"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sexta-feira, 7 de dezembro de 2018


Sim, morri muito.
Morri de uma forma que jamais imaginaria.
Morri de uma dor que eu pensei que jamais existiria.
Uma dor “não física”.
Uma dor de tristeza...
Uma dor que nem tem nome.
Uma dor que ninguém entenderia.

Sim, eu morri muito em 2018.
Mas quando vejo que a vida em si
me ressuscita (com seu kit mágico
de amigos, sorrisos e mil motivos ),
me faz lembrar Mia Couto :

“Eu tive as minhas mortes,
felizmente,
todas elas passageiras”.

__Sil Antunes


Está cada dia mais difícil suportar a carga de pessimismo transmitida pela mídia. Assassinatos, balas perdidas, assaltos, enchentes, incêndios, corrupção, falcatruas. Entre ter ataques de raiva e pânico ou ignorar a realidade, prefiro desinteressar-me pelas notícias. 
Não passo das manchetes.

Mas e quando as notícias ruins vêm através de diagnósticos médicos?
2018 foi um ano de notícias tristes, que me fizeram morrer um pouquinho.

O diagnóstico de Alzheimer significou uma sentença de mudança, não só na vida de minha mãe, mas de todos nós, que convivemos com ela.
Já meu irmão, acredito que, pra ele contar sobre o tumor descoberto em seu intestino, deve ter sido tão difícil quanto receber o diagnóstico.
Para nós, familiares, ainda está difícil absorver a notícia, 
já que o câncer costuma vir associado à morte e sofrimento.
Minha mãe, alheia do mundo, não faz a menor ideia do que estamos vivendo.

Sei que algumas lições vamos tirar: entendermos que não é um dia a mais, mas sim, um dia a menos e começarmos a valorizar o que realmente importa. Aprendermos a estar mais juntos, a valorizar mais a vida, a abraçar nossa mãe e irmãos enquanto estão/estamos aqui, pois “a vida é trem-bala e a gente é só passageiro, prestes a partir”.