"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



terça-feira, 4 de fevereiro de 2020



Não, não é o tempo que está passando depressa.
Ele flui como sempre fluiu. Nós é que estamos vivendo mal.
Nossa ansiedade nunca nos permite estar onde estamos.
Enquanto nossas mãos se moldam ao formato de nossos celulares, eles se encarregam de distrair nossa percepção do tempo que estamos tendo.
À mesa conversamos através deles com quem à mesa não está, enquanto deixamos de estar com quem estamos.

E assim, o tempo passa sem que a ele estejamos atentos.

Perde-se nos desvãos dos dedos, dando-nos a impressão de que a vida não passa de um triste e acidental círculo de repetições efêmeras, incapaz de dar-nos saciedade emocional, fruto comumente desfrutado pelos sábios e simples: a serenidade de ter o instante como “todo o tempo do mundo.”