"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 29 de janeiro de 2015



Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos! De que adianta, é assim mesmo. Isso é um processo natural. É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia. Essa lei diz que: A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem do sistema aumenta. Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar. Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós. Com o tempo os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam. Sendo assim, relaxe e aproveite. 

Parafraseando Freud: “A morte é o alvo de tudo que vive”. Se você deixar o seu carro no alto de uma montanha daqui a 10 anos ele estará todo carcomido. O mesmo acontece a nós. O conselho é: Viva. Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez. Como disse um dos meus amigos a sua esposa: “me use, estou acabando!”. Hilário, porém realista.

Ficar velho e cheio de rugas é natural. Não queira ser jovem novamente, você já foi. Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige. Já viveu essa fase, reconcilie com a sua situação e permita que o passado se torne passado. Esse é o pré-requisito da felicidade. “O passado é lenha calcinada. O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto” como já dizia Cícero. Abra a mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabeleira e do alto desempenho pra não se tornar caricatura de si mesmo. Fazendo isso ganhará qualidade de vida. Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado. Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora. 

A flor da idade ficou no pó da estrada. Então, para que se preocupar?! Guarde os bisturis e toca a vida. Você sabe quem enche os consultórios dos cirurgiões plásticos? Os bonitos. Você nunca me verá por lá. Para o bonito, cada ruga que aparece é uma tragédia, para o feio ela é até bem vinda, quem sabe pode melhorar, ele ainda alimenta uma esperança. Os feios são mais felizes, mais despreocupados com a beleza, na verdade ela nunca lhes fez falta, utilizaram-se de outros atributos e recursos. Inclusive tem uns que melhoram na medida em que envelhecem. Para que se preocupar com as rugas, você demorou tanto para tê-las! Suas memórias estão salvas nelas. Não seja obcecado pelas aparências, livre-se das coisas superficiais. O negócio é zombar do corpo disforme e dos membros enfraquecidos.

Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos. Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados prazeres. Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena a ruína sua própria alma. Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase. Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu. Se não viveu na fase devida o melhor a fazer é esquecer. 

A causa do sofrimento está no apego, está em querer que dure o que não foi feito para durar. É viver uma fase que não é mais sua. Tente controlar essas emoções destrutivas e os impulsos mais sombrios. Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido. Não dê ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento. Sua mente estará sempre em conflito se ela se sentir insegura. A vida é o que importa. Concentre-se nisso. A sabedoria consiste em aceitar nossos limites. Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades. Isso é loucura, é exagero. Faça o que pode ser feito com o que está disponível.

Quer um conselho? Esqueça. Para o seu bem, esqueça o que passou. Têm tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está. Coisas do passado não te pertencem mais. Se você tem esposa e filhos, experimente vivenciar algo que ainda não viveram juntos, faça a festa, celebre a vida, agora você tem mais tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute. Aceitando ou não o processo vai continuar. Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora. Nada nos pertence. Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca havia saído de Belo Horizonte. Não posso dizer que pelo fato de conhecer grande parte do Brasil sou mais feliz que ele. Muito pelo contrário, parecia exatamente o oposto. O que importa é o que está dentro de nós, a velha máxima continua atual como nunca: “quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”. Esse é o segredo de uma boa vida.

___Professor Pachecão

"Dai graças em toda e qualquer circunstância, porquanto essa é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”

Tessalonicenses 5:18 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015


Não estou assistindo ao Big Brother, mas vi a chamada para o programa dia desses. Mostrava uma moça, uma das participantes, olhando pra câmera e dizendo com ar dramático: “Eu sou uma guerreira!”. É de dar nos nervos. Guerreira por quê? Porque está participando de um programa de televisão que vai levá-la, no mínimo, à capa da Playboy? Guerreira porque foi escolhida entre milhões de candidatos para ficar comendo do bom e do melhor e jogando conversa fora com um monte de desocupados? As pessoas não têm culpa de serem burras, mas mereciam uma surra por se levarem tão a sério. 

O Big Brother é um programa de tevê como outro qualquer e não defendo sua extinção, mas é preciso ficar atento a certos exageros. Por exemplo, é um exagero condenar o jornalista Pedro Bial por apresentá-lo, o cara está trabalhando, só isso. Por outro lado, ele perde a noção quando chama aquele pessoal de “nossos heróis”. É o mesmo caso do “guerreira”: a troco de que usar essas expressões graves e superlativas para falar de uma brincadeira televisiva onde todos sairão ganhando? 

O que irrita no Big Brother, mais do que sua inutilidade, é o fato de os participantes serem tratados como vítimas. Qual é? Tempos atrás, circulou pela Internet um arquivo PPS que, pela primeira vez na história dos PPS, me tocou. Ele mostra heróis de verdade: homens e mulheres que abrem mão do conforto de suas casas para fazer trabalho voluntário em aldeias na África e em clínicas móveis no Líbano. São pessoas que oferecem ajuda humanitária internacional através do programa Médicos sem Fronteiras e que não medem esforços para dar amparo e assistência a moradores de ruas e demais necessitados, seja no fim do mundo ou aqui mesmo nas ruas do Brasil. Isso é heróico, isso é ser guerreiro. Quantos de nós, bem-nascidos e bem-criados, abrem mão de seus pequenos luxos para ajudar quem precisa?

Por isso, se você é da turma que liga pro Big Brother pra votar em paredões, pense melhor antes de erguer o telefone. Direcione sua ligação para um programa assistencial, gaste seu dinheiro com algo que realmente seja útil. Assista ao BBB, divirta-se e dê audiência, não há nada de errado com isso, mas cada vez que tiver o impulso de ligar pra tirar fulano ou cicrana do programa, se toque: tem gente mais necessitada precisando da sua ligação. O site do UNICEF traz uma lista de entidades com que você pode colaborar dando apenas um telefonema. Quer dar uma espiadinha? Então espie o que está acontecendo à nossa volta. 


♪ Alalaô, mas que calor... 

“Não andeis ansiosos por motivo algum; pelo contrário, sejam todas as vossas solicitações declaradas na presença de Deus por meio de oração e súplicas com ações de graça. E a paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento, guardará o vosso coração e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.”

Filipenses 4:6-7

domingo, 25 de janeiro de 2015


por onde queres entrar: boca, ouvido, vagina?

então entre e fique bem dentro, muito além da periferia
inicie sua turnê pelo interior do meu corpo e descubra
que muito mais que um estômago, um fígado e dois rins
habita em mim uma cidade, um povaréu, outro planeta

experimente meu sangue, dê cá sua língua, lamba
sinta do que é feita a minha umidade, e com muito tato
desdobre meus pensamentos, que é aquela coisa enroscada ali no meio do cérebro, 

desmonte, sacuda, não tenha medo
se cair não quebra, são várias ideias robustas
brigam entre si mas se gostam, moram na mesma casa
e onde faz barulho é onde fica o coração, o musculoso e aflito
tem um som, reverbera, ora forte ora rançoso, 

chegue perto e agora venha cá espiar com meus olhos, veja o que eu vejo
de que jeito enxergo o mundo de dentro pra fora, 
agora a alma, aproxime-se e toque, 
tirando o resto a alma é tudo o que sobra.


sábado, 24 de janeiro de 2015



Homens nunca vão entender o que é menstruação enquanto a publicidade continuar enfeitando as embalagens dos absorventes com florzinhas e usando as mesmas modelos recém-saídas do comercial do leite Molico: sem inchaço, nenhuma cólica, sorrindo com graciosidade e leveza e pulando feito gazelas vestidas de calça justa branca...

Sabem de nada, inocentes!


O amor é feito casinha de joão-de-barro:
é construído devagar, no dia a dia.


Sua matéria-prima é simples,
mas aquece, acolhe.


E a gente mora ali cheio de fé,
confiantes de que estamos protegidos
das nossas próprias tempestades
e do vento frio da solidão.


___Sabrina Davanzo

Mateus 7:24-25

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

último pedido


O nome dele é Marco Cardoso Moreira, tem 50 anos e foi condenado à morte por tráfico internacional de drogas. Ao viajar para a Indonésia em 2003, foram encontrados mais de 13 quilos de cocaína na armação de um paraglider que ele transportava na bagagem, e desde então segue preso, aguardando a execução.

Muitas tentativas ainda estão sendo feitas pelo nosso governo para que Marco não sofra uma pena tão radical, mas chegou a ser anunciado num jornal de Jacarta que o brasileiro irá, nos próximos dias, enfrentar um pelotão de fuzilamento, junto a dois paquistaneses igualmente condenados por aquele país.

Pena de morte é sempre um assunto difícil e controverso. Ainda assim, um detalhe dessa tragédia me fez sorrir – pois é, acontece de a gente, às vezes, encontrar graça nas desgraças. A reportagem que li dizia que os três presos tiveram a chance de fazer um último pedido. Os dois paquistaneses pediram para conversar, pela última vez, com seus familiares. O brasileiro pediu uma garrafa de Chivas.

Não posso garantir a veracidade desse pormenor. Tem muito engraçadinho que escreve o que bem entende: dane-se o fato, publique-se a versão, caso ela pareça mais interessante. Mas, mesmo que não tenha sido bem assim, poderia ter sido, e fiquei pensando que um último pedido é um epitáfio em vida.

Diante da morte iminente, pedir para falar pela última vez com os familiares demonstra o desejo digno de trocar abraços, de se desculpar pelas besteiras cometidas e, vá saber, de revelar aos parentes a senha da sua conta secreta. Emocionante.

Mas eu compreendo o sujeito que, depois de tantos anos isolado num país distante, aguardando um veredicto que, se o livrar do fuzilamento, o conduzirá à prisão perpétua, já não conserva intenções nobres. Com o Diabo bufando em seu cangote e a contagem regressiva chegando perigosamente perto do zero (...6, 5, 4, 3...), ele tem o direito de mandar às favas seus arrependimentos e de só pensar em entornar uma garrafa de uísque antes de sair do ar.

Fausto Wolff faria o mesmo. Keith Richards, nem se fala. Janis Joplin. Pablo Picasso. O que não falta é gente que pediria sua dose com três pedras de gelo – e um amendoinzinho para acompanhar, se não for abuso.

Eu? Daqui onde estou, usufruindo de liberdade e nenhum paredão à vista, tenho a impressão de que agiria com o mesmo coração singelo dos paquistaneses, mas é muito fácil se atribuir virtudes quando não é o nosso destino que está na reta. Por isso é que esta cronista pisca o olho para Marco Moreira e não o condena, ao menos não pelo Chivas.

Uma despedida inspirada em Humphrey Bogart pode não merecer a bênção do Vaticano, mas é sempre mais autêntica e menos dramática. Não há de ser pecado demonstrar alguma insolência no final.


(publicado no Zero Hora em 27/06/12)


Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia.

1Co 15:3,4

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

“férias, pra que te quero?”


Nunca entendi a gana em tirar férias. Essa coisa desesperadora que bate nas pessoas quando completam o ciclo dos onze meses consecutivos. Todo o foco se volta para o planejamento da viagem, as economias começam e todo mundo fica maluco.

Eu adoro férias e juro que compreendo a ansiedade que dá ao ver o calendário diminuindo e a data do tão almejado descanso cada vez mais próxima de se realizar. O que eu não entendo, juro, é outra coisa. Então vamos por partes.

A preparação. A pessoa que trabalha, por exemplo, é a causa da minha curiosidade. Do momento em que ela anuncia a saída até um dia antes do fato se consumar, é uma correria sem limite: corre atrás de agência de turismo, corre atrás de mala nova, de roupa nova, de acessórios novos… No trabalho, faz hora-extra pra aumentar a verba, leva marmita pra economizar o ticket, e às vezes nem almoça pra adiantar o serviço.

Mas vejam que, nessa saga, o camarada trabalhou o dobro do normal, o equivalente a mais um mês de serviço – que seria o próximo!, o de descanso – e tudo isso para que o amigo que o substituirá saiba o-que-fazer-com-o-quê ou ainda de onde-encontrar-o-quê e não o atrapalhe enquanto estiver tomando banho de sol.

Ele passa trinta dias fora, sem ter hora pra levantar, acorda às onze, dorme às duas, engorda de novo todos os quilos perdidos e se sente o rei do nordeste!

O retorno. Quando chega o momento de voltar, outra correria: corre pra ajeitar a casa, corre para lavar a roupa, pra passar a roupa, pra rever os estragos na conta bancária, corre pra colocar a vida em ordem e recomeçar a briga diária. E essa é a segunda parte do processo de sair de férias que me causa estranheza. O infeliz que passou os últimos dias no sossego, que chega no trabalho ainda a passos de tartaruga, mostrando fotos, distribuindo lembrancinhas e contando histórias, sente que a alegria da mamata dura somente até o meio-dia.

E então ele cai na real e vê a quantidade de trabalho acumulado, advindo do mês que passou, pra colocar em ordem, e que o desgraçado-filho-da-puta-corno-viado do seu substituto não seguiu as orientações e fez tudo errado, que vai levar umas duas semanas pra arrumar – isso, claro, sem contar os serviços novos que vão chegando sem parar.

Aí penso eu: coitado, trabalhou o dobro antes, vai trabalhar o triplo depois, e no quarto dia da volta já estará tão estressado quanto no dia em que saiu de férias. Vai passar os próximos onze meses pagando dívida, além da academia pra mandar embora o excesso readquirido.

Ou seja: trabalhou mais para trabalhar um pouco menos.

É isso mesmo, produção?

___Bia Bernardi

Culpa do governo que não fornece ar-condicionado pra todo mundo


... Deus o exaltou e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho.

Fp 2:9,10

sábado, 17 de janeiro de 2015


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

férias...


por você eu largo tudo!!!