Depois de muitos anos
assistindo o Chaves, percebi que Dona Clotilde está aí há décadas nos ensinando
a como não persistir em algo que a gente já sabe que não vai acontecer.
Não importaram quantos
bolos, frangos assados e águas de colônia foram entregues, não importaram os
cuidados, a dedicação exclusiva, o sentimento oferecido e implorado, pois, Dona
Clotilde nunca deixou de ser coadjuvante na sua própria história de amor.
A Bruxa do 71 é o retrato
de nossas ligações não atendidas, de nossos convites ignorados, de nossas
mensagens visualizadas e não respondidas. Somos nós esperando aqueles amores
que a gente costura sozinhos rolando a noite na cama, deixando nosso sono
sufocado junto a nossa paz de espírito no travesseiro.
Quantos amores deixamos
de viver enquanto insistimos em bater cheios de mimos na porta errada, sabendo
que o impossível é que vai nos atender?
Talvez ela pudesse ter se
casado com o Senhor Barriga, roubado o professor Girafales, ou até aprendido a
como é bom viver sozinha, morando em Acapulco.
É muito arriscado o
caminho que a gente segue na direção contrária do nosso destino. É muito
doloroso insistir em estradas erradas, quando é o coração que caminha descalço
no asfalto.
Nem sempre persistir
significa insistência, nem sempre amar significa confiar sempre que vai dar
certo lá adiante, então, desista do que é preciso.
Recalcule o que não faz
questão de entrar na sua rota. Jogue para o alto o que está querendo voar por
ai, sozinho. Você não precisa do que te diz “não”, a gente nem sabe muito bem o
que fazer com as coisas que não se encaixam.
Ah, meus caros, amor não
é uma coisa para viver controlando a porta, amor é liberdade de ir e vir, é
tranquilidade de saber que o outro quer entrar e ficar. Não caia nessa de que
tem que sofrer para ter, que tem que suar para conquistar.
Ame alguém que você não
tenha que puxar pelos braços. Ame alguém que esteja, que saiba se deixar
ocupar, que você não precise matar um leão para conseguir um abraço. Não ame o
que te cansa para ter, você precisará muito ainda do seu fôlego, vai por mim,
não o desperdice no que já está fracassado.
Pesquisando pela internet
descobri que há apenas um episódio que exibe cenas de casamento entre a Dona
Clotilde e o seu amado. Mas era sonho. Na verdade, Dona Clotilde nunca se casou
com o Seu Madruga, só era ilusão.
Portanto, a gente precisa
de um amor que corresponda nossos planos, que responda o que plantamos. A gente
precisa muito mais do que sonho. A gente precisa viver um amor acordado!