"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sábado, 18 de agosto de 2018

meus discos e livros e nada mais



Sempre fui apaixonada por livros. Sou daquelas que tem uma lista de livros para ler constantemente. Gosto de comprar, de manusear, de sentir o cheiro, de organizar na estante e principalmente de ler. Também tive minha fase de discos, que um dia foi substituída pelo CD, depois pelo MP3 e agora pela assinatura digital de um aplicativo de música, onde eu crio a minha própria biblioteca (playlist) para ouvir a hora que eu quiser, onde eu estiver, na ordem que eu preferir. Não sei se rio ou choro com tudo isso. Meus discos, impecavelmente bem guardados, repousam tranquilos à espera de um destino digno.

Quando penso que os livros vão acabar, que tem uma geração que está chegando aí, que não vai mais saber escrever e que, para esta geração, os livros são entediantes e pouco criativos, eu fico apática.  Não quero ir contra a evolução, nem pretendo fazer apologia ao passado. Porém preconizo, com total consciência, que se restabeleçam as raízes, as tradições e sobretudo a história.

Ainda que isto muito me entristeça, que morram os livros; desde que seus conteúdos sejam salvos em algum lugar sagrado da tecnologia. Como já dizia Ché Guevara, “um povo sem história é um povo sem futuro” e está fadado a cometer os mesmos erros.

A história de um povo, de uma empresa, de uma família, de uma cidade ou de uma nação, precisa ser reestabelecida, registrada, contada e respeitada. Este é o primeiro passo na árdua tarefa de reeducar uma nação que perdeu seus valores. A ética só terá chances de ser recuperada, se começarmos dentro de nossas casas, contando aos nossos filhos nossas próprias histórias de desafio e superação. Mostrar aos nossos filhos que vencemos pela ética e o respeito ao próximo, ainda que tenham sido pequenas vitórias, será como plantar uma semente do bem. Semente que mais tarde, bem distante dos nossos olhos, mostrará seus frutos. E consequentemente nas próximas gerações. Eu ainda acredito que a base da educação está nas atitudes de quem educa, de quem lidera, de quem decide o futuro de outrem.

Vejo pais preocupados, trabalhando no limite da exaustão para deixarem os filhos acobertados de bens e completamente descobertos de valores e afetos. Ingênua eu de achar que a transformação se dera apenas na estante da minha casa!

Sob a voz impecável de Elis Regina, eu que sonhei um dia  deixar de herança, “meus discos e livros e nada mais”; chego à triste conclusão que, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”! 

E viva Lulu Santos! E Elis Regina na playlist!