domingo, 31 de maio de 2020
sábado, 30 de maio de 2020
Sonhei com uma mulher
dizendo que eu estava com câncer. Sou super-racional, acredito na ciência, na
lógica. Mas foi um sonho tão claro que fiquei encasquetado.
Fui aos médicos, fiz
colonoscopia, endoscopia, ultrassonografia, não achavam nada, mas eu continuava
impressionado. Um gastroenterologista pediu uma tomografia, “só para tirar a
dúvida”.
Fui às 22h, o resultado
começou a demorar. Veio um enfermeiro e perguntou se não sentia muita dor,
porque tinha pancreatite, mas eu não sentia nada. Não sentia nada. Procurei na
internet: pancreatite dá em quem bebe —sou abstêmio há seis anos— e em quem tem
vesícula — que eu já tinha tirado. Era câncer.
No dia seguinte, já
estava no hospital. Tirei o tumor bem no comecinho, o que aparentemente era boa
notícia.
Mas, passadas três
semanas, ele estava no fígado. Fizemos quimioterapia para operar, mas, em vez
de parar, o tumor cresceu. Passei quatro meses de tantas más notícias... muita
febre todo dia, comecei a já me preparar para a despedida. Foi o meu período
pessimista.
Hoje —é até difícil falar
isso— estou vivendo o momento mais feliz da minha vida. Aquele Gilberto
Dimenstein antes do câncer morreu. Nasceu outro.
Câncer é algo que não
desejo para ninguém, mas desejo para todos a profundidade que você ganha ao se
deparar com o limite da vida. Não queria ter ido embora sem essa experiência.
Grande parte da minha
vida foi marcada pelo culto a bobagens: ganhar prêmio, assinar matéria na capa,
o tempo todo pensando no próximo furo. É como se estivesse passando por um
lugar lindo num trem em alta velocidade, vendo tudo borrado.
Quando você tem um câncer
(ainda mais como o meu, de metástase e de pâncreas, um tipo muito agressivo),
não há alternativa. Ou vive o presente ou sua vida vira um inferno.
E aí começam a aparecer
coisas incríveis. Gosto de andar de bicicleta, e comecei a sentir o vento no
rosto, como se estivesse sendo beijado. Você vê seu neto deitado com você.
Acorda com os bem-te-vis e escuta os bem-te-vis.
Falar em sentidos é
importante, porque meu tratamento tira o gosto, até a água fica ruim. Com o
tratamento, também acaba a vida sexual; você fica impotente.
É uma fase de muitos
pesadelos, que melhoram com o canabidiol.
Tudo isso poderia fazer
um cara superinfeliz. Mas as relações emocionais se sofisticam. Descobri só
agora a profundidade da relação homem-mulher. Você está com enjoos, dores não
apenas físicas, e a pessoa do seu lado o tempo todo. Não conhecia essa
cumplicidade nesse nível.
Nós vivemos nos meios
digitais a era da indelicadeza, 500 mil pessoas criticando. Eu acabei entrando
no mundo das gentilezas. Cada pessoa tem uma palavra, um chá, uma dica de
oração, um olhar gentil. O outro mundo vai ficando ridículo.
Com ou sem câncer vamos
todos morrer, e se pudermos antecipar essa sensação, vamos evitar várias
bobagens. A clareza maior da morte é uma dádiva. Não é o fim, mas um começo.
Pode ser o começo de um
belo fim de vida, viver esses momentos com a família, ou um pit stop para voltar
melhor. O cara tem que ser muito, muito, muito idiota para não voltar melhor.
Não é que eu ache que
morrer é bom, mas você começa a questionar por que existe, e a conclusão é que,
se não podemos escolher como entramos na vida, podemos decidir como sair dela.
Quando o médico me disse
que eu estava com câncer, passou um dia, dois, três, e não tive medo. Só temia
o impacto da minha morte nos outros. Não me senti desesperado. Nada, nada,
nada. Até me espantei comigo mesmo.
Em inglês se chama “surrender”.
Você não está mais no comando, e isso é motivo de alívio. De felicidade, até.
Descobri que meu pavor
era passar a vida sem propósito. Olhei para trás, e, apesar de todas as minhas
delinquências —que não foram poucas—, acho que fiz mais bem que mal. Mudei
minha carreira para fazer um jornalismo que não é de filantropia nem altruísmo,
mas de empoderamento, de usar a comunicação para promover causas.
Não inventei nada, o
comunicador não faz o vinho. Mas tira a rolha.
Acabei sendo obrigado a
deixar de ser aquele jornalista racional, imparcial. Deixei de ser um
espectador e passei a ser torcedor. Você vira um eunuco como jornalista, porque
passa a querer dar só boa notícia.
Já antes do câncer tinha
começado minha “quimioterapia social”, na Orquestra Sinfônica de Heliópolis,
que esteve perto de fechar. Em nenhum momento neste ano parei de trabalhar,
arrecadar fundos, promover esse e outros projetos que acompanho. Não é bondade,
é conexão com a vida.
O evangelho segundo são
João diz “No princípio era o verbo”. É a palavra que gera o poder, e nós,
comunicadores, trabalhamos com isso, podemos fazer as pessoas poderosas
trabalharem juntas.
Hoje há um enorme
desperdício. Há um ditado árabe maravilhoso, “gavião não voa em bando”, ainda
mais perfeito em inglês, “eagles don't fly together” —eagles tem o mesmo som de
egos—. Cada um quer ter seu legado, sua placa, seu projeto. Um secretário não
trabalha com outro, a prefeitura não trabalha com o estado, um dinheiro enorme
sai pelo ralo, sem meta, sem avaliação, sem trabalho articulado, uma
catástrofe.
O mundo é como um corpo
humano. Há pessoas que espalham infecções, se xingam, se odeiam. Trump e Bolsonaro
não criaram isso, mas sintetizam essa cultura da infecção, do ódio, do
confronto. E há os glóbulos brancos, as pessoas que não deixam o mundo acabar,
que inventaram a anestesia, o antibiótico, descobriram a hélice dupla do DNA.
Meu tumor passou por
análise genética — recebi o resultado, e sou um caso de 1% cuja mutação talvez
tenha um tratamento promissor. Em ratos, eliminaram o câncer de pâncreas, e
estão começando a testar em humanos, procurando a dose certa. Já me dispus a
fazer parte dos testes no Brasil.
É até meio canalha, mas
penso “será que eu vou ajudar a encontrar a cura?”. Para um
jornalista que gosta de furos, você se transformar num furo de si mesmo é
incrível, né? Mas para ajudar os outros.
Voltei a ficar otimista.
Ganhei da minha mulher dois ingressos para ver o músico Bobby McFerrin, nos
EUA, em maio. Já estou com planos para o ano que vem. Você volta a ter
projetos, é a vida voltando a circular. Eu acho que tenho muita chance, muita
chance.
Vida após a morte? Se for
igual a esta, prefiro que não exista. Se eu acordasse e estivessem lá Trump,
Bolsonaro, Viktor Orbán, não sei se queria, não.
Gilberto Dimenstein –
jornalista e escritor
#escola da vida
Sou uma caminhante na
estrada do aprendizado do amor.
Às vezes, exausta, eu
paro um pouquinho.
Cuido das dores. Retomo o
fôlego. Depois, levanto e, seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu
prossigo.
Um passo e mais outro e
mais outro e mais outro, incontáveis.
Sei de cor que não é
fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e
perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nosso jeito, um passo
de cada vez.
Marcadores:
Ana Jácomo
sexta-feira, 29 de maio de 2020
a corrida da vida
Na corrida dessa vida
é preciso entender que você vai rastejar,
que vai cair, vai sofrer e a vida vai lhe ensinar
é preciso entender que você vai rastejar,
que vai cair, vai sofrer e a vida vai lhe ensinar
que se aprende a caminhar
e só depois a correr.
A vida é uma corrida que
não se corre sozinho.
E vencer não é chegar, é aproveitar o caminho
E vencer não é chegar, é aproveitar o caminho
sentindo o cheiro das
flores
e aprendendo com as dores
causadas por cada
espinho.
Aprenda com cada dor,
com cada decepção,
com cada vez que alguém
lhe partir o coração.
O futuro é obscuro e às
vezes é no escuro
que se enxerga a direção.
Aprenda quando chorar
e quando sentir saudade,
e quando sentir saudade,
aprenda até quando alguém
lhe faltar com a verdade.
Aprender é um grande dom.
Aprenda que até o bom vai
aprender com a maldade.
Aprender a desviar das
pedras da ingratidão,
dos buracos da inveja,
das curvas da solidão,
expandindo o pensamento
fazendo do sofrimento a
sua maior lição.
Sem parar de aprender,
aproveite cada flor,
cada cheiro no cangote,
cada gesto de amor,
cada música dançada
e também cada risada,
silenciando o rancor.
Experimente o mundo,
prove de todo sabor,
sinta o mar, o céu e a terra,
sinta o mar, o céu e a terra,
sinta o frio e o calor,
sinta sua caminhada
e dê sempre uma parada
e dê sempre uma parada
pelo caminho que for.
Pare, não tenha pressa,
não carece acelerar,
a vida já é tão curta,
é preciso aproveitar essa estranha corrida
a vida já é tão curta,
é preciso aproveitar essa estranha corrida
que a chegada é a partida
e ninguém pode evitar!
Por isso é que o caminho
tem que ser aproveitado,
deixando pela estrada
algo bom pra ser lembrado,
algo bom pra ser lembrado,
vivendo uma vida plena,
fazendo valer a pena
cada passo que foi dado.
Aí sim, lá na chegada,
onde o m é evidente,
é que a gente percebe
é que a gente percebe
que foi tudo de repente,
e aprende na despedida
que o sentido da vida
é sempre seguir em
frente.
#poesia com rapadura
Te dedico esta poesia e te desejo feliz
aniversário, Marina!
Que o Pai te abençoe com
aqueles presentes do Céu que só Ele pode dar.
E, como nunca é demais, eu te desejo amor,
saúde, sucesso, felicidade e coragem para lutar por seus sonhos.
Siga sempre em frente, renovando sua esperança
e emanando o suave perfume de Cristo por onde passar!
Marcadores:
Bráulio Bessa
quarta-feira, 27 de maio de 2020
inumeráveis
O galope à beira-mar é uma
estrofe muito utilizada na poesia popular nordestina, especialmente entre os
cantadores de viola.
São dez versos e onze
sílabas e inumeráveis possibilidades de temas.
Inumeráveis também são as
vítimas da pandemia.
“Não há quem goste de ser
número
Gente merece existir em
prosa.”
Eu vi essa frase logo
abaixo do nome de dona Zulmira de Sousa, no site “Inumeráveis”.
A intenção do site é dar
nomes e histórias às vítimas do coronavírus
E quando eu vi essa
frase, imediatamente, quase que por instinto, me veio um mote na cabeça, no
padrão de galope à beira-mar, que dizia: Se números frios não
tocam a gente, espero que nomes consigam tocar.
André Cavalcante era
professor
amigo de todos e pai do
Pedrinho.
O Bruno Campelo seguiu
seu caminho
Tornou-se enfermeiro por
puro amor.
Já Carlos Antônio, era
cobrador
Estava ansioso pra se
aposentar.
A Diva Thereza amava
tocar
Seu belo piano de forma
eloquente
Se números frios não
tocam a gente
Espero que nomes consigam
tocar.
Elaine Cristina, grande
paratleta
fez três faculdades e
ganhou medalhas
Felipe Pedrosa vencia as
batalhas
Dirigindo Uber em busca
da meta.
Gastão Dias Junior,
pessoa discreta
na pediatria escolheu se
doar
Horácia Coutinho e seu
dom de cuidar
De cada amigo e de cada
parente.
Se números frios não
tocam a gente
Espero que nomes consigam
tocar.
Iramar Carneiro, herói da
estrada
foi caminhoneiro, ajudou
o Brasil.
Joana Maria, bisavó
gentil.
E Katia Cilene uma mãe
dedicada.
Lenita Maria, era muito
animada
baiana de escola de samba
a sambar
Margarida Veras amava
ensinar
era professora bondosa e
presente.
Se números frios não
tocam a gente
Espero que nomes consigam
tocar.
Norberto Eugênio era
jogador
piloto, artista,
multifuncional.
Olinda Menezes amava o
natal.
Pasqual Stefano dentista,
pintor
Curtia cinema, mais um
sonhador
Que na pandemia parou de
sonhar.
A vó da Camily não vai
lhe abraçar
com Quitéria Melo não
foi diferente.
Se números frios não
tocam a gente
Espero que nomes consigam
tocar.
Raimundo dos Santos, um
homem guerreiro
O senhor dos rios, dos
peixes também
Salvador José, baiano do
bem
Bebia cerveja e era
roqueiro.
Terezinha Maia sorria
ligeiro
cuidava das plantas,
cuidava do lar
Vanessa dos Santos era
luz solar
mulher colorida e
irreverente.
Se números frios não
tocam a gente
Espero que nomes consigam
tocar.
Wilma Bassetti vó
especial
pra netos e filhos fazia
banquete.
Yvonne Martins fazia um
sorvete
Das mangas tiradas do pé
no quintal
Zulmira de Sousa, esposa
leal
falava com Deus, vivia a
rezar.
O X da questão talvez
seja amar
por isso não seja tão
indiferente
Se números frios não
tocam a gente
Espero que nomes consigam
tocar.
#poesia com rapadura
Marcadores:
Bráulio Bessa
terça-feira, 26 de maio de 2020
amor nos tempos do coronavírus
Nossa sorte é que o amor não respeita distância e nem tempo.
Fosse diferente, a relação amorosa de Florentino Ariza e Fermina Daza não
iria se consumar mais de 50 anos depois de eles terem se conhecido, como conta
o escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez no clássico “O Amor nos Tempos do
Cólera”.
Mais de cinco décadas sem contato físico, sem sequer tocar um ao outro,
sem abraços, carinhos e beijinhos, no máximo cartas perfumadas com pétalas de
flores prensadas entre as folhas enviadas por telégrafo.
O amor de Florentino e Fermina superou quilômetros de distância e o surto
de cólera que atormentou Cartagena de Las Índias no final do século 19.
Nesses tempos em que cinco minutos sem responder mensagem no WhatsApp
parece uma eternidade, um homem que espera 50 anos pela mulher amada, realmente
é obra de realismo fantástico!
O que são alguns dias de quarentena perto de mais de 50 anos?
Nos tempos do “Corona”, vivemos o afeto restrito e o afago proibido,
justo no momento que mais precisamos ser acolhidos, abraçados e que gostaríamos
de ficar atracados.
Quando você vê que até o que Deus uniu, o Corona já conseguiu separar (ao
menos fisicamente), bate um desânimo, mas aí recorremos novamente à Garcia
Márquez:
“O amor se torna maior e mais nobre na calamidade”.
De fato, os tempos de Corona nos dão a chance de entender que o amor vai
muito além do sexo. O amor é uma energia, um sentimento muito elevado e, o
próprio amor, ajuda a amenizar o sofrimento, a saudade e o afastamento.
É bom ter alguém para viver isso junto, ter alguém para conversar, é um
respiro. Esse afeto é que segura a onda. O amor em tempos difíceis serve para
isso. Dá uma sensação de conforto e de que isso vai passar.
As cartas perfumadas de Florentino, às vezes levavam dias para chegar às
mãos de Fermina. Nós ao menos temos a tecnologia a nosso favor: mensagens
instantâneas de aplicativos e redes sociais. Claro, nada substitui o toque, a
pele, mas vídeos e chamadas aproximam os amores sem o risco de transmissão.
“A memória do coração elimina as
más lembranças e enaltece as boas” e, graças a esse artifício, vamos conseguir
nos virar nesses “100 anos de solidão”.
A saudade é um buraco
dolorido na alma. A presença de uma ausência.
A gente sabe que alguma coisa está faltando. Um pedaço nos foi arrancado. Tudo fica ruim.
A saudade fica uma aura que nos rodeia. Por onde quer que a gente vá, ela vai também. Tudo nos faz lembrar a pessoa querida. Tudo que é bonito fica triste, pois o bonito sem a pessoa amada é sempre triste.
Aí, então, a gente aprende o que significa amar: esse desejo pelo reencontro que trará a alegria de volta.
A saudade se parece muito com a fome. A fome também é um vazio. O corpo sabe que alguma coisa está faltando.
A fome é saudade do corpo. A saudade é a fome da alma.
A gente sabe que alguma coisa está faltando. Um pedaço nos foi arrancado. Tudo fica ruim.
A saudade fica uma aura que nos rodeia. Por onde quer que a gente vá, ela vai também. Tudo nos faz lembrar a pessoa querida. Tudo que é bonito fica triste, pois o bonito sem a pessoa amada é sempre triste.
Aí, então, a gente aprende o que significa amar: esse desejo pelo reencontro que trará a alegria de volta.
A saudade se parece muito com a fome. A fome também é um vazio. O corpo sabe que alguma coisa está faltando.
A fome é saudade do corpo. A saudade é a fome da alma.
Marcadores:
Rubem Alves
segunda-feira, 25 de maio de 2020
mãos em prece
Unir palma com palma.
Dedos unidos. Nada a esconder. Lado direito e lado esquerdo juntos. Presença
pura. O maior presente é a presença. Sem dualidades. Duas mãos formam um gesto.
Gesto de entrega, de respeito, de devoção, cumprimento, reconhecimento.
Um de meus professores no
Mosteiro Feminino de Nagoya, o Reverendo Monge Mano Kampo Roshi dizia: “Quando
colocamos as mãos palma com palma não estamos fazendo nada errado, nada
escondido. Quem consegue fazer esse gesto manifesta o estado de um ser iluminado”.
Você consegue? Consegue
colocar as mãos em prece?
O gesto é a ação. A ação
é a realização. No início, apenas um gesto. Depois uma postura: corpomente
unidos. Quando duas mãos se tornam uma atitude, que pode transformar o mundo.
Teclando, servindo, recebendo, dando, compartilhando, cumprimentando,
acolhendo.
Olho no olho. Sem
esconder a face, sem esconder nada. Cumprimento adequado para a não
contaminação. Cumprimento benéfico para o encontro verdadeiro de quem nada tem
a temer.
Vamos, venha comigo. Vamos
nos reconhecer pessoas humanas. Sendo humanas somos sagradas.
O que separa você da
pureza? Vamos, junte as palmas de suas mãos.
Oremos por todos que já
morreram - que não tenha sido em vão. Roguemos pela descoberta de remédios que
curem, sem efeitos colaterais, as várias doenças relacionadas ao coronavírus.
Com as mãos unidas,
agradecemos às heroínas e aos heróis que se expõem para que possamos ficar em
casa: são médicas e médicos, enfermeiras e enfermeiros, auxiliares, grupo
administrativo de hospitais e centros de atendimento, grupo de limpeza e de
cozinha, motoristas de ambulâncias e carros fúnebres, policiais, bombeiros,
garis, lixeiras e lixeiros, pessoas que trabalham com alimentos e remédios -
desde quem planta, colhe, revende, transporta. Fábricas de medicamentos e de
alimentos.
Muita gente trabalhando
para que uma grande parte possa ficar em casa e evitar a contaminação que
causaria o colapso da rede de saúde do país.Vamos colocar as mãos unidas, dedos
retos para o céu. De longe nos cumprimentaremos, de máscara nos reconheceremos
pelos gestos, atitudes, tom de voz, movimento muscular, olhos que expressam o
que muitas vezes não sabemos expressar.
Que sejam encontros de
ternura e de acolhida. Solidariedade e cooperação. Percebemos que não vivemos
isolados, mas o isolamento é pleno cuidado uns com os outros. Tenha paciência e
resiliência. Sem beijos, sem abraços, sem cheiros, sem afagos.
Por amor e com amor, por
respeito à vida e à saúde, lembrem-se de como deve mover suas mãos, seu
coração, seus olhos, sua mente. Sem julgamentos e aversões. Sem apegos e
apertões. Momento de reconhecer o sagrando em cada ser. Respire profundamente e
caminhe com serenidade. Está tudo errado e está tudo certo, tudo bem. Podemos
ter tranquilidade em meio a pandemia. Sorria.
Somos a vida da Terra -
girando sem parar e sem voltar atrás.
Adiante o futuro será o
que construirmos agora - com atitudes e pensamentos, palavras e comportamento.
Lembre-se das máscaras,
das luvas, das proteções oculares. Lembre-se de não colocar as mãos nos olhos,
nas narinas, na boca, na face.
Mantenha distância - isso
é proximidade e intimidade. Cuidem-se cuidando de todos nós.
__Monja Coen
Assinar:
Postagens (Atom)