“Quando existe amor, a
relação se torna fácil.”. Nunca, jamé. É sempre um desafio, mesmo entre pessoas
experientes e bem resolvidas. A maturidade ajuda, é verdade, mas supor que
exista uma relação em que um não queira esganar o outro de vez em quando é acreditar
muito em conto de fadas. Aliás, os contos de fadas só mostram o idílio
pré-nupcial, nunca revelam as discordâncias, as concessões e a exaustão daquela
parte chamada “felizes para sempre”.
“Para sempre?”
Aos que conseguem se
divertir e evoluir juntos por 40 anos, por 50 anos ou mais, meu respeito e
minha admiração, mas a persistência pode ter motivos menos nobres, como
preguiça, medo, preservação de patrimônio, manutenção do status social. “Duração”
não é um valor em si. Quando temos coragem de encerrar um ciclo e nos abrimos
para novos começos é que podemos de fato ir mais longe. Dois, três, quatro
grandes amores durante a vida? Frivolidade nenhuma. Bendita oportunidade de
expandir nosso autoconhecimento.
“Só relações sérias e
firmes é que importam.”
Todas as relações que nos
emocionam de alguma forma e que aprimoram a arte da convivência amorosa são “sérias”, incluindo as breves, soltas, leves, que não fazem a gente
sentir que está arrastando uma bola de chumbo acorrentada aos pés.
“É num relacionamento que
encontramos palavras de incentivo e carinho.”
E é também onde somos
mais atacados e criticados - intimidade demais dá nisso: bullying conjugal. O
amor é para os fortes.
“O melhor de uma relação
amorosa: sexo à vontade, quando quiser.”
Você deve ser jovem,
aproveite. Eu, que também já fui meio tarada, ultimamente ando a fim de lançar
a campanha “Conchinha é o novo sexo”. Meu namorado discorda 100%.
“É impossível ser feliz
sozinho.”
João Gilberto era um
gênio, mas este romantismo às vezes confunde as pessoas. Muita gente ainda
acredita que é preciso formar um casal a qualquer custo. Fundamental é mesmo o
amor? Sim, mas só nos casos em que o amor é melhor do que a nossa solidão. Se
não for, não é preciso se conformar com qualquer coisa.
“O amor é o lugar em que
você pode ser absolutamente sincero.”
Aconselhar, pedir,
chorar, se abrir? Pode. Confidenciar seus traumas infantis? Que fofo. Pode. Dar
uma opinião franca sobre os parentes um do outro, meter a colher sobre a
educação dos enteados? Não pire. Narrar as fantasias eróticas que costuma ter
com o garçom da churrascaria? Se você é do tipo que produz provas contra si
mesmo, vá em frente. Falar tudo, tudo, tudo o que você pensa sobre sua alma
gêmea, a fim de demonstrar a ela sua atenção plena? Acredite: ela prefere sua
desatenção prudente e educada.
Um brinde ao fascinante
amor de verdade, que não é menos amor, é apenas um amor mais generoso e eficaz.
E alma gêmea não existe, também é boato.