"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020


(...)
O que se espera de uma nação
Que o herói é a televisão
Que passa todos os seus meses mal
Melhora tudo no Carnaval
Dá pra brincar, dá pra comemorar
Só não se sabe muito bem por que
Entrou de cara na realidade
Na quarta-feira que eu quero ver

“Na quarta feira é a volta pra realidade que arde
Acaba a comemoração apaga a televisão pra não gastar a eletricidade

Como na Cinderela carruagem volta a ser abóbora
E na favela o carro alegórico some
E volta às sobras: sobra de feira, sobre de terra, sobra de chão
Sobre de lama, sobra de bala perdida, sobra de comida
  
Pra mucama, mucama que nada exclama, que não reclama, que não se inflama
Só basta ter novela, põe na tela todo mundo ama
Todo mundo, mas na vida real todo mundo se odeia
E ódio gera ódio, um sobe no pódio, outro serve a ceia
Ceia do natal, tem Xuxa no carnaval

Mucama deitada na cama beijinho beijinho pau pau. Tchau!
Eu só vou te usar, você não é nada pra mim
Já temos outra pra colocar no seu lugar - Pirlimpimpim!
Abracadabra, é como mágica, mas não é abra-te Sésamo
Porque aqui as portas só se fecham
Bum! É menos uma oportunidade

Não é só a quarta feira que é de cinzas, na verdade é a semana inteira
Quinta, sexta, sábado, domingo e segunda

E o povo mucama continua sorrindo levando nas coxas, levando na bunda
Mas não faz mal porque depois melhora tudo no Carnaval”

Mucama / Gabriel, o Pensador