61 anos e acho que
o que melhor aprendi, foi desaprender.
Desaprendi o tempo.
Sim, existem anos que a
gente nem sente, dias que duram eternidades, centésimos de segundo que
significam uma vida inteira. Tudo é movediço. Não existem verdades absolutas,
pessoas absolutas ou tempo absoluto.
Viver é desafiar esse
relógio inventado para encurtar a duração das coisas.
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E, afinal, envelhecer não
é ruim.
Envelhecer é sentir uma
calma delicada e inexplicável mesmo quando sabemos estar dentro de um furacão,
é sentir-se equilibrado mesmo diante da vertigem do querer, é sentir-se seguro
mesmo tendo quilinhos a mais ou centímetros a menos. Envelhecer é desejar
abastecer a alma, mais do que o cérebro. É rir de si mesmo, afetuosamente. É
plantio e colheita, feitura e degustação, é entender que oportunidades não
devem ser perdidas, nem experiências, nem afetos. Tudo deve ser sorvido.
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Envelhecer é perceber que
todas as vezes que chamarmos sinceramente pelo amor, ele vem. Envelhecer é
aprender que muitas coisas nessa vida já vêm prontas e lindas, e que não é
preciso enfeitá-las. Algumas pessoas são um bom exemplo disso. Envelhecer é
descobrir que nossa casa de verdade, é dentro da gente. E de alguns abraços. É
saber pedir perdão. E perdoar. É saber recomeçar, uma, duas, três vezes.
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Sempre achei que
envelhecer podia ser fantástico, e assim tem sido, mais uma bênção para
agradecer.
E o Universo, disponível
e generoso como é, nos surpreende estendendo a infância e seu frescor até
encontrar quem a deseje. E faz isso dia após dia, ignorando completamente o
tempo e a lógica. Agarra quem quer.
Então envelhecer, de
certa forma, é isso: entender que o tempo não existe.
Fiz 61 anos. E
juro, me sinto menina, menina...
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Solange Maia