Não sou de me ufanar, mas
é difícil segurar a emoção quando vejo um atleta receber uma medalha olímpica
enquanto nosso hino toca e a bandeira do país é hasteada. Nesses momentos, sou
tomada de um orgulho raro, já que são poucas as vitórias do Brasil e muitas as
suas derrotas. Uma delas foi quando permitimos que um bando de alucinados
tomassem a nossa bandeira como símbolo de sua ignorância e desse governo que de
patriota não tem nada.
Arredondando, foram 57
milhões de pessoas que votaram neste homem que aí está. É muita gente, e entre
elas estão os que votaram por identificação e com os quais não há o que
conversar, é um voto autoexplicativo que tende a se repetir.
No entanto, há milhões de
homens e mulheres corretos, sensatos, de boa índole, que não desejaram votar
nele, mas que entraram na onda de blindar a esquerda a qualquer custo,
preferindo apostar em terra arrasada. Não são homofóbicos, nem racistas, nem
fascistas, nem milicianos, nem fanáticos religiosos. São boas pessoas que,
embalados pelo endeusamento do Moro (pois é) e por medo do socialismo (!),
deram seu voto a uma criatura que torceram para que fosse apenas um bravateiro,
enquanto tapavam o nariz.
Dois anos de nariz tapado
deu em asfixia, não só metafórica. Os que tentaram evitar o cheiro de podre que
viria do Planalto contribuíram para que hoje contabilizemos uma quantidade
trágica de vítimas do coronavírus, esgotando os profissionais de saúde e a
capacidade de atendimento dos hospitais. Não quiseram enxergar o que era
nítido, transparente, perceptível. Não houve enganação: ele nunca fingiu que
era outra coisa que não um homem sem responsabilidade social, sem ideias, sem
projeto, sem visão de mundo, sem cultura, sem compaixão, sem educação, sem
inteligência, sem humor, sem amigos. Todos pressentiram o perigo, mas taparam o
nariz, fecharam os olhos e cá estamos.
Nossa bandeira foi
desonrada por quem não tem compromisso com o país. Nossa bandeira virou símbolo
de desrespeito à nação, uma contradição que só mesmo amalucados conseguem
promover. O presidente não usa máscara, despreza a vacina, dá péssimos exemplos
e ergue a bandeira como se amasse os brasileiros. Só uma curriola fanática
ainda diz amém.
Esses estão abduzidos,
mas se você foi um dos que votou tapando o nariz dois anos atrás, tem o dever
cívico de ajudar o Brasil a respirar melhor e a recuperar o orgulho pátrio. É
hora de construirmos uma transição para longe de quem transformou nossa bandeira
num trapo sujo. Em qualquer governo, de qualquer país, coisas dão certo e dão
errado, mas o que está acontecendo conosco não se enquadra em certo e errado. É
uma monstruosidade que temos, juntos, a obrigação de reparar.