"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 28 de setembro de 2020


Talvez não seja nada e a gente consiga a redenção necessária para organizar esse negócio de sentimentos. Talvez a gente resolva de uma vez por todas essas indecisões, decifre o caminho mais prático e sem tantos atalhos perigosos.

Talvez a gente compreenda um pouco sobre a vida e pare de exigir alegria em tempo integral. É, talvez a gente deixe de ser besta e passe a acreditar que felicidade tem suas impontualidades, seus momentos e duração.

Talvez a gente se dê conta de que é preciso fazer um esforço maior do que o tema difícil de segunda-feira para poder aceitar as situações que seguem ao contrário de nosso desejo.
Talvez a gente largue de mão das certezas e passe a se sustentar unicamente do instante em que vivemos.

Talvez a dor pare de doer. O vazio torne-se habitado e a tristeza se escafeda nem que seja por algumas horas.
Talvez a gente reconheça que precisamos do dia seguinte, para continuar a suspirar com a chegada do sol.

Talvez a gente deixe de decorar as falas, ensaiar os textos, premeditar as respostas, e manifeste sem medo os nossos desejos mais íntimos e sinceros.
Talvez a gente ofereça o ombro, o abraço, o colo, sem esperar cumplicidade, sem exigir uma resposta, sem fazer nenhuma cobrança. Talvez a gente tenha esse rompante de liberdade desobrigada da manifestação do outro.

Talvez a gente aprenda a andar pelo desconhecido, desprovido de medo e lotado de ousadia, sem, contudo, cometer insanidades que prejudiquem nossa essência.
Talvez a gente arremesse fora todo o desconforto dos diálogos meticulosamente preparados, a fim de garantir benefícios, equilíbrio, segurança, sensatez, em troca do imprevisto que encanta.

Talvez a gente dispense as tonalidades fortes que rejeita o desafio de ajustar as nuances suaves. É bem possível abrir mão de verdades absolutas em troca de temporadas amigáveis e conciliatórias.

Talvez a gente aceite que voltar atrás é sinônimo de um saudável combustível para o aprendizado. Concordar, oficializa a paz. Recomeçar é uma ilustração bonita do trajeto. Compreender, alimenta o afeto. Aceitar é manto sagrado e não deforma a realidade.
Talvez a gente precise é de paciência.
Talvez a gente entenda que é confortável ser nós mesmos.

Talvez viver seja isso! Talvez.