Caríssimos moradores
deste lar que eu tenho a honra de chamar de meu
Estou em plena menopausa,
isso significa que meus hormônios oscilam dentro de mim e junto com eles pode
oscilar o meu humor, a minha paciência e a minha capacidade de te responder na
lata o que você precisa ouvir.
Eu não estou louca, não é
necessário me internar. Apenas me aceitar. Se me compreender, melhor ainda. Se
não quiser compreender vai enfrentar a fúria dos meus hormônios e não diga que
eu não avisei!
Cuidei da casa e de vocês
até aqui. Daqui pra frente, assumi um compromisso importantíssimo comigo mesma.
Portanto, a janta, a cama, a toalha dobrada no box, o chinelo na beira da cama,
o pão quentinho, o café na xícara preferida e todas essas coisinhas que eu fiz
para cada um de vocês, será responsabilidade de cada um de vocês.
E se acontecer de não me
encontrarem no recinto bem na hora do jantar, não precisa ligar para a polícia,
eu fui alí cuidar de mim.
Minha memória está
completamente comprometida, portanto nada de perguntas difíceis para a minha
compreensão. Eu não sei onde está a chave do carro, a blusa do futebol, a
sandália plataforma e muito menos o seu carregador de celular.
Agora, em função dos meus
hormônios, eu me canso com mais facilidade e isso implica em precisar de
algumas horas de descanso. É importante que saibam que essas horas de descanso
não são negociáveis.
Eu continuo amando vocês,
podem ter certeza disso. A única coisa que mudou é que agora, eu me amo também.
Isso pode parecer estranho para vocês, eu entendo. Para mim é libertador.
Alguém pode estar se
perguntando, o nome disso é menopausa? Sim, o nome disso é menopausa embora não
precisaria ser. Eu deveria ter dito tudo isso quando instituí este lar, mas não
o fiz. Então, batizo este momento com o nome daquela que me deu coragem para
tal, a menopausa.
E se alguém aqui debochar
da minha menopausa, é uma ser morto!
Vocês não sabem a força
de um hormônio em despedida!