Todos se confessaram fãs,
mesmo quem a descobriu ontem.
Políticos tentaram
capitalizar a morte.
Alguém teve o mau gosto
machista de falar da forma física dela em um momento de luto.
Sempre imaginei que a
morte tenha urubus como efeito colateral.
Um avião cai e cinco
vidas terminam: Henrique Ribeiro, Abicieli Silveira, Geraldo Martins, Tarciso
Viana e Marília Mendonça.
Biografias ceifadas no
apogeu, lares em luto e uma ferida de ausência que vai se prolongar nos filhos.
Falei com Marília uma
única vez: carismática, mulher forte e um pouco cansada da rotina intensa.
A sofrência, agora, é
nossa.
Passei o dia pensando não
na falta que eu faria, todavia na falta que a vida me faria.
A minha ausência pode ou
não provocar dor, quero refletir sobre minha presença agora.
Marília se foi no auge da
existência e da carreira.
Nós ficamos para
continuar a luta de significado.
Morrer é inevitável;
viver bem é uma arte diária.