Unir palma com palma.
Dedos unidos. Nada a esconder. Lado direito e lado esquerdo juntos. Presença
pura. O maior presente é a presença. Sem dualidades. Duas mãos formam um gesto.
Gesto de entrega, de respeito, de devoção, cumprimento, reconhecimento.
Um de meus professores no
Mosteiro Feminino de Nagoya, o Reverendo Monge Mano Kampo Roshi dizia: “Quando
colocamos as mãos palma com palma não estamos fazendo nada errado, nada
escondido. Quem consegue fazer esse gesto manifesta o estado de um ser iluminado”.
Você consegue? Consegue
colocar as mãos em prece?
O gesto é a ação. A ação
é a realização. No início, apenas um gesto. Depois uma postura: corpomente
unidos. Quando duas mãos se tornam uma atitude, que pode transformar o mundo.
Teclando, servindo, recebendo, dando, compartilhando, cumprimentando,
acolhendo.
Olho no olho. Sem
esconder a face, sem esconder nada. Cumprimento adequado para a não
contaminação. Cumprimento benéfico para o encontro verdadeiro de quem nada tem
a temer.
Vamos, venha comigo. Vamos
nos reconhecer pessoas humanas. Sendo humanas somos sagradas.
O que separa você da
pureza? Vamos, junte as palmas de suas mãos.
Oremos por todos que já
morreram - que não tenha sido em vão. Roguemos pela descoberta de remédios que
curem, sem efeitos colaterais, as várias doenças relacionadas ao coronavírus.
Com as mãos unidas,
agradecemos às heroínas e aos heróis que se expõem para que possamos ficar em
casa: são médicas e médicos, enfermeiras e enfermeiros, auxiliares, grupo
administrativo de hospitais e centros de atendimento, grupo de limpeza e de
cozinha, motoristas de ambulâncias e carros fúnebres, policiais, bombeiros,
garis, lixeiras e lixeiros, pessoas que trabalham com alimentos e remédios -
desde quem planta, colhe, revende, transporta. Fábricas de medicamentos e de
alimentos.
Muita gente trabalhando
para que uma grande parte possa ficar em casa e evitar a contaminação que
causaria o colapso da rede de saúde do país.Vamos colocar as mãos unidas, dedos
retos para o céu. De longe nos cumprimentaremos, de máscara nos reconheceremos
pelos gestos, atitudes, tom de voz, movimento muscular, olhos que expressam o
que muitas vezes não sabemos expressar.
Que sejam encontros de
ternura e de acolhida. Solidariedade e cooperação. Percebemos que não vivemos
isolados, mas o isolamento é pleno cuidado uns com os outros. Tenha paciência e
resiliência. Sem beijos, sem abraços, sem cheiros, sem afagos.
Por amor e com amor, por
respeito à vida e à saúde, lembrem-se de como deve mover suas mãos, seu
coração, seus olhos, sua mente. Sem julgamentos e aversões. Sem apegos e
apertões. Momento de reconhecer o sagrando em cada ser. Respire profundamente e
caminhe com serenidade. Está tudo errado e está tudo certo, tudo bem. Podemos
ter tranquilidade em meio a pandemia. Sorria.
Somos a vida da Terra -
girando sem parar e sem voltar atrás.
Adiante o futuro será o
que construirmos agora - com atitudes e pensamentos, palavras e comportamento.
Lembre-se das máscaras,
das luvas, das proteções oculares. Lembre-se de não colocar as mãos nos olhos,
nas narinas, na boca, na face.
Mantenha distância - isso
é proximidade e intimidade. Cuidem-se cuidando de todos nós.
__Monja Coen