"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 30 de junho de 2021


 isfriô, né?!?

tá explicado então!


domingo, 27 de junho de 2021



Neste exato momento, cada pulsação do meu coração é um desejo de Boa Sorte para você. Que se os teus planos ainda não estiverem numa corrente fluida, que bons ventos embalem tua mente e preencha o teu ser de disposição e criatividade. Que a brisa da abundância abrace cada um dos teus projetos.

Eu desejo, profundamente, que você vibre amorosamente e atraia para a tua existência parágrafos saudáveis e lúdicos para compor a tua história. E que, mais do que coragem, você tenha força para prosseguir na tua caminhada e que tenha a ousadia necessária para promover as mudanças necessárias para uma vida mais próspera.

Eu desejo que você seja a repercussão de uma alegria, que possa ensinar e aprender com o outro com tranquilidade afetuosa e o coração em paz. Desejo que teus relacionamentos sejam carregados de leveza e reciprocidade. Que os sentimentos possam ser expressados de maneira madura e assertiva e que a compreensão impere sempre.

Desejo que a tua vida seja tão interessante que você possa se ocupar inteiramente dela. Que resolva em si a sua raiva, que não acumule rancores, que seja integrado e interaja com o universo de maneira sagrada. Que a tua luz seja ampliada pelas tuas escolhas e que você as faça com a todas as orientações espirituais que receber.

Eu desejo, sinceramente, que você tenha o suficiente para estar pleno de entusiasmo, encharcado de amor, lúcido de gratidão e que possa cumprir lindamente a tua missão nesta existência.

Feliz aniversário, Neckyr!

Te desejo tudo isso e muito, muito mais...



Tente uma, duas, três vezes e se possível tente a quarta, a quinta e quantas vezes for necessário. Só não desista nas primeiras tentativas, a persistência é amiga da conquista. Se você quer chegar aonde a maioria não chega, faça o que a maioria não faz.

– Bill Gates


 


Velho, não.

Entardecido, talvez.

Antigo, sim.

Me tornei antigo

porque a vida,

tantas vezes, se demorou.

E eu a esperei

como um rio aguarda a cheia.

Gravidez de fúrias e cegueiras,

os bichos perdendo o pé,

eu perdendo as palavras.

Simples espera

daquilo que não se conhece

e, quando se conhece,

não se sabe o nome.

 

Mia Couto  -A adiada enchente


 


Uma vida longa é a recompensa das pessoas honestas; os seus cabelos brancos são uma coroa de glória.


Provérbios 16:31 / NTLH


sábado, 26 de junho de 2021

a vida

 


A vida decepciona-o para você parar de viver com ilusões e ver a realidade. A vida destrói todo o supérfluo – até que reste somente o essencial.

 

A vida permite que você caia de novo e de novo, até que você decida aprender a lição da queda. A vida lhe tira do caminho e lhe apresenta encruzilhadas, até que você pare de querer controlar tudo e flua como um rio.

 

A vida lhe assusta e assustará quantas vezes for necessário, até que você perca o medo e recupere sua fé.

 

A vida tira o seu amor verdadeiro até que você pare de tentar possui-lo. A vida lhe afasta das pessoas que você ama até entender que não somos apenas corpos, mas também as almas que eles contêm.

 

A vida ri de você muitas e muitas vezes, até você parar de levar tudo tão a sério e rir de si mesmo. A vida quebra você em tantas partes quantas forem necessárias para que a luz possa, enfim, penetrar-lhe.

 

A vida lhe confronta com rebeldes e gente difícil, até que você pare de tentar controlá-los.

 

A vida repete a mesma mensagem – se for preciso, até com gritos e tapas, até você finalmente ouvi-la. A vida envia raios e tempestades para acordá-lo. A vida lhe humilha e por vezes lhe derrota de novo, e de novo, até que você decida deixar seu ego e sua vaidade morrerem.

 

A vida corta suas asas e poda suas raízes, até que não precise de asas nem raízes – e decida, então, voar.

 

A vida lhe nega milagres, até que entenda que tudo é um milagre. A vida encurta seu tempo, para você se apressar a aprender a viver. A vida lhe ridiculariza até você se tornar nada, ninguém, para então tornar-se tudo.

 

A vida não lhe dá o que você quer, mas o que você necessita para evoluir. A vida lhe machuca e lhe atormenta até que você solte seus caprichos e birras e aprecie o simples ato de respirar e estar vivo.

 

A vida lhe esconde tesouros até que você aprenda a sair para buscá-los. A vida lhe nega Deus, até você vê-lo em todos e em tudo. A vida lhe acorda, lhe poda, lhe quebra em pedaços, lhe desaponta… Mas creia, isso é para que seu melhor se manifeste… E até que só o amor permaneça em você.


Bert Hellinger


 

mais um ou menos um?


Todo mundo sabe que, para se anunciar um aniversário, o certo é dizerfiz tantos anos. No meu caso, desfaçoanos...

O verbofazer sugere algo que aumenta, um crescimento do ser.
Mas, que ser aumenta com a passagem do tempo, esse monstro que devora os seus filhos? O que aumenta é o vazio. 

Esses anos que o aniversariante distraído anuncia como anos que ele fez são, precisamente, os anos que ele desfez, o tempo que já passou, que deixou de ser, os anos que o tempo devorou.
Por isso acho um equívoco filosófico perguntar a alguém:Quantos anos você tem?”. O certo seria perguntar quantos anos você não tem?”. E ela responderia não tenho 42 anos”, “não tenho 28 anos”. Porque esse número de anos indica precisamente os anos que ela não tem mais. 
Nos aniversários, então, a maneira correta de se dirigir ao aniversariante é perguntando-lhequantos anos você está desfazendo hoje?”.

Com base nessas reflexões filosóficas, acho extremamente estranho e mesmo de mau gosto esse costume de o aniversariante soprar as velinhas acesas para que elas se reduzam a um pavio negro retorcido. 
Aí, nesse momento, todos gritam e riem de alegria e cantam o Parabéns pra você, em louvor a essadata querida...

Bachelard, no seu delicadíssimo livroA Chama de uma Vela, que nunca será best-seller, nos lembra que uma vela que queima é uma metáfora da existência humana. 
Há alguma coisa de trágico na vela que queima: para iluminar, ela tem que morrer um pouco. Por isso ela chora, e suas lágrimas escorrem sobre o seu corpo sob a forma de estrias de cera.

Uma vela que se apaga é uma vela que morre. Algumas velas se consomem todas, morrem de pé, têm de morrer porque a cera já se chorou toda. Outras morrem antes da hora -elas não queriam morrer-, mas veio o vento e a chama se foi.
As velinhas acesas fincadas no bolo não querem morrer. Elas vão ser assassinadas por um sopro. O sopro que apaga as velas é o sopro que apaga a vida.

Por isso não entendo os risos, as palmas e a alegria que se segue ao sopro que apaga as velas. Uma vela que se apaga é um sol que se põe, disse Bachelard. E todo pôr-do-sol é triste. Uma vela que se apaga anuncia um crepúsculo.

Por isso eu prefiro um ritual diferente, ritual que é uma invocação. 
Eu acendo uma vela pedindo aos deuses que me deem muitos anos a mais de vida, esses anos que se seguirão, que são o único tempo que realmente possuo.

Assim fiz, acendi uma vela, meus amigos à minha volta. 
Que coisa boa é ter amigos, especialmente quando o crepúsculo e a noite se anunciam!
Acho que a vida humana não se mede nem por batidas cardíacas nem por ondas cerebrais. Somos humanos, permanecemos humanos enquanto estiver acesa em nós a esperança da alegria. 
Desfeita a esperança da alegria, a vela se apaga e a vida perde o sentido.

 



Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.

 

Gálatas 6:2

quinta-feira, 24 de junho de 2021

nojo

 


Tenho nojo de ser homem, tenho medo de ser pai. A adolescente de 16 anos vítima de estupro de 33 homens no Rio de Janeiro não me permite mais dormir, muito menos acordar. Fico como um zumbi sem vontade de sair para a rua, de falar com a família, de conversar com os amigos. A vida me roubou o respeito para sorrir. Meu sorriso morreu. Meu sorriso não tem mais graça. Pois uma criança dentro de uma mulher não terá mais infância para sorrir. Nem maturidade para chorar.

 

É a impunidade gloriosa: dopam e estupram, estupram e se revezam, e ainda mostram o objeto do estupro como um troféu na web e ninguém é preso imediatamente. Os agressores zombam, debocham, escarnecem sobre a fragilidade da vítima. Culpam a vítima por ser distraída e crédula. Culpam a vítima por ser mulher. A truculência vem sendo única razão nesta terra sem leis e sem prisão.

 

Não dá para ser mulher no país. Não dá para ser decente no país. Não dá para ter alma neste país. Ela se tornou um lixo, uma boneca com a sexualidade esfaqueada centenas de vezes, uma presa da mais insana misoginia. Que covardia pode ser maior que esta? Era menor, era indefesa, foi drogada, foi encurralada, não tinha como escolher, não tinha como se defender, não tinha como gritar, não sabia onde estava.

 

Por mais que tome banho, não se lava a memória. Poderia ser a minha filha. Poderia ser minha mulher.

 

É um ex-namorado que leva a uma emboscada, é um bando de animais brincando com armas, rindo de matar, rindo de ferir, rindo de abusar, rindo de destruir alguém. A brutalidade ri dos inocentes, o machismo ri dos direitos humanos. Enquanto a gargalhada da violência for maior que o gemido, for maior que a nossa dor, for maior que o nosso não, for maior que o nosso pedido de socorro, não me chamem mais de brasileiro. Deixou de ser uma nacionalidade, é uma acusação.

 

... mas quando se deu isso? 

Faz já algum tempo. A publicação é de 30/05/2016, porém, agora, minha família sente na pele todas essas mazelas.

Fabrício expressou bem o estado do meu coração!

Até então, o estupro me parecia uma situação distante. Coisa de noticiários, até que chegou em minha casa.

Infelizmente, as pessoas, todos os dias, aprendem a não ter alma, não ter coração, não ter Deus em suas vidas.

O ser humano, há muito tempo, deixou de ser humano.

#NOJO




 

 


Quando o Senhor viu que as pessoas eram muito más e que sempre estavam pensando em fazer coisas erradas, ficou muito triste por haver feito os seres humanos.

 

Genesis 6:5 / NTLH

segunda-feira, 21 de junho de 2021

 


Senhor,

Nesse momento, quando me sinto pequena diante das dores dos meus irmãos, lhe peço forças para administrar as minhas com resiliência... Lhe peço que fortaleça minha fé para que a cada prece eu possa alcançar teu olhar com meus pedidos de proteção, cura e conforto a quem mais precisa.


Senhor, meu Deus, eu lhe peço amparo para que possamos atravessar a tempestade com coragem, humildade e amor uns para com os outros.


Que tua mão esteja estendida sobre nós, aliviando os pesos que nos entristecem e tua luz nos dê a saúde e a tranquilidade que todos precisamos.


Que teu manto seja escudo protetor afastando de todos a sombra do medo, da tristeza e da dor.


Que possamos meu Deus ser abençoados com esperança, confiança e paz de espírito a cada amanhecer.


Que o Senhor nos permita continuar...


Rita Maidana

escolhas

 


Sempre nos ensinam que a vida depende em boa parte de escolhas nossas. Isso tambémdepende. Pois, se nasço branco e rico, negro e pobre, branco e doente, negro e saudável, oriental e talentoso, oriental e enfezado, se nasço no Norte mais pobre ou no Sul mais progressista, aqui no estranho Brasil ou em algum lugar muito carente da África mais remota, se meu pai é inuit num dos polos ou banqueiro em Nova York, e assim por diante, digamos que a minha escolha não há de pesar tanto.


Essa é a base. Mas depois, aí vem o dilema - porque a gente não gosta de dilemas, que provocam escolhas. Depois das condições, não escolhidas, em que nascemos, vem um longo trajeto em que podemos seguidamente tomar decisões: droga ou trabalho, estudo ou boa vida, honra ou malandragem, afeto ou futilidade... enfim. Nada é perfeito.


Escolhas são aflição. Ofereçam ao seu pet um biscoito e um naco de carne, e ele poderá hesitar, perplexo: animais de estimação têm expressões assustadoramente humanas. Para os humanos, as escolhas são as mais diferentes e até absurdas: que roupa usar, no meu closet do tamanho de um bom quarto normal? Que arma vou usar no próximo assalto? Quem vou assaltar? O que vou comprar com o dinheirinho que me resta: remédio ou comida? Para onde devo me mudar? Por que me mudar?


Ainda falando de gente: existe um número imenso de alunos e professores que preferem uma aula bem digerida, nada de provocações por parte do mestre, pois os alunos podem exercer sua perigosa inteligência, sua inquietante liberdade, e argumentar, discutir... Talvez sejamos simplesmente preguiçosos, comodistas, lerdos. Queremos boa vida, nada de caminho pedregoso ou esburacado, nada de pais que impõem limite, professores ou patrões exigentes.


Pode ser delicioso ser filhinho do papai ou da mamãe, e não me refiro só à casa paterna, mas à vida em geral, também à profissão, aos estudos. Escolher é muito chato. Mas a vida não dá colo: passa muita rasteira, exige humildade, personalidade e resistência. Por outro lado - isso me provaram muitos jovens e alunos -, que alegria descobrir o próprio poder de decisão.


Crescer dói, e não só nos ossos infantis com a dita dor de crescimento. Dói na alma: viver é lutar, disse o poeta brasileiro ao filho, e é, sim. Mas tem umas compensações, como perceber que não somos totalmente ignorantes, incapazes e dependentes. Descobrir que nosso trabalho, por mais simples que seja, tem importância, isto é, nós temos importância. Descobrir que somos necessários também para pessoas que nos amam, amigos, família, parceiros.


Talvez essa seja a base de todo tipo de felicidade, que para mim é sentir-se bem na própria pele - mesmo fora dos grandes entusiasmos policromados: saber-se apreciado, profissional ou pessoalmente. E todos somos. Nem precisam ser coisas grandiosas, ao contrário: o bom, o positivo, pode ser muito pequeno, e ainda assim essencial, como permitir-se ser amado, ser estimado, ser escolhido, ser eficiente. Mesmo que apenas (apenas?) para limpar a rua, trocar a atadura, estimular alguém, fazer alguém pensar por si, e saber-se capaz de fazer suas próprias escolhas.


(Crônica pulicada originalmente em 1º de abril de 2017)


 


Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.

 

1 João 4:8

sábado, 19 de junho de 2021


 

um minuto de silêncio

 


Tenho percebido que a poesia anda visitando as redes sociais com uma frequência que não havia antes. Atores e atrizes dizem poemas, Betos e Marias dizem poemas, e os versos se espalham por escrito também, alguns fotografados direto dos livros. Poesia, veja só. Aquela flor atrevida que surge entre os tijolos dos muros e as lajes das calçadas, e que altera a visão do mundo.


Não foi combinado, ninguém propôs, não marcaram dia e hora para começar. Começou. Alguém lembrou de Bandeira numa terça, outro puxou uma Cecília Meireles na quarta, um Manoel de Barros veio à tona sexta-feira, e das páginas os versos saltaram para o universo digital, que estava mesmo precisando de algo mais depurado do que a bruta troca de ofensas entre dois lados.


A poesia como resposta ao que não nos foi perguntado: merecemos uma sociedade tão desnutrida de valor, tão árida, estéril e nefasta? Em meio a um país fúnebre, contando mortos e motos, sendo infectado diariamente pela estupidez e assistindo à ascensão da miséria intelectual como se fosse um triunfo, vem a poesia em nosso socorro e traz um pouco de luz. Palavras cintilantes, como vagalumes aqui e ali, acendendo tochas na escuridão.


A poesia, que tantos acham difícil e solene, vem juntar-se aos nossos estilhaços, às nossas lives e postagens, vem nos acariciar e sussurrar belezas, vem promover um breve instante de comoção, vem preencher o vazio e espantar essa esquisita friagem vinda da região central do Brasil, esse espírito glacial que intenciona trocar nossos vestidos vaporosos e camisas coloridas por fardas que enrijecem o caminhar, a liberdade dos passos. Vem ela, a poesia, colocar-se a postos para esse confronto de delírios, ofertando, em contraste, sua magia. Em vez de lunática, inteligentemente anárquica; em vez de pirada, inspirada. Esparramando bom astral por onde passa.


A poesia está no varal e suas roupas penduradas, no semblante da moça dentro do ônibus, num guarda-chuva preto atrás da porta, na chama da vela que treme ao abrirem uma janela, nas mãos dadas dentro do cinema. A poesia está no resto de bolo na geladeira, no vapor que embaça o espelho depois do banho, na cama desarrumada do quarto. Seu filho dormindo também é um poema.


A poesia não é oculta, e sim discreta. Basta um convite do olhar e ela se revela, para então se esconder novamente atrás da pressa, do tédio, do desencanto, do barulho.


Hoje estou aqui para saudar a reação espontânea de tantos internautas, necessária resistência diante da tentativa de arrancarem de nós o que é sentimental, deixando-nos apenas palavras rudes e paredes com marcas de tiros. A poesia, milagreira, retorna. Flor que brota no cimento, e que, insolente e bela, nos salva, nem que seja por um minuto, aquele respeitoso minuto de silêncio.


reencontro

 


Eu vim aqui me buscar. E aqui parecia ser longe, muito longe do lugar onde eu estava, o medo costuma ver as distâncias com lente de aumento.


Vim aqui me buscar porque a insatisfação me perguntava incontáveis vezes o que eu iria fazer para transformá-la e chegou um momento em que eu não consegui mais lhe dizer simplesmente que eu não sabia.


Vim aqui me buscar porque cansei de fazer de conta que eu não tinha nenhuma responsabilidade com relação ao padrão repetitivo da maioria das circunstâncias difíceis que eu vivenciava.


Vim aqui me buscar porque a vida se tornou tediosa demais. Opaca demais. Cansativa demais. Encolhida.


Vim aqui me buscar porque, para onde quer que eu olhasse, eu não me encontrava. Porque sentia uma saudade tão grande que chegava a doer e, embora persistisse em acreditar que ela reclamava de outras ausências, a verdade é que o tempo inteirinho ela falava da minha falta de mim.


Vim aqui me buscar porque percebi que estava muito distante e que a prioridade era eu me trazer de volta. Isso, se quisesse experimentar contentamento. Se quisesse criar espaço, depois de tanto aperto. Se quisesse sentir o conforto bom da leveza, depois de tanto peso suportado. Se quisesse crescer no amor.


Vim aqui me buscar, com medo e coragem. Com toda a entrega que me era possível. Com a humildade de quem descobre se conhecer menos do que supunha e com o claro propósito de se conhecer mais. Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Trocar de bem com a vida. Rir com Deus, outra vez.


Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa, de novo.


Vim aqui me buscar. Aqui, no meu coração.


 


Em ti, SENHOR, me refugio; não seja eu jamais envergonhado; livra-me por tua justiça.


Salmos 31:1

domingo, 13 de junho de 2021



Reza, uma lenda, que uma donzela muito bonita, que havia perdido as esperanças de arranjar um marido, apegou-se a Santo Antônio. Dizem que a mulher adquiriu uma imagem do santo e colocou-a em um pequeno oratório.

 

Diariamente, a jovem colhia flores e as oferecia a Santo Antônio sempre pedindo que este lhe trouxesse um marido. Passaram-se semanas, meses, anos e nada do noivo aparecer. Então, desiludida pela ingratidão do santo, atira a imagem pela janela. Neste exato momento, passava um jovem cavalheiro que é atingido pela imagem do santo. Ele apanha a imagem e vai entregar à donzela que se apaixona por ele e se casa atribuindo a chegada do príncipe encantado à fé por Santo Antônio.

 

A partir daí, as mulheres solteiras que queriam se casar começaram a fazer orações pedindo ajuda ao santo e venerando sua imagem.


#fique por dentro

bom-tom

 


No livro de ensaios de Ana Karla Dubiela, As cidades de Rubem Braga e W. Benjamin, encontrei uma crítica de Rubem Braga a uma reportagem da antiga revista Manchete que mostrava as 10 mais elegantes de 1967 e que assim foram analisadas por nosso cronista maior: “Que aura envenenada lhes tirou o encanto, e as deixou ali tão enfeitadas e tão banais, tão pateticamente sem graça, expostas naquelas páginas coloridas como risíveis manequins em uma vitrine de subúrbio?”. Ana Karla complementa: aquelas mulheres que um dia representaram o símbolo de perfeição e encantamento burgueses, que romantizavam a riqueza e o desnível social, agora denunciavam, em seus rostos caricaturais, a decadência de um tempo.


Quase posso visualizar a foto das madames, idêntica a tantas outras que costumavam ser publicadas nas colunas sociais, na distante época em que terberçoou um sobrenome de peso justificava o destaque. Mas a roda gira e esse tipo de jornalismo acabou. Foi substituído pela valorização de pessoas que alcançam prestígio por razões mais consistentes do que ter uma herança a caminho ou uma plástica bem-feita: ganha foco, hoje, os que contribuem para a sociedade através de suas habilidades, talentos, ideias. Nem é obrigatório um sobrenome; o apelido, às vezes, basta.


No vácuo, coube às redes sociais continuarem a dar uma forcinha para a vaidade sem motivo, com a vantagem de agora ninguém mais depender de um colunista social e de um fotógrafo para aparecer: é só tirar uma selfie, escrever a legenda e postar em sua própria página. Cada um de nós tem uma Ilha de Caras para chamar de sua.


A egotrip é uma tentação, eu sei. Por mais que se tente oferecer algum conteúdo aos seguidores, é difícil resistir e não postar aquela fotode revista, em que você está segurando uma taça de champanhota ao lado de 15 amigas durante o entardecer, em um coquetel à beira do Mediterrâneo. É de bom-tom? Consultas com a especialista em etiqueta virtual Keila Mellman, personagem oportuníssima da atriz Ilana Kaplan, e com a blogueirinha do fim do mundo, personagem da perspicaz Maria Bopp que, com sua ironia crítica, atinge em cheio a turma dos sem noção.


Ter nascido rico e lindo não é crime, ninguém precisa se atirar do alto da pirâmide. Porém, estamos em 2021: ostentar é cafona, aglomerar é perigoso e a insensibilidade diante do momento presente não é de bom-tom. Em caso de dúvida, siga Ilana e Maria, gurus da inteligência e do humor em tempos de pandemia - sim, ainda estamos no meio de uma pandemia e o item mais elegante do vestuário deixou de ser a bolsa de grife e o blazer de cetim de seda com estampa de leopardo, e sim a boa e indispensável máscara. E uma camiseta regata para facilitar a aplicação da vacina. No aqui e agora, gente com tutano é que está entre as 10 mais.


festas juninas


 

 


Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.

 

Gálatas 5:1

sábado, 12 de junho de 2021

distância

 


A qualquer distância,

em qualquer instante,

é possível abrirmos

os olhos para dentro,

sintonizar o coração

e enviar um sorriso de amor.

#longe dos olhos, dentro do coração.





Eu e meu querido marido, John, éramos casados há 46 anos. Todos os anos no dia dos namorados ele me enviava as mais lindas flores com um bilhete contendo cinco simples palavras:Meu amor por você cresce”.

4 filhos, 46 buquês de flores e uma vida inteira de amor era o legado de John para mim, quando ele faleceu.

No meu primeiro dia dos namorados sem o John, dez meses depois que ele morreu, fiquei chocada quando recebi um lindo buquê de flores... como os que John me mandava.

Irritada e com o coração partido, eu liguei para a loja de flores para dizer que eles tinham se enganado e mandado flores para o endereço errado. 

Logo após eu falar isso, o Floricultor me respondeu: 
Não madame, não foi engano.
Antes de falecer, seu marido nos pediu para que nós déssemos a garantia que você continuasse recebendo os buquês de flores no dia dos namorados por muitos anos”. 

Com o coração na mão, eu desliguei o telefone e fui ler o bilhete que estava no buquê de flores. 

No cartão dizia:Meu amor por você é eterno”.

Sue Johnston, 68, Houston, TX


 

 


Quem ama nunca desiste,

porém suporta tudo com fé, esperança

e paciência.

 

1 Coríntios 13:7 / NTLH

quinta-feira, 10 de junho de 2021

as fake news do amor


Quando existe amor, a relação se torna fácil.”. Nunca, jamé. É sempre um desafio, mesmo entre pessoas experientes e bem resolvidas. A maturidade ajuda, é verdade, mas supor que exista uma relação em que um não queira esganar o outro de vez em quando é acreditar muito em conto de fadas. Aliás, os contos de fadas só mostram o idílio pré-nupcial, nunca revelam as discordâncias, as concessões e a exaustão daquela parte chamadafelizes para sempre”.

Para sempre?

Aos que conseguem se divertir e evoluir juntos por 40 anos, por 50 anos ou mais, meu respeito e minha admiração, mas a persistência pode ter motivos menos nobres, como preguiça, medo, preservação de patrimônio, manutenção do status social.Duraçãonão é um valor em si. Quando temos coragem de encerrar um ciclo e nos abrimos para novos começos é que podemos de fato ir mais longe. Dois, três, quatro grandes amores durante a vida? Frivolidade nenhuma. Bendita oportunidade de expandir nosso autoconhecimento.

Só relações sérias e firmes é que importam.

Todas as relações que nos emocionam de alguma forma e que aprimoram a arte da convivência amorosa são sérias, incluindo as breves, soltas, leves, que não fazem a gente sentir que está arrastando uma bola de chumbo acorrentada aos pés.

É num relacionamento que encontramos palavras de incentivo e carinho.

E é também onde somos mais atacados e criticados - intimidade demais dá nisso: bullying conjugal. O amor é para os fortes.

O melhor de uma relação amorosa: sexo à vontade, quando quiser.

Você deve ser jovem, aproveite. Eu, que também já fui meio tarada, ultimamente ando a fim de lançar a campanhaConchinha é o novo sexo. Meu namorado discorda 100%.

É impossível ser feliz sozinho.

João Gilberto era um gênio, mas este romantismo às vezes confunde as pessoas. Muita gente ainda acredita que é preciso formar um casal a qualquer custo. Fundamental é mesmo o amor? Sim, mas só nos casos em que o amor é melhor do que a nossa solidão. Se não for, não é preciso se conformar com qualquer coisa.

O amor é o lugar em que você pode ser absolutamente sincero.

Aconselhar, pedir, chorar, se abrir? Pode. Confidenciar seus traumas infantis? Que fofo. Pode. Dar uma opinião franca sobre os parentes um do outro, meter a colher sobre a educação dos enteados? Não pire. Narrar as fantasias eróticas que costuma ter com o garçom da churrascaria? Se você é do tipo que produz provas contra si mesmo, vá em frente. Falar tudo, tudo, tudo o que você pensa sobre sua alma gêmea, a fim de demonstrar a ela sua atenção plena? Acredite: ela prefere sua desatenção prudente e educada.

Um brinde ao fascinante amor de verdade, que não é menos amor, é apenas um amor mais generoso e eficaz. E alma gêmea não existe, também é boato.