Eu queria fazer um texto
sobre autoestima. Sempre me julguei apta a incentivar mulheres a se amarem
mais, afinal, sempre me amei bastante.
Será? Quando resolvi que
ia postar a foto acima, resolvi quase inconscientemente também tentar dar uma
disfarçada na minha barriga nela.
E o fiz. Para quem não
tem nenhuma experiência com esses aplicativos, acho que o resultado até foi
satisfatório.
No entanto, como postar
um texto sobre autoestima com uma foto modificada? Como eu poderia dizer para
vocês aceitarem suas belezas (e suas carecas, se esse for o caso) se eu mesma
não podia aceitar uma barriga.
Sim, eu tinha 26 anos
nessa foto, estava passando por tudo que a quimioterapia traz e mesmo assim,
era incapaz de me orgulhar do corpo que eu carregava.
Isso me mostra o quão
refém ainda sou dos padrões e o quanto ainda preciso trabalhar dentro de mim
mesma.
Pode parecer
incompreensível para algumas pessoas, mas para mim, naquele momento, era muito
mais fácil estar careca do que fora do peso.
E conversando com outras
mulheres que passaram por isso, vejo que não estava sozinha.
Já perdi alguns quilos
desde que o tratamento acabou, mas meu corpo está longe de voltar a ser o que
era. Talvez nunca volte e eu ainda não sei como aceitar isso.
Essa publicação vem no
intuito de incentivar uma reflexão. Quando estaremos genuinamente dispostas a
perdoar nossas “falhas” ou amar nossas “imperfeições”? Até quando precisaremos
da aprovação do outro? Até quando estaremos fazendo discursos de auto ajuda na
internet e precisando de ajuda por dentro?
A vida não é justa,
ninguém é feliz o tempo todo e nenhum corpo é perfeito.
O que significa ser uma
jovem adulta da Geração Pugliesi? O que esse padrão inatingível gera na maioria
das mulheres é sofrido demais.
Sei que existe um
movimento sobre “ame suas imperfeições” pelo qual eu tenho respeito e me
identifico.
Porém meu questionamento
aqui é exatamente o quanto ele é vivido e não apenas falado. Como assumir e
aceitar nossos defeitos, não só da boca pra fora mas do coração pra dentro. De
nada adianta sorrir no Instagram e chorar no banheiro.
Um exercício diário, vamos
juntas?