Talvez não seja nada e a
gente consiga a redenção necessária para organizar esse negócio de sentimentos.
Talvez a gente resolva de uma vez por todas essas indecisões, decifre o caminho
mais prático e sem tantos atalhos perigosos.
Talvez a gente compreenda
um pouco sobre a vida e pare de exigir alegria em tempo integral. É, talvez a
gente deixe de ser besta e passe a acreditar que felicidade tem suas
impontualidades, seus momentos e duração.
Talvez a gente se dê
conta de que é preciso fazer um esforço maior do que o tema difícil de
segunda-feira para poder aceitar as situações que seguem ao contrário de nosso
desejo.
Talvez a gente largue de
mão das certezas e passe a se sustentar unicamente do instante em que vivemos.
Talvez a dor pare de
doer. O vazio torne-se habitado e a tristeza se escafeda nem que seja por
algumas horas.
Talvez a gente reconheça
que precisamos do dia seguinte, para continuar a suspirar com a chegada do sol.
Talvez a gente deixe de
decorar as falas, ensaiar os textos, premeditar as respostas, e manifeste sem
medo os nossos desejos mais íntimos e sinceros.
Talvez a gente ofereça o
ombro, o abraço, o colo, sem esperar cumplicidade, sem exigir uma resposta, sem
fazer nenhuma cobrança. Talvez a gente tenha esse rompante de liberdade
desobrigada da manifestação do outro.
Talvez a gente aprenda a
andar pelo desconhecido, desprovido de medo e lotado de ousadia, sem, contudo,
cometer insanidades que prejudiquem nossa essência.
Talvez a gente arremesse
fora todo o desconforto dos diálogos meticulosamente preparados, a fim de
garantir benefícios, equilíbrio, segurança, sensatez, em troca do imprevisto
que encanta.
Talvez a gente dispense
as tonalidades fortes que rejeita o desafio de ajustar as nuances suaves. É bem
possível abrir mão de verdades absolutas em troca de temporadas amigáveis e
conciliatórias.
Talvez a gente aceite que
voltar atrás é sinônimo de um saudável combustível para o aprendizado.
Concordar, oficializa a paz. Recomeçar é uma ilustração bonita do trajeto.
Compreender, alimenta o afeto. Aceitar é manto sagrado e não deforma a
realidade.
Talvez a gente precise é
de paciência.
Talvez a gente entenda
que é confortável ser nós mesmos.
Talvez viver seja isso!
Talvez.