"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



terça-feira, 29 de janeiro de 2019


O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

II

Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

III

A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

IV

Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?


Em 1984, Carlos Drummond de Andrade publicou seu poema “Lira Itabira”, versos proféticos sobre o conflito entre a mineradora Vale e a vida ribeirinha nos sertões mineiros. 
Era pra ser sobre o Rio Doce. Hoje a dimensão do poema alcança também o Rio Paraopeba. 
Em sua profecia, Drummond nunca foi tão doído, tão cortante, tão pungente e tão atual.