Árvores caem. Celulares
ficam sem bateria. Canetas perdem a tinta bem na hora da assinatura. Iogurtes
esquecidos na geladeira passam do prazo de validade. Crianças gritam durante o
recreio. Fones de ouvido estragam logo. Sofás desbotam se expostos ao sol.
Folhagens murcham. Gatos
afiam as unhas no tapete. Óculos entortam dentro da bolsa. Chove às vezes por
quatro dias seguidos. Esmaltes descascam. Consultas médicas são desmarcadas.
Abdominais custam a dar resultado. Vizinhos escutam música ruim que entra por nossas
janelas.
Pontas de lápis quebram.
Copos também, pratos lascam. Números não identificados ligam para nossos
celulares. Motoristas de aplicativos não conhecem as ruas da cidade. Roupas
velhas emboloram. Garçons erram pedidos. Vinho mancha. Botões não fecham quando
a gente engorda. A gente engorda.
A diarista adoece e
falta. Carros enguiçados atrapalham o trânsito. Cachorros fedem quando não
tomam banho. Chaves são perdidas. Voos atrasam. Serviço de quarto de hotel é
demorado. Políticos mentem. Times empatam em 0 x 0. Horóscopos não acertam.
Discursos se arrastam. Churrascos queimam se o assador se distrai.
Violões desafinam. Amigos
somem. O dólar sobe na véspera da viagem. Histórias não batem. Sites de bancos
emperram. Ninguém compra o apartamento que colocamos à venda. Chatos nos
alugam. Idiotas apertam em todos os andares do elevador. Motores apagam no meio
do engarrafamento. Os convidados erram no presente.
Malas extraviam. Tomates
apodrecem. Testes de bafômetro dão positivo. Filhos não comem direito. Terapias
demoram. Salsichas são suspeitas. Roda-se em provas de autoescola. Corretores
de whatsapp nos constrangem. Infiltrações na parede se repetem. Prédios altos
tapam a visão. Filmes saem de cartaz. Baratas aparecem.
Chatices acontecem. E os
resmungões nos alugam.
Mas novidades aparecem.
Coisas boas se repetem. Testes de gravidez dão positivo. O beijo é demorado.
Reuniões de condomínio são desmarcadas. Pessoas interessantes ligam para nossos
celulares. Tiranos caem. Pessimistas não acertam. Dá praia por quatro dias
seguidos. Cachoeiras não fecham. Preconceitos somem. Recordes são quebrados.
Amantes se conhecem no meio do engarrafamento. A temperatura sobe na véspera da
viagem.
Vizinhos escutam música boa que entra por nossas janelas. Homofóbicos
saem de cartaz. Espumantes são abertos bem na hora da assinatura. Amores não
acabam quando a gente engorda. A vida se renova se exposta ao sol.