"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 30 de maio de 2018



“A dor vai mudando a gente devagarzinho. Aprendemos o valor de sair de cena. 
Não insistir pode ser a única forma de alcançar. Mas isso me parece um contrassenso.
Cansados, nem ter razão nos seduz mais. Começamos valorizar distâncias. Passamos a não nos importar. 
De repente um sentimento de tanto faz se apossa de nós. Sentamos, calamos e observamos. Até a dor desbota. 
O cansaço nos deixa cansados de estar tão intensamente exaustos. 
Passamos a confiar no tempo das coisas nascer e morrer. 
E a morte não é o fim. Talvez seja só uma forma de superar a forma. 
Então deito tranquila. Não sei o que será, mas creio que o amanhã será melhor. 
Posso descansar.”

 - Andrade Moraes -




Brasileiro é um povo solidário. 
Mentira. Brasileiro é babaca. Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida; pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza; aceitar que ONGs de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade…; não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.

Brasileiro é um povo alegre. 
Mentira. Brasileiro é bobalhão. Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai. Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.

Brasileiro é um povo trabalhador. 
Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.

Brasileiro é um povo honesto. 
Mentira. Já foi. Hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.

90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. 
Mentira. Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime. Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como “aviãozinho” do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas. Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.

O Brasil é um país democrático. 
Mentira. Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente. Num país onde todos têm direitos, mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar. Democracia isso? Pense!

O famoso jeitinho brasileiro. Na minha opinião um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira. Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um “gato” puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar. No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto… Malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos pentacampeões do mundo né? Grande coisa!

O Brasil é o país do futuro. 
Caramba, meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar como seria a indignação e revolta dos meus avós se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram… Brasil, o país do futuro?!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.

Deus é brasileiro. 
Puxa, essa eu não vou nem comentar… O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira.

Para finalizar, tiro minha conclusão: O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado neste texto, meus sentimentos, amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão. Temos petróleo, álcool, biodiesel, e, sem dúvida nenhuma, o mais importante: água doce! Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?


Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do Diabo. 

Efésios 6:11 / NTLH

terça-feira, 29 de maio de 2018

Marina


Talvez um pouco mais do que nos outros dias, hoje, eu celebro o dia do seu nascimento. 
Para a minha vida, a sua vida faz uma diferença enorme (afinal, você vai ser a mãe dos meus netos).

A vida, a nossa e a alheia, pode ser comemorada a todo instante, não importa a data que o calendário diga, nem a hora que os ponteiros marquem. Não só pode, como deve!
O que acontece é que no aniversário, a gente tenta criar um espaço maior na correria, para festejar o que merece ser festejado, diariamente, no coração.

Eu te desejo muitas felicidades, amor, saúde, paz e sabedoria.
Que você possa ter muitos anos de vida, abençoados e felizes e que estes dias futuros sejam todos de harmonia, paz e desejos realizados.

Que seu caminhar seja sempre premiado com a presença de Deus guiando seus passos e intuindo suas decisões, para que suas conquistas e vitórias sejam constantes em seus dias.

Parabéns por hoje, mas felicidades sempre.





“Gente bem-humorada é um charme. Acho lindas as pessoas capazes de fazer o seu riso florescer e de compartilhá-lo nesse tempo do nosso mundo. Um tempo, talvez bem mais do que outros, tão desprovido de amor. Tão empobrecido de virtudes. De atmosfera tão pesada. De perigos já vividos e vários iminentes. 
Um tempo tão dodói. 
É claro que não falo do enganoso bom humor que passa pela ofensa. Pelo preconceito. Pela intolerância. Pela humilhação. 
Falo daquele que soma. Que perfuma. Que torna o cotidiano mais macio.”


uma mãe pode até esquecer o dinheiro que te emprestou, 
mas sempre vai lembrar da “tapoué” que você levou comida.



Não se alcança o coração de alguém com pressa.


Porque Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único para que todo aquele que crer nele não pereça, mas tenha a vida eterna.

João 3:16 / NTLH

domingo, 27 de maio de 2018

quando a terra parou


Não sei a dos outros, mas a minha terra, isto é, o meu planeta, isto é, o meu Brasil, começou a parar há tempos, parou há uns dias, e agora tenho conhecidos empurrando o carro na rua, aqui ou no Rio ou em outro lugar, porque não acreditaram no pré-caos, não encheram os tanques, e agora não encontram gasolina para levar o carro até em casa.

Também acho que vamos parar de comer, beber, viver, porque até o meu mercadinho tradicionalíssimo, que uso há décadas, em poucas horas ficou desabastecido: pessoas enlouquecidas – ou muito lúcidas – carregaram o que podiam em carne e outros mantimentos. Além disso, a segurança que andava cambaleante agora estourou. Pessoas quebram vidros de carros, de pedágios, quebram a cara umas das outras: nem todas, nem sempre, mas estamos muito sensíveis, irritados, saco cheio arrastando no chão. Estamos todos esfolados, como pessoas que não tivessem pele adequada, e qualquer brisazinha queima feito fogo selvagem.

Estamos decepcionados? Não sei, eu não estou, porque na minha vida já vi coisa demais, e não esperava grande coisa, sempre digo que nada me espanta – mas acho que nossas autoridades (ministros, por exemplo), além de despreparadas, confusas, ainda são arrogantes. Negociar não é impor, ironizar, decidir, mas ouvir argumentos, imaginar dificuldades e, sobretudo, ser precavido, previdente. Um mínimo de bom senso e sabedoria: quem não estava vendo que acabaríamos travados, parados, encurralados na própria incompetência, se há meses aconteciam avisos, pedidos, recados e mais?

Pouco entendo de economia, sou apenas uma ficcionista, colunista, e às vezes poeta. Mas é evidente que um “acordo” com os sofridos caminhoneiros e donos de transportadoras, e motoqueiros e motoristas civis – e brasileiros em geral –, teria de ser claro, imediato, simples, viável, e honesto. Nada de promessas e planos, ou projetos, comissões e mais debates. Promessas temos desde sempre, e os mais antenados pouco acreditam nelas. Do tipo “se você fizer isso, te deixo ir na matinê com as amiguinhas no domingo” (na minha infância, quando não havia shoppings), e na hora de ir, cadê a permissão, quem se lembrava da promessa além de mim?

Estou me sentindo bem pouco poética, e, sim, irritada, perplexa, ridícula.
Agora, aqui na terra brasileira, e desta vez não se tratava com crianças, ou ignorantes, ou cínicos, ou aproveitadores. Éramos nós, o povo brasileiro, ali representado, porque no fim das contas as contas vão pular no nosso bolso, e nos passar belas rasteiras.

Mas acabei tendo de rir ao fechar esta coluna desta vez breve (ainda não estou parando, mas...), ao ouvir uma mulher simples mas inteligente que, vendo multidões carregarem toneladas de papel higiênico, comentou com seu maravilhoso bom senso: “Pra que esse alvoroço? Se faltar comida, não vão mais nem precisar disso”. Genial: pois estaremos dispensados de fazer dieta, de suar na academia, de correr ao banheiro.

Desculpem o final pouco poético desta vez, mas estou me sentindo bem pouco poética, e, sim, irritada, perplexa, e ridícula porque, afinal, sim, diante de muitas coisas, ainda me espanto.




Quando o governo é justo, o país tem segurança; mas, quando o governo cobra impostos demais, a nação acaba na desgraça.

Provérbios 29:4 / NTLH

sexta-feira, 25 de maio de 2018


#“farinha pouca, meu pirão primeiro”.

quinta-feira, 24 de maio de 2018


“O Brasil não é o único país corrupto do mundo. 
Mas a nossa corrupção é a mais gratificante.”

Millor Fernandes

air bag



O air bag pode quebrar um braço. É como receber um soco no nariz. Eram histórias assim que eu escutava. Quando passava com o carro por cima de buracos, rezava para o air bag não se confundir e saltar de dentro do volante feito um Rocky Balboa. Pensava: qual o nível de impacto necessário para o air bag disparar? Será que ele infla com rapidez suficiente? Imaginava o air bag como uma espécie de paraquedas cuidadosamente dobrado que, durante um choque violento, desabrocharia feito uma flor em fast forward mas será que dobraram direito este treco, não estará todo amarrotado, será mesmo que funciona? O tipo da pergunta que a gente prefere não conhecer a resposta.

Até que, numa manhã de segunda-feira que tinha tudo pra ser como outra (o que incluía uma ida a São Paulo à tarde para uma palestra), tirei meu carro da garagem, coloquei o cinto e dirigi até a esquina de casa, onde dei uma paradinha para entrar em uma rua de mão dupla, preferencial. Olhei para um lado, ninguém vinha, olhei pro outro, ninguém também, e comecei a dobrar lentamente à esquerda, com a minha cabeça ainda voltada para a direita - ahá. Quando me virei, na minha frente estava um carro surgido do nada, fruto de um ponto cego. Não houve tempo pra pensar. O air bag já havia estourado dentro da cabine, e a fumaça se espalhava.

Quando o cérebro voltou a funcionar, meus pensamentos eram uma maçaroca. Como estará o outro motorista, vou perder o voo, alguém desligue essa buzina irritante, o cara vai berrar comigo e vou chorar, meu cabelo tá uma droga, minha filha deve ter escutado a batida lá de casa, pra onde eu tava indo mesmo, como foi que não vi, de onde conheço esse guri me oferecendo ajuda, putz, tô chorando, alguém dá um jeito nessa buzina maldita, não machucou mesmo, moço? Tem que chamar o EPTC, tenho que avisar o pessoal de São Paulo, ufa, a buzina parou, preciso de um homem, droga de feminista que eu sou, esse para-choque é seu ou meu, de onde saiu esse copo d´água, tenho, tenho seguro, não, não sou a Martha nem conheço.

Tonta. Burra. Assustada. Aquela no meio da rua, ao lado de um carro em frangalhos, que daria em perda total, era eu mesma. Sem um único arranhão.

Se o air bag é um soco? A não ser que eu também tenha tido perda total da memória, não lembro de ter sido agredida. Fui é salva por ele, que me envolveu antes que eu entendesse o que estava acontecendo. Não cheira bem, murcha rápido, te deixa zonza. Não é a descrição ideal de um namorado, mas passamos a ter um caso de amor. Desde 2014, o air bag virou item obrigatório em todos os carros novos do país, mesmo os populares. Amém, pois quando menos se espera, a gente pode precisar dele na esquina de casa, numa segunda-feira qualquer. Entrou na minha lista das maiores invenções do século 20, ao lado do avião, do computador e do secador de cabelos. Lembrei: estava indo ao cabeleireiro.


#saúde!




E afirmo a vocês que isto também é verdade: todas as vezes que dois de vocês que estão na terra pedirem a mesma coisa em oração, isso será feito pelo meu Pai, que está no céu. Porque, onde dois ou três estão juntos em meu nome, eu estou ali com eles.

Mateus 18:19-20

terça-feira, 22 de maio de 2018


#dia do abraço

a mentirosa liberdade


Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma – como se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, do clube mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres.

Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), cedo recorremos a expedientes, porque nossa libido, quimicamente cerceada, falha, e a alegria, de tanta tensão, nos escapa.

Preenchem-se fendas e falhas, manchas se removem, suspendem-se prazeres como sendo risco e extravagância, e nos ligamos no espelho: alguém por aí é mais eficiente, moderno, valorizado e belo que eu? Alguém mora num condomínio melhor que o meu? Em fileira ao longo das paredes temos de parecer todos iguais nessa dança de enganos. Sobretudo, sempre jovens. Nunca se pôde viver tanto tempo e com tão boa qualidade, mas no atual endeusamento da juventude, como se só jovens merecessem amor, vitórias e sucesso, carregamos mais um ônus pesadíssimo e cruel: temos de enganar o tempo, temos de aparentar 15 anos se temos 30, 40 anos se temos 60, e 50 se temos 80 anos de idade. A deusa juventude traz vantagens, mas eu não a quereria para sempre: talvez nela sejamos mais bonitos, quem sabe mais cheios de planos e possibilidades, mas sabemos discernir as coisas que divisamos, podemos optar com a mínima segurança, conseguimos olhar, analisar e curtir – ou nos falta o que vem depois: maturidade?

Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? Já transou? Nunca transou? Treze anos e ainda não ficou? E ainda não bebeu? Nem experimentou uma maconhazinha sequer? E um Viagra para melhorar ainda mais? Ainda agüenta os chatos dos pais? Saiba que eles o controlam sob o pretexto de que o amam. Sai dessa! Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort?

Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais, curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa louca correnteza. Ter opiniões próprias, amadurecer, ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desinteressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e podemos é um bom aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem ser uma linda mulher nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem depois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorientada, em crise. Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito.



“A gente não se dá conta de que a vida é um dom, que a saúde é uma bênção. 
As pessoas estão muito distraídas disso. 
Acordar de manhã e lavar o rosto é divino.”



Quem é bondoso e direito terá uma vida longa e será tratado com respeito e justiça.

Provérbios 21:21 (NTLH)

segunda-feira, 21 de maio de 2018


                                                                               Nara Almeida

Uma vez a Nara disse: “Eu queria apenas comer arroz, feijão e um bife, mas não posso, pois vomito tudo. Vocês que podem comer comam, valorizem a vida, parem de ficar sofrendo por qualquer besteira. Só damos valor nas pequenas coisas quando não podemos mais fazê -las.”

E quando ela precisou do respirador artificial e depois voltou, ela disse: “Como é bom respirar novamente, um ato tão simples, que eu valorizo imensamente.”
.
Essa menina passou por nossas vidas, nas redes sociais, pra nos ensinar tantas coisas. 
A missão dela, aqui na terra, foi essa: fazer-nos acordar para a vida e agradecer todo dia, por tudo. Esquecer a vaidade, beleza, dinheiro, bem material e olhar mais para o ser humano com compaixão, amor e carinho.
Dar valor às pequenas coisas, amar e valorizar mais nossa família, amigos e a própria vida!
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Muitas vezes abrimos mão do nosso bem estar ou até das nossas vontades para atender os padrões impostos pela sociedade: fique linda, fique magra, fique gostosa, não coma carne, seja vegana, não beba, não saia tanto, não confie tanto, não, não, não... Aff! 
E a gente, pra se enquadrar nessa idiotice, acaba ficando retraída, mudando a vontade, deixando de fazer, com medo da desaprovação alheia, do dedo apontado, dessa merda de julgadores donos da “razão” e cheios de inveja.

Então, vamos viver! 
Busque o seu bem estar individual, não abra mão da sua saúde para ficar bonita. 
“A beleza só importa nos primeiros 15 minutos, depois você tem que ter algo a mais para oferecer.” 
Não seja linda do jeito da outra, seja linda do seu jeito, fisicamente ou não, quem define isso é você!
Não abra mão de buscar a sua felicidade, esteja ela aonde estiver...
Vai sim, vai lá buscar, vai com medo mesmo!
.
“Que a vida é trem-bala, parceiro.
E a gente é só passageiro prestes a partir...”
.
Descanse em paz, Nara!

Priscila Nocetti

Nara Almeida era modelo e digital influencer. 
Ela morreu hoje, 21/05, após lutar 
contra um câncer no estômago desde 2017.
Ela tinha 24 anos e compartilhava sua batalha contra a doença 
através do Instagram.
Neste ano, inclusive, o jogador Alexandre Pato decidiu ajudá-la com um tratamento de imunoglobulina, que duraria cerca de 6 meses e custaria muito mais do que a família da modelo poderia pagar.

quinta-feira, 17 de maio de 2018


#dia mundial da internet


“Ignorar é a única resposta possível para a ignorância.”

- Millor Fernandes -

as minúcias



Todos sabem: chato é aquele que, ao ser perguntado se está tudo bem, não consegue responder simplesmente que está. Ele acha que a pergunta foi pra valer, então ele discorre sobre tudo o que tem passado e sobre como anda sem esperança na humanidade. Como avisá-lo, sem que ele se sinta ainda mais deprimido, que foi apenas um cumprimento e nada mais?

Minúcias a gente guarda para o nosso advogado. Ele certamente vai precisar delas para nos inocentar.

Minúcias podem ser reservadas também para a família, já que nossos pais e filhos adoram saber o que já aprontamos, aqueles segredos que só podemos contar depois que o crime prescreveu e tudo vira piada.

Por fim, minúcias são bem-vindas em livros, na defesa de teses e em consultas médicas. Em nenhuma outra situação que eu me lembre. Nem mesmo (e principalmente) em conversa ao pé do ouvido com seu amor. Não quebre o clima levando a conversa para muito longe de onde vocês estão.

Ao telefone, evite. Seu neto se machucou na escola? Tadinho. Pule rápido para a parte em que ele se recuperou e ficou tudo bem. Adote a presteza do WhatsApp. O quê? Você discursa pelo WhatsApp? Chegou de que planeta?

Minúcias em festas, nem pensar. Alugar um convidado com uma história comprida é uma inconveniência. As pessoas querem circular, dançar, e não saber detalhes da sua operação no joelho. Você não operou o joelho? Sério, acabou de fazer o caminho de Santiago de Compostela? Ótimo, condense a odisseia em seis minutos. Sete, se foi tão fantástico assim. E troque para outro assunto, a não ser que seu ouvinte pegue você pelo braço, leve-o até um canto e implore pelos pormenores.

Quando estamos falando sobre nós mesmos, é quase incontrolável fazer uma retrospectiva detalhada das nossas experiências, mas lembre-se que a maioria das pessoas prefere o compacto dos melhores momentos. É mais que suficiente.

Entendi, você não está falando sobre si mesmo, e sim sobre seu primo que foi casado com não-sei-quem, que ele conheceu numas férias não-sei-onde. Você está falando do seu professor de matemática da quarta série que tinha propensão a ter acne. Você está falando da sua tia-avó falecida que fazia ótimos bolinhos de chuva. Você está falando de pessoas que não tivemos a honra de conhecer - e falando por horas, sem que a história empolgue. Não se magoe, mas tente lembrar se você não teve um primo que ficou preso no elevador com a Madonna, uma tia-avó que traficava maconha dentro dos bolinhos de chuva, um professor que foi preso político. Se não teve, invente.

Conversar é uma delícia: trocar confidências, falar de sentimentos, opinar sobre o mundo, dar dicas culturais, narrar aventuras, contar episódios divertidos - a tarde inteira, a noite inteira. Mas se o assunto for de uma banalidade extrema, não especifique demais. A gente ama você, mas ninguém está com tanto tempo sobrando.


Podem estar seguros de que, quanto mais suportarmos sofrimento por causa de Cristo, mais ele derramará sobre nós o seu consolo.

2 Coríntios 1:5 / NTLH

terça-feira, 15 de maio de 2018

os trinta são os novos cinquenta


                                                                                    Christopher Plummer

Difícil não é cruzar a fronteira dos “enta”, começar a calcular o tempo (e o dinheiro) que falta para a aposentadoria ou encomendar uma festa de arromba para comemorar a chegada dos 80 com a certeza de que qualquer tipo de planejamento antecipado, nessa etapa da vida, exige a colaboração da sorte e das coronárias. Difícil mesmo é chegar aos 30.

Se você convive com gente que nasceu nos anos 1980 ou 1990 talvez já tenha presenciado algum tipo de crise de meia-idade precoce. No início, achava que era charminho para a torcida, mas aos poucos fui percebendo que havia algo de genuíno nessa ansiedade extemporânea. Isso porque, nos últimos anos, o amadurecimento deixou de ser associado a uma vantagem competitiva - mesmo para quem mal iniciou a carreira.

Hoje parece ficção científica, mas houve um tempo em que as pessoas se vestiam para parecer mais velhas porque eram os mais velhos que davam as cartas. Essa história começou a mudar a partir do final dos anos 1950, quando a juventude passou a ser um valor em si, e a marca da diferença dos pais deveria ficar explícita tanto nas roupas e nos cabelos quanto nas ideias.

Sou de uma geração que ainda assistiu, nos anos 1980, ao canto do cisne dos adultos como referência. Aos 20, eu olhava o colega de 40 como alguém que sabia mais do que eu e obviamente perceberia minha vasta ignorância sobre quase todos os assuntos se eu não me esforçasse para superá-la o mais rápido possível - embora nessa idade eu não me vestisse como adulta ou ouvisse música de adultos. Hoje, os de 20 e os de 40 podem ouvir as mesmas músicas e até vestir as mesmas roupas, mas os mais novos, em geral, veem os mais velhos como uma péssima versão do Google como ferramenta de transmissão de conhecimento.

Outro problema de chegar aos 30 nos dias de hoje é que o ritmo da obsolescência nunca esteve tão acelerado. Aos 29, o futuro trintão olha o colega de 19 como uma ameaça em potencial e não como alguém que ainda está em fase de formação. A tecnologia tende a ser uma amante volúvel, sempre mais disponível e sorridente para o mais jovem dando expediente na sala. (E o mais jovem, se tudo der certo, não ficará nessa posição por muito tempo.) Nesse aspecto, os 30 são os novos 50.

Em uma época em que nada parece sólido e permanente, ninguém fica confortável por muito tempo, e o estado de instabilidade é o novo normal. De um lado, garotos precocemente ansiosos. Do outro, adultos deslocados de suas funções culpando os mais jovens por todos seus infortúnios. Em paz ou às turras, estamos no mesmo barco - e o mar não está para peixe. Talvez fosse uma boa hora para começar a tornar o preconceito de idade tão deselegante e inapropriado quanto todos os outros tipos de preconceito.

Falando em preconceito de idade, Christopher Plummer, aos 88 anos, tornou-se o mais velho ator a ser indicado ao Oscar pelo papel de um personagem que tinha mais ou menos a idade dele - substituindo, na última hora, o proscrito Kevin Spacey, que tem 58, no filme Todo o Dinheiro do Mundo. Hoje ninguém acha normal um branco fazer papel de negro ou de oriental, mas ainda se chama um ator de 50 para fazer um homem de 80.

Por mais grandes atores de todas as idades nas telas - e menos gastos inúteis com maquiagem.

/ Cláudia Laitano /

talvez fosse uma boa hora para tornar o preconceito de idade tão deselegante e inapropriado quanto todos os outros tipos de preconceito.


#dia internacional da família



Existe um ditado chinês que diz:

“Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um. 
Porém, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma ideia, e, ao se encontrarem, eles trocam as ideias, cada homem vai embora com duas.”

Sempre que possível troque ideias, elas esclarecem, acrescentam, ajudam e evoluem.
Ainda que você não precise, servirão para o outro.



Respeite o seu pai e a sua mãe, para que você viva muito tempo na terra que estou lhe dando.

Êxodo 20:12  / NTLH

sábado, 12 de maio de 2018

filhos criados


Mãe é para sempre, presença necessária em qualquer etapa da vida, tanto que, nos nossos momentos mais difíceis, é nela que pensamos – mesmo que ela já tenha falecido. Mãe é um consolo universal, pois sabemos que ninguém nos ama ou amou tanto quanto ela. Na hora do sufoco, entre rogar a Deus ou à nossa adorada progenitora, Deus fica de estepe e nem se atreve a reclamar.

Porém, abnegação tem limite. Mães são amorosas e dedicadas aos seus filhotes, mas, secretamente, contam os dias para vê-los bem criados, tocando suas próprias vidas profissionais e afetivas, dando a elas o descanso merecido e a certeza da missão cumprida. Como filha, fiz minha parte: com 19 anos, já trabalhava, com 24 morava sozinha, com 27 estava casada e aos 29 engravidei e comecei a formar minha própria família, enquanto minha mãe, no mesmo período, foi fazer faculdade (aos 40 anos), trabalhar, viajar, reposicionar-se na sociedade – claro que sempre por perto a fim de paparicar as netas, só que agora de um jeito desobrigado, só love, só love.

Pois as coisas mudaram bastante. Filhos saindo de casa na faixa dos 20 anos, abrindo mão de mordomia? Melhor não contar com isso.
Não faz muito tempo, na faixa dos 20, todos cumpriam os cinco marcos da vida adulta: finalizavam seus estudos, conquistavam independência financeira, casavam, tinham filhos e seu próprio endereço. Hoje, raros cumprem cedo essas metas. Entre os 20 e 30, ainda estão zonzos diante de tantas opções e preferem adiar o amadurecimento até... até que suas mães os expulsem de casa. Só que mãe não expulsa filho. E eles, óbvio, vão ficando.

Em defesa deles, há um estudo que diz que há uma área do córtex cerebral que leva realmente até 30 anos para se formar, justamente a área responsável por planejamentos e priorizações. Hum, chegou em boa hora essa desculpa científica. Porém, depois dos 30, como se explica que ainda haja adultos vivendo com os pais, sem darem um rumo certo à vida?

O fato é que os jovens andam comodistas, relutando em se jogar no mundo sem alguma garantia. Mas que garantia? Ninguém constrói a própria história sem arriscar, errar, se frustrar, tentar de novo, passar por dificuldades, erguer-se, cair, erguer-se outra vez. Como irão amadurecer sem viverem essas experiências? Enquanto eles analisam calmamente a questão, as mães veem o tempo passar e continuam servindo o almoço todos os dias para marmanjos que ainda não decidiram o que querem ser quando crescer.

Você não deve ser um desses filhos, claro. Meus leitores são autônomos, donos do próprio nariz, e visitam as mães por amor e saudade, não para pedir arrego. Mas, se por uma hipótese remota, você ainda for um kidult, como se diz lá fora (mistura de kid + adult), dê uma trégua para sua mãe ao menos nesse domingo. Leve flores, e não sua roupa para ela lavar.