"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



domingo, 7 de novembro de 2021

 


Todos se confessaram fãs, mesmo quem a descobriu ontem.

Políticos tentaram capitalizar a morte.

Alguém teve o mau gosto machista de falar da forma física dela em um momento de luto.

Sempre imaginei que a morte tenha urubus como efeito colateral.

Um avião cai e cinco vidas terminam: Henrique Ribeiro, Abicieli Silveira, Geraldo Martins, Tarciso Viana e Marília Mendonça.

Biografias ceifadas no apogeu, lares em luto e uma ferida de ausência que vai se prolongar nos filhos.

Falei com Marília uma única vez: carismática, mulher forte e um pouco cansada da rotina intensa.

A sofrência, agora, é nossa.

Passei o dia pensando não na falta que eu faria, todavia na falta que a vida me faria.

A minha ausência pode ou não provocar dor, quero refletir sobre minha presença agora.

Marília se foi no auge da existência e da carreira.

Nós ficamos para continuar a luta de significado.

Morrer é inevitável; viver bem é uma arte diária.