanto faz. Poderia trajar biquíni ou andar com as vestes reluzentes de rei mago, tampouco provocaria escândalo.

As pessoas se fixavam em seu celular. Aguardavam um carro de aplicativo, respondiam uma mensagem, telefonavam para alguém. Ninguém caminhava de verdade. Sugados pela realidade virtual de seus dedos, não interagiam, não cumprimentavam, não poderiam sequer dizer a sua localização precisa.
Largaram a sua residência, mas não as preocupações de suas redes sociais.

O celular está nos encurvando. Não duvido que retomemos a postura de primatas. Tudo é horizontal, nada é mais vertical.

Não observamos o alto dos prédios, o formato das nuvens, a posição das estrelas. Não procuramos acompanhar o rasante de um pássaro e a tapeçaria dos fios telefônicos. Não espiamos se há ninhos nas árvores e casinhas de joão-de-barro nos postes de luz. Não definimos se irá permanecer o sol na manhã seguinte pelo horizonte avermelhado.

A bússola morreu dentro do relógio. O que vale são números digitais. Poucos conhecem as horas pelos ponteiros.

As crianças não estão mais se situando pelas constelações. Algumas desconhecem até as fases da lua.
Não procuramos mais Órion e Cão Maior. Não mais nos surpreendermos com as Três Marias. Não mais rimos quando achamos Touro e confirmamos que o seu desenho luminoso condiz com o animal. A noite vem sendo uma praia deserta, com seus grãos estelares jamais pisados pelas nossas pupilas.
Como se o nosso mundo fora reduzido a altura das mãos, como se tivéssemos eternamente cinco anos, com a estatura entre a cama e a mesa.

Estamos mais próximos da cova do que do céu. Mais próximos da morte do que da esperança.
Se aparecessem anjos voando pelos telhados, não seriam percebidos. Levitariam anônimos pelas chaminés. Milagres não chamariam atenção. Só acreditamos em posts e vídeos, não naquilo que acontece em nossas janelas.

Perdemos a capacidade de olhar nos olhos de quem amamos. É muito alto, muito fora do perímetro do aparelho.

Temos medo de encarar o que é vivo e intenso, o que pede ajuda e abraço. Olhar nos olhos é dizer alguma coisa, é romper o silêncio de nossos casulos.
Desaprendemos a nos reconhecer no outro. Somos distantes mesmo próximos. Nosso espelho é a selfie, não mais o amor.



Acabar com a corrupção é o objetivo supremo 
de quem ainda não chegou ao poder.”





Bem-aventurado o homem
que não anda no conselho dos ímpios,
não se detém no caminho dos pecadores,
nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Antes, o seu prazer está na lei do Senhor,
e na sua lei medita de dia e de noite.
Ele é como árvore
plantada junto a corrente de águas,
que, no devido tempo, dá o seu fruto,
e cuja folhagem não murcha;
e tudo quanto ele faz será bem-sucedido.

Salmos 1:1-3 / NTLH

domingo, 19 de agosto de 2018


#dia mundial da fotografia

as pequenas coisas



Dizem alguns que Deus está nos detalhes. Outros, que é o Capeta que está lá metido. Há quem afirme que o Diabo não existe, outros ainda que quem não existe é Deus, ou que, se um não existe, o outro também não haveria, pois só temos o Bem pelo Mal em contraposição.

Simplifiquei as coisas hoje aqui: a vida está nos detalhes, nas coisas pequenas, miúdas, que muitas vezes esquecemos porque nos impingem (ou nos impingimos) o grandioso. O máximo. O super, o tri, a suprema utopia. Um amor como nenhum outro, prazeres indescritíveis e obrigatórios, sucessos inevitáveis e objetivos maravilhosos alcançados, alcançáveis - a não ser que sejamos muito incompetentes.

A esta altura da vida, talvez eu tenha aprendido, depois de muita rasteira e engano, que na verdade, para mim ao menos, graças a Deus o importante quase sempre está no pequeno, no detalhe.

A vida está no simples.

Um jornalista me enviou um poema meu que encontrou num recorte de jornal de 1968. Não me lembrava dele, sou meio negligente com minhas coisas, mas quando li e reli fui recordando. Devia ter me acontecido, em 1968, algo bem doloroso, porque eu falava numa enorme pedra que tinha caído sobre mim. E terminei dizendo que peguei um cinzel e esculpi num fino traço na dura superfície um rosto de anjo, e, por fim, acrescentei uma lágrima. Essa ideia da lágrima devia ter me consolado, porque a botei ali. Não foi uma tragédia, ou eu não a teria esquecido. E foi num tempo de muitas alegrias, sem maiores perdas: elas me estavam reservadas, como a todos nós, um pouco mais adiante.

O detalhe da carinha de anjo, e da lágrima final, deve ter me concedido uma sensação de alívio, transformando a chateação ou dor em um pequeno elegante desenho. E com uma lágrima simbolizando as minhas - que, repito, esqueci.

Fui entendendo, com o passar dos muitos anos, ou aprendendo com dificuldade, o valor do pequeno, do simples, do mínimo. Não é ganhando a loteria, fazendo uma viagem sensacional, arranjando um namorado, perdendo 20 quilos, fazendo a mais fabulosa plástica ou comprando um carrão mais sensacional que a gente se recupera - até onde dá - de um grande sofrimento. É nesse dia a dia: a janela se abrindo sobre uma paisagem tranquila; o amigo telefonando com afeto e interesse; família vindo almoçar, ou nos chamando, netos, netas, com alguma carinhosa brincadeira. Marido chegando em casa com uma boa notícia do seu trabalho ou com um ar de especial cuidado porque hoje não estamos de cara muito boa.

Alguém mandando um vaso de lindas flores, que boto na minha frente, na mesa de centro da sala, e toda a casa fica iluminada: pela cor, pela beleza, pelo gesto. Nos detalhes está o amor. Nos detalhes estão os afetos, a paz, a harmonia - isto é, na simplicidade. Mas é preciso acalmar-se o suficiente para poder enxergar. O que nestes tempos, em que fora de nós nos atropelam empobrecimento e preocupações, é dura labuta.



É melhor conseguir sabedoria do que ouro; é melhor ter conhecimento do que prata.

Provérbios 16:16 / NTLH

sábado, 18 de agosto de 2018

lindo e triste Brasil


Sou nascido aqui nesse país.
Tão gigante, tão franzino,
Seu destino ao deus-dará.
Rios e fontes aos montes
E dunas de areia em beiras de mar.
Tudo aqui é mesmo tão lindo, morena,
Pena que o homem não pensa em cuidar.
A solidão é viver sem ninguém
Em quem poder confiar.

Minha gente é gente desse país.
Povo lindo, chora rindo, canta na Sapucaí.
Entre enredo e passista
Misturam-se médico, artista e gari.
Com muito pouco que temos
Ainda sabemos, sofrendo, cantar e sorrir.
Sou do país do futuro,
Futuro que insiste em não vir por aqui.

Somos muitos e muito podemos fazer.
Vai rolinha, pintassilgo,
Vai andorinha e tiziu.
Nadem golfinhos e peixes
Nas águas dos mares, dos lagos, dos rios.
Quem sabe ainda veremos
O que o Poetinha um dia sonhou mas não viu:
Pátria, minha patriazinha, tadinha,
Lindo e triste Brasil.

__Toquinho

meus discos e livros e nada mais



Sempre fui apaixonada por livros. Sou daquelas que tem uma lista de livros para ler constantemente. Gosto de comprar, de manusear, de sentir o cheiro, de organizar na estante e principalmente de ler. Também tive minha fase de discos, que um dia foi substituída pelo CD, depois pelo MP3 e agora pela assinatura digital de um aplicativo de música, onde eu crio a minha própria biblioteca (playlist) para ouvir a hora que eu quiser, onde eu estiver, na ordem que eu preferir. Não sei se rio ou choro com tudo isso. Meus discos, impecavelmente bem guardados, repousam tranquilos à espera de um destino digno.

Quando penso que os livros vão acabar, que tem uma geração que está chegando aí, que não vai mais saber escrever e que, para esta geração, os livros são entediantes e pouco criativos, eu fico apática.  Não quero ir contra a evolução, nem pretendo fazer apologia ao passado. Porém preconizo, com total consciência, que se restabeleçam as raízes, as tradições e sobretudo a história.

Ainda que isto muito me entristeça, que morram os livros; desde que seus conteúdos sejam salvos em algum lugar sagrado da tecnologia. Como já dizia Ché Guevara, “um povo sem história é um povo sem futuro” e está fadado a cometer os mesmos erros.

A história de um povo, de uma empresa, de uma família, de uma cidade ou de uma nação, precisa ser reestabelecida, registrada, contada e respeitada. Este é o primeiro passo na árdua tarefa de reeducar uma nação que perdeu seus valores. A ética só terá chances de ser recuperada, se começarmos dentro de nossas casas, contando aos nossos filhos nossas próprias histórias de desafio e superação. Mostrar aos nossos filhos que vencemos pela ética e o respeito ao próximo, ainda que tenham sido pequenas vitórias, será como plantar uma semente do bem. Semente que mais tarde, bem distante dos nossos olhos, mostrará seus frutos. E consequentemente nas próximas gerações. Eu ainda acredito que a base da educação está nas atitudes de quem educa, de quem lidera, de quem decide o futuro de outrem.

Vejo pais preocupados, trabalhando no limite da exaustão para deixarem os filhos acobertados de bens e completamente descobertos de valores e afetos. Ingênua eu de achar que a transformação se dera apenas na estante da minha casa!

Sob a voz impecável de Elis Regina, eu que sonhei um dia  deixar de herança, “meus discos e livros e nada mais”; chego à triste conclusão que, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”! 

E viva Lulu Santos! E Elis Regina na playlist!

#vou testar



Ó Deus, examina-me e conhece o meu coração!
Prova-me e conhece os meus pensamentos.
Vê se há em mim algum pecado
e guia-me pelo caminho eterno. 

Salmos 139:23-24 / NTLH

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

que coisa é essa?



É a palavra mais poderosa da língua portuguesa: coisa. Cinco letras que, unidas, englobam significados variados e misteriosos. Dentro dela, a imensidão do intraduzível. Lembro a diretora Irene Brietzke, que dirigiu minha primeira peça, Trem-Bala, em Porto Alegre. É a elegância em pessoa, mas quem a conhecia há mais tempo me prevenia: alguns dias antes da estreia, ela terá a coisa, prepare-se. Minha imaginação orbitava. O que seria essa coisa que ela teria? Um ataque de estupidez, uma mudez insistente, um sumiço, uma alergia, um troço? Tudo isso. Eu é que quase tive uma coisa na véspera, mas no dia seguinte a peça estreou com sucesso.

Desde então, respeito a coisa que dá nos outros.

Quando alguém diz que não irá desistir de seu objetivo porque há muita coisa em jogo, meu suor escorre pela testa e faz um desvio até chegar atrás do pescoço e alcançar a lombar. Está na cara que esse alguém será capaz de roubar, matar, arrancar os dentes do inimigo que se interpuser entre ele e essa coisa desconhecida e tão valiosa. Imagino que a tal coisa seja sinônimo de reputação, dinheiro, poder, sexo, enfim, aquela coisa toda.

Quando eu ainda era bem pequena, caí na asneira de dar conversa para um vizinho mais velho que eu - ele devia ter uns nove anos. Pois fui proibida de falar com ele porque seu pai era Fulano, notório sujeito que não era grande coisa. Eu, com imenso esforço, raciocinei: se o pai do meu amiguinho, um Garibaldo com quase dois metros de altura e uma barriga gigantesca, não era grande coisa, a nossa família de gente magra e miúda seria o quê? Fui descobrindo que essa coisa de julgar os outros não era para principiantes.

Na minha santa ingenuidade, desejava que as relações fossem mais claras, objetivas, sem tantos pontos nebulosos, mas a coisa não era bem assim, diziam, e aí me sentia ainda mais perdida, porque às vezes achava que sabia das coisas e sabia era nada, como até hoje não sei. Se não é bem assim a coisa, posso imaginar que ela seja muito pior, mais aterrorizante - uma coisa de outro mundo. Que, aliás, é coisa que nunca entendi também - que outro mundo é este onde as coisas são tão diferentes?

Se alguém tivesse tido a paciência de me explicar o que eu não entendia naquela época, já seria alguma coisa, mas as pessoas estavam sempre muito ocupadas e achavam que certos assuntos não eram coisa pra criança, então cresci pensando por minha conta, e devo ter pensado coisas fabulosas, pois, quando me atrevia a revelar meus pensamentos, achavam que aquilo não podia ser coisa minha, e sim de alguém que estava colocando coisa na minha cabeça.

Que palavra teria potência semelhante e seria tão absoluta para definir o inqualificável? Não encontro outra. Fala-se por aí que a coisa está feia, mas eu a considero até bonitinha diante de tantas outras palavras que não servem pra nada. Ao menos a coisa funciona.




"Eu acho que ser mulher é a coisa mais bacana que existe. 
Nós somos complexas. Levemente malucas. Fofas. 
Temos obsessões por coisas que só nós entendemos. 
Morremos de frio quando a temperatura desce míseros graus. E viramos onça, quando preciso.
Somos, na verdade, seres completamente hormonais e emocionais. 
Nós inventamos a doçura (sabia?). E gostamos de criar (e recriar) por natureza".



Não nos cansemos de fazer o bem. Pois, se não desanimarmos, chegará o tempo certo em que faremos a colheita. 

Gálatas 6:9 / NTLH

terça-feira, 14 de agosto de 2018


#dia do cardiologista

quando o corpo fala



Nunca tinha escutado o nome de Louise L. Hay, que, pelo que eu soube, é uma psicóloga americana com vários livros publicados e traduzidos para diversos idiomas, inclusive para o português. Me parece que é de autoajuda, a julgar pelos títulos: Como curar sua vida e outros do gênero. Como se existisse fórmula mágica para alguma coisa. Se esses manuais funcionassem, seríamos todos belos, ricos, bem-casados, desenvoltos, empreendedores, bambambãs em tudo. Mas um dos temas que ela trata é bastante interessante e já inspirou vários bate-papos entre amigos. Ela diz que todas as doenças que temos são criadas por nós. Pô, Louise. Como assim, “criadas”? Fosse simples desse jeito, bastaria a força da mente para evitar que o vírus da gripe infectasse o ser humano.

Porém, se não levarmos tudo o que ela diz ao pé da letra, se abstrairmos certos exageros, vamos chegar a um senso comum: nós realmente facilitamos certas invasões ao nosso corpo. É o que se chama somatizar, ou seja, é quando uma dor psíquica pode se manifestar fisicamente. Muitas vezes acontece, sim.

“Todas as doenças têm origem num estado de não-perdão”, diz a psicóloga. “Sempre que estamos doentes, necessitamos descobrir a quem precisamos perdoar.” Mais uma vez, o exagero, já que “sempre” é um amontoado de tempo que não sustenta nenhuma teoria. Mas ela insiste: “Pesar, tristeza, raiva e vingança são sentimentos que vieram de um espaço onde não houve perdão. Perdoar dissolve o ressentimento.”

Pois é, o perdão. Outro dia estava lendo um verso de uma poeta que já citei em outra oportunidade, a Vera Americano, em que ela diz: “Perdão/ duro rito/ da remoção do estorvo”. É difícil perdoar, mas que faz bem à saúde, não tenho a menor dúvida. Quanto mais leve a alma, mais forte o organismo. Por que não tentar?

Louise L. Hay acredita tanto, mas tanto nisso, que chegou a fazer uma lista de doenças e suas prováveis causas. Exemplo: apendicite vem do medo. Asma, de choro contido. Câncer, de mágoas mantidas por muito tempo. Derrame, da rejeição à vida. Dor de cabeça vem da autocrítica. Gastrite, de incertezas profundas. Hemorroidas vem do medo de prazos determinados e raiva do passado. A insônia vem da culpa. Os nódulos, do ego ferido. Sinusite é irritação com pessoa próxima.

Eu sei e os leitores também sabem que não é bem assim, que isso é uma generalização e que há vários outros fatores em jogo, mas não custa prestarmos atenção na interferência que nossos sentimentos têm sobre nosso corpo, assim poderemos ajudar no tratamento sendo menos tensos e angustiados.

Para quem é 100% cético, tudo isso é balela. Já fui desse modo. Tempos atrás, não daria a mínima para as afirmações de Louise L. Hay. Hoje me considero 70% cética e ainda pretendo reduzir este índice, pois reconheço que os meus parcos 30% de crença no que não é cientificamente provado é que me salvam de uma úlcera.



Eu sou Deus e sempre serei.
Ninguém pode escapar do meu poder
e ninguém pode desfazer o que eu faço. 

Isaías 43:13 / NTLH

domingo, 12 de agosto de 2018

feliz dia dos pais, mãe!


Sim, sou pai.
Não sou a única, eu sei.

E hoje, quero deixar aqui minha homenagem a todas as mães, padrastos, tios, avós, irmãos, e a essas pessoas tão especiais que são pais, mesmo ‘sem ser’.

Não tenho ouvidos para os que, revestidos de uma armadura frágil, justificam suas ausências.
Pessoas assim me levam pra longe, nem sempre consigo voltar.

Lamento pelo que perdem.
Jamais saberão o que é abrir os olhos de manhã e ouvir: - Feliz Dia dos Pais, mamãe!

E confesso, ser pai me fez aprender que no amor se aprende a viver o tempo, e não a falta dele.
Serei sempre seu lugar para voltar, filho.
Sempre.

Salve essa legião de ‘pais’ que, a despeito de certidões, amam seus filhos e zelam por eles.
São anjos.
São sim.

Solange Maia

#feliz dia dos pais!


sábado, 11 de agosto de 2018


#dia do advogado