"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 24 de abril de 2013

vermelho


Meu coração é vermelho
De vermelho vive o coração
Vermelho, vermelhaço
Vermelhusco, vermelhante
Vermelhão...

(Fafá de Belém)

Desde que o mundo é mundo, as mulheres se surpreendem com os homens.
Sejam boas ou más surpresas, a história do tempo é escrita assim.

Depois de muito questionar, aprendi que rapazes são objetivos e diretos. Por isso, acho a coisa mais fofa do planeta quando eles resolvem fazer bonito pra gente.
Nessas horas, eles deixam qualquer mulher no chinelo. Seja pela falta de jeito em querer fazer tudo certo. Seja pela criatividade quase infantil. Pelo exagero do gesto. Pela capacidade de lembrar detalhadamente todas as frases (e músicas) que a gente adora.

Sejamos francas: homens não medem esforços quando querem agradar. Não economizam tempo, dinheiro. Palavras. Nem atitudes. Às vezes, perdem a medida. A censura. Em alguns casos, até o limite.

Já repararam que homens apaixonados costumam ser mais exagerados que mulheres?
Sim. Para eles, tudo fica pequeno. Tudo parece pouco pra demonstrar o que querem dizer.
Nesses momentos, são os mais corajosos. Lutam bravamente porque sabem que existe uma recompensa maior no final: o coração DELA.  E ai dos amigos que fizerem piada quando ele abrir a porta do carro para você... Ou o recriminarem pela falta no jogo de pôquer ou futebol.

Um homem que vale a pena não tem medo do ridículo. Não tem medo do futuro. Nem tem medo dos amigos.
Na verdade, eles só têm medo de uma coisa: de perder a gente.

E é bem nessa hora, minha amiga, que um cara te ganha. Definitivamente. Porque - cá entre nós - não há nada mais reconfortante que ver que o Super Homem, na verdade, sempre foi (e será) Clark Kent.

É. Acabou-se a era das donzelas indefesas. Não precisamos, nem queremos ser salvas.
Mas, por favor, rapazes, demonstrem o que estão sentindo! Não há superpoder maior – e mais afrodisíaco – que um homem que não tem medo de se expor.

das breguices do amor


Olha só o que o amor é capaz de fazer
Em várias línguas vou me declarar só pra você
I love you, Te quiero, Te amo, Te espero
Please, por favor, merci beaucoup me ame como eu amo tu

(I Love You - Marcos e Belutti)


O que entra pela boca não torna o homem ‘impuro’;
mas o que sai de sua boca, isto o torna ‘impuro’.

As coisas que saem da boca procedem do coração...

Mateus 15:11,18

terça-feira, 23 de abril de 2013

uma questão de tempo...


Houve uma época em que negros, dentro de um ônibus, eram obrigados a ficar em pé, mesmo que houvesse assentos livres. Um dia, uma mulher negra, Rosa Parks, sentou-se e se recusou a levantar para dar lugar a um branco, e começou ali uma mudança de costumes gradual que custou muitas vidas, mas que, por fim, resultou nos dias de hoje, em que negros possuem os mesmos direitos que os brancos, ainda que o racismo não esteja combatido totalmente.

Houve um tempo em que mulher não votava, era discriminada caso se separasse do marido, e pegava muito mal se saía para jantar com as amigas sem que um homem as acompanhasse.

Hoje, os direitos civis são mais amplos, mas sempre haverá questões a evoluir, e elas nunca serão fáceis e rápidas, pois nada demora mais do que mudar uma mentalidade enraizada. É muito difícil deixar uma zona de conforto, um pensamento já fundamentado. Sentimo-nos desprotegidos diante de ideias novas e não raro julgamos que o mundo irá entrar em colapso caso as regras do jogo se alternem. Porém, já está provado que as regras mudam e o universo não colapsa – se adapta.

É no que penso quando vejo essa gritaria em torno do pastor e deputado Marco Feliciano. Ele próprio já sabe que é carta fora do baralho, porém está se agarrando como pode ao seu cargo e ao seu discurso, que será ultrapassado logo ali, na próxima curva. É uma questão de tempo, e esse tempo é necessário para a maturação de um novo mundo – a humanidade é feita de sucessivos “novos mundos”, que são inaugurados um após o outro, a despeito das forças contrárias.

Correndo em paralelo, a discussão em torno do casamento gay se dá no mesmo ritmo. Legalizado na Argentina, depois no Uruguai, é questão de tempo sua legalização aqui no Brasil, e chegará um dia em que nossos bisnetos olharão para trás e considerarão inacreditável que houvesse pessoas que não aceitassem que dois homens ou duas mulheres tivessem uma união estável reconhecida.

Ninguém precisa aderir, nem gostar, mas não se pode ignorar ou impedir: pessoas se sentem atraídas umas pelas outras, amam umas as outras, independentemente do gênero, e isso é mais forte do que qualquer preconceito. Assim como existiu quem achasse natural que um negro cedesse seu lugar a um branco no ônibus e que uma mulher não tivesse direito a votar nos políticos que a representariam, ainda há quem considere natural que um gay seja considerado menos cidadão do que um hétero.

Seja por razões étnicas, religiosas ou sociais, temos a tendência em querer manter as coisas como estão, pois ficamos aterrorizados diante do que não conhecemos. Porém, é só observar o curso da História para comprovar que a resistência, ainda que legítima, é ineficaz: nada se mantém o mesmo por muito tempo, nem a sociedade, nem cada um de nós, em nossas vidas particulares. Por mais tensas e aflitivas que sejam as adaptações, quando justas elas são feitas, e no final das contas, nem o mundo termina, nem o diabo dá as caras.

***
#pitaco
Talvez seja mais difícil explicar porque duas pessoas do mesmo sexo se beijam
do que explicar porque os seres humanos matam ou roubam,
outros se anestesiam com drogas pesadas
e outros usam cargos políticos para fazer falcatruas.

Não sou “mente pequena”, retrógrada,
“gente antiga” e muito menos homofóbica.

O mandamento maior é: “Amar a Deus de todo o seu coração,
de toda a sua alma e de todo o seu entendimento...
e amar o seu próximo como a si mesmo”.
(Marcos 12:30-31)

Jesus falou sobre amor, compreensão, bondade, respeito e não julgar o próximo.
Ele andava entre ladrões, prostitutas e adúlteros.
Jesus ama o pecador, mas não concorda com o pecado que ele pratica.

Ainda que eu não entenda essa “evolução sexual*”, eu respeito.
Mas fico assustada com o rumo que o mundo está tomando.
Eu concordo com as leis, mas será que tudo que é legal é moral?!?
Se bem que falar de moral, principalmente no Brasil...
Melhor não entrar nesse mérito.


*não sei como referir

***

A boca fala do que está cheio o coração
Mateus 12:34

segunda-feira, 22 de abril de 2013

o bom filho a casa torna!


Eu fui ao culto ontem…
E a igreja não desmoronou!

Estou precisada de me aproximar mais de Deus e é muito bom ir à casa d’Ele.
Me senti tão bem. Tão bem recebida, apesar de ter estado tão distante, apesar de ser tão relapsa...

Preciso ser mais grata... tenho tanta coisa para agradecer.

Ao invés de pedir saúde, paz, dinheiro, etc, etc e etc... eu pedi um coração agradecido.

Senhor meu Deus e meu Pai, eu te agradeço por TUDO que tens feito em minha vida.
Por tudo que já passei: problemas, lutas e sofrimento e o Senhor sempre esteve do meu lado, me mostrando que tudo que me acontece, concorre para o meu bem, pois me fará crescer e amadurecer.
Obrigada Senhor, pelas alegrias que tenho, por se preocupar em colocar pessoas tão especiais no meu caminho.
Obrigada Senhor, pelo Seu amor e Seu cuidado.
Obrigada Senhor, por nunca desistir de mim!


Outro dia participei de uma mesa-redonda que propunha uma discussão sobre amizade feminina.
Existe mesmo?
Há quem acredite que as mulheres são eternas concorrentes e, portanto, muito pouco leais.

Existe amizade feminina, sim.
Amizade real, sólida e vitalícia.
O que acontece é que as mulheres se envolvem muito na vida umas das outras e isto, como em qualquer relação, gera alguns mal-entendidos, ciúmes e até brigas feias, o que faz parecer que a amizade entre mulheres é frágil.

Os homens são menos invasivos, não se envolvem tanto com a intimidade dos amigos.
Por isso, atritam-se menos e passam a idéia de serem mais estáveis.

A amizade é o melhor e, provavelmente, o único antídoto contra a solidão.
E não precisa ser uma amizade grandiloqüente, do tipo grude vinte e quatro horas e sem segredos.
Uma amizade pode ser forte e leve ao mesmo tempo.
E melhor ainda, se forem amizades variadas.
Uma boa amiga para ser sua sócia, outra boa amiga para dar dicas de viagens, uma amiga especial para conversar sobre sentimentos escusos, outra amiga fantástica para falar sobre livros e filmes, uma amiga indispensável para lhe dar um ombro quando você está caidaça.

Nenhum problema em departamentalizar.
Ao menos nas amizades, viva a poligamia.

Amigos homens são igualmente imprescindíveis.
Quando ouço que não existe amizade entre homem e mulher por causa da possibilidade de um envolvimento amoroso, pergunto: e daí?
Qual o problema de haver uma sensualidade no ar?
Todas as relações incluem alguma espécie de sedução - todas.

Amigo homem é bom porque eles não falam toda hora sobre filhos, empregadas, liquidações, esses papos xaropes.
Amigo homem não faz drama, ri das nossas manias, traz novos pontos de vista sobre as coisas que nos angustiam, não pede nossas roupas emprestadas, e o que é melhor, comenta sobre suas ex-namoradas e com isso acaba nos dando dicas muito úteis para enfrentar esta tal guerra dos sexos.

Amiga de infância, amiga irmã, amigo homem, amigo gay, amigos virtuais, amigos inteligentes, amigos engraçados, amigos que não cobram, que não são rancorosos, amigos gentis, amigos que mantêm-se amigos na distância e no silêncio, todos eles ajudam a formar nossa identidade e a nos sentir protegidos nesta sociedade cada vez mais bruta e individualista.

E não posso esquecer do melhor amigo de todos, e não é seu cachorro, seu gato ou seu hamster, estou falando daquele ser humano com quem a gente casou, aquela pessoa que convive conosco dia e noite, numa promiscuidade escandalosa e cujo vínculo se mantém com muita paciência, humor, respeito e solidariedade, tal qual acontece entre os verdadeiros amigos do peito.

Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados,
e eu lhes darei descanso.
Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.
Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

Mateus 11:28-30

domingo, 21 de abril de 2013

a Isabela chegou...


Ela chegou ao mundo ontem, linda e cheia de saúde.
Parabéns ao Christian e Fernanda, por esse anjo enviado por Deus...
Que ela seja bênção na vida de vocês e que “cresça em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens”. (Lc 2:52)


“Quando nasce um bebê…
nasce uma mãe,
nasce a cumplicidade,
o silêncio,
a delicadeza,
nasce a saudade,
a insegurança,
nasce o diálogo,
nasce um pai,
a amizade,
a vontade de viver mais.

Quando nasce um bebê a vida renasce”

(da propaganda Johnson & Johnson)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

da alegria da mamãe...


Acordei pela manhã, já pensando nas roupas que estavam pra lavar e ainda tinha que podar umas plantas que o bebê pediu.
Estava eu reclamando de ter que abrir o portão da garagem pra ele sair para o escritório, quando ele parou o carro, olhou para mim e disse:

- “Mãe, você é chata pra caramba, mas é a melhor mãe que eu tenho!”

Conclusão:
Máquina de lavar roupas: R$ 900,00
Jardineiro: R$ 60,00
Portão eletrônico: R$ 1.400,00
Receber uma declaração de amor (???) do filho: não tem preço

“Existem coisas que o dinheiro não compra,
para todas as outras existe Mastercard”

(Tinha que largar tudo e vir aqui registrar, né?
Podia ser pior... )
O amor nos pede a escolha:

Ser do tamanho do medo ou da coragem

dos medos


Meu maior medo não é morrer sozinho, ainda que morrer sozinho, sem visitas em um hospital ou sem pássaros num asilo, é tão triste quanto uma pilha de discos de vinil para vender.
Meu maior medo é viver sozinho e não me acompanhar.
Meu maior medo é ter um dia de aniversário por ano para lembrar de que não nasci, de que estou "apenas olhando".
Meu maior medo é perder a curiosidade da solidão. Ficar com alguém para disfarçar a espera, esquecendo do egoísmo de prender esse alguém de uma nova chance.
Meu maior medo é ser reconhecido por aquilo que poderia ser.
Meu maior medo é dizer sim para desistir depois, dizer não para querer depois.
Meu maior medo é não ser avisado pelo medo.
Meu maior medo é fingir que estou bem e me contentar em afirmar "o problema não é você, sou eu" em cada fim de relacionamento. E não acreditar nisso, seguir sendo o problema dos outros para me livrar de meu problema.
Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir.
Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar compaixão dos garçons.
Meu maior medo é ajudar as pessoas porque não sei me ajudar.
Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda.
Meu maior medo é a necessidade de ligar a tevê enquanto tomo banho.
Meu maior medo é conversar com o rádio em engarrafamento.
Meu maior medo é enfrentar um final de semana sozinho depois de ouvir os programas de meus colegas de trabalho.
Meu maior medo é a segunda-feira e me calar para não parecer estranho e anti-social.
Meu maior medo é escavar a noite para encontrar um par e voltar mais solteiro do que antes.
Meu maior medo é não conseguir acabar uma cerveja sozinho.
Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim.
Meu maior medo é a expectativa de dar certo na família, que não me deixa ao menos dar errado.
Meu maior medo é escutar uma música, entender a letra e faltar uma companhia para concordar comigo.
Meu maior medo é que a metade do rosto que apanho com a mão seja convencida a partir com a metade do rosto que não alcanço.
Meu maior medo é escrever para não pensar.

Não perca o agora, o hoje e tudo que está ao seu redor.
Principalmente as pessoas.
Pois, se não notou, é por elas que você busca grandes coisas.
De todos os beijos que você dá, nunca saberá qual deles será o de despedida.

Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta.
Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta.
Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra?
Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra?
Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!

Assim, em tudo,
façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam.

Mateus 7:7-12

quinta-feira, 18 de abril de 2013


Todos vêem aquilo que você parece


poucos percebem o que você é


                                                                                           (Maquiavel)


Não existe amor errado. Existe somente amor que não se convenceu. É senso comum defender que o casamento desmorona após dez ou quinze anos. Que chega a monotonia, o tédio, o marasmo. Os casados têm que atravessar uma praga, uma maldição dos divorciados, desbastar o olho gordo, resistir a essa música bate-estaca nos ouvidos. Quem pergunta "quanto tempo tem seu casamento?" e recebe uma resposta acima de uma década, solta uma risadinha cínica. A risadinha cínica está a afirmar: "espera, a tragédia virá!".

Casado, me vejo como um ingênuo, um idealista, como uma criança que olha sexo na tevê e o pai apaga e avisa que no futuro ela entenderá. Não concordo com o hábito de ser pessimista para não sofrer depois. O pessimista sofre duas vezes, antecipando e cumprindo. O otimista, no máximo, sofre uma única vez. E nem sempre se aprende com o sofrimento. Já vi gente que sofre barbaridade e não muda nada. Sofre e termina mais egoísta, mais cético, mais isolado, mais frio. Pode-se aprender com alegria, não? A alegria ensina, ainda mais depois das dificuldades.

Da onde vem essa fobia da longa convivência? Será que a mulher com quem vivemos se torna indiferente, deixa de oferecer toda a intensidade de antes, ou o amor é que se torna mais exigente com o tempo e se especializa em reivindicar. Poucos param para sondar essa hipótese: é natural o amor ficar excessivamente severo, já que agora tem uma história e a fortuna dos dias, a tal ponto que cobra o que nem precisava. Não é o amor de antes que acabou, o amor de antes ficou tão grande que vê tudo como falta de amor. Perto do que se transformou, o mundo é pequeno para alojá-lo.

O amor é insaciável. Quanto mais obtém mais quer. Diferente da amizade que não aposta alto e se contenta em proteger o que obteve em vida. A amizade larga a roleta ao empenhar um único lance. O amor não. O amor se endivida até pedir falência. O amor tem uma fome obscena, pois devora a própria memória se necessário, devora a própria imaginação se preciso.

O que cada um representa individualmente é diferente do amor dos dois, assim como um filho é diferente dos pais. O amor dos dois é uma outra entidade, resultado de todos os momentos em que sentaram juntos e dividiram os movimentos das sobrancelhas. O amor dos dois é mais forte do que o amor pessoal. O amor dos dois faz com que o passado seja pouco, que o futuro seja pouco, que o corpo seja pouco. O amor dos dois é justamente o que pode apartar. Incrivelmente o marido e a mulher sentem ciúme do amor que criaram.
Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles.
Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos.
Em construir castelos sem pensar nos ventos.
Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim.
A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes.
Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica.
Dá sempre pra tirar um coelho da cartola.
E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos.
Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo.
Eu sei que vou. Insisto na caminhada.
O que não dá é pra ficar parada.
Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola.
E refaço. Colo. Pinto e bordo.
Porque a força de dentro é maior.
Maior que todo mal que existe no mundo.
Maior que todos os ventos contrários.
É maior porque é do bem.
E nisso, sim, acredito até o fim.

Não julguem, para que vocês não sejam julgados.
Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês.
Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?
Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu?
Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.

Mateus 7:1-5

quarta-feira, 17 de abril de 2013


Sigo sozinha, em silêncio, monologando internamente sobre esta dor que me ocorreu sentir enquanto elogiam o meu sorriso: eis a minha sina.


Não-ter pode ser bonito, descobri.


Pais heróis e mães rainhas do lar.

Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos.
Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça.
A rainha do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá prá implicar com a empregada.

O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra?
Fizeram 80 anos. Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso.
Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional.

Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam.
Não fazem mais planos a longo prazo, agora se dedicam a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Estão com manchas na pele.
Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.

É complicado aceitar que nossos heróis e rainhas já não estão no controle da situação. Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.

Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.
Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular e ainda temos a cara-de-pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso: calça de brim? frege? auto de praça?

Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.
Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.

É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.

Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas lhes serão acrescentadas.

Mateus 6:33

terça-feira, 16 de abril de 2013


Tem pessoas que chegam
à nossa vida realmente
mandadas por Deus

Obrigada, Deus
por deixar
uns anjos passearem por aqui

Há rugas na face de papai.
Perecem tensas e, por algum motivo, quando as vejo, sinto vontade de chorar.
Não é por tristeza, nem por orgulho.
É só que gosto do jeito de elas se mexerem e mudarem.
Às vezes acho que meu pai é um acordeão.
Quando ele olha para mim, sorri e respira, eu escuto as notas.

(do livro A menina que roubava livros)

O que você prefere ser?
Metade da laranja, tampa da panela ou panela da tampa?
Esse será o tema de hoje.

Eu discordo dessa ideia de que a gente precisa de alguém para ser feliz, que sem fulano eu não sou vivo... essa coisa de você me completa, de nunca mais vou amar outra pessoa...
Eu acho que a gente tem que ser inteiro de verdade primeiro, para depois escolher alguém para compartilhar o que você é.
Tem que ser alguém com quem você vai estar ao lado porque quer e não porque precisa.
Não é justo jogar a responsabilidade da sua felicidade nas mãos de outra pessoa.
Sufoca o outro enquanto esvazia você.
Eu já fui sufocada várias vezes.
A reação não é sustentável. É constrangedora.
Demorei para encontrar alguém completo como eu... quando encontrei, não hesitei em aceitar o pedido de casamento.
Foi aí que entendi a insegurança nos pedidos anteriores: é que eu não queria assumir a responsabilidade de ser tudo aquilo que queriam que eu fosse.
Eu não queria preencher o vazio dos namorados incompletos.

Mas o mundo inteiro acredita que é incompleto e precisa de uma alma gêmea.
As pessoas falam que estão procurando “a metade da laranja”.
Tem até uma música do Fábio Júnior que fala isso.

Só que se você for ver, a laranja nasce inteira e só é partida ao meio na hora de fazer o suco.
E como é que a gente faz um suco de laranja?
A gente usa o caldo e joga o bagaço fora. É ou não é?
Eu, hein! Tô fora de ser laranja.
Fala sério. Quem é que sonha em ser a metade de uma laranja procurando a outra metade?

Pode crer. Essas metades nunca mais vão se juntar para fazer a laranja inteira.
Só dá pra juntar mesmo o caldo no suco.
Deve ser por isso que os relacionamentos baseados nas metades da laranja não dão certo.

Também tem a tampa da panela. Mas você prefere ser a tampa ou a panela?
Boa pergunta.
A panela é quem recebe os ingredientes que são admirados e consumidos.
A tampa só serve para ajudar a reter o calor que serve para acelerar o cozimento ou manter o conteúdo aquecido por mais tempo. Ou ainda, para evitar que caia sujeira ou o acesso das moscas e impedir que caiam respingos de óleo ou molho no fogão ou no cozinheiro.
Ninguém dá importância à tampa. Só na hora de procurá-la para tampar a panela.
Ninguém escolhe primeiro a tampa e depois a panela, e sim, a panela e depois a tampa.
Quando o arroz fica pronto e se destampa a panela, a tampa já era.

Se for comparar com a cultura que a gente tem de que o homem é o provedor financeiro e a mulher é a auxiliadora doméstica, então a panela é o homem e a tampa é a mulher.

Caramba! Viajando na maionese, dá pra imaginar porque é tão difícil achar um homem que seja de uma mulher só: quando uma panela tem tampa, ela é projetada e fabricada junto. Já vem com o par. Só que para tampar uma panela, não precisa necessariamente ser aquele par. Cabe outras tampas do mesmo tamanho, e até outras maiores. Só não dá pra usar uma tampa menor. E tem mais. Pode até existir a tampa do conjunto da panela. Mas qualquer outra tampa também pode servir. Inclusive a tampa de outro conjunto.

Eu dou muita risada ao recordar os namorados “metade da laranja”, pessoas incompletas que jogam a responsabilidade da felicidade nos outros, os namorados “panela” — pessoas que puxam toda a responsabilidade pra si, mas que precisam de alguém para ajudar, e os “tampa de panela” — que só servem para dar aquela ajudinha mas não conseguem assumir algo mais grandioso.

Como hoje estou numa outra fase (casada e com uma filha), e como todo mundo que é feliz, acho que essa alegria toda pode servir de exemplo para alguém, me atrevo a dar alguns conselhos:

Cara, pense bem antes de dizer a uma garota que ela é a metade da laranja que você estava procurando. Será que é isso o que ela quer ser?
Uma pessoa partida ao meio e cujo bagaço será jogado fora depois que o caldo do seu suco for retirado dela?
Ser metade da laranja é ser incompleto para sempre, pois as laranjas jamais voltam a se unir às suas metades arrancadas.
Só prossiga nesse papo se seu lance for honestidade e você estiver realmente à procura de alguém para tirar um caldo e sair fora.

Quando os caras falam em tampa da panela, acham que estão sendo caseiros, aquele cara bem família.
Tudo bem. Pode até ser, já que a relação de significado é coerente. Mas é importante lembrar que uma pessoa tampa de panela é um tipo de auxiliar para qualquer coisa que não mereça destaque. É a pessoa que nunca será destaque para nada. É alguém que jamais recebe uma grande responsabilidade.
Algumas mulheres se encaixam nesse perfil como uma tampa na panela, literalmente.
Outras querem mais, muito mais do que isso.

Pra ser feliz com alguém, primeiro a gente tem que ser inteiramente feliz com a gente mesmo.
Aí vai poder compartilhar essa felicidade. Até porque ninguém pode dar a alguém aquilo que não tem.
E, como dizem os poetas, a felicidade é uma estrada e não um destino, é possível sim ser feliz sozinho. Mas é muito melhor ter alguém com quem compartilhar a alegria de viver e de ser quem se é — inteiro, com alguém que também é inteiro.
Assim, só haverá somas e não subtrações de felicidade.

(Débora Carvalho - colunista do Digestivo Cultural)

Vocês, orem assim:
‘Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome.
Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.
Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.
Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.
E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém’.

Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará.

Mateus 6:9-14

segunda-feira, 15 de abril de 2013

do mundo politicamente correto


Atirei o pau no gato. Não, coitado do gato! Atirei o pau no chão. Não, atirar é feio. Tirei o pau do chão. Opa. Ficou obsceno. Bom, mas o importante é que o gato não morreu. Ufa.

O estilista Ronaldo Fraga em seu último desfile na São Paulo Fashion Week, abordou o futebol. Ronaldo e o maquiador Marcos Costa optaram por colocar palha de aço nos cabelos de modelos brancas, brincando com o cabelo duro dos negros, a quem o futebol foi território proibido até os anos 1930.

Resultado: o pessoal preferiu focar na palha de aço, como se todo o entorno não contextualizasse e o fizesse fazer sentido. Declarações furiosas surgiram nas redes sociais, acusando o estilista até mesmo de marketeiro, como se tivesse buscado a polêmica para que ela lhe trouxesse holofotes. E Ronaldo precisa disso?

Enquanto isso, no mundo ideal as loiras são sempre inteligentes, a nega não tem mais cabelo duro, a Mônica não é mais dentuça, o Cascão toma banho e o Cebolinha foi à fonoaudióloga.
Tudo pra não ofender ninguém.
A nega de cabelo lindo adora pentear. Porque faz progressiva, não se permite mais o cabelo crespo. Trechos do Sítio do Pica-pau Amarelo vão ser excluídos, porque entendem que a Tia Nastácia era uma negra explorada por Dona Benta.
No mundo ideal, o lobo mau jamais pensou em comer a Vovozinha – aliás, Vovozinha é a sua avó: como chamar assim uma pessoa que está na melhor idade?

O cravo não briga com a rosa – nem aqui, nem ali, nem debaixo de uma sacada –, pois se o fizer é enquadrado na Lei Maria da Penha.
No mundo politicamente correto ninguém ri, já que não se podem contar piadas – alguém pode se ofender.

Mas no fundo, você sabe que também achou graça na piada.

Ronaldo Fraga é descendente de negros, como a maioria de nós, brasileiros. Não alisa os cabelos. Mas falta a Ronaldo o que no mundo ideal tem 1001 utilidades: a hipocrisia.

“Para os defensores do politicamente correto, tudo é justificado dizendo que você é pobre, gay, negro, índio, ou seja, algumas das vítimas sociais do mundo contemporâneo. Não se trata de dizer que não há sofrimento na história de tais grupos, mas sim dos exageros do politicamente correto em querer fazer deles os proprietários do monopólio do sofrimento e da capacidade de salvar o mundo. O mundo não tem salvação”.

(texto adaptado com alterações)

Posso ser cheia de dúvidas, mas se tem uma coisa que não faz parte da minha vida é a paralisia.
Você até pode me ver reclamar, berrar, me contorcer, mas de maneira nenhuma vai me ver calar, aceitar e me conformar com o que não for bom pra mim.
Posso sentir meu passo lento, meu caminho incerto, mas você nunca vai me ver no acostamento esperando alguém passar pra me levar na garupa.
Eu vou nem que eu tenha que ir andando, nem que eu tenha que voltar pra arrumar outra forma de ir de novo.

Na vida, meu caro, não dá pra deixar barato. Arriscar é preciso.

Então, segue a risca ________ mas não deixa sua história em branco.

Quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros.
Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa.
Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita.

Mateus 6:2-3

sábado, 13 de abril de 2013

tirando a poeira...


Senti falta daqui...
Senti falta da velha rotina: acordar, colocar água pra ferver, ir ao banheiro, escovar os dentes, fazer o café e sentar aqui, com o copo saindo fumaça e escolher os textos que vou postar.

Depois de 10 dias de Cinderela, voltei a ser a Gata Borralheira.

Minha casa clamava por limpeza e, mesmo judiadinha do jeito que ela está, merecia ser ouvida...
Sou pobre, mas sou limpinha... e, já que não tem tu, vai tu mesmo!

Me considero a mulher bombril, e nem é por causa dos meus cabelos...
É que sozinha, concilio as tarefas de ser mulher, mãe, dona de casa, e ainda ‘trabalho fora’.
Lavo e passo minha própria roupa, limpo minha própria casa, lavo minha própria louça, cuido do meu próprio filho, pago minhas próprias contas e administro minha própria beleza.

Isso dá a maior canseira...
E a PEC das donasdecasa... quem vai criar?
A gente também é gente, poHa!

E nessa labuta inglória de varrer-limpar-lavar-passar-faxinar-cuidar, fiquei pensando no quanto o meu dia é cheio de enquanto...

Enquanto o ‘bebê’ não levanta, eu venho pro micro postar;
Dou uma ajeitada na casa, enquanto a roupa está na lavadora;
Enquanto passo roupa, eu me informo com as notícias na TV;
Eu assisto novela, enquanto namoro ao telefone;

Bom... vou deixar de lado os entretantos e partir pros finalmentes:
estou de volta!

E então,
vamos passear no bosque enquanto seu lobo não vem!

Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem...

Mateus 5:44

#difícilcoisa