Poderia ter sido Zizinho.
Poderia ter sido Carlinhos (Violino). Poderia ter sido Zico. Poderia ter sido
Júnior. Poderia ter sido Leandro. Poderia ter sido Adílio. Poderia ter sido
Andrade. Poderia ter sido Gerson Canhotinha de Ouro. Poderia ter sido Marcelinho
Carioca. Poderia ter sido Zinho. Poderia ter sido Leonardo. Poderia ter sido
Aldair. Poderia ter sido Sávio. Poderia ter sido Paulo Nunes. Poderia ter sido
Djalminha. Poderia ter sido Júnior Baiano. Poderia ter sido Mozer. Poderia ter
sido Adriano Imperador. Poderia ter sido Julio César. Poderia ter sido Juan.
Poderia ter sido Tita. Poderia ter sido Zagallo. Poderia ter sido Dida. Poderia
ter sido Felipe Melo. Poderia ter sido Renato Augusto. Poderia ter sido
Vinicius Júnior. Poderia ter sido Lucas Paquetá.
Todos em comum foram um
dia garotos de base do Flamengo, todos dormiram em alojamentos parecidos com o
local da tragédia dessa sexta (8/2) no Rio de Janeiro, todos acordaram da
adolescência e não tiveram a sua vida ceifada antes da glória adulta e do crescimento
profissional, todos transformaram a esperança em realidade.
Christian Esmério,
goleiro de 15 anos, nunca será Christian Esmério. Não empunhará o seu punho
vitorioso após defender um pênalti, não vibrará com uma convocação do técnico
Tite para a seleção brasileira, não será íntimo da altura do gramado do
Maracanã, não levantará mais taças, não comprará casa para os pais, não legará
filhos e histórias.
Assim como Arthur
Vinicius, 14 anos, não será Arthur Vinicius. Permanecerá anônimo sem ouvir o
seu nome ser gritado pela nação rubro-negra.
São duas das dez vítimas
do incêndio no Ninho do Urubu, na Zona Oeste do Rio.
Eles morreram dormindo,
talvez sonhando em ser igual a Zizinho, a Carlinhos, a Zico...