Não existe cantada mais
mentirosa que “você é a nora que mamãe pediu a Deus”. Mulher esperta não cai
nessa. Nem Gisele Bündchen é a nora que a mãe do Tom Brady sonhou. Porque as
mães não pedem nora nenhuma pra Deus, elas nem tocam neste assunto com Ele. É
bem mais provável que, em suas preces, peçam de joelhos é para que seus filhos
não se amarrem na primeira biscat..., quer dizer, na primeira moça que
encontrarem. Esses garotos são muito bobinhos, se deixam enrolar por qualquer
par de pernas, Senhor.
É uma generalização,
obviamente. Assim como não é verdade que todos os homens odeiam suas sogras,
não é verdade que todas as mulheres odeiam suas noras, até porque odiar demanda
muito desgaste de energia. Mas um ciumezinho, rola. Não são poucas as cartas
que me chegam de garotas querendo incinerar as sogras por causa do desprezo
delas. E cartas de homens perguntando o que fazer para a mãe tratar um pouco
melhor a namorada deles.
Em geral, as sogras
tratam bem as noras. O problema é que por melhor que desempenhem, fica pairando
no ar que tudo não passou disso: um desempenho. Um papel ensaiado. Os sorrisos
são generosos demais. Os elogios, forçados demais. O abraço, apertado demais,
como se não fosse um carinho, e sim uma tentativa deliberada de quebrar a
costela da querida. E o uso abusivo de diminutivos (oi, Lucinha, meu amorzinho,
você está tão desagalhadinha...) demonstra o esforço hercúleo que ela está
fazendo para tentar ser gentil, além de deixar claro que não aprovou o decote.
Desagalhadinha, sei.
Sogra e nora que são como
mãe e filha, totalmente à vontade uma com a outra, com afeto 100% autêntico,
sem jamais rolar uma crítica ferina pelas costas? Só se a nora for ex-nora. Aí
ela vira uma santa criatura, a nora que a mamãe realmente pediu a Deus.
Por que, santo Cristo? A
gente ama o tesouro da vida delas, qual é o problema? O problema é que ele nos
ama também. Aí não tem perdão.