Eu não sei onde estávamos
com a cabeça quando pulamos aquelas sete ondas, comemos 12 castanhas e usamos
uma calcinha rosa ao avesso na noite de Réveillon.
Prometemos pra nós mesmos que em 2020 tudo seria diferente. E aqui estamos nós,
já é fevereiro, temos vergonha de olhar para a lista de metas do ano novo.
Aparentemente não iremos ler mais livros este ano, nem emagreceremos ou
ganharemos mais dinheiro, não teremos mais tempo com a família nem
conquistaremos um novo amor. Todo o esforço foi em vão.
Em geral, as resoluções
de ano novo de todos nós foram as mesmas: queremos mais dinheiro (quem não
quer?), mais tempo com a família e amigos, uma alimentação mais saudável,
começar a malhar, ler mais livros. Um proprietário de academia me contou
sorrindo que em dezembro e janeiro as matrículas explodem, em março o movimento
diminui e em abril os equipamentos estão às moscas. 80% das pessoas que se
inscrevem na academia paga as mensalidades, mas não frequenta. 80%!
Nossa principal falta de
noção é matemática: como conseguiremos ter mais tempo e mais dinheiro ao mesmo
tempo? Não existe tarefa mais complicada do que ganhar dinheiro. Exige tempo e
dedicação. Acredito que é impossível ganhar dinheiro e, ao mesmo tempo, ter
capacidade de curtir amigos, academia, família e livros.
Precisamos decidir: ou
dinheiro ou tempo livre! Se decidirmos ter mais dinheiro, vamos ter que ver
menos nossa família e amigos. Se decidirmos ter menos dinheiro, teremos
bastante tempo livre – os hippies podem explicar melhor como isso funciona.
Um ano novo cheio de
realizações – isso é o que todos teremos, certamente. Contudo, não serão as
realizações que pretendíamos. Não leremos tantos livros, mas conheceremos
pessoas interessantes no happy hour da firma. Não passaremos tanto tempo com a
família, mas conheceremos uma cidade nova nas férias. Não começaremos a malhar,
mas encontraremos novos amigos no ponto de ônibus.
Seremos muito parecidos
com o que fomos no ano passado, mas completamente diferentes. Alguns quilos
acima do que desejávamos. Mas vivos. Vivos e ansiosos pelas surpresas que o ano
novo nos guarda.