"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



domingo, 30 de setembro de 2018


#dia da secretária

“inteligência não se vende em frascos”



Quando caminho pelas ruas da cidade, ou mesmo quando circulo de carro, reparo em pequenos pontos comerciais em reforma e penso: tomara que seja uma livraria, tomara que seja uma papelaria, tomara que seja uma galeria de arte, tomara que seja um bistrô, tomara que seja uma floricultura. Vou acompanhando a obra com expectativa, até que um dia os tapumes são retirados e, lógico: é mais uma farmácia.

Os laboratórios movimentam fortunas e estimulam o consumo de medicamentos de forma impulsiva e muitas vezes desnecessária. Remédio não é sorvete, não é banana, não é pãozinho. Mas o povo se acostumou a ingerir goela abaixo o que é sugerido sem receita e sem critério, e a indústria farmacêutica prospera.

Conversava outro dia com uma amiga endocrinologista e falávamos justamente sobre como tantas doenças poderiam ser prevenidas através da simples mudança de hábitos. Ninguém nega a importância de uma campanha de prevenção contra o uso do drogas, por exemplo, mas há um número ainda maior de pessoas se viciando em gordura, evitando legumes, se entupindo de refrigerante, não investindo em produtos orgânicos, abusando do sal, do açúcar e das frituras.

Esse é só um exemplo de como a falta de qualidade de vida pode adoecer e até matar. A causa de óbitos geralmente é infarto, câncer, infecção generalizada, falência múltipla de órgãos, mas algumas dessas doenças tendem a iniciar décadas antes, por meio de uma rotina de muito stress, ansiedade, angústia emocional e neuroses não tratadas. Negativismo, raiva, frustração, nada disso colabora com nosso metabolismo.

É aí que pequenas atitudes podem fazer diferença, como praticar atividades físicas, buscar recursos para relaxamento (ioga, meditação, massagem), cultivar amigos, dormir bastante, usar filtro solar, cuidar da postura, beber muita água, controlar o peso, não fumar, não beber em excesso, fazer check-ups periódicos – e não se drogar, lógico. Os médicos têm batido nessa tecla com insistência, mas ainda há quem considere esse blá-blá-blá improdutivo ou politicamente correto demais.

Tem nada a ver com politicamente correto, e sim com inteligência. E inteligência não se vende em frascos.

Farmácias comercializam produtos de primeira necessidade. Sem elas, não teríamos acesso a medicamentos fundamentais para nossa saúde mental e física, devidamente prescritos, mas precisamos de tantos? Creio que teríamos uma sociedade bem mais saudável se a população contasse com muito mais pontos de venda de livros, sucos, flores, livros, discos, bicicletas, livros, frutas, bolas de futebol, raquetes de frescobol, instrumentos musicais, gravuras, livros, livros e, claro, livros.



Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver. E isso para que o servo de Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer todo tipo de boas ações.

2 Timóteo 3:16-17 / NTLH

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

a volta do diabinho



Tenho no ombro, e às vezes se manifesta, um feio diabinho pousado. É meu lado descrente, talvez sarcástico, e triste. Quando me assaltam as notícias atuais, aqui e pelo mundo, ele enrola e desenrola seu rabo, e se inquieta.

Assuntos como meninos criminosos tratados como crianças e cotas - mas estas são para outro dia. Drogados ou lúcidos, os meninos começam a roubar e a matar, às vezes com requintes de crueldade, aos 12 anos, pouco mais, pouco menos: se apanhados, nem todos poderão ser reintegrados à sociedade, frase aliás metafórica e vaga. Voltarão para novos crimes.

Um menino de 15 anos confessou na maior frieza o assassinato de 17 pessoas. “Matei, sim.” Talvez tenha acrescentado num dar de ombros: “E daí?”. Quinze dos crimes foram comprovados. Por ser menor de idade, como tantos assassinos iguais a ele, foi para uma dessas instituições de ressocialização nas quais não acredito. Logo estará livre para reiniciar sua vida de psicopata. E, se perguntarem a razão, talvez diga como outro criminoso, quase uma criança, que assaltou um amigo meu e repetia: “Vou te matar”. Meu amigo perguntou por que, e o menino respondeu com simplicidade: “Nada. Hoje saí a fim de matar alguém”.

Como nós, sociedade moderna, produzimos esse e outros dramas morais? Acusa-se pela criminalidade juvenil a família, que às vezes é apenas outra vítima, ou “a sociedade”, conceito vago que isenta de uma ação enérgica, enquanto se multiplicam os dramas, aumentam as tragédias.

Esperamos soluções ou progressos de parte dos políticos? Dos líderes, das autoridades? De momento, isso me parece mais uma imensa falácia, pois mesmo os bem-intencionados terão pouco poder numa sociedade adoecida.

Sou mais crédula do que cética, o que nem sempre é bom. (O diabinho fica à espreita.) Quando menina, me disseram que, se a gente cavasse fundo no jardim, esse poço daria no Japão, onde as pessoas andavam de cabeça para baixo (para eles, de pernas para o ar estaríamos nós). Mas, adulta, descobri que a vida tem outros poços, nem todos divertidos. Um deles parece não ter fim: o dos escândalos nossos de cada dia, o da nossa desolação e dos nossos enganos.

O poço tem água no fundo: o diabinho no meu ombro espia seu reflexo nela, para ver se não haverá alguma luz que o afugente. Mesmo que seja uma lamparina, será uma luz, e apesar de tudo acredito nela. Resta descobrir quanto tempo se leva para chegar nesse fundo e se, em lá chegando, boa parte das nossas aflições à espera de justiça será resolvida e haverá justiça.

Enquanto escrevo isso, o diabinho rosna uma das melhores frases sobre o assunto: “A lei nem sempre garante a justiça”.





Orgulho de ser filha da terra
Meu coração pertence a esta cidade
Parabéns, Campo Belo!



#setembro amarelo



“Se você soubesse o que Deus pode dar e quem é que está lhe pedindo água, você pediria, e ele lhe daria a água da vida.” 

João 4:10 / NTLH

quinta-feira, 27 de setembro de 2018



Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias.
Esqueceram o maior de todos os deveres,
o dever para consigo mesmo.
É verdade que são caridosas.
Alimentam os esfomeados e vestem os pobres.
Mas as suas próprias almas morrem de fome
e estão nuas.

amor tardio


Investir em um relacionamento após determinada idade é um desafio dos grandes. Você não tem mais paciência para fantasias descabidas a lá Romeu e Julieta, simplesmente não está mais a fim de “perder” tempo com certas besteiras que décadas atrás mudariam o rumo da sua existência (tudo era uma questão de vida ou morte), os dramas já não precisam ganhar tanta tinta (longe de mim Almodóvar) e você procura, simplesmente, o tão esperado e seguro sossego.

No começo é quase sempre uma grande investigação. Uma curiosidade calcada no medo te move e você se sente um detetive do CSI, tudo pode ser um indício de um “crime”, uma peça do quebra-cabeças que (talvez) poderá fazer todo sentido no final. Enquanto isso você se diverte, se descontrai, aguça seus sentidos e segue caminhando cheia de interrogações na cabeça. Salto alto, batom impecável, sorriso no rosto e vamos lá.

Passa o tempo e algumas hipóteses se confirmam, você vai aprendendo a lidar com os esqueletos escondidos no fundo do baú (os seus e os dele), e começa a criar um repertório único, que não partiu do zero, mas de experiências passadas que te fizeram ser quem você é e logicamente ele também.

A melhor metáfora que vem a minha cabeça é a de uma nova personagem que chega na novela no centésimo capítulo. Ela chega, tem toda uma trama estabelecida e tem que lidar com tudo como se fosse o começo, mas não é. Essa personagem pode ganhar grande importância, ou não, depois de alguns episódios poderá ser assassinada caso não conquiste seu lugar de destaque ou virar a grande peça-chave da história e pronto, ficará eternizada na mente dos telespectadores.

Também passamos  a vestir o jaleco de farmacêuticos, conhecemos nossa bula do início ao fim. Nossas contraindicações, posologia, manias, gostos, reações adversas etc. Com as tentativas ao longo do tempo aprendemos mais sobre nós mesmos do que sobre o outro. O outro sempre é o outro, mas nós estamos aqui, convivendo com a mesma pessoa desde o nosso nascimento. Se pensarmos bem e exercitarmos um pouco da autorreflexão poderemos saber tanto sobre nós, as armadilhas que criamos, as mentiras que inventamos para nós mesmos, a felicidade das pequenas coisas que passam despercebidas e nem nos damos conta… aprender sobre si mesmo causa um efeito devastador, otimista e extremamente revolucionário. Por que não tentar?

Autoconhecimento é o caminho para viver uma vida plena. Seja consigo mesmo ou com um novo amor. Não demore para mergulhar na sua alma, você é profunda o suficiente para dar grandes saltos e fazer piruetas nesse doce e azul mar sem fim, basta ter coragem e encarar seus medos. A água gelada da piscina assusta, eu sei, mas logo que a sensação de milhões de punhais te espetando passa, o equilíbrio térmico atua e é aí que você consegue relaxar. Quando a gente perde medo do frio vive o prazer de se sentir mais leve, mais refrescada e possivelmente mais livre. Se conhecer é libertador porque te traz segurança. Os abalos chegam, mas não te derrubam, porque você já virou um bambu, daqueles que se envergam, mas não quebram.

Aprenda a ser bambu.

Eu sei, todos querem ser um árvore repleta de flores ou frutas suculentas. No entanto, as flores e as frutas vem e vão, passa o tempo estão sem graça e quase sem função, demora um ano para florescer ou dar o fruto da estação. Já o bambu… O bambu te dá equilíbrio. Mais vale a beleza do equilíbrio que a beleza fugaz de uma floração, acredite.

Uma vez bambu, o amor tardio chega. Você tem forças para lidar com os ventos, com as incertezas e com a incredulidade que te cabe. Será que ainda é tempo de amar? Será que ele é assim mesmo? Será que eu posso confiar?

Confie. Lembre-se que você não quebra.

E se permita ser surpreendida pelo amor tardio. Se permita ser surpreendida. Se permita surpreender. A palavra de ordem é doação.

Doar-se não é um sinal de fraqueza e sim de poder. Só serve quem tem segurança suficiente para tal. E o bambu? Serve para dar sombra, para refrescar, para fazer móveis, artesanato… bambu não quebra, lembra?

Seja bambu e dê boas vindas ao amor tardio.

escrito por Hilaine Yaccoub


#horário eleitoral

“Na vida, ao contrário do xadrez, o jogo continua após o xeque-mate.”

Issaac Asimov



Vocês eram como ovelhas que haviam perdido o caminho, mas agora foram trazidos de volta para seguir o Pastor, que cuida da vida espiritual de vocês.

1 Pedro 2:25

terça-feira, 25 de setembro de 2018

obrigação


Uma pesquisa revelou que 61% dos eleitores rejeitam a obrigatoriedade do voto. A desilusão com a política é apontada como um dos motivos. Sendo o voto um instrumento de transformação, eu jamais abriria mão dele, mesmo que fosse opcional, mas também sou contra. Preferiria que todos votassem por consciência em vez de fazerem uni-duni-tê em frente à urna apenas por dever cívico. Obrigação é uma palavra que me arrepia. Desde garota. Passei a infância desejando crescer porque intuía que a espontaneidade vivia no lado maduro da existência.

Sei que cada criança processa os ensinamentos que recebe através de um código muito particular, mas o fato é que eu me sentia numa camisa de força. Horário de ir para cama, ter que raspar o prato mesmo estando sem fome, a televisão racionada, o dever de só tirar notas boas. Obrigações que resultaram numa mulher responsável e bem criada, ao contrário de tantas outras crianças que fazem o que bem entendem e viram adultos mimados e despreparados para lidar com frustrações. Só que, aos oito anos de idade, eu não sabia nada sobre pedagogia. A teoria sobre criação de filhos não fazia parte do meu repertório. Eu só sabia das minhas vontades. Eu queria ser livre porque me parecia o único jeito de ser honesta com meus sentimentos e pensamentos.

Não queria fazer nada por obrigação. Nem comer, nem dormir, nem ser feliz por obrigação. Considerava uma violência quando, ao perguntar aos adultos “por que desse jeito?”, ouvia como resposta “porque sim e pronto” ou “porque é assim que tem que ser”.
Obedecia militarmente a hora certa de fazer as coisas como se houvesse um relógio universal regendo uma orquestra de bons moços a serviço do andamento do espetáculo. Não que me fosse custoso cumprir. Só era custoso entender.

Pior do que me comportar como “todo mundo”, era viver uma afetividade também regida por regras. Não parecia que as pessoas se encontravam por saudades, por afinidades ou para repartir calor humano. Parecia obrigação também. A obrigação das datas festivas. A obrigação dos domingos. A obrigação dos parentescos.

Ai de mim se gostasse mais de uma avó do que de outra. Ou se não quisesse sair do quarto para jantar. Ou se me recusasse a ir à missa. Ao colégio eu sabia que tinha que ir, não questionava. Só questionava o que me parecia facultativo.

Apesar dos meus facultativos não baterem com os dos meus pais, optei por não dar trabalho, segui a cartilha da boa menina. Fiz minha parte e eles a deles – bem feita, diga-se, ou não seria quem sou.

Mas quem eu sou mesmo? Cumpridora, pontual, educada, porém, hoje, profundamente intolerante a tudo o que não for espontâneo, ao teatro das convenções, às blindagens contra a intimidade, ao que serve apenas para manter a orquestra tocando.


#dia do rádio

a liquidez da vida - (des)relacionamentos


É tão engraçado pensar nessa mudança contínua que é a vida, nos ciclos que se iniciam e que terminam, nas pessoas que entram e saem das nossas vidas, nos caminhos que se cruzam e se vão. É tão ruim pensar que, de uma hora para outra pode tudo terminar. Que agora estamos aqui, bem, felizes, fazendo planos para os próximos meses, os quais nem saberemos se estaremos juntos. Planejando viagens que podem nem acontecer, e dividindo sonhos e casas que podem nem se materializar.

Pode ser que na semana que vem você perceba que não é nada disso, pode ser que vá a algum lugar e beba demais e conheça outra pessoa. Pode ser que se desanime com meu sorriso ou que meus abraços não mais lhe satisfaçam. Pode ser que eu receba uma proposta de trabalho na Amazônia, ou que eu enlouqueça e queira desaparecer no mundo. Há tantas possibilidades dos nossos caminhos se desenlaçarem... Pode ser que você se canse, e se vá.

E aí, certamente, irá doer. De uma forma brutal e delirante. E eu chorarei dias e noites, e deixarei de comer, e ouvirei músicas tristes e escreverei textos infindáveis sobre o nós que nem existirá mais. Mas, isso também, passará. E então, dentro de alguns meses, você será passado, talvez nem saiba por onde você anda, ou se está feliz. Talvez você vire somente mais um “ex namorado”, que eu contarei nos dedos, quando for começar um novo relacionamento. Pode ser que eu me lembre de você, ao ler um texto antigo ou ouvir uma música marcante. Mas também pode ser que não. E aquilo que era tão forte, tão cheio de planos, tão ‘para sempre’, se desfaz, como todos se desfizeram, como a própria vida se desfaz e se refaz diante dos nossos olhos.

Pode ser apenas mais um ciclo, apenas mais um cara, apenas mais uma história que – no fundo- foi somente supervalorizada, e com o tempo nem será de grande importância. Mas eu acredito que dessa vez seja diferente. Porque, por você, o coração bate muito mais forte, a vontade do ‘para sempre’ é tão real, os planos são tão parecidos, os risos riem juntos. Porque por você, eu suspeito, que seja amor. E aí é muito mais do que tudo isso. É amor, é pele, é alma, é demais – só não transborde além dos nossos limites, por favor. É para sempre – e que dure a eternidade que pudermos conviver felizes assim.

Drika Amaral


Estou certo de que o Senhor
está sempre comigo;
ele está ao meu lado direito,
e nada pode me abalar.

Salmos 16:8

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

uma árvore


Acompanhei de longe a história de uma árvore do bairro Jardim Botânico, no Rio. Uma amiga soube que ela iria ser derrubada por motivos fúteis (não estava ameaçando a vida de ninguém) e se empenhou em salvá-la. Primeiro ato: minha amiga subiu na árvore, que é como os ativistas ecológicos defendem seu território, e só desceu de lá depois de conseguir mobilizar a opinião pública - ou parte dela, representada por seus vizinhos e amigos. Estava tudo correndo bem, até marchinha de Carnaval a árvore ganhou em sua defesa e camisetas foram confeccionadas para angariar mais simpatizantes à causa, mas não foi suficiente. A bonita árvore foi cortada, veio abaixo.

Esta não é uma crônica sobre consciência ambiental, mas poderia ser. Não é uma crônica sobre os maus-tratos que a natureza sofre e seus efeitos sobre a vida no planeta, mas poderia ser. Não é uma crônica sobre a ideia canhestra de que só é válido se manifestar contra a devastação de uma floresta, mas uma arvorezinha só, uma arvorezinha de rua, essa não vai fazer falta a ninguém. Essa crônica poderia ser sobre a miopia de só darmos atenção às tragédias coletivas, às tragédias televisionadas, sem nos importarmos com os erros individuais e silenciosos que são cometidos embaixo do nosso nariz. Mas não é sobre isso a crônica.

É sobre paixão.

Uma mulher declara-se apaixonada por uma blusa. Ao comprá-la, resolve sua carência por 10 minutos. Logo se apaixonará por um sapato, e assim vai tentando preencher seu vazio. Muitos são apaixonados por chocolate. Outros são apaixonados por carro. Banalizamos o verbo, somos todos apaixonados pelo que podemos consumir. Quantos ainda são apaixonados pela vida?

Minha amiga me telefonou assim que cortaram a árvore. Chorava. Chorava sua impotência, chorava sua desolação. Era só uma árvore, e ela sentia como se fosse a morte de um parente. Ela havia defendido um bem público, não era dona da árvore, a árvore era de toda a cidade, mas alguém com uma motosserra embaixo do braço olhou para ela e disse: perdeu, moça.

A paixão pela vida se manifesta, hoje, através de alguns poucos Dom Quixotes urbanos. O cara que usa dinheiro do próprio bolso para montar uma peça de teatro, o atleta com deficiência física que compete nas paraolimpíadas, o motorista que dá carona no seu carro aos que percorrem o mesmo trajeto que ele, os que recusam propostas milionárias para ter mais tempo livre a fim de se dedicar ao que interessa de fato. E o que interessa de fato? Família, amigos, amor, arte, natureza e algum idealismo, mesmo que esteja fora de moda. É só pelo que vale brigar.

Mas as pessoas brigam por uma geladeira em liquidação, brigam por uma vaga no estacionamento, brigam dentro da escola, brigam por miudezas e quando vencem, não ganham nada. Brigar por uma árvore é ao menos poético. Perdeu coisa nenhuma, minha amiga.

meia volta volver



Ela caminhava apressada a poucos metros à minha frente. Carregava algumas sacolas.  Parecia uma pessoa  determinada e segura.  E de repente, sem nenhuma seta, nenhum aviso, virou para traz e fez o caminho inverso. Não tive como não perceber, assustei e rimos juntas quando vi que era uma conhecida. Ela sorriu e disse tranquilamente, “faz parte, não é mesmo?”

Continuei meu trajeto pensativa. O que será que esqueceu? Onde estaria indo e desistiu?
Fomos criados para não desistirmos jamais,  para não desanimarmos, para praticarmos a resiliência. Contudo, resiliência não pode ser confundida com insistência. Mesmo porque, nem tudo que começamos vai dar certo ou vai durar eternamente! Algumas coisas tem prazo de validade sim e este prazo precisa ser respeitado!

Parar, encerrar,  desistir, não significam, necessariamente, que não foi bom ou que não houve aprendizado. Desistir pode ser libertador!

Admiro quem tem a coragem de praticar o famoso “meia volta volver”. Aqueles que têm a bravura de tomar a iniciativa e acabar com o que sufoca, o que angustia, o que já deixou de dar satisfação faz tempo. Geralmente são eles, os corajosos de plantão, os que são julgados como fracos ou como os ruins da história. Mas também são eles, as pessoas mais leves e mais preparadas para novas experiências. Eles não têm vergonha de dizer que caíram, que tentaram, que faliram ou que começaram de novo. Isso é parte da vida deles como também é parte o recomeço, a conquista e a vitória.

Não importa quanto você já caminhou, não importa quão tortuosos foram seus caminhos. Importa a sua temeridade em tomar as rédeas do seu destino. Mudar de vida, mudar de rota ou de rumo depende de cada um de nós.

Vejo jovens angustiados por terem que atender expectativas dos pais e não às suas próprias. Vejo pessoas entristecidas, fazendo trabalhos medianos  sem coragem para atuarem naquilo que têm paixão. Vejo casais que estão juntos mas não estão sequer próximos. Apenas estão ali, mantendo algo que não existe mais. Tudo porque vivemos em uma cultura onde desistir é sinônimo de derrota.

Mediocridade! Derrota é não tentar! Derrota é se acomodar! Derrota é se contentar com a vida sem emoção! Isso sim é se fazer um derrotado!

Não te faz bem, não te acrescenta, não te engrandece, não te dá alegria nem prazer, então junte seus soldadinhos e saia da brincadeira. Meia volta volver também é vida que segue! É assim na infância e assim deve ser para a vida inteira. Afinal, viver há de ser uma gostosa brincadeira!


#dia da árvore

Estejam alertas e fiquem vigiando porque o inimigo de vocês, o Diabo, anda por aí como um leão que ruge, procurando alguém para devorar.

1 Pedro 5:8

quinta-feira, 20 de setembro de 2018


Apesar das pedras do caminho,
Seja flor.



Nevou em Salvador, pela primeira vez na história! Nevou a noite toda.

8:00h - Aproveitei e fiz um boneco de neve.

8:10h - Uma feminista passou e me perguntou porque eu não fiz uma mulher de neve.

8:15h - Eu fiz uma mulher de neve.

8:17h - Minha vizinha feminista reclamou do perfil voluptuoso da mulher de neve dizendo que ela ofende as mulheres de neve em todos os lugares.

8:20h - O casal gay que mora nas proximidades teve um ataque de raiva e protestou, porque poderiam ter sido dois homens de neve.

8:22h - Um transgênero da outra rua me perguntou por que não fazia um boneco com partes removíveis.

8:25h - Os veganos no final da rua se queixaram do nariz de cenoura, já que os vegetais são comida e não para decorar bonecos da neve.

8:31h - O cavalheiro muçulmano do outro lado da rua exige aos berros que a mulher da neve use uma burca.

8:40h - A polícia chega dizendo que há uma denúncia anônima contra mim, de alguém que foi ofendido pelo meu racismo e discriminação, porque os bonecos são brancos.

8:42h - A vizinha feminista reclamou novamente que a vassoura da mulher da neve deveria ser removida porque ela representa as mulheres em um papel doméstico de submissão.

8:43h - Um promotor chegou e ameaçou me processar se eu não pedisse desculpas públicas pelo maldito boneco de neve.

8:45h - A equipe de jornalismo da TV apareceu. Eles me perguntam se eu sei a diferença entre bonecos de neve e mulheres de neve. Eu respondo: as “bolas de neve” e agora elas me chamam de sexista.

9:00h - Estou no noticiário como um suspeito, terrorista, racista, delinquente, com tendências homofóbicas, determinado a causar problemas durante o mau tempo. Estou passando por tudo isso por causa dos malditos bonecos de neve!

9:05h - Quem mandou fazer a p... dos bonecos de neve?... Estão me perguntando se eu tenho um cúmplice. Ou se alguma organização me incentivou a fazer os bonecos, nas redes sociais.

9:29h - Os manifestantes da extrema esquerda e da extrema direita, ofendidos por tudo, estão marchando pelas ruas exigindo que me decapitem.

9:32h - Os neonazistas marcham em frente à minha casa acusando-me de ser comunista.

9:35h - As feministas me xingam e pintam a fachada da minha casa com a palavra “machista”.

9:45h - Os evangélicos me acusam de querer usurpar o lugar de Deus, por criar um homem e uma mulher de neve, e querem me exorcizar, dizendo que eu realizei um ritual pagão.

9:55h - Organizações ambientais me acusam de poluir a neve.

Moral da história: não há moral nesta história. É apenas o mundo em que vivemos hoje - e vai piorar. Tudo aqui narrado pode ocorrer e algumas coisas já estão acontecendo.

O mais difícil de acontecer é... que neve em Salvador!

#mimimi


Para Deus, tudo é possível.

Mateus 19:26

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

eu fui PT



Eu fui PT! Empunhei bandeiras, colei adesivos, fiz campanha, fui a comícios, usei broches que eu mesmo comprei. Eu sei de cor os jingles das campanhas do Lula, eu me irritei com as seguidas derrotas, eu gritei fora Collor, fora FHC e até fora Globo. Chamei o plano real de golpe, falei que o bolsa escola era forma de o governo comprar votos dos mais pobres.

Eu fui PT, porque eu tinha que ser! Eu sou um trabalhador e não um democrata, um liberal, um comunista... Então partido do trabalhador era o lugar do cara que teve que trabalhar para pagar faculdade e sabia que teria que continuar trabalhando duro para comprar a sua casa, para pagar o seu carro, para pagar as suas viagens.

Eu fui PT por ideologia e não fisiologia. Não ganhei um centavo, não viajei de graça, não estudei de graça e nem acho graça nas coisas de graça. Eu nunca achei golpe o pedido de impeachment do Collor e nem os diversos pedidos manejados contra Itamar e FHC. A Constituição atribui a representantes eleitos pelo povo a função de processar e julgar o presidente e eu acho isso extremamente democrático.

Eu fui PT no ano de 2002, eu enviei cartões de natal para os meus queridos amigos com a frase: “a esperança venceu o medo”. Eu estava trabalhando na madrugada daquele natal.

Eu fui PT e se as redes sociais existissem naquela época eu compartilharia textos não do Jean Willis ou da Jandira, porque eu li Hélio Bicudo, Cristóvão Buarque e Fernando Gabeira... e eles não são mais PT.

Eu fui PT até quando deu para ser. Até o dia em que o T de trabalhador foi substituído pelo T de trapaça, de trambique e porque não de traição! O partido dos trabalhadores se agarrou ao poder e abraçou Renan, Sarney, Collor e até o Maluf. Criou fantasias e contou mentiras, soltou a mão de pessoas honestas e sérias e foi aí que eu deixei de ser PT.

Eu deixei de ser PT e me surpreendo com você que contesta o fato de o Cunha ser o condutor do impeachment, mas jamais contestou o fato dele Cunha ser um dos elos da aliança entre o governo e o PMDB. Eu deixei de ser PT e me decepciono com você que acusa Temer de ser golpista e bandido, mas jamais contestou o fato dele, Temer, ser desde o primeiro mandato o vice-presidente escolhido por Dilma.

Eu deixei de ser PT e me assusto com você que ao ouvir uma gravação não comenta o conteúdo, simplesmente afirma que a escuta foi ilegal. Que diante de uma delação pautada em provas, limita-se a falar em vazamento seletivo, que perante evidências de fraude, corrupção e outros crimes, ataca a imprensa, a polícia e o juiz.

Eu deixei de ser PT e me envergonho de você que aplaude políticos processados, julgados e condenados que entram de punho erguido na cadeia como se fossem vencedores e não ladrões. Que afirma que o mensalão não existiu, que não há escândalo da Petrobrás, que não é dono do sítio, nem de apartamento e que nunca soube de nada, que afirma que não há crime em uma prática absolutamente ilícita só porque ela já foi feita por outros.

Eu deixei de ser PT e me incomodo com você que vai a manifestações da CUT, cheias de balões, camisetas vermelhas, enormes palcos, tendas, militantes pagos, tudo custeado com dinheiro obrigatoriamente sacados de salários de trabalhadores todos os anos com o nome de Imposto Sindical. 

Eu deixei de ser PT e eu não entendo você que fala em defesa da democracia e afirma que pode ser golpe a decisão de um congresso eleito pelo povo. Que fala em voto livre, mas aceita a compra de parlamentares com cargos e dinheiro.

Eu deixei de ser partido, continuo trabalhador... e você?

Texto de Márcio Augusto Costa
#dia do comprador




O Senhor não demora a fazer o que prometeu, como alguns pensam. Pelo contrário, ele tem paciência com vocês porque não quer que ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus pecados.

2 Pedro 3:9

terça-feira, 18 de setembro de 2018


Eu te desejo não parar tão cedo, pois toda idade tem prazer e medo
E com os que erram feio e bastante, que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste, que seja por um dia e não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero

Eu te desejo muitos amigos, mas que em um você possa confiar
E que tenha até inimigos, pra você não deixar de duvidar
Eu desejo que você ganhe dinheiro, pois é preciso viver também
E que você diga a ele pelo menos uma vez quem é mesmo o dono de quem

Desejo que você tenha a quem amar
e quando estiver bem cansado, ainda exista amor pra recomeçar

Amor pra recomeçar / Frejat

Brilho nos olhos todos os dias. Todo santo dia.
Taí o que desejo pra você, Dedé.
Mais que enteado, no meu coração você tem morada como filho. 
Parabéns!