"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



terça-feira, 25 de setembro de 2018

a liquidez da vida - (des)relacionamentos


É tão engraçado pensar nessa mudança contínua que é a vida, nos ciclos que se iniciam e que terminam, nas pessoas que entram e saem das nossas vidas, nos caminhos que se cruzam e se vão. É tão ruim pensar que, de uma hora para outra pode tudo terminar. Que agora estamos aqui, bem, felizes, fazendo planos para os próximos meses, os quais nem saberemos se estaremos juntos. Planejando viagens que podem nem acontecer, e dividindo sonhos e casas que podem nem se materializar.

Pode ser que na semana que vem você perceba que não é nada disso, pode ser que vá a algum lugar e beba demais e conheça outra pessoa. Pode ser que se desanime com meu sorriso ou que meus abraços não mais lhe satisfaçam. Pode ser que eu receba uma proposta de trabalho na Amazônia, ou que eu enlouqueça e queira desaparecer no mundo. Há tantas possibilidades dos nossos caminhos se desenlaçarem... Pode ser que você se canse, e se vá.

E aí, certamente, irá doer. De uma forma brutal e delirante. E eu chorarei dias e noites, e deixarei de comer, e ouvirei músicas tristes e escreverei textos infindáveis sobre o nós que nem existirá mais. Mas, isso também, passará. E então, dentro de alguns meses, você será passado, talvez nem saiba por onde você anda, ou se está feliz. Talvez você vire somente mais um “ex namorado”, que eu contarei nos dedos, quando for começar um novo relacionamento. Pode ser que eu me lembre de você, ao ler um texto antigo ou ouvir uma música marcante. Mas também pode ser que não. E aquilo que era tão forte, tão cheio de planos, tão ‘para sempre’, se desfaz, como todos se desfizeram, como a própria vida se desfaz e se refaz diante dos nossos olhos.

Pode ser apenas mais um ciclo, apenas mais um cara, apenas mais uma história que – no fundo- foi somente supervalorizada, e com o tempo nem será de grande importância. Mas eu acredito que dessa vez seja diferente. Porque, por você, o coração bate muito mais forte, a vontade do ‘para sempre’ é tão real, os planos são tão parecidos, os risos riem juntos. Porque por você, eu suspeito, que seja amor. E aí é muito mais do que tudo isso. É amor, é pele, é alma, é demais – só não transborde além dos nossos limites, por favor. É para sempre – e que dure a eternidade que pudermos conviver felizes assim.

Drika Amaral