Nesta manhã eu acordei diferente. Não senti vontade de ouvir o rádio, nem de tocar no meu celular ou ligar a TV. Nesta manhã eu não quis saber como anda a briga do Donald Thrump com a China e muito menos a guerra entre esquerda e direita no Brasil.
Pela primeira vez em 180
dias eu não quis ver as estatísticas.
O café, aquele mesmo café
que eu tomo todos os dias, me pareceu diferente. Desceu devagar, não me queimou
a garganta, apenas me aqueceu.
O dia prosseguiu e eu
prossegui junto com ele. Trabalhei o que precisava ser trabalhado, comi o que
tinha pra ser comido e para minha surpresa, não procurei saber como estava o
mundo lá fora. Alienado? Eu?
Eu posso explicar. Há
exatamente 6 meses eu assisto todos os noticiários, ouço rádio, lives, palestras
e qualquer pessoa que queira me dar uma explicação, uma resposta ou uma
previsão sobre o nosso momento chamado pandemia. Eu estava exausto e deixando
exaustos todos ao meu redor. Eu pude ver nos olhos da minha mulher que ela não
me suportava mais. Eu estava bem perto de enlouquecer.
Então eu decidi ter uma
conversa comigo, coisa que sempre faço quando sinto que não estou bem, mas que,
desta vez, de tão envolvido com os temas da atualidade, não me lembrei de
fazer. A minha conversa comigo não foi muito longa. Eu perguntei para mim mesmo
por que eu carregava tamanha ansiedade? Por que esse desespero para saber tudo,
todas as notícias, todas as informações? O quê eu pretendo fazer com estudo
isso?
Esperei respostas que não
chegaram. Esperei a cura, esperei a vacina, esperei que as pessoas tivessem
consciência, esperei que tudo fosse um sonho coletivo, mas não foi nada disso.
Cansado de esperar me dei
conta de que a vida continua, eu e meu cachorro estamos engordando a cada dia,
as plantas continuam crescendo e o meu cabelo precisa ser cortado. O tempo não parou. A vida não parou.
Então optei por não
saber. Por não ser mais o dono da notícia. Por não brigar para ter razão. Por não conhecer mais quantos mortos, quantos
infectados... Neste momento o que eu sei mesmo é que preciso viver. Viver, trabalhar,
me cuidar, colaborar de alguma forma e me encantar com alguma coisa do caminho.
Se tudo isso foi “preparado” para nos fazer parar. Que esta parada me permita
fazer melhor, fazer direito e fazer bem feito.
A arte de não saber é estar aberto para aprender. Aqui estou eu, sem saber nada, aprendendo com tudo isso!