Viver é a arte de
envelhecer. Todos os dias envelhecemos. E enquanto envelhecemos, o mundo
envelhece ao nosso redor.
Enquanto envelhecemos,
envelhecem os móveis, parados no mesmo lugar de sempre. Envelhecem as árvores,
os bichos e até as estrelas.
Enquanto envelhecemos,
envelhecem conosco as palavras, a música, nossos ídolos e tudo que fez parte da
nossa trajetória.
Se antes alguma coisa era
cafona, barango ou démodé, agora é cringe.
Se antes ficávamos “numa
boa”, hoje eles ficam “de boa”. O que era “nota 10”, passou para 10 e agora é
TOP.
Lembra dos “pretendentes”
do passado? Agora se chamam “contatinhos”. E ninguém paquera mais, essa palavra
tá morta, hoje a moçada tem “crush”.
Até nossas roupas
envelheceram! Ninguém veste mais japona, nem calça o keds. Tá tudo guardado
junto com o toca fitas dentro do guarda roupa de sucupira no quarto das
memórias.
Lá, onde moram os LPs, os
aparelhos 3 em 1, o jogo de ludo, o biloquê, a caixa de papel de carta. Cartas?
Elas também estão amarradas naquela fita que fechava a caixa de bombons que
você ganhou no aniversário e ficou feliz! Lá estão elas, as cartas! Amareladas!
Elas que foram substituídas pelo e-mail, pelo áudio, pelo vídeo, por qualquer
coisa tecnológica que transporte nossas intenções. Elas que uniam os amantes,
guardavam segredos, traziam esperança e levavam expectativas. Até elas, as
cartas, que eram aguardadas com frio no estômago, perderam o glamour para a
notícia que chega em tempo real.
É! O tempo passa para
mim, para você, para as nossas palavras e para as coisas…
E gente lutando
veementemente para não envelhecer!