"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018



Um jovem perguntou:
“Vovô, como você viveu antes?
- Sem tecnologia
- Sem aviões
- Sem internet
- Sem computadores
- Sem tv’s de plasmas ou led
- Sem ares condicionados
- Sem carros
- Sem celulares, tablets, notebook e laptop?

O vovô respondeu:
“Como a sua geração vive hoje:
Sem oração,
Sem compaixão,
Sem honra,
Sem respeito,
Sem vergonha,
Sem esforço,
Sem responsabilidades,
Sem modéstia.

Nós, as pessoas nascidas no século passado, somos abençoadas.

Nossa vida é prova viva:

 - Enquanto andávamos de bicicleta, não usávamos capacetes.
 - Depois da escola, jogávamos até o anoitecer, no bairro, sem medo.
 - Nós brincávamos com amigos reais, não com amigos da internet.
 - Se tivéssemos sede, beberíamos água da mangueira, não engarrafados.
 - Não havia perigo de compartilhar o mesmo copo de suco com quatro amigos.
 - Não ganhamos peso comendo junk food.
 - Nem nos aconteceu nada caminhando com os pés descalços.
 - Nunca usamos um suplemento para nos manter saudáveis.
 - Nós costumávamos criar nossos próprios brinquedos e brincar com eles.
 - Os pais não eram ricos. Eles davam amor, não coisas materiais.
 - Não tínhamos telefone, celulares, DVD, Play Station, Xbox, jogos de vídeo, computadores pessoais, internet, redes sociais: nós tínhamos amigos reais.
 - Nós visitávamos a casa de nossos amigos sem termos sido convidados e apreciávamos a refeição com eles.
 - Os parentes viviam nas proximidades para aproveitar o tempo da família.

Podemos estar em fotos em preto e branco, mas você pode encontrar memórias coloridas nessas fotos.
Somos uma geração única.
Somos uma edição limitada.
Todos os dias somos menos. 

Aproveite enquanto você pode.
Aprenda conosco!



A mulher viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de se comer. E ela pensou como seria bom ter entendimento. Aí apanhou uma fruta e comeu; e deu ao seu marido, e ele também comeu. 
Nesse momento os olhos dos dois se abriram, e eles perceberam que estavam nus. Então costuraram umas folhas de figueira para usar como tangas.

Gênesis 3:6-7 / NLTH

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018


vocabulário feminino


Se eu tivesse que escolher uma palavra - apenas uma - para ser item obrigatório no vocabulário da mulher de hoje, essa palavra seria um verbo de quatro sílabas: descomplicar. 

Depois de infinitas (e imensas) conquistas, acho que está passando da hora de aprendermos a viver com mais leveza: exigir menos dos outros e de nós próprias, cobrar menos, reclamar menos, carregar menos culpa, olhar menos para o espelho.

Descomplicar talvez seja o atalho mais seguro para chegarmos à tão falada qualidade de vida que queremos - e merecemos - ter.

Mas há outras palavras que não podem faltar no kit existencial da mulher moderna. Amizade, por exemplo. Acostumadas a concentrar nossos sentimentos (e nossa energia...) nas relações amorosas, acabamos deixando as amigas em segundo plano. E nada, mas nada mesmo, faz tão bem para uma mulher quanto a convivência com as amigas. Ir ao cinema com elas (que gostam dos mesmos filmes que a gente), sair sem ter hora para voltar, compartilhar uma caipivodca de morango e repetir as histórias que já nos contamos mil vezes - isso, sim, faz bem para a pele. 

Para a alma, então, nem se fala. 

Ao menos uma vez por mês, deixe o marido ou o namorado em casa, prometa-se que não vai ligar para ele nem uma vez (desligue o celular, se for preciso) e desfrute os prazeres que só uma boa amizade consegue proporcionar.

E, já que falamos em desligar o celular, incorpore ao seu vocabulário duas palavras que têm estado ausentes do cotidiano feminino: pausa e silêncio.
Aprenda a parar, nem que seja por cinco minutos, três vezes por semana, duas vezes por mês, ou uma vez por dia - não importa - e a ficar em silêncio. 
Essas pausas silenciosas nos permitem refletir, contar até 100 antes de uma decisão importante, entender melhor os próprios sentimentos, reencontrar a serenidade e o equilíbrio quando é preciso.

Também abra espaço, no vocabulário e no cotidiano, para o verbo rir. 
Não há creme anti-idade nem botox que salve a expressão de uma mulher mal-humorada.
Azedume e amargura são palavras que devem ser banidas do nosso dia a dia. 
Se for preciso, pegue uma comédia na locadora, preste atenção na conversa de duas crianças, marque um encontro com aquela amiga engraçada - faça qualquer coisa, mas ria. 
O riso nos salva de nós mesmas, cura nossas angústias e nos reconcilia com a vida.

Quanto à palavra dieta, cuidado: mulheres que falam em regime o tempo todo costumam ser péssimas companhias. Deixe para discutir carboidratos e afins no banheiro feminino ou no consultório do endocrinologista.
Nas mesas de restaurantes, nem pensar. Se for para ficar contando calorias, descrevendo a própria culpa e olhando para a sobremesa do companheiro de mesa com reprovação e inveja, melhor ficar em casa e desfrutar sua salada de alface e seu chá verde sozinha.

Uma sugestão? Tente trocar a obsessão pela dieta por outra palavra que, essa sim, deveria guiar nossos atos 24 horas por dia: gentileza. 
*Ter classe não é usar roupas de grife: é ser delicada.* 

Saber se comportar é infinitamente mais importante do que saber se vestir. Resgate aquele velho exercício que anda esquecido: aprenda a se colocar no lugar do outro, e trate-o como você gostaria de ser tratada, seja no trânsito, na fila do
banco, na empresa onde trabalha, em casa, no supermercado, na academia.

E, para encerrar, não deixe de conjugar dois verbos que deveriam ser indissociáveis da vida: sonhar e recomeçar. 

Sonhe com aquela viagem ao exterior, aquele fim de semana na praia, o curso que você ainda vai fazer, a promoção que vai conquistar um dia, aquele homem que um dia (quem sabe?) ainda vai ser seu, sonhe que está beijando o Mel Gbson...

Sonhar é quase fazer acontecer. Sonhe até que aconteça. E recomece, sempre que for preciso: seja na carreira, na vida amorosa, nos relacionamentos familiares. 

A vida nos dá um espaço de manobra:
use-o para reinventar a si mesma.

E, por último (agora, sim, encerrando), risque do seu Aurélio a palavra perfeição. 
O dicionário das mulheres interessantes inclui fragilidades, inseguranças, limites. 
Pare de brigar com você mesma para ser a mãe perfeita, a dona de casa impecável, a profissional que sabe tudo, a esposa nota mil. 
Acima de tudo, elimine de sua vida o desgaste que é tentar ter coxas sem celulite, rosto sem rugas, cabelos que não arrepiam, bumbum que encara qualquer biquíni. 
Mulheres reais são mulheres imperfeitas. E mulheres que se aceitam como imperfeitas são
mulheres livres. 

Viver não é (e nunca foi) fácil, mas, quando se elimina o excesso de peso da bagagem (e a busca da perfeição pesa toneladas), a tão sonhada felicidade fica muito mais possível.

Leila Ferreira



“O que planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será recompensado de acordo com o seu próprio trabalho.”

1 Coríntios 3:8

domingo, 25 de fevereiro de 2018


uma carta para mim mesma 10 anos atrás


Olá, Cris,
Sou eu, você. Ou melhor: sou você, eu. Quem diria que depois de tantos anos escrevendo para si mesma nos seus diários, você finalmente receberia uma resposta. Sim, de si mesma, só que dez anos à frente, para lhe dar alguns conselhos. Se eu fosse você – aliás, eu sou – leria com atenção.

Nesse momento, você está se preparando para uma viagem em que pretende realizar três sonhos: conhecer Paris, engravidar e salvar seu casamento. Não é preciso ser vidente para saber que Paris não é Aparecida do Norte e, portanto, não faz milagres. Duas de suas três tentativas falharão, mas você voltará da Europa apaixonada – por Paris, não pelo seu marido. E voltará gestando a certeza de que quer se separar. Adianto que essa será uma boa decisão.

E se você acha que esse movimento será emocionante, ainda não viu nada. O melhor está por vir – e o pior também, mas acredite: muitas vezes o melhor e o pior vêm juntos. 
Para vir ao mundo você pediu com muita emoção, então agora não adianta reclamar. Pronto, paramos por aqui. Não vou contar mais nada do que vai acontecer nos próximos dez anos. Até porque se eu contar, pode ser que não aconteça. Só andei um pouco adiante para ver melhor as coisas e, se me permite, deixar-lhe esses conselhos:

1. Tenho uma péssima notícia: a vida não pode ser controlada. A boa notícia é que quando você entende isso, relaxa e vive muito melhor.
2. Aprenda a dosar suas expectativas, pois elas tornam tudo mais sofrido. A ausência de expectativas é um mundo de possibilidades.
3. Assista a uma palestra de Clovis de Barros Filho. Ele vai dar um segundo passo depois do André Comte-Sponville para que você se interesse por filosofia. Acredite, ele é tão genial, que você nem vai perceber que a palestra dura mais de uma hora.
4. Saiba: senso de humor é um grande salva-vidas. Alguns fatos podem passar de tragédia a comédia graças a um bocado de distanciamento.
5. Cultive as gargalhadas. Elas podem ser tão boas quanto sexo – com a vantagem de você poder praticá-las com qualquer um. Em vez de ficar perseguindo a felicidade, curta as alegrias simples de cada dia. Pinte paredes. Faça trabalhos manuais, saia pra observar as vacas. Pare de pensar e deixe-se sentir. Incrível como isso vai fazer seu pensamento voar mais longe.
6. Cuidado com a internet. Ela parece ótima, mas pode ser um perigo para distrair você dos seus objetivos e fazer de uma pessoa organizada um caos em forma de gente. Aprenda desde já a usar o método Pomodoro. Ele foi inventado quando você tinha 10 anos e nunca foi tão necessário quanto agora.
7. Mude sua relação com o dinheiro. Você não vai morrer amanhã – você, não (desculpe-me, mas o seu senso de humor vai ficar cada vez mais afiado com o tempo). Saber usufruir do dinheiro é bom, mas guardar outro tanto também é uma forma de liberdade.
8. Não abandone hábitos que você cultiva com carinho em favor de amor algum. O cinema que você frequenta sozinha toda semana. A música que te acompanha nos afazeres de casa. Deixar de fazer o que você gosta é atribuir ao outro a responsabilidade pela sua felicidade – e a receita para uma vida triste a dois.
9. Aliás, chega de se entregar a ponto de sentir falta de si mesma. Aprecie sua própria companhia e descubra o quanto ela pode ser divertida. O resto é consequência.
10. Não alimente a ideia machista de um príncipe provedor. Você não tem perfil para depender de ninguém além de si mesma. E se eu contar que você vai querer trabalhar até o seu último minuto de vida, simplesmente porque vai passar a sentir muito mais prazer com o trabalho? Só não vou dizer que trabalho será esse, pois eu mesma ainda não sei nomeá-lo.
11. Pare de tomar refrigerante. Você vai ver que não faz a menor falta. Dê uma chance ao repolho roxo – ele é como algumas peças de roupas, só precisa de melhores companhias pra mostrar o devido valor. E mexa esse corpinho, querida. Magras também têm que queimar gordurinhas, ou acabam parecendo um b minúsculo. Tudo bem, abra uma exceção quando conhecer o picolé de limão siciliano da Diletto. Está entre as melhores coisas da vida, lado a lado com Paris, Veneza e a sensação de arrancar o sutiã de meia-taça logo que você chega em casa depois de um dia de trabalho.
12. Sabe aquela frase que diz que “mineiro só é solidário no câncer”? Você está a caminho de compreendê-la. Não é exatamente nos momentos tristes que se revela um grande amigo. Amigos de verdade são os que mal podem esperar pelo seu momento de glória.
13. Você bem que tenta, mas ser tradicional não é para você. A surpresa boa é que é perfeitamente possível se satisfazer num formato de vida menos convencional. Pra falar a verdade, tem muito mais gente querendo ser como você, mas sem coragem de viver de acordo com os próprios desejos.
14. Busque o conhecimento, mas não o deixe trazer a soberba. Somos sempre muito mais ignorantes de coisas do que sabedores de outras. Aprender algo novo todo dia não deixa os olhos perderem o viço – é um jeito de ficar sempre jovem.
15. Acalme essa sua mania de arrumação e dê um jeito de ser feliz em plena bagunça. É gostoso.
16. Não se deixe levar pela lente que embaça o passado a ponto de fazer com que ele pareça perfeito. Não é. Prefira sempre o tempo presente – é o que temos para hoje!
17. Ah, e sabe essa história de que você ama ser redatora publicitária e não se acha com talento para escrever? Balela. Talvez esse tempo todo escrevendo tenha ensinado você a chegar perto das pessoas. Aproveite.
18. Pare de julgar as pessoas só porque elas cometem pecados diferentes dos seus (sim, eu roubei essa citação – de autor desconhecido – da internet, mas é por uma boa causa).
19. Por outro lado, também não precisa achar que todas as pessoas são legais. Nem todo mundo merece sua transparência. Cultive o silêncio.
20. Aliás, tem coisa melhor que o silêncio da madrugada? Aproveite para escrever. E quando ligar o som, fique de olho num cara chamado Devendra Banhart.
21. Importantíssimo: continue fazendo as coisas sem se preocupar com o que os outros vão pensar. Sua grande arma é a espontaneidade: tome posse dela. Muita gente gostaria de ser livre assim.
22. Por favor, não se esqueça de respirar. A vida também tem que ter vírgulas.

E sobre o seu futuro, pode ficar tranquila. Como na sua história é tudo sempre diferente, um menino vai parir uma nova mulher e, juntos, vocês vão fazer nascer o pai-companheiro mais legal do mundo. Não entendeu? Ok, simplesmente desfrute.

Te espero lá adiante, muitíssimo bem acompanhada.
Três beijos,
Cris.


“Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam.
Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam.”

Mateus 6:19,20

sábado, 24 de fevereiro de 2018


então!

o sotaque das Mineiras



O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar.
Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar lindo (das mineiras) ficou de fora?

Mineira deveria nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde.

Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso?
Assino achando que ela me faz um favor.
Eu sou suspeitíssimo.
Confesso: esse sotaque me desarma.

Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas.
Preferem abandoná-las no meio do caminho.
Não dizem: pode parar. Dizem: ‘pó parar’.
Não dizem: onde eu estou? Dizem: ‘ôncôtô’.

Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem lingüisticamente falando, apenas de uais, trens e sôs.
Digo-lhes que não.

Mineiras não usam o famosíssimo ‘tudo bem’.
Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra:
– ‘Cê tá boa?’

Para mim, isso é pleonasmo!
Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário.

Há outras.
– ‘Aqui’, não vou dar conta de chegar na hora, não.
Esse ‘aqui’ é outro que só tem aqui.
Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe.
É um tal de ‘bonitim’, ‘fechadim’, e por aí vai.

Já me acostumei a ouvir:
– E aí, ‘vão?’.
Traduzo:
– E aí, vamos?
Não caia na besteira de esperar um ‘vamos’ completo de uma mineira.
Não ouvirá nunca.

Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira.
Nada pessoal.
Aqui certas regras não entram.
São barradas pelas montanhas.
Por exemplo, em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer:
– Eu preciso ‘de’ ir.
Onde os mineiros arrumaram esse ‘de’, aí no meio, é uma boa pergunta.
Só não me perguntem. Mas que ele existe, existe.
Aqui em Minas ninguém precisa ir a lugar nenhum.

Entendam:
Você não precisa ir, você precisa ‘de’ ir.
Você não precisa viajar, você precisa ‘de’ viajar.
Se você chamar sua filha para acompanhá-la ao supermercado, ela reclamará:
– Ah, mãe, eu preciso ‘de’ ir?

No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um ‘tanto de coisa’.
O supermercado não estará lotado, ele terá um ‘tanto de gente'.
Entendeu?
Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará:
– ‘Ai, gente, que dó’!

É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras.

Para uma mineira falar que algo é muitíssimo bom, vai dizer:
– ‘Ô, é sem noção’!
Entendeu?
É ‘sem noção!
‘Só não esqueça, por favor, o ‘Ô’ no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?

Capaz…
Se você propõe algo ela diz:
– ‘Capaz’!!!
Vocês já ouviram esse ‘capaz’?
É lindo!

Já ouviu o ‘nem’
Completo ele fica:
– Ah, ‘nem’!

A propósito, um mineiro não pergunta:
– Você não vai?
A pergunta, mineiramente falando, seria:
– ‘Cê’ não anima ‘de’ ir?
Tão simples.

O resto do Brasil complica tudo.
É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem.
O plural, então, é um problema.
Um lindo problema, mas um problema.
Sou, não nego, suspeito.
Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras.
Aliás, deslizes nada.
Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.

Se você, em conversa, falar:
– Ah, fui lá comprar umas coisas…
– ‘Que’ s coisa?’ – ela retrucará.

O plural dá um pulo.

E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará:
– Ele pôs a culpa ‘ni mim’.

A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas.
Ontem, uma senhora docemente me consolou: ‘preocupa não, bobo!’.
E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras, nem se espantam.
Talvez se espantassem se ouvissem um: ‘não se preocupe’, ou algo assim.

A fórmula mineira é sintética.
E diz tudo.

Até o tchau, em Minas, é personalizado.
Ninguém diz tchau pura e simplesmente.
Aqui se diz: ‘tchau pro cê’, ‘tchau pro cês’.
É útil deixar claro o destinatário do tchau.

Então né, as mineiras são trem bão demais sô!



Como anel de ouro em focinho de porco, assim é a mulher bonita, mas indiscreta.

Provérbios 11:22

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018



“Troque sua quaresma sem doce, refrigerante ou pão, por uma quaresma sem fofoca, maldade ou egoísmo!
Para Deus e para o mundo não faz diferença ficar sem tomar coca-cola ou cerveja por 40 dias se você continuar ser reflexo do inferno na vida dos outros.”

#repeteco



“A intervenção militar
nos dá uma sensação de impotência.
Fomos incapazes
de gerir nossas vidas e
dos nossos descendentes.
Somos incapazes
de tomar as rédeas de nossas vidas.
Estamos a mercê
de uma violência organizada
que se dá em tiros
e nos cobram a vida.
O domínio do tráfico
não está nos morros,
pois subiu as escadarias dos Poderes.
O mal estabeleceu-se
nas orgias,
nas rodas do luxo
e do lixo.”



Imagine uma intervenção no morro
Uma grande intervenção cultural,
artística, musical, educativa.

Imagine o morro sendo ocupado
Por vários artistas, músicos, professores, psicólogos,
engenheiros, advogados, médicos e assistentes sociais.

Imagine todos andando armados
De informação, conhecimentos,
instrumentos de música, de arte e trabalho.

Militar ia ser só verbo!
Verbo de agir pra transformar.

Assim como luto
Não mais por jovens no caixão lacrado,
mas como eu luto, tu lutas, nós lutamos!

“Mãos ao alto”
Só para agradecer as conquistas!

“Perdeu, perdeu”
Porque todos perderam o medo!

No lugar do medo, esperança…
No lugar da inércia, ação...
No lugar do ódio, amor…
No lugar da vingança, ajuda mútua…
No lugar do som dos morteiros, música…

“O sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente”

Extraído de Sociedade SemPrisão