Só ouço falar no Rodrigo Hilbert.
Porque o Rodrigo Hilbert é bonito, porque o Rodrigo Hilbert cozinha bem, porque
o Rodrigo Hilbert construiu, com as próprias mãos, uma capelinha para celebrar
seu casamento com a Fernanda Lima, que para feia também não serve.
Todos os homens que conheço estão com
inveja do Rodrigo Hilbert, rosnando que ele não tem defeito*, que ele faz de
tudo e é bom em tudo que faz.
É que o nosso tempo é de
especialistas. As pessoas são boas numa única atividade e só a ela se dedicam. Antes,
os homens eram mais generalistas, então os Rodrigos Hilberts pululavam como
pululam comentaristas políticos no Twitter.
Leonardo da Vinci foi um Rodrigo
Hilbert, só que maior e melhor. Ele não era apenas um grande pintor. Era
escultor também. Aliás, a obra da sua vida seria uma escultura equestre em
Milão. Era uma escultura gigantesca, que deveria deixar perplexa toda a Europa,
mas a cidade acabou entrando em guerra e o bronze do cavalo foi usado para
fazer canhões.
Canhões que, a propósito, Da Vinci
sabia fazer, bem como outras armas. E sabia ainda erguer muros intransponíveis
e cavar fossas e barragens, e, principalmente, organizar festas animadas por
engenhocas mecânicas que surpreendiam os convidados. Numa de suas festas, a
atração foi um robô, que andava e se mexia como se gente fosse. Ou seja: uma
capelinha era coisa que Da Vinci construía bocejando, para se distrair, enquanto
pintava Monalisas.
Da Vinci era loiro como Hilbert e
mais alto do que ele. Dizem que se elevava a 1m90cm. Luciano Potter um dia
disse que o Rodrigo Hilbert é o ser humano mais bonito que ele já viu. Se visse
Da Vinci, pobre Marcella! Há relatos de que Da Vinci era tão belo que as
conversas cessavam, quando ele entrava em um lugar. E ainda era forte: para
demonstrar o poder de seus músculos, gostava de entortar ferraduras com as mãos
nuas.
Mas Fernanda Lima provavelmente não
teria chance com ele. Há suspeitas de que Da Vinci fosse homossexual. Ou que
simplesmente não se interessasse por sexo. Quer dizer: nem o Potter teria
chance com ele.
Agora, o Rodrigo Hilbert do passado
não foi Da Vinci. Foi um outro personagem extraordinário: sir Walter Raleigh.
Esse pontuou como explorador, poeta, historiador, espião, guerreiro, escritor e
impagável sedutor.
Raleigh escreveu uma história da
Grécia e de Roma, além de poemas de amor como O Amante Silente. Achei, na
internet, essa tradução de Adriano Nunes, que não sei quem é, mas dou crédito:
“Comparam-se paixões bem a cheias,
correntes:
O ordinário murmúrio, e muda a
profundeza;
Então, quando a afeição gera palra,
aparenta
Que vêm da profundeza, mas do raso
chegam.
Tão ricas em palavras, em palavras
antes
Pobres descobrem-se para engendrar um
amante.”
Com essa conversinha mansa, Raleigh
conquistou ninguém menos do que a rainha. Sua abordagem tornou-se clássica: um
dia, Elizabeth caminhava com seu séquito pelas ruas embarradas de Londres e, de
repente, deteve-se em frente a uma poça d´água. Raleigh, vendo a cena, não
hesitou: sacou da capa que levava aos ombros e a estendeu sobre a água para que
a rainha não molhasse os nobres pés. Beth ficou encantada e quis saber quem era
aquele homem tão belo e galante. Em poucos dias, Raleigh tornou-se o queridinho
da corte.
Mais tarde, ele atravessou o oceano e fundou a primeira colônia britânica no continente que seria chamado de Estados Unidos. O nome da colônia? “Virgínia”, em homenagem a Elisabeth, que era conhecida como “a rainha virgem”. Era um pândego, esse Raleigh. De fato. Rodrigo Hilbert sentiria inveja dele.
*Tem sim!
O dedo indicador de sua mão esquerda
é torto devido a um acidente que sofreu quando era adolescente.