"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 28 de setembro de 2017

feliz cidade


                                             
   “Campo Belo, cidade montesa
                                             ... és rainha da terra mineira!”
#138 anos

 “Diz a mãe :
a vida faz -se como uma corda.
É preciso trançá-la até não
distinguirmos os fios dos dedos.”

| Mia Couto


 Os olhos do Senhor estão em toda parte, observando atentamente os maus e os bons.

Provérbios 15:3

sexta-feira, 22 de setembro de 2017



Que a primavera venha leve, suave e calorosa, enchendo de cor o dia-dia e iluminando os corações gelados.


“Fui me confessar ao mar.
E o que ele me disse?
Nada.”


“Pois tu formaste o meu interior tu me teceste no seio de minha mãe.” 

Salmos 139:13

quinta-feira, 21 de setembro de 2017



#dia da árvore


“Uma coisa é plantar uma árvore,
outra é fazê-la sobreviver.”
(Wangari Muta Maathai)


A vida é curta demais para se beber maus vinhos.”

Duijker, Hubrecht

sem os dentes da frente


Perder um amor é o equivalente a arrancar dentes.

Suspenderá a mastigação da vida. E a dor é igual: de osso, impactante, torturante.

Óbvio que nem todos fins doem. Há os amores dentes de leite da infância, que abrem espaço para dentes melhores. Pertencem à esfera onírica dos primeiros arrebatamentos, idealizados, feitos da recompensa da amizade e das bitocas inocentes e puras.

O equilíbrio começa a ruir pelos amores sisos, os quatro dentes que despontam no auge da adolescência e acavalam o rosto. Representam as paixões proibidas e que enfrentam clara resistência social e familiar.

Todos passam pela natureza clandestina e selvagem desses encontros-conflitos. São dentes escondidos na carne e que desorganizam o desenho da gengiva. São os amores cafajestes, loucos, passionais, que atravancam a carreira, a rotina, a paz, a dentição dos fatos, que competem com os amigos e prazeres. São os amores imprestáveis, provenientes de casos, rolos e aventuras.

Os amores sisos não resistem, não se encaixam em papéis fixos, não perduram nas palavras. Raramente viram relacionamentos estáveis e longevos. Têm uma duração curta e intempestiva. Acabam habitualmente extraídos da forma mais dolorosa possível, sem anestesia.


Por isso não tema, pois estou com você;
não tenha medo, pois sou o seu Deus.
Eu o fortalecerei e o ajudarei;
eu o segurarei
com a minha mão direita vitoriosa.

(Isaías 41:10)

quarta-feira, 20 de setembro de 2017



Uma vez, na minha infância, a família se reuniu para uma fotografia. O fotógrafo gritou para que todos sorrissem. Naquele dia, eu havia perdido a minha boneca preferida, meu pai me colocara de castigo porque eu tinha brigado com meu irmão e a vovó ainda estava internada por causa da asma. Eu não sorri.

Esta fotografia está em um porta-retratos, na sala de jantar da casa dos meus pais. Gosto do olhar corajoso da menina que não obedeceu ao comando do fotógrafo. Relembro como foram tantas as vezes, na minha vida, em que fui forçada a sorrir sem estar com vontade. Penso na hipocrisia que me rodeia e aquela foto envelhecida renova a minha esperança.

É que vez ou outra volto a sentir meu peito inflamado, como naquele dia da minha infância. Nem sempre tenho certeza sobre o que me dói. Uma cicatriz antiga ou uma saudade recente? Ou é o espelho que, vira e mexe, me lembra do quanto sou insignificante perante as dores do mundo?

Enquanto sentidos me queimam por dentro, sei que nações estão destruindo umas às outras e a si mesmas; que bombas atômicas esperam pela terceira guerra mundial; que ditaduras se mascaram de democracia; que extremistas matam por causa da religião; que a imigração desordenada é indesejada e que uma população nervosa e desacreditada está em ebulição.

Sinto raiva pelas filas enormes nos atendimentos médicos dos postos de saúde e pelo excesso de escândalos e corrupção na política. Enquanto escrevo este texto, alguma mulher está sendo estuprada.

Sob meu edredom quentinho, assisto a reportagens de pessoas que morrem de fome, de frio e de medo, e não sei se fico tonta de vergonha (culpa?) ou por causa do vinho.

Outro dia, ao tentar deixar a internet de lado, tive uma revelação: estamos cada vez mais livres do conservadorismo (podemos ser o que e quem quisermos), mas cada vez mais presos à tecnologia moderna (não conseguimos nos desligar de aplicativos e celulares). Estamos sendo substituídos por máquinas e robôs que roubam nossos empregos e nossa humanidade. E a nossa liberdade de expressão está sendo oprimida por um tal novo mundo admirável e politicamente correto.

Perco a vontade de sorrir quando penso nisso tudo, e volto à fotografia da minha infância: não quero uma felicidade dissimulada. Também não quero camuflar a minha angústia, nem quero ser igual àqueles que aceitam o sem sentido da vida. Quero ser selvagem sem ser ingênua: “quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade” (Aldous Huxley, em “Admirável Mundo Novo”), pois quero viver a desgraça sem a obrigação de disfarçá-la com um sorriso cordial no rosto.

É que os dias passam, mas as mágoas permanecem dobradas como lenços envelhecidos no bolso da calça. O tempo passa, mas não vai embora, nem fica: ele nos revisita com suas cicatrizes (e fotografias), culpas e saudades.

Talvez não haja tempo suficiente para resolver o que não tem explicação. Resta a nós descobrir a nossa própria verdade: viver sob o controle de consumismo, egoísmo e alienação (espalhando sorrisos editados, mesmo quando nada está indo bem) ou viver sob a vulnerabilidade humana — como selvagens de nós mesmos — com infortúnios e alegrias, mas aprendendo a deixar doer.

__Rebeca Bedone

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.”

Hebreus 11:1

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

que de hoje em diante...


Todos os seus sonhos se realizem
Todos os seus amores sejam correspondidos
Todas as suas vontades sejam saciadas
Todas as músicas que tocarem no rádio sejam as suas preferidas
Todas as pessoas que você conhecer sejam verdadeiras
Todo choro seja de felicidade
Todo abraço seja apertado
Todo riso se transforme em gargalhada
Toda amizade seja sincera
Todo amigo seja preservado
Todos os sorrisos sejam largos
Todos os telefonemas tragam notícias boas
E que toda a sua felicidade seja para sempre!

#niver do Rafa

Feliz aniversário, Dedé!
 Que de hoje em diante toda a sua felicidade seja para sempre”. 

a volta do arado


Um filho pode ajudar a perpetuar o amor que sentimos e o cuidado que temos pelas pequenas e belas coisas da vida. E por essa continuidade de nós mesmos somos capazes até de nos fingir de loucos, como fez Ulisses, com seu arado.

Segundo os poemas sagrados que contam das nossas origens, eu fui feito de coisas bem deste mundo: a terra, a água, o vento. E acredito que sim, pois eu amo essas coisas. Amo a terra, amo o vento, amo a água, e me sinto feliz no meio delas, minhas irmãs, continuação do meu corpo. Não sinto nostalgia dos céus. Assustam-me as sobrehumanas companhias. Quero o barco, a gaivota, o mar, as árvores, o vazio onde navegam as nuvens, planam as aves, flutuam as pipas, e os seus cheiros, cores, barulhos, gostos, memórias…

Amo também as coisas urbanas. A praça com os namorados, velhinhos e crianças. O coreto vazio, cheio de saudades, onde se ouvia a banda tocar. A mesa do bar, sorvete e refresco, conversas sem fim, as falas de amor. O concerto, o teatro, o cemitério. Já notaram como os cemitérios são tranquilos? Os relógios param, respira-se um ar de muitos anos atrás. E as feiras e mercados, derramados de frutas e verduras – que continuam a ter as mesmas cores e cheiros, a despeito da inflação. Todas essas coisas moram dentro de mim. Acho, inclusive, que nós somos as coisas que moram dentro de nós. Por isso há pessoas que são bonitas. Não pela cara, mas pela exuberância do seu mundo interno. Há a estória da linda princezinha que foi enfeitiçada e, sempre que abria a boca, dela só saíam cobras, sapos e lagartos. Outras, quando falam, delas sai um arco-íris.

Fico triste pensando que, morrendo, não estarei mais aqui para cuidar dessas coisas e para dizer a elas que elas são belas. Gostaria que alguém houvesse que delas cuidasse. Dizem que isso é bobagem. Morreu, acabou. Mas, por enquanto estou vivo, e não posso deixar de pensar naqueles que tomarão o meu lugar. Desejo que as coisas que eu amo continuem a ser amadas e cuidadas, mesmo depois da minha partida. Sei que retomarei ao mundo vegetal-mineral de onde saí. Mas acontece que em mim vivem coisas que esse mundo mineral-vegetal não entende, pois ele mora no esquecimento. Estórias, poemas, canções, sonhos, rostos. Essas coisas são a alma do meu mundo e só sobreviverão se houver alguém que as ame como eu as amo. E é isso que as gerações mais velhas esperam dos jovens: uma cumplicidade nos objetos de amor. E é por isso que geramos filhos – não por acidente biológico –, mas porque em nós existe o desejo de alguém a quem possamos entregar o mundo que amamos, como herança.

Eles cuidarão dele depois da nossa partida. Mas parece que as coisas não acontecem assim. E se a psicanálise elegeu o mito de Édipo como protótipo das relações entre filhos e pais, foi porque ela descobriu ódio e inveja, vingança e morte a separar as gerações. E até as estórias infantis dizem a mesma coisa: a madrasta envia a Branca de Neve para a floresta para ser morta pelo caçador. E assim as gerações se sucedem, sob a maldição da inimizade. Mas há um outro mito. Quando a Grécia se preparava para a Guerra de Tróia, mandou convocar seus heróis para as batalhas. Agamenon, Palâmades e Menelau foram encarregados de trazer Ulisses. Mas ele havia se casado, fazia pouco, e se deleitava com o filhinho recém-nascido. Nada lhe parecia mais terrível que uma guerra que o separasse da esposa e do menino. Resolveu passar-se por louco. Pôs um chapéu cônico na cabeça, atrelou um boi e um burro a um arado e pôs-se a arar a areia, onde semeava sal.

Palâmades desconfiou. E tratou de desfazer o embuste. Agarrou a criancinha e a colocou na direção da lâmina do arado que se aproximava. Ulisses fez o arado desviar-se em semicírculo, em torno da criança. E com isso se revelou. Teve de ir para a guerra…

Estória de ternura: um pai se trai para salvar o filho.

Sempre que se anuncia a geração de uma criança, anuncia-se também a repetição dessa estória imemorial. Muitos arados serão desviados… E com isso se anuncia a coisa mais bela que pode existir: os laços de amor que ligam as gerações que vão passando. E ficamos sabendo que haverá alguém para cuidar das coisas belas que amamos…

É por isso que geramos filhos – não por acidente biológico –, mas porque em nós existe o desejo de alguém a quem possamos entregar o mundo que amamos, como herança.



“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem.” 

Salmos 128:1-2

sábado, 16 de setembro de 2017

metamorfose


E então um belo dia você se levanta e já não é mais uma. É plural. Seus braços já não se fecham, seus olhos passeiam ansiosos pela volta. E a volta é sempre para ele — ou ela. Você se levanta e já não caminha só. As mãos migram da barriga para outras mãos, essas bem pequenas. Você agora é halterofilista. E carrega um peso que aumenta a cada dia, junto com o seu sorriso. Quanto mais o peso cresce, mais leve você fica. Você aprende a andar com o braço esticado, barriga estendida, coluna curvada para trás fazendo um C ao contrário. Você é a casa dele — ou dela. E nem sabia que era capaz de tanto contorcionismo. Se for preciso, você faz abertura, deita no chão, carrega peso, anda quilômetros, suporta sol, chuva e apara as pedras que caírem do céu. Você agora é plástico-bolha. E brilha.

Um belo dia você levanta e esquece que tem medo. E quando vem a tempestade você enxuga o que chove por dentro e vira capa, marquise, castelo, pavilhão. Para acolhê-lo com a força de um mundo. Você agora é super-herói. E voa.

Um belo dia você se levanta e tem dois corações. Um deles, estranhamente, está fora de você. E por onde ele for, o seu vai dar um jeito de ir junto. E o cérebro, os nervos, todo o amor do mundo. Você não vive mais só para você. Vive por ele — ou ela. E, a cada nova travessura desse novo e pequeno coração, o bom e velho vai sofrer junto. Não importa se ele vai errar ou acertar, se encontrar ou se perder. Seu velho vai estar lá, vivo, judiado de tanta adrenalina. Sorrindo. Sofrendo. Caindo. Levantando. Doendo. E você não sabe mais viver sem essa dor.

Um belo dia você acorda e esquece que tem medo. E quando vem a tempestade você enxuga o que chove por dentro e vira capa, marquise, castelo, pavilhão. Para acolhê-lo com a força de um mundo. Você agora é super-herói. E voa.

Um belo dia você levanta e ele também. Suas pequenas pernas já sustentam toda aquela vontade de engolir o mundo, desprovida de juízo ou malícia. Você agora é guarda-costas. E guarda. E sua mão está sempre aberta para a dele. Você aperta os dedos com força, na tentativa de blindá-lo de qualquer perigo. Em vão. Você agora é aventureira. E vive com frio na barriga.

Você vai e ele vai junto. Você virou dois. Até que ele comece a dar os seus saltos, que você vai assistir com lágrimas nos olhos e o coração apertado, ou melhor, os corações. E com ele crescerá um medo novo, que você vai aprender a equilibrar feito prato de circo, para manter rodando e até achar bonito. Você agora é malabarista. E o espetáculo não pode parar.

Um belo dia você levanta e nem dormiu. Ele é seu despertador natural, que acorda a alma com um balde de amor. Você levanta e é forte. E fez. E faz. E nem acredita. A vida virou bagunça e você não quer mais colocar em ordem. Não quer mais a casa calma, tudo no lugar, parede branca, chão limpo, silêncio cortante, foto de revista.

Você agora é Canguru. E salta.

Como não dar graças à Deus por hoje?
Ele me deu o presente mais precioso que tenho: você!


Feliz aniversário, filho!
Meu amor incondicional, minha bênção e meu desejo de que todos os seus sonhos se concretizem.




“Que o Senhor te abençoe muitíssimo e te alargue as fronteiras, que seja contigo a tua mão e te preserve do mal, de modo que não te sobrevenha aflição!” 

1 Crônicas 4:10

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

o fim do homem mais rico do mundo


Joesley chorou quando lhe abriram a porta da cela em que está encerrado. Geddel continua chorando no fundo da cadeia. Lula e Temer ainda estão livres, mas o longo braço da lei já lhes bateu no ombro. Homens ricos e poderosos que se achavam intocáveis. Achavam que tinham sorte.

Existe sorte? Vou contar uma história antiga, mas bastante ilustrativa a respeito: a história de Creso, que, a seu tempo, foi o homem mais rico e poderoso do mundo. Uma mistura de Joesley e Lula antes da Lava-Jato.

Creso era rei da Lídia, que ficava na atual Turquia. Segundo Heródoto, teria sido ele o inventor de algo que você tem de sobra, opulento leitor: o dinheiro.
Tudo ia bem com o rei, até que ele recebeu a visita do grego Sólon, que não era rico, mas era inteligente. Consideravam-no um dos sete sábios da Grécia Antiga, o que não é pouco, porque os gregos antigos eram bem sabidos.

Creso, ciente da fama do visitante, chamou-o ao palácio. Queria se exibir. Mostrou-lhe as suas riquezas, que eram, de fato, impressionantes. Terminado o tour, perguntou:
- Agora me diga: quem é o homem mais afortunado que você já conheceu?
Sólon pensou um pouco e respondeu: - Telo, de Atenas.
O rei levou um susto. Por todas as escravas trácias de pele leitosa e bustos fartos, quem era esse Telo, de Atenas?
Sólon respondeu que Telo havia sido um homem bom e rico, que gerou filhos belos e nobres e que morreu dignamente, com a espada na mão.

O rei ficou irritado, mas se conteve. Insistiu:
- E quem foi o segundo homem mais afortunado que você conheceu?
- Ah! - disse Sólon. - Foram Cleóbis e Bíton, dois irmãos argivos.
O rei rosnou com fúria real:
- E quem são esses?
Sólon contou que Cleóbis e Bíton eram atletas de grande força física. Um dia, a mãe deles estava atrasada para um compromisso e, num tempo sem Uber, a parelha de bois que a levaria se atrasou. Os irmãos não tiveram dúvida: puseram-se na canga e puxaram a carroça com a mãe em cima. Ela chegou na hora aprazada e todo o povo argivo cumprimentou-a pela pontualidade e pelos filhos dedicados que tinha. Cleóbis e Bíton também ficaram felizes, mas, mais do que isso, ficaram cansados. Deitaram-se no templo para tirar uma soneca e não acordaram mais.
A maioria dos pais modernos preferiria chegar atrasada e manter os filhos vivos, mas não era assim que se pensava na Argos daquele tempo. Os argivos, a mãe inclusive, festejaram a façanha dos rapazes e levantaram estátuas em honra deles.

A essa altura, Creso já estava fulo. Como é que podia Sólon achar homens comuns mais felizes do que ele?
- E eu??? - gritou. - Tendo visto minha riqueza, você não acha que sou afortunado?
Sólon ponderou que Creso continuava vivo e que os deuses às vezes nos pregam peças desagradáveis quando menos esperamos. - Sua história tem de terminar para eu saber se você foi afortunado - explicou. Creso dispensou o sábio com um dar de ombros, pensando que ele não era tão sábio assim, afinal.

Não muito depois disso, Creso cometeu a temeridade de arriscar sua sorte e atacar a Pérsia, do rei Ciro. Foi derrotado, capturado e amarrado a um poste. Sob as vistas de Ciro, os persas começaram a amontoar lenha e gravetos em volta de Creso, preparando-se para queimá-lo vivo.

Percebendo que sua sorte acabara, o triste rei lembrou-se de Sólon e começou a gemer:
- Sólon... Sólon... Sólon... Ouvindo-o, Ciro perguntou quem era aquele deus desconhecido que Creso invocava na hora da morte. Creso contou sobre Sólon e concluiu:
- Agora sei o que ele quis dizer. Agora aprendi a lição.

Ciro, que era esperto, viu que aquilo ensinava algo a ele. Percebeu que, no futuro, poderia se tornar um Creso. Então, mandou que os soldados o libertassem e o nomeou seu conselheiro, para que nunca esquecesse que a felicidade e a riqueza são fugazes, mas a sabedoria é para sempre.

Aprendam, portanto, Temer, Lula, Joesley, Geddel e tantos mais. Porque ainda não chegamos ao fim.

__David Coimbra

o respeito é conquistado, o medo é imposto!


“Todavia, como está escrito: 'Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam'.” 

(1 Coríntios 2:9)

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

olhar 57



Virginiana com ascendente em Gêmeos, hoje, 13 de setembro é meu aniversário. 
A contar de 1960 até o dia de hoje, já se foram 57 anos. 
Me sinto infinitamente agradecida por ter chegado aqui e, adiante, agradecerei por ter chegado em algum outro lugar.

O tempo passa surpreendentemente rápido. Faltam exatos três anos para eu me tornar uma sexagenária, assim como faltam três dias para mais um final de semana ou, ainda, três horas para o daqui a pouco.

Apesar dos desafios que já enfrentei, das dificuldades e desertos, com certeza, valeu a pena o que já vivi. 
Não tenho uma vida perfeita, mas sou grata pela minha realidade. Sou feliz com o que tenho e com o que me tornei!

Assim como o Zeca Pagodinho, eu “só posso levantar as mãos pro céu, agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu.
Se não tenho tudo que preciso, com o que tenho, vivo. De mansinho lá vou eu.
Se a coisa não sai do jeito que eu quero, também não me desespero, o negócio é deixar rolar. E aos trancos e barrancos, lá vou eu e sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu.” Deixa a vida me levar

No mais, peço ao Pai do céu para me ajudar a honrar meu compromisso de prosseguir minha caminhada de forma honesta e sempre ser grata em tudo, por tudo e apesar de tudo...

Espero ser sábia para isso.



“Por fora tenho tantos anos, que você nem acredita.
Por dentro, doze ou menos, e me acho mais bonita!

Por fora, óculos, rugas, gordurinhas, prata nos tintos cabelos.
Por dentro sou dourada, imaculada, corpo de modelo!

Por fora, em aluviões, batem paixões contra o peito.
Paixões por versos, pinturas, filosofia e amigos sem despeito.
Por dentro, sei me cuidar, vivo a brincar, meio sem jeito!

Não me derrota a tristeza, não me oprime a saudade, não me demoro padecente.
E é por viver contente, que concluo, sem demora:
É a menina que vive por dentro, que alegra a mulher de fora!”

(Luan Jessan)

Até aqui nos ajudou o SENHOR. 

1 Samuel 7:12

sábado, 9 de setembro de 2017


#dia do veterinário

quarta-feira, 6 de setembro de 2017


(in)dependência


Brasileiro geralmente não se importa muito com o que se comemora em cada feriado... 
O que importa mesmo é ter um feriado. Se for em uma segunda-feira então, com a possibilidade de “emendar” com o final de semana, se torna o feriado
Pois é. Não estou julgando ninguém, estou me incluindo. 
Confesso que precisei forçar um pouquinho a memória e confirmar o que é celebrado em 07 de setembro (ok, para ajudar quem não lembrou ou não procurou saber, é a Independência do Brasil.). Mas deixemos a história de Brasil e Portugal que rolou lá em 1800 e poucos para os livros de História, porque quero falar sobre outro tipo de independência. Ou dependência.

Hoje em dia fala-se tanto na importância de se conseguir ser uma pessoa independente. Desde que uma criança nasce, já começam as cobranças. Ela tem que aprender a dormir sozinha em seu próprio quarto, entender que é uma pessoa individual e não está mais “grudada” na mãe; tem que sentar logo sozinha para ser mais independente; tem que aprender a comer sozinha, sinal de independência; tem que aprender a andar para não depender de ninguém para se locomover, e por aí vai!

Depois de alguns anos, começam outros tipos de cobrança: conciliar estudos com trabalho, para ter sua independência financeira, ir morar sozinho, para não precisar dar satisfação aos pais, tomar iniciativas, tomar decisões sem opinião de ninguém, arranjar um excelente emprego, saber se defender, não depender de outra pessoa para ser feliz. Ufa!

As pessoas associam independência com liberdade. E, afinal, todo mundo quer ser livre, claro!

Não estou dizendo que isso é errado, pelo contrário. Ser independente é ruim? Não! Claro que não! Mas é possível, ou ainda, é bom ser totalmente independente? Eu não acho não.

Acho que uma consequência da independência pode ser a solidão. Se alguém se foca muito em ser independente, autônomo, autossuficiente, chegará a um ponto que vai pensar “Bom, não preciso de ninguém para nada!”. Mas e se um dia precisar? Essa pessoa terá alguém a quem recorrer?

Eu sou uma pessoa dependente de relacionamentos. Dependo da minha família para me aguentar, dos meus amigos para ter com quem conversar, rir, passear, me distrair, dependo de Deus para viver, enfim, definitivamente, não sou lá muito independente.

Nem vou entrar no mérito da dependência do que não é humano, porque é perigoso chegar à conclusão de que dependo de coisas demais!

Mas o que quero dizer com tudo isso é que não é vergonha nenhuma depender de alguém. Porque se tem uma coisa que deve ser difícil e doloroso é viver sozinho.

Então, nesse dia em que é celebrada a Independência, que tal declararmos nossa dependência às pessoas que fazem parte das nossas vidas? Certamente passar um feriado em boa companhia é muito melhor do que sozinho, portanto, diga para alguma pessoa que seu feriado depende dela para ser mais divertido.

Dizem por aí que o melhor é ser feliz sozinho, mas cá pra nós, eu acho muito melhor ser feliz junto de pessoas que gosto!

É isso, bom feriado, independente do que vai rolar!

__Angélica Pina

Deus, sara esta nação
com o Teu poder
com o óleo da Tua unção.

(Deus sara esta nação - Fernanda Brum)

terça-feira, 5 de setembro de 2017

pai da Pátria


O termo vem do latim pater patriae e simboliza o papel de determinada personalidade na formação da unidade nacional e de sua independência.

 O nosso Pai da Pátria não é um, mas dois: Dom Pedro I e José Bonifácio. Cada nação tem o seu, que serve de modelo de heroísmo e dignidade.

 O Pai da Pátria está acima de nós, como numa família tradicional. Não em valor, que valorosos somos todos, mas em representatividade. O Pai da Pátria poderia, inclusive, ser o epíteto de todo chefe do executivo, não fosse, especialmente no nosso caso, uma piada. Há pesquisas sérias sobre a importância de se ter um pai reconhecido em certidão. O Brasil, de forma simbólica, tem os dois já citados, mas, na prática, é como se fossemos filhos de um pai fantasma, que não nos deu o senso de inclusão familiar, de responsabilidade e de orgulho, deixando-nos à deriva.

 Quem me dera ser crédula, confiante. Do tipo que admite estarmos em meio a uma crise medonha, mas que dela brotará um Estado maior, melhor. Já fui assim otimista, mas o tempo passou e me cobrou alguma lucidez e coragem para encarar a realidade. Agora não me é mais dada a alternativa de embarcar num faz de conta, acreditar em devaneios: o fato é que sempre estivemos irreversivelmente lascados, pois desde que essa história começou (1500), foi um tropeço atrás de outro, um país descoberto por engano, por causa de uns ventos inesperados que conduziram as caravelas para outro destino que não a Índia e foram parar aqui sem querer, e quem dá importância ao que foi sem querer? Descuidos não são levados a sério, nunca fomos e jamais seremos a primeira opção nem pra nós mesmos. O Brasil é um acidente de percurso do qual se tenta tirar alguma vantagem para que o engano de rota não resulte em total perda de tempo.

 Se você discorda, se ainda acredita que um dia seremos um país íntegro, digno, consistente, me declaro invejosa da sua fé. Sou uma ratazana descrente que não abandona o navio porque tem parentes no convés, apenas por isso.

Sorte a minha, e provavelmente a sua, de que colecionamos algumas vitórias particulares: amigos fiéis, o gosto pela música, amar e ser amado, gozar de boa saúde, poder ir ao cinema de vez em quando, não ter vergonha do passado e acreditar-se merecedor de um banho de sol, de um banho de mar, de um banho de chuva, essas trivialidades naturais que mantém o corpo e a alma azeitados. A vida vale a pena em sua simplicidade, aquela que ainda comove, pois rara.

 Mas não nos gabemos, pois ainda que nossa família nuclear e nossa trajetória pessoal não nos envergonhem, somos todos habitantes de uma pátria órfã.