Câncer.
Não vem escrito na testa
(se bem que com a careca reluzente fica um pouco óbvio), mas eu não tenho
vergonha de carregá-lo por aí.
Não sei se outros
pacientes concordam comigo, mas que grande tabu e preconceito envolvem essa
doença, vamos admitir, tão comum a todos nós!
Quem não conhece um amigo,
parente, vizinho, que já teve câncer?
Estamos no século 21 e ainda há quem
se choque.
Evita-se o nome. Evita-se
o olhar. Evita-se a palavra.
Me divirto e me incomodo, admito, quando me dizem
“ah, um amigo meu que também teve isso” ou “fulano que estava com essa
doença” ou até mesmo os médicos dizendo “que a doença estava na mama
esquerda”.
A doença que não deve
ser nomeada! Que besteira... é câncer, gente!
Poderia ser gripe, poderia ser
aids, poderia ser tuberculose. Pode falar: CÂN-CER.
Esse “pisar em ovos” dá
impressão que estamos falando de uma coisa errada, algo proibido, algo
culposo.
A doença é séria, a
doença mata, mas é só uma doença. Não é vergonha para ninguém tê-la.
Vergonha é preconceito, falta de respeito, não parar para o pedestre
atravessar na faixa. Isso sim é para ter vergonha.
Câncer é só câncer,
quanto mais você citar mais normal vai soar, acredita.
Não ofende e não é
contagioso.
É... câncer mata!