"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



terça-feira, 27 de outubro de 2020

 


Eu queria fazer um texto sobre autoestima. Sempre me julguei apta a incentivar mulheres a se amarem mais, afinal, sempre me amei bastante.


Será? Quando resolvi que ia postar a foto acima, resolvi quase inconscientemente também tentar dar uma disfarçada na minha barriga nela.


E o fiz. Para quem não tem nenhuma experiência com esses aplicativos, acho que o resultado até foi satisfatório.


No entanto, como postar um texto sobre autoestima com uma foto modificada? Como eu poderia dizer para vocês aceitarem suas belezas (e suas carecas, se esse for o caso) se eu mesma não podia aceitar uma barriga.


Sim, eu tinha 26 anos nessa foto, estava passando por tudo que a quimioterapia traz e mesmo assim, era incapaz de me orgulhar do corpo que eu carregava.


Isso me mostra o quão refém ainda sou dos padrões e o quanto ainda preciso trabalhar dentro de mim mesma.


Pode parecer incompreensível para algumas pessoas, mas para mim, naquele momento, era muito mais fácil estar careca do que fora do peso.


E conversando com outras mulheres que passaram por isso, vejo que não estava sozinha.


Já perdi alguns quilos desde que o tratamento acabou, mas meu corpo está longe de voltar a ser o que era. Talvez nunca volte e eu ainda não sei como aceitar isso.


Essa publicação vem no intuito de incentivar uma reflexão. Quando estaremos genuinamente dispostas a perdoar nossasfalhasou amar nossasimperfeições? Até quando precisaremos da aprovação do outro? Até quando estaremos fazendo discursos de auto ajuda na internet e precisando de ajuda por dentro?

A vida não é justa, ninguém é feliz o tempo todo e nenhum corpo é perfeito.

O que significa ser uma jovem adulta da Geração Pugliesi? O que esse padrão inatingível gera na maioria das mulheres é sofrido demais.


Sei que existe um movimento sobreame suas imperfeiçõespelo qual eu tenho respeito e me identifico.


Porém meu questionamento aqui é exatamente o quanto ele é vivido e não apenas falado. Como assumir e aceitar nossos defeitos, não só da boca pra fora mas do coração pra dentro. De nada adianta sorrir no Instagram e chorar no banheiro.


Um exercício diário, vamos juntas?