De uma vez por todas, mulher não gosta de
apanhar, não gosta de sofrer, não gosta de ser humilhada. Ela não pede um tapa,
não quer um tapa, tapa não é pretendido nem dentro do sexo.
Que os trogloditas entendam que ela não tem
uma queda por tipos assustadores, que não fica seduzida por selvagens e
grossos, que não prefere os toscos e brutos, que não espera alguém que mande e
dite as regras.
Isso não é o politicamente correto, é a
verdade.
Ter pegada não é agarrar. Ter firmeza não é
imobilizar. Apartar não é empurrar. Dar segurança não é oprimir.
Se ela viveu um relacionamento abusivo, não
desejava tal experiência, não é masoquista para procurar o pior dos mundos
sentimentais, foi ludibriada e enganada. Caiu na cilada de quem se mostrou
muito diferente no início do romance, de quem mentiu respeito e romantismo para
agradar e encantar nos primeiros meses de convivência, até firmar o namoro, e
depois impôs o seu ciúme, as suas acusações e sua grosseria sistemáticos, que
já existiam de longa data nas histórias pregressas e só não eram visíveis para os
desconhecidos.
Nenhum homem começa o envolvimento gritando,
ofendendo, maltratando. Se acontecesse, todas logo fugiriam e não apostariam a
sua vida em cenário de visível perigo. Ninguém iria sonhar com um filho com um
sujeito truculento, para criar sozinha e viver sob constantes ameaças e brigas
na Justiça.
A questão é que os pretendentes tóxicos têm
uma aparência inofensiva e, às vezes, doce. Fingem ser o que não são:
dedicados, amorosos e atentos na atração. A farsa costuma enganar perfeitamente
qualquer um. A vítima não é a culpada. Não há como duvidar de que ele não é
assim. Só o tempo desfaz as máscaras.
Não coloque esse despropósito na conta
feminina, que ela escolheu errado e tem dedo podre. Não determine o
comportamento dela como doentio, ansiando pela submissão, desenvolvendo a
dependência com prazer, escravizando-se por livre e espontânea vontade, e assim
isentando o autor dos maus-tratos, aquele que é unicamente responsável e
exerceu a dominação pela violência psicológica, física e emocional.
Não fale por ela, simplesmente pergunte.