Tenho medo de ratos. Nem
sei se a palavra certa é medo. Acredito que seja uma repulsa, me recuso a
conviver no mesmo ambiente que um rato, ainda que por alguns instantes e ainda
que ele (o rato) não esteja “nem aí” para mim. Contudo ainda me considero
uma pessoa destemida. Não tenho medo da morte, não medo dos desafios, não tenho
medo de altura, pelo contrário, adoro. Não tenho medo de crescer, tampouco das
surpresas da vida. E quando tenho medo, vou com ele mesmo e nos viramos bem
juntos.
O medo faz com que
sejamos prudentes e isso é bom. Ruim é quando o medo nos bloqueia e nos impede
de agir. Aí é pavor.
Mas devo confessar que eu
tenho medo de gente. Tenho medo de gente falsa, aquelas que se parecem
boazinhas, educadas e preocupadas conosco, enquanto na verdade, tramam,
inventam, levam e trazem informações com o único objetivo de atrapalhar,
estragar ou, como dizia a minha avó, “fazer o circo pegar fogo”. Para mim esse
é o estágio mais mesquinho que o ser humano pode chegar. Este vale menos que os
ratos e, por isso mesmo, tenho medo deles.
Também tenho medo dos
invejosos. Daqueles que não sabem suportar a felicidade alheia. Daqueles que
não conseguem se regozijar com nossas conquistas. Eles são muito bons quando
precisamos deles, quando estamos por baixo, na pior ou em estado crítico.
Geralmente são prestativos até o dia que não precisamos mais deles e aí, toda
presteza vira ira, intensão reversa. Estes são monstros sorridentes no meio de
nós. E deles precisamos nos afastar cada dia mais, até os perdermos de vista.
As poucas vezes que precisei fitar uma pessoa para espantar o meu medo, elas se
foram. Não suportaram um olhar que enxergasse atrás dos olhos.
Fora esses dois tipos
estranhos, eu adoro gente, adoro pessoas, adoro conversar. É com as pessoas que
eu aprendo, é com as pessoas que eu cresço, é com a diversidade de opiniões e
pensamentos que eu fortaleço os meus princípios.
E assim eu sigo, com medo
dos ratos e medo de gente. Mas sigo rodeada de gente que me querem bem de
verdade e me impulsionam a crescer cada
vez mais. Dessas eu não tenho medo, posso garantir. Nunca imaginei que medo e coragem caberiam no
mesmo espaço, contudo depois de enfrentar pessoas e ratos, concluí que, esta
medrosa aqui, tem mais coragem que muitos que declaram suas coragens em plena
praça. Medrosa, eu? Não. Apenas atenta aos ratos.