"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020



Eu não sei onde estávamos com a cabeça quando pulamos aquelas sete ondas, comemos 12 castanhas e usamos uma calcinha rosa ao avesso na noite de Réveillon. Prometemos pra nós mesmos que em 2020 tudo seria diferente. E aqui estamos nós, já é fevereiro, temos vergonha de olhar para a lista de metas do ano novo. Aparentemente não iremos ler mais livros este ano, nem emagreceremos ou ganharemos mais dinheiro, não teremos mais tempo com a família nem conquistaremos um novo amor. Todo o esforço foi em vão.

Em geral, as resoluções de ano novo de todos nós foram as mesmas: queremos mais dinheiro (quem não quer?), mais tempo com a família e amigos, uma alimentação mais saudável, começar a malhar, ler mais livros. Um proprietário de academia me contou sorrindo que em dezembro e janeiro as matrículas explodem, em março o movimento diminui e em abril os equipamentos estão às moscas. 80% das pessoas que se inscrevem na academia paga as mensalidades, mas não frequenta. 80%!

Nossa principal falta de noção é matemática: como conseguiremos ter mais tempo e mais dinheiro ao mesmo tempo? Não existe tarefa mais complicada do que ganhar dinheiro. Exige tempo e dedicação. Acredito que é impossível ganhar dinheiro e, ao mesmo tempo, ter capacidade de curtir amigos, academia, família e livros.

Precisamos decidir: ou dinheiro ou tempo livre! Se decidirmos ter mais dinheiro, vamos ter que ver menos nossa família e amigos. Se decidirmos ter menos dinheiro, teremos bastante tempo livre – os hippies podem explicar melhor como isso funciona.

Um ano novo cheio de realizações – isso é o que todos teremos, certamente. Contudo, não serão as realizações que pretendíamos. Não leremos tantos livros, mas conheceremos pessoas interessantes no happy hour da firma. Não passaremos tanto tempo com a família, mas conheceremos uma cidade nova nas férias. Não começaremos a malhar, mas encontraremos novos amigos no ponto de ônibus.

Seremos muito parecidos com o que fomos no ano passado, mas completamente diferentes. Alguns quilos acima do que desejávamos. Mas vivos. Vivos e ansiosos pelas surpresas que o ano novo nos guarda.