"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

“2014, um novo começo”



“Ensina-nos a contar os nossos dias,
para que alcancemos coração sábio”. 
                                                                                                            Salmo 90:12

Eu não falava inglês, nem sabia a pronúncia certa, mas lembro que, quando criança, tínhamos a certeza de que um filme havia terminado porque ao final aparecia escrito: The end – Fim. Após o fim de um filme no cinema, a gente levanta da poltrona e vai embora.

Estamos no fim de mais um ano. E como foi este ano? Tal como num filme, houve cenas emocionantes, algumas hilárias, outras de drama, encontros e desencontros, surpresas e muitos personagens diferentes entrando e saindo de cena. Porém, diferente de um filme, tudo foi real, quer as alegrias ou as dores, elas existiram.

No filme, o elenco é sabiamente orientado por um diretor para que o filme aconteça a contento. E na vida, quem dirige? Quem dirigiu o roteiro da sua vida neste ano que passou? Você agiu dentro do script?

Filmes nos emocionam, nos fazem pensar, refletir e até mudar posturas. E o filme real que você protagonizou neste ano que termina? O que ele gerou em você? Quais são suas reflexões acerca do que você viveu ao longo de 2013? Que posturas poderiam ter sido diferentes? Quais palavras, atitudes, decisões e sentimentos do coração não estiveram de acordo com as orientações sábias e seguras do Diretor?

Como eu dizia, quando o filme acaba, a gente levanta e vai embora. Todavia, quando o ano acaba, não há como simplesmente levantar e ir embora. Na verdade, assentamo-nos para vislumbrar o próximo. Quando um ano acaba, ele traz consigo um novo começo, uma nova fase, um novo capítulo de uma série que esperamos durar por muito tempo.

Que ao realizar as últimas cenas deste filme real chamado 2013, você se volte para o Diretor, nosso Soberano Deus, e se lance totalmente à Sua direção para o novo filme prestes a estrear: 2014, um novo começo. E que debaixo da direção de Deus, e para honra e glória dEle, o filme seja um sucesso!

Quer desempenhar bem seu papel? Comece dando toda a atenção ao Diretor. Ele mesmo nos chamou a atenção para isto: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu Reino e a sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” – Mt. 6:33

Wanderley de Matos Júnior (Extraído do livro de leituras devocionais Pão Diário)
Extraído e adaptado de: Boletim IPBV


Foi uma grande alegria tê-los comigo durante mais este ano. 
Que Deus os abençoe tão abundantemente e em tantas áreas distintas de suas vidas quanto Ele mesmo está louco de vontade de fazer.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013




As festas de fim de ano produzem nas pessoas sentimentos contraditórios: euforia, entusiasmo e expectativa dividem espaço com nervosismo, irritação e decepção.
Parece inevitável fazer, pelo menos mentalmente, uma espécie de “balanço” do ano que passou.
Como somos seres humanos limitados, é bastante provável que cheguemos à conclusão de que nem tudo saiu como estava previsto, e que isto nos cause uma certa tristeza.
E tristeza é o que menos parece combinar com esta época festiva e iluminada.

Já ouvi de mais de uma pessoa a reclamação de que o Natal é uma festa triste, melancólica, e que o Ano Novo sim, é uma festa de verdade.
O que ocorre é que Natal é uma festa que implica em elementos que precisam ser construídos ao longo de todo o ano.
Para que não seja solitária, é preciso que tenhamos construído relações.
Para que seja familiar, é preciso que tenhamos dedicado atenção a quem consideramos que seja a nossa família.
Para que seja pacífica e tranqüila, é preciso já ter começado a encarar as discordâncias e problemas meses atrás.
Para que as luzes revelem uma alegria verdadeira, é preciso que exista uma base real nesta alegria, fruto de um trabalho que dura o ano inteiro.
Do contrário, as luzes de Natal só servirão para enganar o olhar e disfarçar o que não está bem.

De fato, o Ano Novo parece mais fácil de suportar: depois de uma comemoração tipo “catarse”, onde todos os demônios são colocados para fora, no outro dia só resta o esquecimento.
É lavar o corpo no mar, sacudir a ressaca e começar do zero – de novo.
O problema é que, se começamos todo ano do zero, não construímos nada, e no ano que vem tudo se repetirá.
E assim a vida vai seguindo, entra ano e sai ano, sem que nada se acrescente.

Quando pensamos num Natal feliz, em geral o quem vem à cabeça é um Natal da infância: as crianças costumam esperar ansiosas pelas festas, e aproveitá-las como ninguém.
Discórdia na família, nervosismo, irritação e problemas financeiros, nada parece impedir que elas se divirtam, ainda que seja com os brinquedos mais simples.
Um dia tivemos também esta capacidade: para onde ela foi?
Por que não conseguimos mais ignorar os problemas e achar que o pinheiro está lindo, que a comida está ótima, que este monte de gente reunida é a coisa mais divertida do mundo?

O que acontece é que as crianças são as únicas que vão à festa na simples condição de convidadas. Elas não têm nada a ver com a preparação das festas, que na verdade já começou no início do ano, e que vai determinar o clima, a alegria e a disposição de festejar dos participantes.
Crianças não têm nada a ver com brigas de família, dificuldades financeiras, insatisfação profissional e frustrações dos mais diversos tipos.
Elas chegaram depois, e não participaram de nada disso.
Esses problemas não são seus, e por isso é que elas conseguem se divertir tanto.
E esse é um direito sagrado das crianças, porque só se tem uma infância para vivê-lo.

Quanto a nós, adultos, resta que assumamos plenamente a condição de construtores da festa.
Que comecemos a pensá-la não dois ou três meses antes, mas na manhã do dia 1º de janeiro anterior.
Que possamos admitir que os “demônios” não são exorcizados no banho de mar de Ano Novo, mas que nos acompanham ao longo do ano, e que precisam ser escutados com atenção.
Do contrário, estarão presentes assombrando a festa de Natal do ano que vem.

Eis que venho em breve!
A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez.
... 
Quem tiver sede, venha; e quem quiser, beba de graça da água da vida.

Apocalipse 22:12,17

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013


Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.


Envelhecer é pura poesia:
 Até o sorriso fica entre aspas

urgência emocional


Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e sai em disparada, se não há mais tempo para paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os amores sejam igualmente resolvidos num átimo de segundo.

Temos pressa para ouvir “eu te amo”. Não vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de convívio: Somos namorados, ficantes, casados, amantes?

Urgência emocional. Uma cilada. Associamos diversas palavras ao amor: paixão, romance, sexo, adrenalina, palpitação.

Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: “Paciência”.

Amor sem paciência não vinga. Amor não pode ser mastigado e engolido com emergência, com fome desesperada.

É preciso degustar cada pedacinho do amor, no que ele tem de amargo e de saboroso, no que ele tem de duro e de macio. Os nervos do amor, as gorduras do amor, as proteínas do amor, as propriedades todas que ele tem.

É uma refeição que pode durar uma vida.

Mas, não. Temos urgência. Queremos a resposta do e-mail ainda hoje, queremos que o telefone toque sem parar, queremos que ele se apaixone assim que souber nosso nome, queremos que ela se renda logo após o primeiro beijo, e não toleraremos recusas, e não respeitaremos dúvidas, e não abriremos espaço na agenda para esperar.

Temos todo o tempo do mundo, dizem uns. Não há tempo a perder, dizem outros. A gente fica perdido no meio deste fogo cruzado, atingidos por informações várias, vivências diversas, parece que todos sabem mais do que nós, pobres de nós, que só queremos uma coisa nessa vida: “sermos amados”.

Podemos esperar por todo o resto: emprego, dinheiro, sucesso, mas não passaremos mais um dia sequer sozinhos. “Te adoro”, dizemos sei lá pra quem... Para quem tiver ouvidos e souber responder “eu também”, que a gente está mais a fim de acreditar do que de selecionar.

“Urgência Emocional”, pronto-socorro do amor... Atiramos para todos os lados e somos baleados por qualquer um.

E o coração leva um monte de pontos por causa dessa tragédia: “pressa”.


Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso. 
Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações.
Quem não te temerá, ó Senhor? Quem não glorificará o teu nome? 

Pois tu somente és santo. 
Todas as nações virão à tua presença e te adorarão, pois os teus atos de justiça se tornaram manifestos.

Apocalipse 15:3-4

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013


Você sempre pega o espírito da coisa? Geralmente o espírito da coisa é algo que fica subentendido, só as almas atentas conseguem captá-lo. A verdade é que, em um mundo cada vez mais pragmático, é difícil pegar o espírito da coisa, seja que coisa for esta.

O que dizer então do espírito do Natal? Antes ele entrava no ar assim que dezembro iniciava. O espírito deste mês, para quem foi criança em outros tempos, era de pura magia. O Natal, que demorava tanto para chegar, estava batendo à porta. “Quantos dias faltam, mãe?” “Agora falta pouco, querida.” “Quanto?” “Uns 20 dias.” “Tudo isso?!!”

Mas a gente sabia que era pouco se comparado à longa espera de um ano inteiro. Em maio, junho, julho, o Natal ainda estava a perder de vista. Natal era o arremate do calendário, era a compensação por tanto estudo e provas na escola, era o prêmio por termos nos comportado bem, era a hora de colocar uma roupa bonita e ter algum desejo atendido, era hora de comer umas delícias diferentes, de rezar, de acreditar em todos os sonhos. O céu ficava mais azul, as estrelas se multiplicavam e nunca, nunca chovia em dezembro. Então finalmente chegava o dia 24. A empregada era liberada logo depois do almoço, o pai voltava mais cedo pra casa e nenhum moleque reclamava de ir pro chuveiro, até gostava. Já de banho tomado, era hora de esperá-lo. Ele. O verdadeiro deus de toda criança, Papai Noel.

Hoje mal entra dezembro — e com ele, trovoadas — e os shoppings lotam, o trânsito entope, os filhos pedem coisas caríssimas e ganham antes mesmo da noite feliz. Comprar, comprar, comprar. Você, meio sem grana, faz o que pode. Os outros, meio sem nada, você faz que não vê. Mas eles estão entre nós: crianças pedindo um lápis de presente, pedindo colchão de presente, sonhando com o primeiro iogurte de suas vidas. E a gente voando de um lado para o outro, sem tempo pra eles.

Isso tudo foi até ontem, quando dezembro acabou. Ao menos este dezembro insensato, ansioso, consumista, ateu, que dura 24 dias febris, onde todos correm, todos estão atrasados, todos têm compromissos inadiáveis. Uma amiga me escreveu no auge do estresse: “Pensar que o próximo será só daqui a um ano é a melhor parte da história”.

Antes de começar a contagem regressiva para o próximo, temos hoje. Temos este hiato, o dia 25. Um feriado, uma trégua. As lojas estão todas, todinhas, fechadas. Sobrou alguma coisa da ceia para beliscar na geladeira. Você vai sentir sede de suco natural, de água gelada. Vai colocar música pra tocar, vai vestir uma camiseta limpa. Você não tem nada pra fazer, nenhum motivo pra tirar o carro da garagem, nenhuma razão para procurar vaga para estacionar. Hoje você vai andar a pé, no máximo de bicicleta. Vai falar mais pausadamente. Não vai ligar a TV, prometa. Nem sei por que abriu o jornal. Hoje é dia de caminhar devagar, de chinelo ou pés descalços. Dia de olhar bem fundo nos olhos do porteiro que está trabalhando, do motorista de ônibus que está trabalhando, e desejar a eles um feliz Natal pra valer. Com sentimento. Um sentimento que não seja medo nem angústia.

Paz.

É hoje o dia que nos restou pra isso. Um dia para sairmos de casa apenas para ir até alguém que nada possui e ofertar um pedaço de bolo, uma barra de chocolate, um travesseiro, um sabonete, uma bola, qualquer coisa que signifique uma verdadeira extravagância diante de tanta miséria. Terminou a histeria coletiva, terminou a festa. 
É hoje, antes que tudo reinicie, que você poderá encontrar o verdadeiro espírito da coisa. Não deixe que ele escape.


Graças te damos, Senhor Deus todo-poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e começaste a reinar.

Apocalipse 11:17


Deus, graças te dou pelo Seu filho, pois por meio dEle sou perdoada e aceita por Ti.
Agora, eu tenho uma nova família e o Senhor é o meu amado Pai.
Em nome de Jesus,
Amém!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013


Desejo que neste Natal, antes de você perceber Jesus nas luzinhas que piscam pela cidade, você O encontre primeiramente em seu coração.
E, à frente de qualquer palavra que expresse seu desejo de um feliz Natal, O encontre em suas ações.
Que você O encontre não só na alegria que sente ao sair das lojas com presentes para as pessoas que você ama, mas também na feição triste da criança abandonada nas ruas, na qual muitas vezes você esbarra apressadamente.

Que você encontre Jesus no momento em que pegar nas mãozinhas delicadas de seu filho, lembrando-se das mãozinhas pedintes, quase sempre sujas de calçada, que só sabem o que significa rudeza.

Que você O encontre no abraço de um amigo, lembrando-se dos tantos que só têm a solidão como companheira.

Que você O encontre na feição do idoso da sua família, lembrando-se daqueles que tanto deram de si a alguém, e hoje são esquecidos até pela sociedade.

Que você O encontre na lembrança suave e sempre viva daquela pessoa querida que já não está mais fisicamente ao seu lado, lembrando-se daqueles que já nem se recordam mais quem foram, enfraquecidos pelo vazio de suas vidas.

Que você encontre Jesus na bênção de sua mesa farta e no aconchego de sua família, lembrando-se daqueles que mal alimentam-se do pão e sequer um lar têm.

Que você O encontre não apenas no presente que troca, mas principalmente na vida que Ele lhe deu como presente.

Que você lembre-se, então, de agradecer por ser uma pessoa privilegiada em meio a um mundo tão contraditório!

Que você também encontre Jesus à meia-noite do dia 31 e sinta o mistério grandioso da vida, que renasce junto com cada ano.

Então festeje... festeje o ano que acabou não apenas como dias que se passaram, e sim como mais um trecho percorrido na estrada da sua vida!

Festeje a alegria que lhe extasiou e a dor que lhe fez crescer!
Festeje pelo bem que foi capaz de fazer e pelo mal que foi capaz de superar!
Festeje o prazer de cada conquista e o aprendizado de cada derrota!
Festeje por estar aqui!
Festeje a esperança no ano que se inicia, no amanhã!
Festeje a vida!

Abra os braços do coração para receber os sonhos e expectativas do ano novo.
Rodopie... jogue fora o medo, sinta a vida!...
Sonhe, busque, espere... ame e reame!
Deixe sua alma voar alto... pegar carona com os fogos coloridos.
Mentalize seus desejos mais íntimos e acredite: eles também chegarão ao céu.
Irão se misturar às estrelas, irão penetrar no Universo e voltarão cheios de energia para tornarem-se reais.
Basta você querer de verdade, ter fé e nunca, nunca desistir deles!
E que seu ano seja, então, plenificado de bênçãos e realizações.



Desejo que o Natal seja frequente em nossas casas: 
hoje, amanhã, depois de amanhã.
Mesmo que nos outros dias estejamos de moletom em vez de roupa de festa e a ceia vire uma sopa ou sanduíche, mas o espírito mantenha-se em constante estado de alerta contra o vazio e a superficialidade da vida.

Feliz Natal, com harmonia, felicidade e alegria!

obrigada, Deus!

... e Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima.

Apocalipse 7:17

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013


porque o importante é surpreender!

querido papai Noel


O senhor sabe que eu detesto o Natal, desculpe, mas é verdade. Natal, para mim, é sinônimo de tristeza, noite chata e hipocrisia. 
As pessoas comemoram o que? Para quê? Nunca entendi. 
Quando eu era criança eu entendia. Até os 6 anos de idade eu entendi, depois eu vi que o meu pai era o senhor (ou o senhor era o meu pai?). Mas nem fiquei traumatizada, fique sossegado.
Não gosto do Natal por mil motivos, quer que eu diga? Tudo bem, mas não fique magoado. Não gosto do cardápio natalino: mistura de sabores, passas, porco, chester, presunto, peru, figo, aquelas coisas em calda, farofa. Não gosto!!! Não gosto das músicas natalinas: letra ruim e melodia que é deprê. Não gosto da decoração natalina: luzes e mais luzes, presépios, artigos meio carnavalescos e pinheirinho. Acho feio. Não gosto do trânsito: é impossível andar com tranquilidade pelas ruas nessa época. Não gosto da pressa das pessoas: querem ir para onde? Fazer o que mesmo? Não gosto do telemarketing: feliz Natal, boas festas. Não gosto das propagandas na televisão. Ok, acho que já fui clara. E insistente.

Me comportei daquele jeito que o senhor sabe. Não sei ser boazinha o tempo inteiro. Nem o tempo mínimo. Eu sempre falei palavrão e sempre bati o pé e nunca gostei de ser contrariada. 
Minha personalidade ninguém muda e, assumo: sou osso duro de roer. Sou cabeçuda e chata. Mas sou linda, vai? Olhe para mim. 
Tudo bem, Papai Noel, também sei que sou engraçadinha demais. Um pouco irônica, eu diria. Mas não é para o lado negativo, é só para descontrair. 
Gostaria de pedir alguns presentes, posso? Fiz uma listinha (espero ser breve, não quero tomar o seu tempo!).

Roupas que passem sozinhas: é um saco passar roupa. Pior ainda é querer usar algo que está completamente amassado. Não possuo intimidade com o tal ferro.

Cama auto-arrumável: simples! Levanto e aperto em um botão: ela arruma sozinha. E ainda troca o lençol! E passa perfume (meus lençóis são perfumados).

Cachorros independentes: seria o máximo. Mel tomaria banho sozinha, se serviria de água, pegaria a ração e limparia o seu banheiro.

Louça auto-lavante: depois das refeições, pronto, uma super novidade! A louça fica limpa e seca e guardada.

Pessoas sem máscaras e sem maquiagem: imagina, o mundo seria muito mais verdadeiro! Pessoas livres de máscaras, jogos e aquela velha maquiagem do vou disfarçar quem eu sou, não quero que vejam os meus defeitos.

Extintor para o fogo da futilidade: extintor específico para apagar os incêndios da futilidade. Melhor arma para usar dentro da bolsa. Em uma festa, eu nunca mais passaria mal. Pessoa fútil demais? Vazia demais? Extintor nela! Apaga o fogo, acaba com o incêndio.

Máscara de oxigênio emocional: para os momentos de perigo. Falta o ar. Dá taquicardia (aquela ruim!). Período quase-morte. Desconforto. Sensação de quase-infarto. 
Máscara de oxigênio: para respirar aliviada em crises.

Paciência em sachês: a paciência poderia ser vendida na farmácia mais próxima, em um sachê. Coloca no copo, bolhas, toma. Dose de paciência ingerida.

Coração auto-colante: quando ele parte, dispositivo acessado. Ele cola e nem se percebe que foi quebrado.

Esparadrapo cardíaco: para dores ou ferimentos nesse órgão precioso.

Cérebro com o botão do Alzheimer: aperta no botão e esquece o que faz mal.

Ilha dos excluídos: lugar distante. Ponto turístico, vendido em um super pacote para pessoas sem noção, invejosas, malas, traiçoeiras e filhas da puta.

Pílula do dia do esquecimento: comprimidinho eficaz, poderoso e eficiente. Tomo e esqueço de quem merece ser esquecido.

Papai Noel!!! Estou esperando o senhor aqui em casa (até limpei a lareira hoje!). O senhor está gordinho ou ainda passa pela chaminé?

Um beijo e quero todos os presentes, viu?


Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas.

Apocalipse 4:11

domingo, 22 de dezembro de 2013

#queroquetodomundotenha



#chocolatequenãoengorda
#cabeloàprovad'água

Eis que estou à porta e bato. 
Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.

Apocalipse 3:20

sábado, 21 de dezembro de 2013

Eu repreendo e disciplino aqueles que eu amo...

Apocalipse 3:19

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

(des) amor


A gente tem mania de maldizer o amor sem sequer conhecê-lo.
Flerte que não dá certo, paixão que frustra, fogo de palha. 
E quem paga o pato? O amor. O pobre do amor, que nem entrou na história.

Façamo-nos um favor: deixemos que o amor apareça quando bem entender. Aproveitemos o flerte, a paixão, o fogo de palha.

O amor é seletivo. A maioria de nós, não.


Se dói, é unha encravada, ego ferido, cólica ou gastrite.
Releve. O amor é leve.

O sorriso acontece quando a alegria não cabe mais dentro da gente
e precisa sair pela porta da frente.


Deus é luz; nele não há treva alguma.
Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.
Se, porém, andamos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.

1 João 1:5-7

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

vontade de ir a Veneza igual o ano passado...


... ano passado também não fui,
mas tive vontade!

Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.


que troço esquisito
que começa com para sempre
atravessa até que a morte nos separe
e termina com preferia nunca ter te conhecido?

(Estrela Ruiz Leminski)


Você me desculpe esse silêncio tão longo,
mas a convivência é feita também de silêncio,
e distância.

(Fernando Sabino e Clarice Lispector in "Cartas perto do coração")

O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.

2 Pedro 3:9

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013



Era uma vez um menino que tinha muitos brinquedos. Guardava todos no seu quarto e, durante o dia, passava horas e horas felizes brincando com eles.

Um dos seus brinquedos preferidos era o de fazer a guerra com seus soldadinhos de chumbo. Colocava-os uns de frente para os outros e começava a batalha. 
Quando os ganhou de presente, se deu conta de que a um deles lhe faltava uma perna por causa de um defeito de fabricação.

Não obstante, enquanto jogava, colocava sempre o soldado mutilado na primeira linha, diante de todos, incentivando-o a ser o mais valente. Mas o menino não sabia que os seus brinquedos durante a noite adquiriam vida e falavam entre eles, e, às vezes, ao colocar ordenadamente os soldados, colocava por descuido o soldadinho mutilado entre os outros brinquedos.

E foi assim que um dia o soldadinho pôde conhecer uma gentil bailarina, também de chumbo. Entre os dois se estabeleceu uma corrente de simpatia e, pouco a pouco, quase sem se dar conta, o soldadinho se apaixonou por ela. As noites continuavam rapidamente, uma atrás da outra, e o soldadinho apaixonado não encontrava nunca o momento oportuno para declarar seu amor. 
Quando o menino o deixava no meio dos outros soldados em uma batalha, torcia para que a bailarina se desse conta do sua coragem pela noite, quando ela lhe perguntava se tinha tido medo, ele lhe respondia com veemência que não.

Mas os olhares insistentes e os suspiros do soldadinho não passaram despercebidos pelo diabinho que estava trancado em uma caixa de surpresas. 
Cada vez que, por um passe de mágica, a caixa se abria à meia-noite, um dedo ameaçador apontava para o pobre soldadinho.

Finalmente, uma noite, o diabo explodiu:
- Ei, você! Deixe de olhar para a bailarina!

O pobre soldadinho se envergonhou, mas a bailarina, muito gentil, o consolou:
- Não lhe dê ouvidos, é um invejoso. Eu estou muito feliz por falar com você.
E disse isso ruborizando-se.

Pobres estatuazinhas de chumbo, tão tímidas, que não se atrevem a confessar seu mútuo amor!
Mas um dia foram separados, quando o menino colocou o soldadinho no batente de uma janela:
- Fique aqui e vigie para que não entre nenhum inimigo, porque mesmo que você seja manco, bem que pode servir para sentinela.
O menino logo colocou os outros soldadinhos em cima de uma mesa para brincar.

Passavam os dias e o soldadinho de chumbo não era deslocado do seu posto de guarda.
Uma tarde começou de repente uma tormenta, e um forte vento sacudiu a janela, batendo na figurinha de chumbo, que se precipitou no chão. Ao cair do batente, com a cabeça para baixo, a baioneta do fuzil se cravou no chão. O vento e a chuva continuavam. Uma tempestade de verdade! A água, que caía a cântaros, logo formou amplas poças e pequenos riachos que escapavam pelo esgoto. Um grupo de garotos esperava que a chuva diminuísse, cobertos na porta de uma escola próxima. Quando a chuva parou, começaram a correr em direção às suas casas, evitando pôr os pés nas poças de lama maiores. Dois garotos se refugiaram das últimas gotas que escorriam dos telhados, caminhando muito próximos às paredes dos edifícios.
Foi assim que viram o soldadinho de chumbo enterrado no chão, encharcado de água.
- Que pena que só tenha uma perna! Se não, eu o levaria para casa - disse um deles.
- Vamos levá-lo assim mesmo, para algo servirá - disse o outro, e o colocou em um dos bolsos.

No outro lado da rua descia um riachinho, que transportava um barquinho de papel que chegou até ali, não se sabe como.
- Colocamo-lo em cima e parecerá um marinheiro! - disse o pequeno que o havia recolhido.

E foi assim que o soldadinho de chumbo se transformou em um navegante. A água vertiginosa do riachinho era engolida pelo esgoto, que acabou engolindo também o barquinho. No canal subterrâneo o nível das águas turvas era alto.
Enormes ratazanas, cujos dentes rangiam, viram como passava diante delas o insólito marinheiro em cima do barquinho afundando. Mas não fazia falta umas míseras ratazanas para assustá-lo, a ele que havia enfrentado tantos e tantos perigos em suas batalhas!
O esgoto desembocava no rio, até que o barquinho chegou ao final e afundou, sem solução, empurrado por redemoinhos turbulentos.

Depois do naufrágio, o soldadinho de chumbo acreditou que seu fim estava próximo, ao submergir-se nas profundezas das águas. Milhares de pensamentos passaram, então, pela sua mente, mas sobretudo, havia um que lhe angustiava mais que nenhum outro: era o de não voltar a ver jamais a sua bailarina...

Logo, uma boca imensa o engoliu para mudar seu destino. O soldadinho se encontrou no escuro estômago de um enorme peixe, que avançou vorazmente sobre ele, atraído pelas cores brilhantes do seu uniforme.
Sem dúvida, o peixe não teve tempo de ter problemas de digestão com uma comida tão pesada, já que em pouco tempo foi preso pela rede que um pescador havia jogado ao rio.
Pouco depois acabou agonizando em uma cesta de compra, junto com outros peixes tão infelizes como ele. 

Acontece que a cozinheira da casa na qual havia estado o soldadinho chegou ao mercado para comprar peixe.
- Esse exemplar parece apropriado para os convidados desta noite - disse a mulher, contemplando o peixe exposto em cima de um balcão.
O peixe acabou na cozinha, e, quando a cozinheira o abriu para limpá-lo, ficou surpresa com o soldadinho em suas mãos.
- Mas esse é um dos soldadinhos de...! - gritou, e foi em busca do menino para contar-lhe onde e como havia encontrado seu soldadinho de chumbo que estava sem uma perna.
- Sim, é o meu! - exclamou espantado o menino ao reconhecer o soldadinho mutilado que havia perdido.
- Quem sabe como chegou até a barriga deste peixe! Coitadinho, quantas aventuras haverá passado desde que caiu da janela! - e o colocou na estante da chaminé onde sua irmãzinha havia colocado a bailarina.

Um milagre havia reunido de novo os dois apaixonados. Felizes de estar outra vez juntos, durante a noite contavam o que havia acontecido desde a sua separação.
Mas o destino lhes reservava outra surpresa ruim: um vendaval levantou a cortina da janela, e, batendo na bailarina, derrubou-a na lareira.

O soldadinho de chumbo, assustado, viu como sua companheira caía. Sabia que o fogo estava aceso porque notava seu calor. Desesperado, se sentia incapaz de salvá-la.

Que grande inimigo é o fogo, que pode fundir umas estatuazinhas de chumbo como nós! Balançando-se com sua única perna, tratou de mover o pedestal que o sustentava. Depois de muito esforço, acabou finalmente caindo também ao fogo. Juntos dessa vez pela desgraça, voltaram a estar perto um do outro, tão perto que o chumbo de suas pequenas pernas, envolto em chamas, começou a fundir-se.


O chumbo da perna de um se misturou com o do outro, e o metal adquiriu surpreendentemente a forma de um coração.
Seus corpinhos estavam a ponto de fundir-se, quando coincidiu passar por ali o menino. 
Ao ver as duas estatuazinhas entre as chamas, empurrou-as com o pé longe do fogo. 
Desde então, o soldadinho e a bailarina estiveram sempre juntos, tal como o destino os havia unido: sobre apenas uma perna em forma de coração.

[adaptado do conto de fadas escrito por Hans Christian Andersen]
PS: Na história original, a bailarina é de papel, mas o final é igualmente triste ;(

Sejam sóbrios e vigiem. 
O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.

1 Pedro 5:8

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

inventário


Que minha vida não mereça uma biografia
Que vidas ficam duras
Quando postas no papel

Que minha marca fique nas coisas voláteis
Na lembrança de um cheiro
No aroma que vem da cozinha
No suor de moça que dança

Que minha memória fique em coisas apenas levemente tangíveis:
A pluma dentro do travesseiro
Um instante de um abraço
Uma bola de sabão

Que minha história fique nas coisas etéreas
No carinho que recebi
No amor dedicado àqueles que amei
Na retina de um olho que brilha

De concreto, concreto mesmo
Quero apenas o registro
Da matéria impalpável com que se organiza o som

Que haja música!

(Flávia Ferraz)

cuidado com o que você deseja,


pois você pode conseguir.

pontualidade


Não me importo de esperar vinte minutos com a mão na maçaneta enquanto diz que já está pronta para trocar novamente de vestido.
... de esperar dez minutos no saguão do cinema cumprimentando conhecidos e tentando segurar o refrigerante e dois baldes de pipoca enquanto vai ao banheiro.
... de esperar chegar em casa para que me diga quem é o amigo que a abraçou efusivamente na festa.
... de esperar três horas na salinha do hospital para saber se a nossa criança nasceu.
... de esperar as longas conversas de sua mãe sobre o meu temperamento.
... de esperar seu corte de cabelo, que sempre envolve pintura, hidratação e escova.
... de esperar a aprovação de suas amigas.
... de esperar nossos filhos regressarem das baladas para me enfurnar em seu cheiro.
... de esperar que tranque as portas antes de tirar o salto.
... de esperar que volte das lojas com as sacolas dentro das outras sacolas para parecer que gastou menos.
... de esperar que faça as pazes com Deus.
... de esperar quando arruma o armário e doa metade das roupas.
... em esperar que encontre a roupa que já deu na semana passada.
... de esperar que o filme acabe para namorar.
... de esperar que devolva as cobertas que rouba para seu lado de noite.
... de esperar você consultar suas mensagens antes de sair.
... de esperar sua irritação em dias de chuva.
... de esperar você nunca me retornar ligações depois das reuniões.
... de esperar que se acorde no domingo, com receio de que fique nublada.
... de esperar que o ciúme desapareça e volte a me ver como se eu fosse somente seu.
... de esperar sua TPM.
... de esperar o melhor momento para viajar.
... de esperar o tempo que precisa para descobrir que me ama. Ou o tempo que precisa para descobrir que não me ama.
... de esperar que venha de repente nossa música no rádio.
... de esperar as revelações de fotografias de sua máquina antiga.
... de esperar o embrulho de um presente.
... de esperar suas discussões de fim de noite.
... de esperar seu beijo de café cortado.
... de esperar sua ressaca depois da dança.

O que desejo dizer é que não precisa se apressar.
Nunca chegará atrasada porque sempre estarei a esperando.


Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido.
Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês.

1 Pedro 5:6-7

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

família tem de ser careta


Esperando uma reação de espanto ou contrariedade ao título acima, tento explicar: acho, sim, que família deve ser careta, e que isso há de ser um bem incomparável neste mundo tantas vezes fascinante e tantas vezes cruel. Dizendo isso não falo em rigidez, que os deuses nos livrem dela. Nem em pais sacrificiais, que nos encherão de culpa e impedirão que a gente cresça e floresça. Não penso em frieza e omissão, que nos farão órfãos desde sempre, nem em controle doentio – que o destino não nos reserve esse mal dos males. Nem de longe aceito moralismo e preconceito, mesmo (ou sobretudo) disfarçado de religião, qualquer que seja ela, pois isso seria a diversão maior do demônio.

Falo em carinho, não castração. Penso em cuidados, não suspeita. Imagino presença e escuta, camaradagem e delicadeza, sobretudo senso de proteção. Não revirar gavetas, esvaziar bolsos, ler e-mails, escutar no telefone, indignidades legítimas em casos extremos, de drogas ou outras desgraças, mas que em situação normal combinam com velhos internatos, não com família amorosa. Falo em respeito com a criança ou o adolescente, porque são pessoas, em entendimento entre pai e mãe – também depois de uma separação, pois naturalmente pessoas dignas preservam a elegância e não querem se vingar ou continuar controlando o outro através dos filhos.

Interesse não é fiscalizar ou intrometer-se, bater ou insultar, mas acompanhar, observar, dialogar, saber. Vejo crianças de 10, 11 anos frequentando festas noturnas com a aquiescência de pais irresponsáveis, ou porque os pais nem ao menos sabem onde elas andam. Vejo adolescentes e pré-adolescentes embriagados fazendo rachas alta noite ou cambaleando pela calçada ao amanhecer, jogando garrafas em carros que passam, insultando transeuntes – onde estão os pais?

Como não saber que sites da internet as crianças e os jovenzinhos frequentam, com quem saem, onde passam o fim de semana e com quem? Como não saber o que se passa com eles? Sei de meninas, quase crianças, parindo sozinhas no banheiro, e ninguém em casa sabia que estavam grávidas, nem mãe nem pai. Elas simplesmente não existiam, a não ser como eventual motivo de irritação.

Não entendo a maior parte das coisas solitárias e tristes que vicejam onde deveria haver acolhimento, alguma segurança e paz, na família. Talvez tenhamos perdido o bom senso. Não escutamos a voz arcaica que nos faria atender as crias indefesas – e não me digam que crianças de 11 anos ou adolescentes de 15 (a não ser os monstros morais de que falei numa crônica anterior) dispensam pai e mãe. Também não me digam que não têm tempo para a família porque trabalham demais para sustentá-la.

Andamos aflitos e confusos por teorias insensatas, trabalhando além do necessário, mas dizendo que é para dar melhor nível de vida aos meninos. Com essa desculpa não os preparamos para este mundo difícil. Se acham que filho é tormento e chateação, mais uma carga do que uma felicidade, não deviam ter tido família. Pois quem tem filho é, sim, gravemente responsável. Paternidade é função para a qual não há férias, 13º, aposentadoria. Não é cargo para um fiscal tirano nem para um amiguinho a mais: é para ser pai, é para ser mãe.

É preciso ser amorosamente atento, amorosamente envolvido, amorosamente interessado. Difícil, muito difícil, pois os tempos trabalham contra isso. Mas quem não estiver disposto, quem não conseguir dizer “não”  na hora certa e procurar se informar para saber quando é a hora certa, quem se fizer de vítima dos filhos, quem se sentir sacrificado, aturdido, incomodado, que por favor não finja que é mãe ou pai. Descarte esse papel de uma vez, encare a educação como função da escola, diga que hoje é todo mundo desse jeito, que não existe mais amor nem autoridade... e deixe os filhos entregues à própria sorte.

Pois, se você se sentir assim, já não terá mais família nem filhos nem aconchego num lugar para onde você e eles gostem de voltar, onde gostem de estar. Você vive uma ilusão de família. Fundou um círculo infernal onde se alimentam rancores e reina o desamparo, onde todos se evitam, não se compreendem, muito menos se respeitam.

Por tudo isso e muito mais, à família moderninha, com filhos nas mãos de uma gatinha vagamente idiotizada e um gatão irresponsável, eu prefiro a família dita careta: em que existe alguma ordem, responsabilidade, autoridade, mas também carinho e compreensão, bom humor, sentimento de pertença, nunca sujeição. É bom começar a tentar, ou parar de brincar de casinha: a vida é dura e os meninos não pediram para nascer.

Quem não estiver disposto a dizer ‘não’ na hora certa e se fizer de vítima dos filhos, que por favor não finja que é mãe ou pai.