"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 20 de maio de 2019



Fiquei sem entender. Há alguns anos diziam que a vida começava aos 40. E agora li em uma manchete que a fulana “até que está muito bem para quem tem 40 anos e dois filhos”. Esse muito-bem-pra-quem-tem-quarenta me deixou embasbacada, quem vê pensa que os quarentinha são oitenta.

Todo mundo quer ser bonito e eu acho isso saudável, é um empurrãozinho na autoestima. Mas até que ponto as pessoas são vaidosas e em que momento passam a cometer excessos em prol da beleza?

Meninas comem somente uma folha de alface e um pepino em conserva por dia e tomam vários remédios para emagrecer, pois precisam estar dentro dos padrões que a novela das oito mostra todos os dias. A sociedade é cruel com as mulheres: você precisa ser que nem as outras. E as “outras” estão nas revistas, nas passarelas, na televisão. Mas ninguém pensa que esse grupo de mulheres vive exclusivamente para isso.

A mídia vende e explora o belo. As pessoas acabam esquecendo o que são de verdade, pois buscam freneticamente “o nariz da modelo da capa da revista”. Ninguém entende que para aparecer na revista existe todo um processo nos bastidores e que uma mulher de cara lavada não é a mesma que estampa a capa de uma revista. As pessoas ficam mais bonitas e atraentes quando bem maquiadas e penteadas. E, como não poderia deixar de ser, photoshopadas.

Não acho errado, gosto de ver gente bonita, você também deve achar bom. Mas eu gosto – e muito – de gente real, de verdade. Deve ser por isso que gostei bastante daquela Campanha pela Real Beleza, da Dove. Mulheres comuns posaram com roupas íntimas sem nenhum retoque ou maquiagem. E elas tinham quilinhos a mais. Muita gente criticou a campanha, levantando uma questão: o que as pessoas gostam de ver? Gente bonita, alta, magra, com cabelos esvoaçantes e roupas que fazem o estilo isso-só-funciona-na-passarela?

Eu sei que vivemos numa busca – que beira a perseguição doentia – constante pela beleza. Não critico, também vivo. Só não é saudável destruir a saúde. E esquecer quem somos de verdade – sem salto alto e chapinha no cabelo. Bonito mesmo é ser natural. E se sentir à vontade dentro do próprio corpo.