Sempre fui apaixonada por
livros. Sou daquelas que tem uma lista de livros para ler constantemente. Gosto
de comprar, de manusear, de sentir o cheiro, de organizar na estante e
principalmente de ler. Também tive minha fase de discos, que um dia foi
substituída pelo CD, depois pelo MP3 e agora pela assinatura digital de um
aplicativo de música, onde eu crio a minha própria biblioteca (playlist) para
ouvir a hora que eu quiser, onde eu estiver, na ordem que eu preferir. Não sei
se rio ou choro com tudo isso. Meus discos, impecavelmente bem guardados,
repousam tranquilos à espera de um destino digno.
Quando penso que os
livros vão acabar, que tem uma geração que está chegando aí, que não vai mais
saber escrever e que, para esta geração, os livros são entediantes e pouco
criativos, eu fico apática. Não quero ir
contra a evolução, nem pretendo fazer apologia ao passado. Porém preconizo, com
total consciência, que se restabeleçam as raízes, as tradições e sobretudo a história.
Ainda que isto muito me
entristeça, que morram os livros; desde que seus conteúdos sejam salvos em
algum lugar sagrado da tecnologia. Como já dizia Ché Guevara, “um povo sem
história é um povo sem futuro” e está fadado a cometer os mesmos erros.
A história de um povo, de
uma empresa, de uma família, de uma cidade ou de uma nação, precisa ser
reestabelecida, registrada, contada e respeitada. Este é o primeiro passo na
árdua tarefa de reeducar uma nação que perdeu seus valores. A ética só terá chances
de ser recuperada, se começarmos dentro de nossas casas, contando aos nossos
filhos nossas próprias histórias de desafio e superação. Mostrar aos nossos
filhos que vencemos pela ética e o respeito ao próximo, ainda que tenham sido
pequenas vitórias, será como plantar uma semente do bem. Semente que mais
tarde, bem distante dos nossos olhos, mostrará seus frutos. E consequentemente
nas próximas gerações. Eu ainda acredito que a base da educação está nas
atitudes de quem educa, de quem lidera, de quem decide o futuro de outrem.
Vejo pais preocupados,
trabalhando no limite da exaustão para deixarem os filhos acobertados de bens e
completamente descobertos de valores e afetos. Ingênua eu de achar que a
transformação se dera apenas na estante da minha casa!
Sob a voz impecável de
Elis Regina, eu que sonhei um dia deixar
de herança, “meus discos e livros e nada mais”; chego à triste conclusão que,
“nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”!
E viva Lulu Santos!
E Elis Regina na playlist!