Há alguns dias uma pessoa
muito querida perdeu o marido repentinamente. Há poucos meses uma amiga dos
tempos de colégio perdeu a mãe. Nas duas situações acima e em muitas outras
parecidas que vivenciei desde que entramos na pandemia, eu experimentei uma tristeza
indescritível por não poder abraçar essas pessoas que sofriam pela perda dos
seus entes queridos. Imagino que você também tem vivido situações parecidas.
Tenho sentido falta de
caminhar livremente na rua como qualquer outra pessoa. Tenho sentido falta de
muitas coisas, mas tenho sentido muita falta do abraço.
Gostaria de poder abraçar
os meus amigos que sofrem neste momento, seja pela perda de alguém, seja pela
perda de um emprego ou talvez porque paralisaram seus projetos. Também gostaria
de ser abraçada pelas perdas que tive e, claro, gostaria de abraçar os amigos
que venceram batalhas ou tiveram alguma conquista.
É que abraços falam! E a
fala do abraço diz tudo! Abraço é amor em gesto. Abraço é a forma mais singela
de dizer ao outro “eu estou aqui”.
Viver impossibilitado do
abraço é não poder expressar ao outro que estamos aqui, que temos ombros, colo
e braços à disposição.
Viver impossibilitado do
abraço é podar nossos braços de dizerem o que há de mais puro dentro de nós.
Tenho sentido falta daquele
abraço demorado e silencioso que fala por si!
Por não poder fazê-lo, eu
me recolho em mim e daqui do meu canto abraço, em pensamento, as pessoas que eu
gostaria de abraçar neste momento.
E como tudo na vida tem
um aprendizado, descubro que não poder abraçar me permitiu exercer um
sentimento nobre, a compaixão.
Segundo o dicionário,
compaixão é a nossa participação espiritual na felicidade ou na infelicidade
alheia que suscita num impulso altruísta de ternura para com a outra pessoa.
Assim sendo, sigo compadecida
daqui... e com ternura envio abraços demorados para quem eu não pude abraçar de
verdade.
E enquanto a minha
compaixão silenciosamente te abraça, posso te garantir, seu abraço continua
guardado para você.
Me abrace você também e
seguiremos aquecidos de alguma forma!