Ela caminhava apressada a
poucos metros à minha frente. Carregava algumas sacolas. Parecia uma pessoa determinada e segura. E de repente, sem nenhuma seta, nenhum aviso,
virou para traz e fez o caminho inverso. Não tive como não perceber, assustei e
rimos juntas quando vi que era uma conhecida. Ela sorriu e disse
tranquilamente, “faz parte, não é mesmo?”
Continuei meu trajeto
pensativa. O que será que esqueceu? Onde estaria indo e desistiu?
Fomos criados para não
desistirmos jamais, para não
desanimarmos, para praticarmos a resiliência. Contudo, resiliência não pode ser
confundida com insistência. Mesmo porque, nem tudo que começamos vai dar certo
ou vai durar eternamente! Algumas coisas tem prazo de validade sim e este prazo
precisa ser respeitado!
Parar, encerrar, desistir, não significam, necessariamente,
que não foi bom ou que não houve aprendizado. Desistir pode ser libertador!
Admiro quem tem a coragem
de praticar o famoso “meia volta volver”. Aqueles que têm a bravura de tomar a
iniciativa e acabar com o que sufoca, o que angustia, o que já deixou de dar
satisfação faz tempo. Geralmente são eles, os corajosos de plantão, os que são
julgados como fracos ou como os ruins da história. Mas também são eles, as
pessoas mais leves e mais preparadas para novas experiências. Eles não têm
vergonha de dizer que caíram, que tentaram, que faliram ou que começaram de
novo. Isso é parte da vida deles como também é parte o recomeço, a conquista e
a vitória.
Não importa quanto você
já caminhou, não importa quão tortuosos foram seus caminhos. Importa a sua
temeridade em tomar as rédeas do seu destino. Mudar de vida, mudar de rota ou
de rumo depende de cada um de nós.
Vejo jovens angustiados
por terem que atender expectativas dos pais e não às suas próprias. Vejo
pessoas entristecidas, fazendo trabalhos medianos sem coragem para atuarem naquilo que têm
paixão. Vejo casais que estão juntos mas não estão sequer próximos. Apenas
estão ali, mantendo algo que não existe mais. Tudo porque vivemos em uma
cultura onde desistir é sinônimo de derrota.
Mediocridade! Derrota é
não tentar! Derrota é se acomodar! Derrota é se contentar com a vida sem
emoção! Isso sim é se fazer um derrotado!
Não te faz bem, não te acrescenta,
não te engrandece, não te dá alegria nem prazer, então junte seus soldadinhos e
saia da brincadeira. Meia volta volver também é vida que segue! É assim na
infância e assim deve ser para a vida inteira. Afinal, viver há de ser uma
gostosa brincadeira!