escrito por
Oliver Bredariol
Você nasce,
cresce, estuda e trabalha. E antes da morte, nesse meio tempo, você se apaixona
e ama muitas pessoas “eternamente”. Daí, você morre.
Como a vida
pode ser tão ínfima e perecível, perto do tamanho da vontade de quem se ama?
(...) Somos
autodestrutivos, invejosos, gananciosos, odiosos e consumistas por natureza. E,
por natureza, também amamos.
O amor,
diferente de todos os outros sentimentos, rompe o tempo e o espaço. Ultrapassa
os limites do real e continua a fazer sentido depois que partimos daqui.
Provavelmente, em breve, descobriremos um cálculo matemático e metafísico pra
provar a eficácia e permeabilidade do amor.
Ainda quando
eu tratava de depressão, Vinícius, uma das pessoas mais importantes da minha
curta existência, me disse que não podemos enxergar a vida como uma passagem, e
sim, como o começo, o meio e o fim de tudo. Por isso, as coisas precisam ter significado aqui e não depois. Afinal, mesmo que a morte fosse um outro
capítulo, ela não faria parte desse mesmo livro onde estamos agora.
Significado é
sentido. Sentido é amor. E amor é puramente significado.
Ódio não faz
sentido, preconceito não faz sentido. Comer e beber, embora bom, também não
fazem sentido. Mas o amor faz. E faz todo! Se faz por inteiro e compartilhado.
E mesmo que seja possível poder amar a si próprio, amor sozinho também não faz
sentido.
A partir
desse dia, eu comecei a dar abraços mais sinceros, dizer aos meus amigos “eu te
amo” com mais frequência, beijar meus pais com toda a minha vontade, respeitar
e ouvir o que o outro tem a dizer e, deixar amor nas coisas em que eu acredito
ou faço. Afinal, de todas os seres vivos e objetos com prazo de validade, o
amor é a única exceção.
Amanhã,
quando sua existência não passar de história, 20, 30 ou 100 anos depois, ainda
vai restar amor nas coisas pelas quais você zelou, nos lugares onde passou, nas
pessoas em que você, de alguma forma, tocou, e até mesmo, nos textos que você
escreveu. Nada mais.
Eu tenho
muito medo de morrer. E se pra quem acredita em céu e inferno esse sentimento
já é forte, pra mim, é um pouco pior.
E não me
refiro ao como, quando e onde. Me refiro ao “com quem”. Qual será o último olhar
que vai encontrar com o meu? Quem vai segurar a minha mão antes de partir?
Estarei rodeado de pessoas que me amaram?
Como não sei
a resposta para isso, eu me tranquilizo amando. E para além de me consolar, o
amor, de quebra, ainda me deixe firme, me deixa saudável e me faz, por mais
incrível que pareça, ainda acreditar nas pessoas e na significância da vida.