"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



domingo, 7 de fevereiro de 2021


Quanto tempo a gente gasta repousando o olhar na saudade e o corpo continua friorento, com tempestades maiúsculas e sem manifestar boa vontade de levantar do confortável sofá que enverga os dias? 

Quanto tempo a gente perde com as vidraças embaçadas que obstruiu a liberdade de ver o mundo, mesmo em preto e branco? 

Quanto tempo será necessário para descascar as urgências e aprender a apadrinhar o recomeço contra toda manipulação do desânimo. Não é fácil encontrar tempo para deixar fazer valer a lista de sobrevivência da alegria. Isso choca, mas vive-se gastando o tempo com artifícios que enganosamente preenchem o vazio entre a luta e a conquista. Vive-se para deixar morrer o belo.

Catalogamos os dias com certezas, olhando o nosso próprio reflexo e acreditamos ser poderosos, de mãos cheias e corações abarrotados de vazios. Nos ocupamos dos frutos enquanto as sementes mofam por necessidade de serem plantadas. Sonegamos a verdade, inventando bonitas mentiras. Aplaudimos por impulso o que nem ainda apreciamos.

O tempo foge e morremos