#138 anos
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
Que a primavera venha leve, suave e calorosa, enchendo de cor
o dia-dia e iluminando os corações gelados.
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Caio F. Abreu
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
sem os dentes da frente
Perder um amor é o equivalente a arrancar dentes.
Suspenderá a mastigação da vida. E a dor é igual: de osso,
impactante, torturante.
Óbvio que nem todos fins doem. Há os amores dentes de leite
da infância, que abrem espaço para dentes melhores. Pertencem à esfera onírica
dos primeiros arrebatamentos, idealizados, feitos da recompensa da amizade e
das bitocas inocentes e puras.
O equilíbrio começa a ruir pelos amores sisos, os quatro
dentes que despontam no auge da adolescência e acavalam o rosto. Representam as
paixões proibidas e que enfrentam clara resistência social e familiar.
Todos passam pela natureza clandestina e selvagem desses
encontros-conflitos. São dentes escondidos na carne e que desorganizam o
desenho da gengiva. São os amores cafajestes, loucos, passionais, que
atravancam a carreira, a rotina, a paz, a dentição dos fatos, que competem com
os amigos e prazeres. São os amores imprestáveis, provenientes de casos, rolos
e aventuras.
Os amores sisos não resistem, não se encaixam em papéis
fixos, não perduram nas palavras. Raramente viram relacionamentos estáveis e longevos.
Têm uma duração curta e intempestiva. Acabam habitualmente extraídos da forma
mais dolorosa possível, sem anestesia.
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Fabrício Carpinejar
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
Uma vez, na minha infância, a família se reuniu para uma
fotografia. O fotógrafo gritou para que todos sorrissem. Naquele dia, eu havia
perdido a minha boneca preferida, meu pai me colocara de castigo porque eu
tinha brigado com meu irmão e a vovó ainda estava internada por causa da asma.
Eu não sorri.
Esta fotografia está em um porta-retratos, na sala de jantar
da casa dos meus pais. Gosto do olhar corajoso da menina que não obedeceu ao
comando do fotógrafo. Relembro como foram tantas as vezes, na minha vida, em
que fui forçada a sorrir sem estar com vontade. Penso na hipocrisia que me
rodeia e aquela foto envelhecida renova a minha esperança.
É que vez ou outra volto a sentir meu peito inflamado, como
naquele dia da minha infância. Nem sempre tenho certeza sobre o que me dói. Uma
cicatriz antiga ou uma saudade recente? Ou é o espelho que, vira e mexe, me
lembra do quanto sou insignificante perante as dores do mundo?
Enquanto sentidos me queimam por dentro, sei que nações estão
destruindo umas às outras e a si mesmas; que bombas atômicas esperam pela terceira
guerra mundial; que ditaduras se mascaram de democracia; que extremistas matam
por causa da religião; que a imigração desordenada é indesejada e que uma
população nervosa e desacreditada está em ebulição.
Sinto raiva pelas filas enormes nos atendimentos médicos dos
postos de saúde e pelo excesso de escândalos e corrupção na política. Enquanto
escrevo este texto, alguma mulher está sendo estuprada.
Sob meu edredom quentinho, assisto a reportagens de pessoas
que morrem de fome, de frio e de medo, e não sei se fico tonta de vergonha
(culpa?) ou por causa do vinho.
Outro dia, ao tentar deixar a internet de lado, tive uma
revelação: estamos cada vez mais livres do conservadorismo (podemos ser o que e
quem quisermos), mas cada vez mais presos à tecnologia moderna (não conseguimos
nos desligar de aplicativos e celulares). Estamos sendo substituídos por
máquinas e robôs que roubam nossos empregos e nossa humanidade. E a nossa
liberdade de expressão está sendo oprimida por um tal novo mundo admirável e
politicamente correto.
Perco a vontade de sorrir quando penso nisso tudo, e volto à
fotografia da minha infância: não quero uma felicidade dissimulada. Também não
quero camuflar a minha angústia, nem quero ser igual àqueles que aceitam o sem
sentido da vida. Quero ser selvagem sem ser ingênua: “quero Deus, quero a
poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade” (Aldous
Huxley, em “Admirável Mundo Novo”), pois quero viver a desgraça sem a obrigação
de disfarçá-la com um sorriso cordial no rosto.
É que os dias passam, mas as mágoas permanecem dobradas como
lenços envelhecidos no bolso da calça. O tempo passa, mas não vai embora, nem
fica: ele nos revisita com suas cicatrizes (e fotografias), culpas e saudades.
Talvez não haja tempo suficiente para resolver o que não tem
explicação. Resta a nós descobrir a nossa própria verdade: viver sob o controle
de consumismo, egoísmo e alienação (espalhando sorrisos editados, mesmo quando
nada está indo bem) ou viver sob a vulnerabilidade humana — como selvagens de
nós mesmos — com infortúnios e alegrias, mas aprendendo a deixar doer.
__Rebeca Bedone
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
que de hoje em diante...
Todos os seus sonhos se realizem
Todos os seus amores sejam correspondidos
Todas as suas vontades sejam saciadas
Todas as músicas que tocarem no
rádio sejam as suas preferidas
Todas as pessoas que você conhecer sejam
verdadeiras
Todo choro seja de felicidade
Todo abraço seja apertado
Todo riso se transforme em gargalhada
Toda amizade seja sincera
Todo amigo seja preservado
Todos os sorrisos sejam largos
Todos os telefonemas tragam notícias boas
E que toda a sua felicidade seja
para sempre!
#niver do Rafa
Feliz aniversário, Dedé!
Feliz aniversário, Dedé!
Que de hoje em diante “toda a sua felicidade seja para sempre”.
a volta do arado
Um filho pode ajudar a perpetuar o amor que sentimos e o
cuidado que temos pelas pequenas e belas coisas da vida. E por essa
continuidade de nós mesmos somos capazes até de nos fingir de loucos, como fez
Ulisses, com seu arado.
Segundo os poemas sagrados que contam das nossas origens, eu
fui feito de coisas bem deste mundo: a terra, a água, o vento. E acredito que
sim, pois eu amo essas coisas. Amo a terra, amo o vento, amo a água, e me sinto
feliz no meio delas, minhas irmãs, continuação do meu corpo. Não sinto
nostalgia dos céus. Assustam-me as sobrehumanas companhias. Quero o barco, a
gaivota, o mar, as árvores, o vazio onde navegam as nuvens, planam as aves,
flutuam as pipas, e os seus cheiros, cores, barulhos, gostos, memórias…
Amo também as coisas urbanas. A praça com os namorados,
velhinhos e crianças. O coreto vazio, cheio de saudades, onde se ouvia a banda
tocar. A mesa do bar, sorvete e refresco, conversas sem fim, as falas de amor.
O concerto, o teatro, o cemitério. Já notaram como os cemitérios são
tranquilos? Os relógios param, respira-se um ar de muitos anos atrás. E as
feiras e mercados, derramados de frutas e verduras – que continuam a ter as
mesmas cores e cheiros, a despeito da inflação. Todas essas coisas moram dentro
de mim. Acho, inclusive, que nós somos as coisas que moram dentro de nós. Por
isso há pessoas que são bonitas. Não pela cara, mas pela exuberância do seu
mundo interno. Há a estória da linda princezinha que foi enfeitiçada e, sempre
que abria a boca, dela só saíam cobras, sapos e lagartos. Outras, quando falam,
delas sai um arco-íris.
Fico triste pensando que, morrendo, não estarei mais aqui
para cuidar dessas coisas e para dizer a elas que elas são belas. Gostaria que
alguém houvesse que delas cuidasse. Dizem que isso é bobagem. Morreu, acabou.
Mas, por enquanto estou vivo, e não posso deixar de pensar naqueles que tomarão
o meu lugar. Desejo que as coisas que eu amo continuem a ser amadas e cuidadas,
mesmo depois da minha partida. Sei que retomarei ao mundo vegetal-mineral de
onde saí. Mas acontece que em mim vivem coisas que esse mundo mineral-vegetal
não entende, pois ele mora no esquecimento. Estórias, poemas, canções, sonhos,
rostos. Essas coisas são a alma do meu mundo e só sobreviverão se houver alguém
que as ame como eu as amo. E é isso que as gerações mais velhas esperam dos
jovens: uma cumplicidade nos objetos de amor. E é por isso que geramos filhos –
não por acidente biológico –, mas porque em nós existe o desejo de alguém a
quem possamos entregar o mundo que amamos, como herança.
Eles cuidarão dele depois da nossa partida. Mas parece que as
coisas não acontecem assim. E se a psicanálise elegeu o mito de Édipo como
protótipo das relações entre filhos e pais, foi porque ela descobriu ódio e inveja,
vingança e morte a separar as gerações. E até as estórias infantis dizem a
mesma coisa: a madrasta envia a Branca de Neve para a floresta para ser morta
pelo caçador. E assim as gerações se sucedem, sob a maldição da inimizade. Mas
há um outro mito. Quando a Grécia se preparava para a Guerra de Tróia, mandou
convocar seus heróis para as batalhas. Agamenon, Palâmades e Menelau foram
encarregados de trazer Ulisses. Mas ele havia se casado, fazia pouco, e se
deleitava com o filhinho recém-nascido. Nada lhe parecia mais terrível que uma
guerra que o separasse da esposa e do menino. Resolveu passar-se por louco.
Pôs um chapéu cônico na cabeça, atrelou um boi e um burro a um arado e pôs-se a
arar a areia, onde semeava sal.
Palâmades desconfiou. E tratou de desfazer o embuste. Agarrou
a criancinha e a colocou na direção da lâmina do arado que se aproximava.
Ulisses fez o arado desviar-se em semicírculo, em torno da criança. E com isso
se revelou. Teve de ir para a guerra…
Estória de ternura: um pai se trai para salvar o filho.
Sempre que se anuncia a geração de uma criança, anuncia-se
também a repetição dessa estória imemorial. Muitos arados serão desviados… E
com isso se anuncia a coisa mais bela que pode existir: os laços de amor que
ligam as gerações que vão passando. E ficamos sabendo que haverá alguém para
cuidar das coisas belas que amamos…
É por isso que geramos filhos – não por acidente biológico –,
mas porque em nós existe o desejo de alguém a quem possamos entregar o mundo
que amamos, como herança.
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Rubem Alves
sábado, 16 de setembro de 2017
metamorfose
Um belo dia você se levanta e tem dois corações. Um deles,
estranhamente, está fora de você. E por onde ele for, o seu vai dar um jeito de
ir junto. E o cérebro, os nervos, todo o amor do mundo. Você não vive mais só
para você. Vive por ele — ou ela. E, a cada nova travessura desse novo e
pequeno coração, o bom e velho vai sofrer junto. Não importa se ele vai errar
ou acertar, se encontrar ou se perder. Seu velho vai estar lá, vivo, judiado de
tanta adrenalina. Sorrindo. Sofrendo. Caindo. Levantando. Doendo. E você não
sabe mais viver sem essa dor.
Um belo dia você acorda e esquece que tem medo. E quando vem
a tempestade você enxuga o que chove por dentro e vira capa, marquise, castelo,
pavilhão. Para acolhê-lo com a força de um mundo. Você agora é super-herói. E
voa.
Um belo dia você levanta e ele também. Suas pequenas pernas
já sustentam toda aquela vontade de engolir o mundo, desprovida de juízo ou
malícia. Você agora é guarda-costas. E guarda. E sua mão está sempre aberta
para a dele. Você aperta os dedos com força, na tentativa de blindá-lo de
qualquer perigo. Em vão. Você agora é aventureira. E vive com frio na barriga.
Você vai e ele vai junto. Você virou dois. Até que ele comece
a dar os seus saltos, que você vai assistir com lágrimas nos olhos e o coração
apertado, ou melhor, os corações. E com ele crescerá um medo novo, que você vai
aprender a equilibrar feito prato de circo, para manter rodando e até achar
bonito. Você agora é malabarista. E o espetáculo não pode parar.
Um belo dia você levanta e nem dormiu. Ele é seu despertador
natural, que acorda a alma com um balde de amor. Você levanta e é forte. E fez.
E faz. E nem acredita. A vida virou bagunça e você não quer mais colocar em
ordem. Não quer mais a casa calma, tudo no lugar, parede branca, chão limpo,
silêncio cortante, foto de revista.
Você agora é Canguru. E salta.
Como não dar graças à Deus por hoje?
Ele me deu o presente mais precioso que tenho: você!
Ele me deu o presente mais precioso que tenho: você!
Feliz aniversário, filho!
Meu amor incondicional, minha bênção e meu desejo de que todos os seus sonhos se concretizem.
Meu amor incondicional, minha bênção e meu desejo de que todos os seus sonhos se concretizem.
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Cris Guerra,
Datas
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
o fim do homem mais rico do mundo
Joesley chorou quando lhe abriram a porta da cela em que está
encerrado. Geddel continua chorando no fundo da cadeia. Lula e Temer ainda
estão livres, mas o longo braço da lei já lhes bateu no ombro. Homens ricos e
poderosos que se achavam intocáveis. Achavam que tinham sorte.
Existe sorte? Vou contar uma história antiga, mas bastante
ilustrativa a respeito: a história de Creso, que, a seu tempo, foi o homem mais
rico e poderoso do mundo. Uma mistura de Joesley e Lula antes da Lava-Jato.
Creso era rei da Lídia, que ficava na atual Turquia. Segundo
Heródoto, teria sido ele o inventor de algo que você tem de sobra, opulento
leitor: o dinheiro.
Tudo ia bem com o rei, até que ele recebeu a visita do grego
Sólon, que não era rico, mas era inteligente. Consideravam-no um dos sete
sábios da Grécia Antiga, o que não é pouco, porque os gregos antigos eram bem
sabidos.
Creso, ciente da fama do visitante, chamou-o ao palácio.
Queria se exibir. Mostrou-lhe as suas riquezas, que eram, de fato,
impressionantes. Terminado o tour, perguntou:
- Agora me diga: quem é o homem mais afortunado que você já
conheceu?
Sólon pensou um pouco e respondeu: - Telo, de Atenas.
O rei levou um susto. Por todas as escravas trácias de pele
leitosa e bustos fartos, quem era esse Telo, de Atenas?
Sólon respondeu que Telo havia sido um homem bom e rico, que
gerou filhos belos e nobres e que morreu dignamente, com a espada na mão.
O rei ficou irritado, mas se conteve. Insistiu:
- E quem foi o segundo homem mais afortunado que você
conheceu?
- Ah! - disse Sólon. - Foram Cleóbis e Bíton, dois irmãos
argivos.
O rei rosnou com fúria real:
- E quem são esses?
Sólon contou que Cleóbis e Bíton eram atletas de grande força
física. Um dia, a mãe deles estava atrasada para um compromisso e, num tempo
sem Uber, a parelha de bois que a levaria se atrasou. Os irmãos não tiveram
dúvida: puseram-se na canga e puxaram a carroça com a mãe em cima. Ela chegou
na hora aprazada e todo o povo argivo cumprimentou-a pela pontualidade e pelos
filhos dedicados que tinha. Cleóbis e Bíton também ficaram felizes, mas, mais
do que isso, ficaram cansados. Deitaram-se no templo para tirar uma soneca e
não acordaram mais.
A maioria dos pais modernos preferiria chegar atrasada e
manter os filhos vivos, mas não era assim que se pensava na Argos daquele
tempo. Os argivos, a mãe inclusive, festejaram a façanha dos rapazes e
levantaram estátuas em honra deles.
A essa altura, Creso já estava fulo. Como é que podia Sólon
achar homens comuns mais felizes do que ele?
- E eu??? - gritou. - Tendo visto minha riqueza, você não
acha que sou afortunado?
Sólon ponderou que Creso continuava vivo e que os deuses às
vezes nos pregam peças desagradáveis quando menos esperamos. - Sua história tem
de terminar para eu saber se você foi afortunado - explicou. Creso dispensou o
sábio com um dar de ombros, pensando que ele não era tão sábio assim, afinal.
Não muito depois disso, Creso cometeu a temeridade de
arriscar sua sorte e atacar a Pérsia, do rei Ciro. Foi derrotado, capturado e
amarrado a um poste. Sob as vistas de Ciro, os persas começaram a amontoar
lenha e gravetos em volta de Creso, preparando-se para queimá-lo vivo.
Percebendo que sua sorte acabara, o triste rei lembrou-se de
Sólon e começou a gemer:
- Sólon... Sólon... Sólon... Ouvindo-o, Ciro perguntou quem
era aquele deus desconhecido que Creso invocava na hora da morte. Creso contou
sobre Sólon e concluiu:
- Agora sei o que ele quis dizer. Agora aprendi a lição.
Ciro, que era esperto, viu que aquilo ensinava algo a ele.
Percebeu que, no futuro, poderia se tornar um Creso. Então, mandou que os
soldados o libertassem e o nomeou seu conselheiro, para que nunca esquecesse
que a felicidade e a riqueza são fugazes, mas a sabedoria é para sempre.
Aprendam, portanto, Temer, Lula, Joesley, Geddel e tantos mais.
Porque ainda não chegamos ao fim.
__David Coimbra
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
olhar 57
Virginiana com ascendente em Gêmeos, hoje, 13 de setembro é meu aniversário.
A contar de 1960 até o dia de hoje, já se foram 57 anos.
Me
sinto infinitamente agradecida por ter chegado aqui e, adiante, agradecerei por
ter chegado em algum outro lugar.
O tempo passa surpreendentemente rápido. Faltam exatos três
anos para eu me tornar uma sexagenária, assim como faltam três dias para mais um final de
semana ou, ainda, três horas para o daqui a pouco.
Apesar dos desafios que já enfrentei, das dificuldades e desertos, com certeza, valeu a pena o que já vivi.
Não tenho uma vida perfeita, mas sou grata pela minha realidade. Sou feliz com o que tenho e com o que me tornei!
Assim como o Zeca Pagodinho, eu “só posso levantar as mãos pro céu, agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu.
Se não tenho tudo que preciso, com o que tenho, vivo. De mansinho lá vou eu.
Se a coisa não sai do jeito que eu quero, também não me desespero, o negócio é deixar rolar. E aos trancos e barrancos, lá vou eu e sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu.” Deixa a vida me levar
Apesar dos desafios que já enfrentei, das dificuldades e desertos, com certeza, valeu a pena o que já vivi.
Não tenho uma vida perfeita, mas sou grata pela minha realidade. Sou feliz com o que tenho e com o que me tornei!
Assim como o Zeca Pagodinho, eu “só posso levantar as mãos pro céu, agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu.
Se não tenho tudo que preciso, com o que tenho, vivo. De mansinho lá vou eu.
Se a coisa não sai do jeito que eu quero, também não me desespero, o negócio é deixar rolar. E aos trancos e barrancos, lá vou eu e sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu.” Deixa a vida me levar
No mais, peço ao Pai do céu para me ajudar a honrar meu compromisso
de prosseguir minha caminhada de forma honesta e sempre ser grata em tudo, por tudo e apesar
de tudo...
Espero ser sábia para isso.
Espero ser sábia para isso.
Por dentro, doze ou menos, e me acho mais bonita!
Por fora, óculos, rugas, gordurinhas, prata nos tintos
cabelos.
Por dentro sou dourada, imaculada, corpo de modelo!
Por fora, em aluviões, batem paixões contra o peito.
Paixões por versos, pinturas, filosofia e amigos sem
despeito.
Por dentro, sei me cuidar, vivo a brincar, meio sem jeito!
Não me derrota a tristeza, não me oprime a saudade, não me
demoro padecente.
E é por viver contente, que concluo, sem demora:
É a menina que vive por dentro, que alegra a mulher de fora!”
(Luan Jessan)
sábado, 9 de setembro de 2017
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
(in)dependência
Brasileiro geralmente não se importa muito com o que se
comemora em cada feriado...
O que importa mesmo é ter um feriado. Se for em uma
segunda-feira então, com a possibilidade de “emendar” com o final de semana, se
torna o feriado!
Pois é. Não estou julgando ninguém, estou me incluindo.
Confesso que precisei forçar um pouquinho a memória e confirmar o que é
celebrado em 07 de setembro (ok, para ajudar quem não lembrou ou não procurou
saber, é a Independência do Brasil.). Mas deixemos a história de
Brasil e Portugal que rolou lá em 1800 e poucos para os livros de História,
porque quero falar sobre outro tipo de independência. Ou dependência.
Hoje em dia fala-se tanto na importância de se conseguir ser
uma pessoa independente. Desde que uma criança nasce, já começam as
cobranças. Ela tem que aprender a dormir sozinha em seu próprio quarto,
entender que é uma pessoa individual e não está mais “grudada” na mãe; tem que
sentar logo sozinha para ser mais independente; tem que aprender a comer
sozinha, sinal de independência; tem que aprender a andar para não depender de
ninguém para se locomover, e por aí vai!
Depois de alguns anos, começam outros tipos de cobrança: conciliar estudos com trabalho, para ter sua independência financeira, ir morar
sozinho, para não precisar dar satisfação aos pais, tomar iniciativas, tomar
decisões sem opinião de ninguém, arranjar um excelente emprego, saber se
defender, não depender de outra pessoa para ser feliz. Ufa!
As pessoas associam independência com liberdade. E, afinal,
todo mundo quer ser livre, claro!
Não estou dizendo que isso é errado, pelo contrário. Ser
independente é ruim? Não! Claro que não! Mas é possível, ou ainda, é bom ser
totalmente independente? Eu não acho não.
Acho que uma consequência da independência pode ser a
solidão. Se alguém se foca muito em ser independente, autônomo,
autossuficiente, chegará a um ponto que vai pensar “Bom, não preciso de ninguém
para nada!”. Mas e se um dia precisar? Essa pessoa terá alguém a quem recorrer?
Eu sou uma pessoa dependente de relacionamentos. Dependo da
minha família para me aguentar, dos meus amigos para ter com quem conversar,
rir, passear, me distrair, dependo de Deus para viver, enfim, definitivamente,
não sou lá muito independente.
Nem vou entrar no mérito da dependência do que não é humano,
porque é perigoso chegar à conclusão de que dependo de coisas demais!
Mas o que quero dizer com tudo isso é que não é vergonha
nenhuma depender de alguém. Porque se tem uma coisa que deve ser difícil e
doloroso é viver sozinho.
Então, nesse dia em que é celebrada a Independência, que tal
declararmos nossa dependência às pessoas que fazem parte das nossas vidas?
Certamente passar um feriado em boa companhia é muito melhor do que sozinho,
portanto, diga para alguma pessoa que seu feriado depende dela para ser mais
divertido.
Dizem por aí que o melhor é ser feliz sozinho, mas cá pra
nós, eu acho muito melhor ser feliz junto de pessoas que gosto!
É isso, bom feriado, independente do que vai rolar!
__Angélica Pina
terça-feira, 5 de setembro de 2017
pai da Pátria
O termo vem do latim pater patriae e simboliza o papel de
determinada personalidade na formação da unidade nacional e de sua
independência.
O nosso Pai da Pátria não é um, mas dois: Dom Pedro I e José
Bonifácio. Cada nação tem o seu, que serve de modelo de heroísmo e dignidade.
O Pai da Pátria está acima de nós, como numa família
tradicional. Não em valor, que valorosos somos todos, mas em
representatividade. O Pai da Pátria poderia, inclusive, ser o epíteto de todo
chefe do executivo, não fosse, especialmente no nosso caso, uma piada. Há
pesquisas sérias sobre a importância de se ter um pai reconhecido em certidão.
O Brasil, de forma simbólica, tem os dois já citados, mas, na prática, é como
se fossemos filhos de um pai fantasma, que não nos deu o senso de inclusão
familiar, de responsabilidade e de orgulho, deixando-nos à deriva.
Quem me dera ser
crédula, confiante. Do tipo que admite estarmos em meio a uma crise medonha,
mas que dela brotará um Estado maior, melhor. Já fui assim otimista, mas o
tempo passou e me cobrou alguma lucidez e coragem para encarar a realidade.
Agora não me é mais dada a alternativa de embarcar num faz de conta, acreditar
em devaneios: o fato é que sempre estivemos irreversivelmente lascados, pois
desde que essa história começou (1500), foi um tropeço atrás de outro, um país
descoberto por engano, por causa de uns ventos inesperados que conduziram as
caravelas para outro destino que não a Índia e foram parar aqui sem querer, e
quem dá importância ao que foi sem querer? Descuidos não são levados a sério,
nunca fomos e jamais seremos a primeira opção nem pra nós mesmos. O Brasil é um
acidente de percurso do qual se tenta tirar alguma vantagem para que o engano
de rota não resulte em total perda de tempo.
Se você discorda, se
ainda acredita que um dia seremos um país íntegro, digno, consistente, me
declaro invejosa da sua fé. Sou uma ratazana descrente que não abandona o navio
porque tem parentes no convés, apenas por isso.
Sorte a minha, e provavelmente a sua, de que colecionamos
algumas vitórias particulares: amigos fiéis, o gosto pela música, amar e ser
amado, gozar de boa saúde, poder ir ao cinema de vez em quando, não ter
vergonha do passado e acreditar-se merecedor de um banho de sol, de um banho de
mar, de um banho de chuva, essas trivialidades naturais que mantém o corpo e a
alma azeitados. A vida vale a pena em sua simplicidade, aquela que ainda
comove, pois rara.
Mas não nos gabemos,
pois ainda que nossa família nuclear e nossa trajetória pessoal não nos envergonhem,
somos todos habitantes de uma pátria órfã.
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Martha Medeiros
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