"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 29 de maio de 2017

te desejo vida


Eu te desejo vida, longa vida
Te desejo a sorte de tudo que é bom
De toda alegria, ter a companhia
Colorindo a estrada em seu mais belo tom

Eu te desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra desabrochar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar

Eu te desejo a paz de uma andorinha
No voo perfeito contemplando o mar
E que a fé movedora de qualquer montanha
Te renove sempre e te faça sonhar

Mas se vier as horas de melancolia
Que a lua tão meiga venha te afagar
E que a mais doce estrela seja tua guia
Como mãe singela a te orientar

Eu te desejo mais que mil amigos
A poesia que todo poeta esperou
Coração de menina cheia de esperança
Voz de mãe amiga e olhar de avó

__Flávia Wenceslau

#parabéns, Marina!


“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única.”

Albert Schweitzer



“Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor.”

__Walt Disney
    

 “O Senhor é misericordioso e compassivo, paciente e transbordante de amor.” 

Salmos 145:8

quinta-feira, 25 de maio de 2017

a pessoa certa


Algumas frases se propagam sem que saibamos quem é o verdadeiro autor. É o caso de “Enquanto não surge o homem certo, vou me divertindo com os errados”, que eu ouvi pela primeira vez num programa da Marília Gabriela ou será que li numa camiseta? Que a frase é espirituosa, nem se discute, mas é uma cilada: acreditar que existe a pessoa certa é a razão dos nossos problemas de relacionamento. Por que a gente insiste em acreditar em lendas?

Essa entidade abstrata – a pessoa certa – é aquela que vai entender todas as suas manias, vai adivinhar quando você quiser ficar em silêncio, terá o corpo e a rosto que você idealizou em seus delírios românticos e a sua mãe – a sua, não dela – vai aprovar sua escolha assim que abrir a porta da sala de visita. Bastará uma rastreada com o olhar e logo ela piscará pra você como quem diz: agora sim.

Agora sim o quê? Agora você pensa que encontrou alguém com quem não irá brigar jamais e que vai se encaixar com perfeição na sua ambiciosa procura pela pessoa certa, esta que (atenção, spoiler) não existe.

A pessoa certa pra você é a errada. Lembra da pessoa errada?

Morava no cafundó do Judas. Ria alto. Não entendia muito os filmes de que você gostava, mas fazia comentários deliciosos a respeito. Era muito mais velha que você. Ou muito mais jovem que você. Não parava em emprego algum e sua coleção de ex era preocupante. Que saudade da pessoa errada.

Nunca acertou um único presente – mas lembrava de todas as datas. Depois de uma hora e meia ao telefone, queria falar um pouco mais e ficava triste se você sugeria que desligassem. Como amava você a pessoa errada.

Não conhecia nenhum de seus amigos. Nem você os dela. Fumava demais. Ou bebia demais. Ou ambos. Mas nunca teve passagem pela polícia. A fissura por previsões astrológicas era meio exagerada, e já estava na hora de aprender a arrumar a bagunça que era seu apartamento, mas nunca deixou de sair do banho perfumada. E molhando o chão do quarto, claro. Era a incorreção mais bem-vinda para aquele seu momento de entressafra, não era?

Até que surgiu a pessoa certa. Toda a família comemorou e os amigos respiraram aliviados: agora sim, você tinha alguém a sua altura, agora sim, você não precisaria mais passar por altos e baixos, agora sim, nunca mais um barraco, nenhuma surpresa. Agora sim, um casal padrão.

Quase posso ver você, daqui a uns meses, usando uma camiseta que diz: “Enquanto não surge a pessoa errada, vou me entediando com as certinhas”.



Sonharás uns amores de romance, quase impossíveis? Digo-lhe que faz mal, que é melhor contentar-se com a realidade; se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir.

__Machado de Assis

“Não digas: vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor e ele te livrará.” 

Provérbios 20:22

quarta-feira, 24 de maio de 2017


Notas sobre ela
Ela ia assim em busca de sentir
em qualquer canto
um encanto qualquer

Zack Magiezi

almas mezzo gêmeas


(...)
Não é que eu não acredite em almas gêmeas, acho até possível que existam duas pessoas com um grau de afinidade absoluto e temperamentos praticamente iguais, sem falar na química que faria corar as paredes do quarto. Se eles por ventura se encontrarem, será o relacionamento dos sonhos, mas o problema é justamente este: o encontro. Não seria muita sorte sua alma gêmea, sendo tão rara, frequentar o mesmo bar, estar no mesmo grupo de WhatsApp e ter amigos em comum no Face?

Somos 7 bilhões no planeta. Não parece mais lógico que sua alma gêmea esteja vivendo em Macau, em Auckland, em Salzburg? Pense. Ela estaria justamente ali no boteco da esquina, comendo um pastelzinho de camarão com os olhos fixos em você? É mais provável que esse estranho com os olhos fixos em você seja uma alma oposta a ser desbravada. Nada contra. Das aventuras surgem amores não univitelinos, mas que divertem.

Almas gêmeas, se existem, estão a muitos quilômetros de distância, com poucas chances de cruzarem olhares e fundarem a relação perfeita. Eu acredito na sorte, mas com parcimônia. Poucas semelhanças – serve. Temperamentos conflitantes, mas que ajudam a equilibrar a relação – serve também. Diferenças que mantêm a vontade de explorar o universo do outro – serve. Querida leitora, esqueça almas 100% gêmeas, mais vale se contentar com algumas similaridades que dão conta do recado.

Uma biblioteca gêmea, por exemplo. Você entra na casa do cara e descobre que os autores na estante são os mesmos que estão na sua. Comemore. Vocês dois são almas gêmeas, em parte. Não importa se um gosta de cerveja e o outro é abstêmio, se um é crente e o outro um devasso: vocês leem os mesmos autores, estão sintonizados pela boa literatura, a conversa está garantida, não exija mais do que isso, case-se agora.

Uma discografia gêmea. O Spotfy traz a mesma playlist. O que arrepia os pelinhos do braço de vocês é a mesma guitarra de Jeff Beck, o mesmo vocal da Amy Winehouse, o mesmo cenário indie rock, ou o mesmo sertanejo, vá lá, sertanejos também amam, até mais do que roqueiros, reza a lenda. Você tem ideia de como isso facilitará na hora de viajar de carro?

Uma cinefilia gêmea. Vocês veneram os mesmos diretores, os mesmos tipos de filme, mesmo que, no reduto do lar, se desesperem na hora de educar os filhos (um liberal, outro repressor) ou na escolha do cardápio (um vegano, outro carnívoro). Mas, quando vão ao cinema, as mãos não se desgrudam no escuro. Acredite, isso faz mais por um relacionamento do que as promessas matrimoniais ditas no altar.

Sou romântica o suficiente para acreditar que partículas de afinidade bastam pra começar uma história de amor. Almas mezzo gêmeas – serve.



“Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.” 

Tiago 1:12

terça-feira, 23 de maio de 2017


Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de melhorá-los. Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para suas dúvidas.

Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou que o filho fosse brincar em outro lugar.

Vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair sua atenção.

De repente deparou-se com o mapa do mundo, o que procurava! Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo:
— Você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Faça tudo sozinho.

Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Algumas horas depois, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente:
— Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!

A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança.

Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?

Então ele perguntou:
— Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?

— Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era.
Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo.


Aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia e mesmo assim insisto.

amigos


#mundo líquido
Baseado no vídeo, abaixo, do sociólogo Zygmunt Bauman, 
falecido no dia 09/01/2017



"Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou" 

(Apocalipse 21:4)

quarta-feira, 17 de maio de 2017

analogia


No ventre de uma mãe havia dois bebês. Um perguntou ao outro: “Você acredita em vida após o parto?”

O outro respondeu: “É claro. Tem que haver algo após o parto. Talvez nós estamos aqui para nos preparar para o que virá mais tarde.”

“Bobagem”, disse o primeiro.
“Não há vida após o parto. Que tipo de vida seria essa?”

O segundo disse: “Eu não sei, mas haverá mais luz do que aqui. Talvez vamos poder andar com as nossas pernas e comer com nossas bocas. Talvez teremos outros sentidos que não podemos entender agora.”

O primeiro respondeu: “Isso é um absurdo. Andar é impossível. E comer com a boca? Ridículo! O cordão umbilical nos fornece nutrição e tudo o que precisamos. Mas o cordão umbilical é muito curto. A vida após o parto logicamente está fora de questão.”

O segundo insistiu: “Bem, eu acho que há alguma coisa, e talvez seja diferente do que é aqui. Talvez a gente não vai precisar mais deste tubo físico.”

O primeiro respondeu: “Bobagem. E além disso, se há mesmo vida após o parto, então por que ninguém jamais voltou de lá? O parto é o fim da vida, e no pós-parto não há nada além de escuridão e silêncio e esquecimento. Ele não nos leva a lugar nenhum.”

“Bem, eu não sei”, disse o segundo, “mas certamente vamos encontrar a Mãe e ela vai cuidar de nós.”

O primeiro respondeu: “Mãe? Você realmente acredita em Mãe? Isso é ridículo. Se a Mãe existe, então onde ela está agora?”

O segundo disse: “Ela está ao nosso redor. Estamos cercados por ela. Nós somos dela. É nela que vivemos. Sem ela este mundo não seria e não poderia existir.”

Disse o primeiro: “Bem, eu não posso vê-la, então é lógico que ela não existe.”

Ao que o segundo respondeu: “Às vezes, quando você está em silêncio, se você se concentrar e realmente ouvir, você pode perceber a presença dela, e pode ouvir sua voz amorosa, lá de cima.”

Este foi o modo pelo qual um escritor húngaro explicou a existência de DEUS.

recebido por whatsapp


Na imposição do lápis, hesito:
Escrevo um poema ou pinto os olhos?
Frente à maçã:
Dou a mordida ou uso o blush?
Esse tom bourbon
vem da palavra ou do batom?
Visto meu tomara-que-caia ou torço:
Tomara-que-fiques.
Uso renda e saio toda prosa ou
espero que renda a prosa?
Expiro, inspiro:
Um romance?
Dá pra viver os dois ou
dou pros dois?
Não sei se ando movida pela vaidade ou pelo desejo.
Reminiscências ou feminiscências?
Poeta ou fêmea onde a carne freme?


#gratidão sempre!



“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.” 

Colossenses 4:6

#moderação

terça-feira, 16 de maio de 2017


Estamos estranhos. Cada vez mais. Imersos na dinâmica de inúmeras derivações prefixais, seguimos indispostos à consciência. Desvivendo, desumanos, desregrados, despreparados, desleais.

Des à frente de valores fundamentais, des à frente de verbos essenciais à maturidade humana.

Enquanto o outro nos fala, digitamos um texto a alguém que está distante. E ainda oferecemos consolo ao que está diante de nós. “Pode falar que eu estou te ouvindo”. Não, não estamos ouvindo. Estamos no protagonismo do embuste que nos desensina as regras do encontro.

Estamos desertados, devassados. Assustadoramente devassados. Perdemos a medida do que deveria pertencer somente a nós e do que deveria pertencer somente ao outro. Registramos. A tudo registramos. Alucinadamente registramos. Como se pessoas fossem monumentos públicos, como se todos estivessem dispostos a viver os excessos de nossa publicidade, como se todos estivessem sob a proibição da intimidade. Tudo para nossa promoção, manutenção de um mundo paralelo que cumpre a função de nos conceder o privilégio de prevalecer, ainda que por alguns instantes, sobre os outros que buscam o mesmo disparate que nós. As praças virtuais modernas substituíram as praças medievais da inquisição.

Purgamos nossos pecados nos escolhidos ao achincalhamento de cada dia. Um eleito qualquer na fogueira virtual, pego por alguém qualquer que filmava o particular que não lhe pertencia, e todos ficarão esquecidos temporariamente de suas mazelas. Queimar o outro nos ajuda a dar disfarce aos mesmos crimes que cometemos, mas que não foram deflagrados.

Estamos desmedidos. Na ânsia de sermos notados, inventamos motivos, fingimos alegrias, expomos os incapazes, criamos intrigas. Tudo porque não suportamos o vazio causado por nossos des. Tudo porque estamos fartos e cansados da superficialidade que condena nossa rotina.

Estamos desprovidos. De consistência, bom senso, delicadeza, educação.
Que o tédio nos chegue a galope. Que a saturação nos venha antes que o absurdo se torne natural. A desconstrução é doída, mas necessária. Colocar o des à frente de conjugações que favoreçam a nossa humanização.

Desmentir, desestruturar, desobedecer a tudo o que nos idiotiza e nos despersonifica. Que a redenção nos chegue pelos braços da reflexão. Somente quando pensamos a vida que vivemos é que podemos interferir no como vivemos.



Espero que você pense em mim de vez em quando, só para eu não me sentir tão patética por pensar em você o tempo todo.


Provérbios 11:25 diz: “O generoso prosperará; quem dá alívio aos outros, alívio receberá.”

segunda-feira, 15 de maio de 2017


para minha mãe


Foi um susto olhar a foto dela e pensar que era eu.
Ela, que sempre foi a mais bonita.
Ela, que eu queria ser quando crescer.
De quem eu quebrei a coroa, o colar e ainda desfiei a meia-fina.
Eu que era um desastre, filha dela que era a perfeição.
E ainda diziam que a gente se parecia, quando eu me sentia uma estranha no ninho.
Querendo a sua aprovação, a sua benção, o seu carinho.
Sem saber que estavam lá, que sempre estiveram lá.
Mesmo sem as palavras e os gestos esperados.
Porque as palavras e os gestos esperados podem não acontecer.
Dela pra mim, de mim pra ela.
Ela que foi o meu primeiro amor.
A primeira pele, o primeiro cheiro, o primeiro encontro.
Ela, que é rainha. A minha. Pra quem eu construiria todos os castelos.
O que talvez, ela nem saiba.
Ah, ela sabe!

os verdadeiros amigos


Descobri que as pessoas confundem um pouco as coisas, as palavras e os significados. Um dia, achei que tinha muitos amigos. Muitos mesmo. Eles enchiam a minha casa, o meu coração, a minha vida e o número certamente ultrapassava bastante a quantidade de dedos que tenho nos pés e nas mãos (só pra constar, são 20 dedos no total). Ou seja: me considerava extremamente sortuda.

Meus amigos viviam comigo. Juntos, fazíamos tudo: cinema, happy hour, teatro, passeios, jantares, almoços, festas, compras. Juntos, fazíamos nada: isso mesmo, ficávamos de pernas para o ar, mas estávamos sempre juntos, a todo instante, a toda hora, em todos os segundos. Mas a vida vai mudando, você vai mudando, as amizades vão amadurecendo e se transformando. As pessoas passam a ter outras ocupações, outros compromissos, outras vidas. E os seus amigos de verdade entendem e respeitam isso.

Vivia pendurada no telefone com meus amigos. Tudo era motivo para ligar e contar do carinha novo, da briga com a outra amiga, da última fofoca, do capítulo da novela. Mas a vida vai mudando, você vai mudando, as amizades vão amadurecendo e se transformando. As pessoas passam a ter outras ocupações, outros compromissos, outras vidas. E os seus amigos de verdade entendem e respeitam isso.

Inevitavelmente, a vida vai passando uma peneira. E nessa peneira você entende quem é parceria de boteco, quem é amigo de fé, quem é bacana pra sair e dar umas risadas. Muitas vezes, seu amigo de fé é tudo isso. Outras tantas ele é um amigo de fé que você solicita quando mais precisa, seja para dividir uma grande e maravilhosa notícia, seja para pedir um colo emergencial. Não tem como você pedir colo emergencial para quem só sabe falar de si. Para quem acha que a vida é uma festa. Para quem não escuta. Para quem não se importa. Para quem se preocupa somente com a própria vida. Não tem como se abrir de verdade com uma pessoa que não te leva a sério, que ri de tudo, que não consegue ser madura. É que a vida vai mudando, você vai mudando, as amizades vão amadurecendo e se transformando. As pessoas passam a ter outras ocupações, outros compromissos, outras vidas. E os seus amigos de verdade, no fundo, são aqueles que amadurecem junto com você. O resto acaba ficando para trás.


“Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente” 

(Tiago 2:10)

sábado, 13 de maio de 2017

mãe


Você pensa que tem um coração? Não se engane, ele não é seu, é dela. Quando você deu os seus primeiros passos sozinho, o coração dela foi junto. Por onde você for, ele vai. Sorrir. Sofrer. Cair. Levantar. Doer. Você erra, acerta, se perde e se encontra e aquele coração lá, vivo, maltratado por tanta adrenalina.

Não pense você que ela ficou sem coração: nasceu outro rapidinho. É que ela ama muito e sem medo – ama você mais que a si mesma, acredite. Já na gravidez aprendeu a fazer mais por ela, só porque não era mais ela, não era mais uma só ela.

E porque ama, chora. De tristeza, esperança, medo, alegria, culpa, orgulho. Chora até em comercial de TV. Chora pelo que você chora ou pelo que você ri. E vai ser sempre assim. Do seu trabalho para a feira de ciências até a conclusão da sua tese de doutorado.

Mas quando chega a chuva, ela para. Enxuga o que chove por dentro e vira capa, guarda-chuva, marquise, castelo. Para acolher você com a força de um mundo.
É que você trouxe o sol. Com a sua vinda ela nasceu de novo. Olhou mais uma vez para tudo em volta e viu mais colorido.

Desde quando seus cinco dedinhos se agarraram ao indicador dela, começava uma aventura assustadora. Sim, ela tem medo – é que ela ela nunca te contou. Deu um jeito de ser grande e forte pra espantar qualquer fantasma, até mesmo os dela, pra não assustar você com seu próprio medo. Veste uma armadura de não-sei-o-quê, engole o tremor e aperta você junto ao corpo, como se quisesse voltar a colocar você de novo dentro dela. Mas não dá. O amor que ela sente não cabe mais nela, ela é que passou a morar nele.

Ela vive dando beijinho pra sarar. E o beijo não sara nada, só aquece. Vai ver o beijo dela é a sua própria cura. Beija para o coração sarar rapidinho dessa dor de amar tanto.

Quando você está longe e seu coração sente, seja dor ou amor, ela sente junto. Porque é o coração dela em você. Seu maior e melhor presente.

Escrevi esse texto a pedido da Natura, para um evento interno com as representantes da marca. Compartilho aqui para colocar mais mel nesse dia das mães. 
Beijo, Cris Guerra.

Feliz dia do “leva uma blusa que vai esfriar”!



Minha mãe cozinhava exatamente
arroz, feijão-roxinho,
molho de batatinhas.
Mas cantava.


Cuida dos negócios de sua casa e não dá lugar à preguiça.
Seus filhos se levantam e a elogiam; seu marido também a elogia, dizendo:
“Muitas mulheres são exemplares, mas você a todas supera”.

Provérbios 31:27-29

quinta-feira, 11 de maio de 2017


Se carece deixar de ser quem é para ser querido e aceito,
melhor não ser.

Pertencer só faz sentido quando podemos exercer a nossa verdade pessoal.
Toda renúncia deve ser consciente.

Controlar características de nossa personalidade porque já concluímos que nos tornará melhores, sim.

Ser insuportável aos outros pode ser consequência de ser insuportável a si mesmo.


#maioAmarelo


jóias perfeitas. pra eu cuidar, pra eu amar.


Há quem pense que é fácil ser mãe.
E essas pessoas certamente não têm um filho.
Não é tão simples ajudar alguém a formar caráter.
Ensinar o que é certo ou errado, já que certo e errado são coisas tão relativas.

Não é fácil ter o coração fora do corpo, andando por aí, sem que possamos estar sempre perto.

E também não é fácil se ver cansada, estressada, com vontade de esquecer que o mundo existe, enquanto alguém te chama pra vida e te obriga e ficar de pé.
Ultimamente tenho melhorado muito, refletido, e pensado que se posso ser paciente e relevar o que outras pessoas me fazem, posso ainda mais ter paciência com alguém que sabe melhor do que ninguém me fazer sorrir.
Difícil ser a mãe perfeita. E entre todas as mães que conheço, não vi uma que não se culpe por não ter tido paciência em alguns momentos, por ter brigado, 
por ter desejado ficar um pouco sozinha.
Porque ser mãe é ser responsável por alguém o tempo todo, todos os dias.

É ter o pensamento longe, o coração apertado, e deixar o amor próprio de lado na maior parte do tempo.
É comer rápido, tomar banho mais rápido ainda. Dormir então...
Mas ainda sim, filho é benção, já dizia minha avó.

É amor que transborda. 
É sorriso que acalma. 
É abraço que traz paz.