"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 25 de abril de 2016


quarta-feira, 20 de abril de 2016


Hoje acordei com uma vontade louca de gente orgânica. Com uma vontade de gente de verdade, sem sabor artificial. Gente autêntica que não foi criada em laboratório.

Hoje tive vontade do que é natural, tive vontade de gente saudável. Daquela gente que é leve e faz bem. Daquela gente amiga que abraça de verdade, que fala com sinceridade, daquela gente que realmente é. Hoje tive desejo por pessoas que pensam não só em comer o que faz bem, mas que também cuidam para que o que sai da boca e da alma conforte e sacie.

Hoje todo meu eu gritou por aquelas pessoas gostosas, por aquelas pessoas de uma doçura mansa, por aquelas pessoas que preenchem nossa alma com carinho. Que enchem nossa vida de alegria, que enchem nossa vida de sabor e beleza, que são simples, que são verdadeiras, que são fiéis. Que têm sabor de maracujá quando maracujá, que têm sabor de morango quando morango e que passam longe do tão artificial e popular tutti-frutti.

Mas quanta gente tutti-frutti existe! Gente que é um amontoado de coisa que não faz bem. Gente que tira o gosto bom do que é natural. Que tem a casca lustrosa, mas a polpa sem sabor algum. Gente que faz mal.

Hoje tive vontade de reencontrar todos aqueles que desabrocham naturalmente. Assim devagar, de acordo com as estações, resistindo às chuvas e as temperaturas desregradas. Tive vontade de sorrir com a boca, com o fígado e com o coração. Tive vontade de dizer o quão importante é ser de verdade, sentir de verdade, se entregar de verdade.

Hoje tive saudade de gente bonita, gente que é um deleite para a alma. Gente boa que ainda resiste ao tão popular industrializado e sintético. Que ainda resiste frente a um mundo de invenções rápidas que anestesiam o paladar. Hoje tive saudade dessa gente sem agrotóxico, que se faz com carinho. Que pensa antes de julgar, que entende o poder das palavras, que compreende o outro pelo olhar.

Hoje neguei o artificial. Hoje neguei o usual e tive vontade de um mundo simples, de palavras certas nos momentos certos, de pessoas que ajudam, de gente cheia de uma sabedoria honesta em um tempo louco no qual deixamos de nos importar com a época das coisas e quase esquecemos a gostosura que é colher fruta no pé.

Vanelli Doratioto


Adoro sites e programas de receita. 
Isso não quer dizer, necessariamente, que sou boa na cozinha. 
Sou boa mesmo é de garfo.


“Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza”

Tiago 4:9

terça-feira, 19 de abril de 2016




Feliz dia do índio pra você que fala “pra mim fazer”.


#sobre o “impítiman”

ratoeira do relacionamento


Se você dedicar seu mundo inteiro a uma pessoa, a entrega poderá ser vista como submissão.

Você que está mergulhado no amor não percebe. Para você, é somente amor. Não representa obediência, escravidão, bajulação.

Não mede esforços para agradar sua companhia, para atendê-la, para fazê-la feliz.
É capaz de se endividar em segredo para corresponder suas expectativas. É capaz de omitir suas vontades para privilegiar os desejos dela. É capaz de não respirar alto dentro de casa para não atrapalhar.

Ela sabe que você é todo dela – eis o problema que também deveria ser a solução (afinal, ser todo de alguém é a premissa do amor).

Mas o alimento é a isca do veneno e você foi fisgado pela ratoeira do relacionamento: emparedado, encurralado, dependente, viciado, sem anticorpos, sem imunidade, sem defesa, preso em sua idealização.

Já se declarou ao extremo, eliminou qualquer incerteza de seu coração, assinou o atestado de óbito da solteirice.
Sua doação não impõe mais desafio, não exige a reconquista de outra parte.
Está soterrado pela própria generosidade. De tanto dar, banalizou seu valor. Sua existência ficou barata. É um precatório a perder de vista.

Diante da exposição absoluta dos sentimentos, não é de duvidar que ela esnobe suas ações, conte que você come nas mãos dela, menospreze suas inúmeras gentilezas e deboche de suas constantes delicadezas.
Tornou-se inofensivo e previsível. Assumiu o risco de ser idiota e ingênuo, fragilizado em suas conexões com os amigos e familiares, absolutamente constrangidos com sua mendicância afetiva.

Atravessa um dilema sem saída. Ela jamais entenderá o peso de suas decisões, pois não mostrou seu sacrifício dia a dia, quis fingir uma naturalidade dos presentes, mimou e escondeu o trabalho por detrás de cada gesto, apresentou uma facilidade que não existia. 
Assim como pode tentar efetuar uma reprise de suas realizações dentro do namoro, apresentar os investimentos feitos, justificar sua abnegação, só que será inútil, não há estorno da espontaneidade, ela dirá que você está jogando na cara o que ofereceu de estorno da espontaneidade, ela dirá que você está jogando na cara o que ofereceu de graça, que vem cobrando os juros de sua falsa bondade.

Esta é a parada mais dura do romance, não vejo conserto da situação.

Ou está numa relação em que os dois entregam tudo ou tudo o que entrega será sempre nada.


“Tu és toda formosa, querida minha, e em ti não há defeito”

Cantares 4:7

segunda-feira, 18 de abril de 2016



Pelo uso do dicionário, pela matrícula dos edis no ensino médio, fundamental ou adjacências, pela obrigatoriedade do uso de biblioteca na câmara, meu voto é sim!!! 



Saindo de mais uma sessão com os ouvidos sofrendo com tantos “nóis vai”, “a gente vamos”, “faço questã”, “ato convarde”, 
“diverjões”, “maquiavelhos”, ficar registrado nos “anéis” da Casa, 
incorporação da PM, demonstrar minha indignidade
tem que ter “cartela”.

Fazer o que, né? 
É melhor ouvir certas coisas do que ser surda...

sábado, 16 de abril de 2016


“ter a pia” dos tempos modernos...

você, eu e nossos amigos


Antes da era tecnológica, a gente via os amigos de vez em quando, em encontros eventuais. Agora, eles estão na palma da mão. Sabemos tudo o que eles pensam e o que fazem, as informações são atualizadas em minutos, e o resultado disso? Fé na humanidade.

Se depender de você, de mim e de nossos 3.768 amigos, ou 7.543, ou 21.544 (quantos amigos você tem?), o mundo está salvo. Porque, veja bem: somos todos bons. Somos todos justos. Somos todos inteligentes. Somos todos amorosos. Somos todos honestos. Escândalos políticos não têm nada a ver com a gente: somos todos críticos, atentos, lúcidos. E estamos todos estupefatos, lógico. Acreditávamos que a sociedade era íntegra, já que somos todos íntegros.

Todos nós amamos os animais, adotamos cachorros de rua, gatos abandonados, porquinhos-da-índia. Cuidamos deles, nos importamos com eles, temos por eles um amor que se equipara ao amor que sentimos por nossos filhos. Ah, nossos filhos. Somos todos pais espetaculares de filhos que não se drogam, não bebem, não são jovens indiferentes, não são preguiçosos, não são acomodados, não estão perdidos, não são sedentários. Foram crianças excepcionais e não poderia dar noutra coisa: hoje são adultos incríveis. É de família. Bênção do DNA.

Somos todos ecologistas, amantes da natureza, adoradores de crepúsculos, mares, florestas. Não pisamos na grama, não poluímos os rios, não jogamos bituca de cigarro no chão, somos a favor da energia eólica e solar, reverentes às flores, às montanhas, às cachoeiras, às árvores. Tudo documentado em fotos, milhares delas.

Somos a favor dos refugiados, das empregadas domésticas, dos gordos, dos gays, dos pobres, das mulheres, das crianças, dos negros, dos chineses, dos sírios, dos mendigos, dos feios, dos albinos, dos haitianos, dos anões, dos favelados, dos nudistas e demais minorias – minoria é gente à beça.

Somos todos conscientes e defendemos os direitos humanos.

Somos todos bem-amados, bem-humorados, temos bom gosto. Todos nós respeitamos as regras de trânsito. E o nosso time só perdeu porque o juiz roubou.

Não temos religião, mas somos espiritualizados. Não fazemos parte de nenhuma ONG, mas vestimos a camiseta. Dirigimos carros, mas damos a maior força para as ciclovias. Não somos vaidosos, apenas usamos nossa imagem a fim de enaltecer boas ideias e intenções. Estamos a serviço de um mundo melhor. Somos todos messias. Todos gurus.
E todos nós votamos corretamente nas últimas eleições.

O inferno são os outros. Jamais você, eu e nossos amigos. Os 3.768, os 7.543, os 21.544 que estão conectados, que vivem na bolha da autorreverência e não possuem defeitos, a não ser este, que é meio suspeito: o de não ter defeito algum.

A gente acredita que existe um senso comum regendo nossos gostos e opiniões, porém somos sete bilhões pensando e vivendo de forma muito distinta uns dos outros.

receita para beleza interior



- Faça várias cirurgias plásticas: uma para corrigir o nariz empinado pelo orgulho e pela soberba; outra na correção da língua venenosa e ardilosa e também nos lábios que demarcam sua tristeza interior;
Drenagem linfática para retirar o orgulho, a inveja e a ingratidão;
- Lipoaspiração no egoísmo, no narcisismo e na hipocrisia;
- Diversos peelings profundos na culpa e no remorso;
- Faça uma dermo esfoliação nas cicatrizes deixadas pela falta de perdão e pelo ódio, assim como no rancor envelhecido;
- Uma máscara facial para retirar as expressões de mágoas e ressentimentos, igualmente nas asperezas da insensibilidade no trato com as pessoas.
- Depois complete com uma hidratação de sorriso e a alegria; hidrate suas mãos todos os dias com a prática da solidariedade e da caridade;
- Coloque lentes coloridas da misericórdia e da paciência, iluminando seu olhar;
- Realize um implante de entusiasmo e atitude positiva;
- Turbine sua humildade e o desinteresse por questões materiais;
- Use botox para esticar a esperança e a fé;
- Realce o cabelo com luzes da consciência tranqüila e da paz de espírito;
- Finalize com uma hidromassagem, usando sais da generosidade e pétalas da tolerância, que é bom para o coração e a alma.

Esses ingredientes não são encontrados nas melhores lojas do ramo. 
Estão dentro de você!


Salmos 119:105

sexta-feira, 15 de abril de 2016

revelação

Nunca soube me expressar direito, talvez eu tenha algum problema emocional. Não, não, perdoe a minha falha e a falta de consciência: eu tenho, sim, um problema emocional. Não sei lidar com frustração, não sei falar o que sinto, não sei expressar minha raiva, não sei mostrar minha alegria, não sei escancarar a minha dor, não sei demonstrar meu descontentamento com maturidade. 

Só sei gritar, chorar, perder a razão, perder a voz, perder o controle, perder o chão. Apesar disso, confesso bem baixinho: não sei perder. Não sei me comportar. E não sei se sei crescer. Entende isso? Crescer é difícil, estraçalha a gente por dentro. E é complicado sorrir com a alma em frangalhos. 

Às vezes, algum sentimento sem nome me paralisa. Frequentemente, algo me invade e grita 
“vai”. Mas não vou, tenho medo. Tenho medo de ir, de ficar, de tirar a máscara, de me revelar. Tenho medo que você não goste daquelas coisas que a gente vive tentando esconder. Tenho medo de não me reconhecer ao tirar aquele véu invisível que a gente usa para se proteger. Tenho medo de jogar minha arma no lixo. Tenho medo de descobrir os meus próprios lixos. Tenho medo de ter algo mais podre que uma lixeira que transborda.

Talvez isso tudo soe bobo para você. Mas eu sei que sou bem boba quase sempre. Eu e meus medos tolos. Medo de trovão, de lagartixa, de dentista, de fazer exame de sangue, de que a energia acabe, de que o escuro me invada. Medo de água, que o mar me engula e não me cuspa. Medo de quando o avião vai pousar, de que algo ruim aconteça, de turbulência no ar. Medo de não segurar a lágrima, de ser obrigada a trancar o riso, de procurar e nunca achar. Medo de andar em círculos, de não saber fazer a coisa certa, de não existir a coisa certa neste mundo tão incerto. Medo de que a alegria acabe e que a tristeza dure um tempo maior do que posso aguentar. Medo de perder a esperança, de não conseguir enxergar a famosa luz no fim do túnel, de cair do precipício, de me perder no meio da multidão. Medo da cara feia, do sentimento estragado, da falta de caráter e da promessa quebrada. Medo de derreter, de congelar, de empacar. Medo de que o medo não passe.

Não sei se o ser humano é assim, esquisito e medroso. Mas eu sou. E agora, neste momento, sem jeito, sem rumo e sem receio, te digo: não sei o que esperar. E a dúvida, essa sem vergonha, é o que me mata.



“Se Cunha é malvado, é meu malvado favorito”

Pr. Marco Feliciano

quinta-feira, 14 de abril de 2016

sua majestade, o dinheiro


Diante dos fatos, a vergonha. Vergonha pelas alianças sem critério, pelos acertos por baixo dos panos, pelos conchavos, pela desfaçatez com a qual ninguém se constrange mais. Governantes cometem indecências para garantir sua boquinha e a corrupção, que é a verdadeira inimiga de todos nós, segue pouco discutida.

Como e quando a corrupção irá acabar?

Se a Lava-Jato fosse uma operação permanente de combate à impunidade, a corrupção talvez diminuísse um pouco, pois sempre tem um ou outro que amarela quando cogita ir para a cadeia. Mas o mais provável é que surjam novos e sofisticados métodos de roubalheira – o ser humano é criativo. Será que não existe um jeito de cortar a corrupção pela raiz?

O primeiro passo é lembrar qual é a raiz da corrupção: o dinheiro.

O segundo passo é acreditar em conto de fadas. O empresário Ricardo Semler deu uma ótima entrevista para a Globonews, em que declarou que só há uma maneira de acabar com a corrupção no Brasil e no mundo: modificando nossa relação com o dinheiro.
Talvez ele também acredite em príncipes e princesas, mas por mais idealista que seja, não há como discordar. Por que as pessoas corrompem e são corrompidas? Para obterem vantagens – quase todas envolvendo dinheiro ou poder.

Em um mundo ideal (portanto, irreal), as pessoas receberiam pelo seu trabalho um valor justo para garantir suas necessidades e estaria ótimo assim. Se seu trabalho rendesse mais do que elas precisam, beleza – elas teriam acesso a supérfluos, o que não é pecado, desde que esteja tudo dentro da lei, sem precisar burlar contratos ou molhar a mão alheia. Se valorizássemos as principais qualidades humanas, ninguém precisaria fazer besteira para parecer mais importante do que é.

Como se mede a importância de alguém? Pela ética. Pela compaixão. Pela honestidade. Pela competência.

Isso no reino da fantasia, pois aqui, neste mundo pirado e competitivo, as pessoas medem a importância uma das outras por metro quadrado, por cavalos no motor, por dólares no Exterior, por técnicas farsescas de sedução, pelo que está escrito no cartão.

Não basta ter reais suficientes. Queremos realeza.

Mas em vez de nos sentirmos soberanos através do número de amigos que fizemos, através da credibilidade conquistada, através de nossas vitórias profissionais e emocionais, queremos é sentir o gostinho de estacionar onde bem entender, de voar pelas estradas sem ninguém nos alcançar, de receber tratamento VIP, de sermos vistos como diferenciados, criaturas acima do bem e do mal. Para que esperar merecermos coisas boas da vida se podemos comprar as extraordinárias?

A corrupção só terminará quando o dinheiro deixar de ser usado para mascarar nossa miséria existencial.

dia do beijo, por Padre Fábio


“Eu só acredito que o dia é o dia de alguma coisa
se for feriado. Caso contrário, não me venham com conversa mole.


Comemore o dia do beijo e aumente consideravelmente as chances de pegar a gripe fortíssima que está rondando o planeta.”

#uma figura esse padre


NÃO te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade.
Porque cedo serão ceifados como a erva, e murcharão como a verdura.

Salmos 37:1,2

quarta-feira, 13 de abril de 2016




Tem beijo que é da boca pra fora.                                                
Tem abraço que é do corpo pra dentro.

Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha.

Aos 8 anos: Ela olha para si e vê Cinderela.

Aos 15 anos: Ela olha e vê uma freira horrorosa.

Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair, mas vai sofrendo.

Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar, então vai sair assim mesmo.

Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim.

Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender.

Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo.

Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, risos, habilidades, sai para o mundo e aproveita a vida.

Aos 80 anos: Ela não se incomoda mais em se olhar. Põe simplesmente um chapéu violeta e vai se divertir com o mundo.

Talvez devêssemos por aquele chapéu violeta mais cedo!


#trocadilho infame


Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro. 
Tempo para mim significa a desagregação da matéria. O apodrecimento do que é orgânico como se o tempo tivesse como um verme dentro de um fruto e fosse roubando a este fruto toda a sua polpa. 
O tempo não existe. O que chamamos de tempo é o movimento de evolução das coisas, mas o tempo em si não existe. Ou existe imutável e nele nos transladamos. 
O tempo passa depressa demais e a vida é tão curta. Então — para que eu não seja engolido pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa — eu cultivo um certo tédio. Degusto assim cada detestável minuto. E cultivo também o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver muitos minutos num só minuto. Quero me multiplicar para poder abranger até áreas desérticas que dão a idéia de imobilidade eterna. Na eternidade não existe o tempo. Noite e dia são contrários porque são o tempo e o tempo não se divide. De agora em diante o tempo vai ser sempre atual. 

Hoje é hoje. Espanto-me ao mesmo tempo desconfiado por tanto me ser dado. E amanhã eu vou ter de novo um hoje. Há algo de dor e pungência em viver o hoje. 
O paroxismo da mais fina e extrema nota de violino insistente. Mas há o hábito e o hábito anestesia.


... e eu, pagando para ser plebéia!


Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.

Salmos 40:1

terça-feira, 12 de abril de 2016


tá explicado!!!


A vida precisa do vazio:
a lagarta dorme num vazio chamado casulo até se transformar em borboleta.
A música precisa de um vazio chamado silêncio para ser ouvida.
Um poema precisa do vazio da folha de papel em branco para ser escrito.
E as pessoas, para serem belas e amadas, precisam ter um vazio dentro delas.
A maioria acha o contrário; pensa que o bom é ser cheio.
Essas são as pessoas que se acham cheias de verdades e sabedoria e falam sem parar.
São umas chatas quando não são autoritárias.
Bonitas são as pessoas que falam pouco e sabem escutar.
A essas pessoas é fácil amar.
Elas estão cheias de vazio.
E é no vazio da distância que vive a saudade...


É esse o grande problema de gostar muito de alguém;
a gente inventa qualidades que a pessoa não tem.

___Bruno Fontes

certo?



“Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos a ele com cântico”

Salmos 100:2

quinta-feira, 7 de abril de 2016


 “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. 
Todo o resto é publicidade.”

__George Orwell
Jornalista, hoje, a pauta é você.
Parabéns pelo dia!

resistência à frustração


Quando eu era pequena, fazia uma brincadeira na piscina que até hoje as crianças fazem: tapar o nariz e a boca e ficar embaixo d'água, contando os segundos pra ver quem consegue ficar mais tempo sem respirar. É bem verdade que a gente não precisa de uma piscina pra fazer este teste, pode fazer neste mesmo instante aonde quer que esteja, mas éramos crianças, éramos imaginativos, éramos mergulhadores em alto-mar.

Testar nossa resistência é uma maneira de avaliar o quanto estamos preparados para as adversidades. Serão poucas as vezes na vida que teremos que passar um tempo sem respirar, oxalá nenhuma. Mas serão muitas as vezes em que teremos que testar nossa resistência à frustração.

Um...dois...três...quatro.... serão mais do que segundos, mais do que minutos ou horas trancando a respiração, lutando para não explodir. Algumas frustrações levam dias ou meses para serem elaboradas dentro da gente. As coisas quase nunca saem como a gente planejou, há sempre o elemento surpresa, que desencaminha nossos sonhos. É preciso ter muito pulmão para respirar fundo e muita cabeça fria para não botar tudo a perder.

A gente manda um e-mail amoroso e extenso e recebe uma resposta fria e lacônica. A gente organiza uma festa na nossa casa e só aparecem três gatos pingados. A gente combina de ir para a praia no feriadão e pinta, de última hora, um plantão no trabalho. A gente economiza anos para comprar um carro e quando está com o dinheiro na mão, tem que emprestá-lo para alguém que ficou repentinamente doente na família. E as frustrações de amor? Uma atrás da outra. Parece que ninguém reage como a gente espera. Todos uns desmancha-prazeres.

Os que não têm muita resistência saem atropelando, cortando relações, dramatizando o que nem é tão dramático assim. Depois mergulham em longas depressões e custam a voltar à tona. Já os mais resistentes sabem que nada é tão sério nesta vida, a não ser ela própria, a vida, e tratam de aproveitá-la com mais serenidade e paciência. Contam até três, até dez, até vinte, e basta de autoflagelação: voltam a respirar.


Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece. 

Filipenses 4:12-13

quarta-feira, 6 de abril de 2016


#estágio probatório


“Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza.”


No restaurante, três crianças almoçavam com os seus pais. Uma escadinha: 2 anos, 4 anos e 6 anos. Lembrou a minha cambada de irmãos: a mesma diferença de dois anos. Sou de 72, Rodrigo é de 70 e Miguel é de 74. Eu me revi, homem feito, na composição da ceia.

Só que os três estavam silenciosos. Não incomodavam. Não implicavam com o cardápio. Não discutiam para sentar ao lado da mãe ou do pai. Nada. Não disputavam preferências e privilégios, como era natural entre os meninos.

Cada um tinha um headphone no ouvido e um celular. Cada um na cabine auditiva de seus jogos. Isolados do que acontecia externamente, com as pálpebras piscando de acordo com a violência dos dedos nas teclas. Não interagiam com o garçom e com ninguém, a não ser com as cores e os barulhos dos seus joguinhos.

Os pais conversavam tranquilamente, sem se importar com os efeitos trágicos daquela falsa felicidade. Os filhos não haviam abandonado a casa. Unicamente seus corpos na mesa, unicamente a boca para comer algo. Eles se mantinham em seus quartos digitais.

Juro que me deu uma compaixão. Não experimentavam o que era um irmão, a natureza nervosa e heróica de um mano.

Irmão pequeno briga, estapeia, provoca, enche o saco, começa a correr pelas cadeiras, inventa maneiras inusitadas de chamar atenção. Atropela os bons modos e é xingado, aprende o que é educação na marra, vai decifrando a brabeza dos pais pelo tom de voz e pela altura das sobrancelhas. Estavam perdendo o melhor da infância, representado na proximidade etária, nas brincadeiras verbais, na luta dos meninos para comer com as mãos, no contato físico que gera o abraço e o perdão, que apressa o entendimento e a saudade. Desperdiçavam o patrimônio afetivo de sair com a família reunida, fato que será raro mais tarde em suas vidas.

Aparentemente comportados, mas tristes. Três filhos apartados como se fossem filhos únicos, solitários, precocemente adolescentes.

Onde anda a infância das crianças?


Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade. 

Eclesiastes 5:10