Não, não é o tempo que
está passando depressa.
Ele flui como sempre
fluiu. Nós é que estamos vivendo mal.
Nossa ansiedade nunca nos
permite estar onde estamos.
Enquanto nossas mãos se
moldam ao formato de nossos celulares, eles se encarregam de distrair nossa
percepção do tempo que estamos tendo.
À mesa conversamos
através deles com quem à mesa não está, enquanto deixamos de estar com quem
estamos.
E assim, o tempo passa
sem que a ele estejamos atentos.
Perde-se nos desvãos dos
dedos, dando-nos a impressão de que a vida não passa de um triste e acidental
círculo de repetições efêmeras, incapaz de dar-nos saciedade emocional, fruto
comumente desfrutado pelos sábios e simples: a serenidade de ter o instante
como “todo o tempo do mundo.”